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NEOPLASIAS Referência: Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas das Doenças, 9ª Ed, 2016. NOMENCLATURA Neoplasia = “novo crescimento”, e um novo crescimento é denominado de neoplasma. • Distúrbio do crescimento celular que é desencadeado por uma série de mutações adquiridas que afetam uma única célula e sua progênie clonal Oncologia (do grego oncos = tumor) é o estudo dos tumores ou neoplasmas. Os tumores apresentam dois componentes básicos 1. Células neoplásicas clonais que constituem o parênquima tumoral a. O componente parenquimatoso é responsável pela classificação dos tumores e seu comportamento biológico. 2. Estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e números variáveis de células do sistema imune inato e adaptativo a. Fator crítico que determina seu crescimento e disseminação Alguns tumores o TC é escasso: neoplasia macia e carnosa; Outros, as células do parênquima estimulam a formação de um estroma colagenoso abundante: desmoplasia • Alguns tumores desmoplásicos (ex: CA de mama) são muito duros ou cirróticos • Tumores benignos: seus aspectos micro e macroscópicos são relativamente inocentes. ➢ Mantém localizado, não se disseminará e pode ser removido por cirurgia local ➢ Relativo: podem causar morbidade significativa e às vezes serem até fatais ➢ Nome do tipo de célula a partir do qual se origina o tumor + oma (tecidos mesenquimais) ❖ Fibr + oma: tumor que surge nos tecidos fibrosos ❖ Condr + oma: tumor que surge nos tecidos cartilaginosos ➢ Os de origem epitelial são mais complexos ❖ Nomeados de acordo com a célula de origem ou padrão microscópico ou arquitetura macro ❖ Aden + oma: células dos túbulos renais que crescem na forma de numerosas glândulas pequenas agrupadas ❖ Papi + oma: produzem micro e macro projeções visíveis, semelhantes a dedos ou verrucosas, que surgem a partir de suas superfícies epiteliais ❖ Cistaden + oma: formam grandes massas císticas, tais como no ovário • Pólipo: Quando uma neoplasia, benigna ou maligna, produz uma projeção macro visível acima da superfície mucosa e se projeta na luz. ➢ Pólipo adenomatoso: se possuir tecido glandular • Tumores malignos “cânceres”: podem invadir e destruir as estruturas adjacentes e se disseminar para áreas distantes (metastatizar), levando à morte ➢ Nomenclatura: mesmo esquema dos tumores benignos ❖ Sarcomas (tecido mesenquimal): fibrossarcoma, condrossarcoma, leiomiossarcoma, rabdomiossarcoma ❖ Leucemias (células formadoras de sangue) ❖ Carcinomas (CA de origem nas células epiteliais, derivadas de qualquer uma das três camadas germinativas [endo, meso e epi]) • Tumores mistos: nas maiorias das neoplasias, todas as células parenquimatosas se assemelham entre si. Contudo, há a presença de um tumor misto que diverge disso. ➢ Componentes epiteliais esparsos em meio a um estroma MIX que pode conter ilhas de cartilagem ou osso ➢ Todos os elementos surgem de um único clone: produz tanto células epiteliais, quanto mioepiteliais. ➢ Nomenclatura: adenoma pleomórfico ❖ Apesar de misto, é composto por células de uma única camada germinativa, assim como a maioria dos tumores. ✓ Exceção: teratoma; se origina de células germinativas totipotentes, podendo conter células maduras ou não, de até todas as três camadas. ✓ Teratoma cístico ovariano: diferencia principalmente em linhagens ectodérmicas para criar um tumor cístico revestido de pele e repleto de pelos, glândulas sebáceas e estruturas dentárias • Hamartomas: apresentam-se como massas desorganizadas, mas benignas, compostas por células naturais de uma área em particular • Coristoma: termo aplicado a um resto heterotópico de células. ➢ Ex: um nódulo pequeno de tecido pancreático bem desenvolvido e normalmente organizado pode ser encontrado na submucosa do estômago, do duodeno, ou do intestino delgado. ➢ O termo coristoma, que sugere uma neoplasia, sugere a essas lesões uma gravidade muito além de seu significado real. CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS Diferenciação e Anaplasia • Diferenciação: extensão com que as células do parênquima neoplásico se assemelham às células parenquimatosas normais correspondentes, tanto morfológica quanto funcionalmente • Anaplasia: falta ou pouca diferenciação; considerada marca da malignidade. • Tumores benignos geralmente são bem diferenciados ➢ Um lipoma assemelha-se tanto à célula normal que pode ser impossível reconhecer o tumor através da análise microscópica das células individuais ➢ Somente o crescimento de tais células formando uma massa distinta revela a natureza neoplásica da lesão ➢ Mitoses são geralmente raras e apresentam configuração normal. • As neoplasias malignas exibem uma ampla gama de diferenciação das células parenquimatosas. ➢ formato e tamanho irregulares e não se assemelham às glândulas colônicas normais ➢ diferenciado: há a formação da glândula • Há muito diferenciados, outros com pouca/nenhuma evidência de diferenciação • Entre os dois extremos estão os tumores moderadamente diferenciados • Anaplasia: “formar-se para trás”, indicando uma reversão da diferenciação. ➢ A questão se a maioria dos canceres se trata de uma anaplasia ou de uma diferenciação incompleta é discutida ➢ Frequentemente a anaplasia ou falta de diferenciação está associada a outras alterações morfológicas listadas a seguir. ➢ Pleomorfismo (variação no tamanho e na forma): as células cancerígenas sempre apresentam essa característica ❖ Variam de células pequenas a tumores gigantes ❖ Algumas células gigantes possuem apenas um núcleo; outras dois ou mais hipercromáticos. ❖ Não confundir com as células gigantes tipo corpo estranho inflamatório. ➢ Morfologia nuclear anormal: os núcleos são desproporcionalmente grandes para a célula (podendo chegar a uma razão 1:1 citoplasma/núcleo) ❖ Forma variável ❖ Cromatina agrupada de forma desordenada, podendo estar mais escura (hipercromática) ❖ Nucléolos anormais ➢ Mitoses: nos tumores indiferenciados, muitas células estão na mitose, refletindo atividade proliferativa maior das células parenquimatosas. ❖ A presença intensa de mitose não indica malignidade, só crescimento celular ❖ Característica morfológica de malignidade: figuras mitóticas atípicas, bizarras, algumas vezes com fusos tripolares (IMAGEM), quadripolares ou multipolares. ➢ Perda de polaridade: a orientação das células anaplásicas é alterada. ❖ Lençóis ou grandes massas de células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada ➢ Outras alterações: células tumorais em crescimento requerem um suprimento sanguíneo, mas, frequentemente, o estroma vascular é escasso. ❖ Resulta: grandes áreas centrais de necrose isquêmica desenvolvem-se em vários tumores malignos de crescimento rápido ➢ Quanto + diferenciada for a célula, + ela retém as capacidades funcionais da sua contraparte normal ❖ Neoplasias benignas e carcinomas bem diferenciados de glândulas endócrinas frequentemente secretam hormônios de sua origem ✓ CORRELAÇÃO CLÍNICA: Níveis séricos aumentados desses hormônios são usados para detectar e acompanhar esses tumores. ➢ Do lado oposto, células altamente anaplásicas e indiferenciadas perdem sua semelhança com as células das quais se originam ❖ Novas e inesperadas funções podem emergir dessas células, como: ✓ Expressão de proteínas fetais (não produzida por células em adultos) ✓ Proteínas que são normalmente encontradas apenas em outros tipos de células adultas EX: Carcinoma broncogênico (qualquer câncer do pulmão) podem produzir corticotropina, um hormônio semelhante ao da paratireoide, glucagon e outros hormônios, dando origem a síndromes paraneoplásicas • Metaplasia e Displasia ➢ Metaplasia: substituiçãode um tipo celular por outro tipo celular ❖ Muito encontrada em associação com os processos de dano, reparo e regeneração teciduais ❖ Adapta-se melhor ao ambiente do que o tipo celular antigo ✓ EX: metaplasia intestinal que ocorre no esôfago de Barrett ➢ Displasia: significa “crescimento desordenado”. ❖ Pode ser encontrada principalmente em epitélios ❖ É caracterizada por várias alterações ✓ perda da uniformidade das células individuais ✓ perda de sua orientação arquitetural ❖ As células podem exibir pleomorfismo acentuado ❖ Frequentemente contem núcleos hipercromáticos grandes ❖ Arquitetura desorganizada do tecido ✓ EX: no epitélio escamoso displásico, a maturação normal das células altas pertencentes à camada basal em células escamosas achatadas da superfície pode ser perdida parcial ou total, levando à substituição do epitélio por células de aspecto basal com núcleos hipercromáticos. ✓ As figuras mitóticas podem ser observadas em todos os níveis, não estando confinadas na camada basal ❖ Quando as alterações displásicas são marcantes e envolvem toda a espessura do epitélio, mas a lesão não penetra na membrana basal, ela é considerada como uma neoplasia pré-invasiva e é denominada carcinoma in situ. A, Carcinoma in situ. +; epitélio completamente substituído por células displásicas atípicas. Não há diferenciação ordenada de células escamosas; membrana basal intacta; não há nenhum tumor no estroma subepitelial. B, ++; falha de diferenciação normal, pleomorfismo nuclear e celular marcados, e várias figuras mitóticas que se estendem em direção à superfície. ❖ Se as células tumorais rompem a membrana basal = tumor invasivo. ❖ A displasia epitelial grave comumente antecede o aparecimento do câncer. ❖ Tabagistas de longa data e pessoas com esôfago de Barrett estão propensos, devido as intensas alterações adjacentes a focos de carcinoma invasivo. ❖ A displasia pode ser precursora da transformação maligna, mas nem sempre progride para o câncer ✓ Com a remoção da causa agressora: displasias leves a moderadas que não envolvem toda a espessura do epitélio podem ser reversíveis. ✓ O carcinoma in situ pode persistir por anos antes de invadir ❖ A displasia ocorre com frequência no epitélio metaplasico, mas nem todo epitélio metaplásico é displásicos Invasão Local O crescimento dos cânceres é acompanhado por: infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante. • Tumores benignos: crescem e se expandem lentamente; geralmente desenvolvem um contorno de tecido fibroso comprimido (cápsula) que os separam do tecido hospedeiro ➢ Cápsula: constituída em grande parte de MEC depositada pelas células estromáticas, tais como fibroblastos, que são ativados por danos hipóxicos resultantes da pressão do tumor em expansão. ❖ Não evita que o tumor cresça; mas cria um plano tecidual que o torna bem definido ✓ facilmente palpável, móvel (não fixo), e facilmente excisável por enucleação cirúrgica ➢ Exceções: os hemangiomas (neoplasias compostas por vasos sanguíneos entrelaçados) não são encapsulados e podem dar a impressão de permear a área em que surgem (ex: derme da pele e o fígado); ❖ Quando essas lesões são extensas, eles podem ser irressecáveis. • Tumores malignos: pouco demarcados em relação ao tecido normal ao seu redor e não há um plano de clivagem bem definido. ➢ Os de expansão lenta, contudo, podem propiciar o desenvolvimento de uma cápsula fibrosa aparente, que pode empurrar uma ampla frente tumoral em direção às estruturas normais adjacentes. ➢ O exame histológico de tais massas “pseudoencapsuladas” quase sempre mostra fileiras de células penetrando na margem e infiltrando as estruturas adjacentes. Fibroadenoma da mama (tumor castanho / tecido mamário branco) Corte de um carcinoma ductal invasivo de mama: lesão retraída, infiltrando a substância mamária; dura como pedra ➢ A invasão, assim como a metastáse, é a característica mais confiável para diferenciar os tumores malignos dos benignos ➢ Tal capacidade invasiva torna sua ressecção cirúrgica difícil ou impossível, ❖ Mesmo quando parece bem circunscrito é necessário remover uma margem considerável de tecidos aparentemente normais adjacentes à neoplasia infiltrante, a fim de garantir a excisão local completa ➢ Alguns carcinomas in situ evoluem para a forma invasiva: comum nos carcinomas da pele, mama e colo uterino ❖ Os cânceres epiteliais in situ mostram características citológicas de malignidade sem a invasão da membrana basal ❖ Com o tempo, a maioria penetra a membrana basal e invade o estroma subepitelial. Metástase • Definida pela propagação de um tumor para áreas que são fisicamente descontínuas com o tumor primário ➢ Marca um tumor como maligno, pois neoplasias benignas não sofrem metástase • O poder de invasão dos tumores malignos permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas • Todos os tumores malignos podem formar metástase, alguns fazem raramente ➢ EX: Gliomas e carcinomas basocelulares da pele. Há a invasão inicial, mas não há a metástase. ❖ Evidenciando que as propriedades de invasão e metástases são distintas • Geralmente: a chance de um tumor primário formar metástase está relacionada a: ➢ Falta de diferenciação ➢ Invasão local agressiva ➢ Crescimento rápido ➢ Grande tamanho • Exceções: há lesões pequenas, amplamente diferenciadas, crescimento lento que metastatizam amplamente; há lesões grandes que permanecem localizadas ➢ Fatores relacionados tanto ao invasor quanto ao hospedeiro estão envolvidos • Em torno de 30% dos tumores sólidos recém-diagnosticados já possuem metástase à apresentação ➢ A metástase reduz fortemente a possibilidade de cura ➢ CAs de sangue (leucemias e linfomas ou tumores líquidos): são derivados de células formadoras de sangue que normalmente possuem a capacidade de entrar na corrente sanguínea e se deslocar para áreas distantes ❖ geralmente disseminadas ao diagnóstico e sempre considerados malignos CA de mama invasivo: bordas irregulares sem cápsula definida • Vias de Disseminação: pode ocorrer através de três vias: 1. Implante direto nas cavidades ou superfícies corpóreas; 2. Disseminação linfática; 3. Disseminação hematológica ➢ Implante em Cavidades e Superfícies Corpóreas: O implante de células tumorais em cavidades e superfícies corpóreas pode ocorrer sempre que uma neoplasia maligna penetra em um “campo aberto” natural sem barreiras físicas ❖ Cavidade peritoneal é o local mais comumente envolvido, mas qualquer outra pode ser afetada (pleural, pericárdica, subaracnoide, articular) ❖ Tal implantação é característica de carcinomas que se originam nos ovários e se espalham para superfícies peritoneais ❖ As células tumorais podem permanecer confinadas à superfície da víscera abdominal sem penetrar em seu parênquima ❖ Carcinomas mucossecretores do apêndice ou carcinomas de mama preenchem a cavidade peritoneal com uma massa neoplásica gelatinosa referida como pseudomyxoma peritonei ➢ Disseminação Linfática: O transporte através dos vasos linfáticos é a via mais comum para a disseminação dos carcinomas ❖ Os sarcomas podem também utilizar essa rota ❖ Os tumores não contêm vasos linfáticos, mas os presentes nas margens tumorais são suficientes para a disseminação das células do tumor. ❖ A ênfase na disseminação linfática para carcinomas e na disseminação hematogênica para sarcomas é enganosa devido as conexões entre os sistemas ❖ O acometimento dos linfonodos segue as rotas naturais da drenagem linfática ✓ EX: carcinomas da mama geralmente surgem nos QSEs, geralmente se disseminam primeiro para os linfonodos axilares ✓ Os CAs dos quadrantes internos drenam para os linfonodos ao longo das artérias mamárias internas.Carcinoma do cólon invadindo o tecido adiposo pericolônico Incidência dos Tumores na Mama QSE: 54% QSI: 15% QIE: 10% QII: 6% ❖ No CA de mama, para investigar acometimento dos linfonodos é feito uma biópsia dos linfonodos sentinelas (primeiro que recebe a linfa na região), avaliando a presença ou ausência de lesões metastáticas nos linfonodos para posterior avaliação e conduta. ❖ O mapeamento do linfonodo sentinela pode ser feito através da injeção de sondas radiomarcadas e de corantes ❖ Os linfonodos regionais servem como barreiras contra a disseminação futura do tumor, pelo menos por um tempo ❖ O aumento dos linfonodos pode ser causado por disseminação e crescimento das células cancerígenas ou por hiperplasia reativa ✓ Seu aumento ao redor de um CA não significa necessariamente uma metástase. ❖ Metástase saltitante: Os linfonodos locais podem ser contornados porque os vasos linfáticos podem ter sido obliterados em razão de anastomoses venolinfáticas, ou à inflamação, ou à radiação. ❖ Os carcinomas do pulmão que surgem nas vias respiratórias principais formam metástases primeiramente para os linfonodos peri-hilares traqueobrônquicos e mediastinais. ➢ Disseminação Hematogênica: típica dos sarcomas, mas também é vista nos carcinomas ❖ As artérias (paredes mais espessas) são menos invadidas do que as veias ❖ A disseminação arterial pode ocorrer: quando as células tumorais passam através dos leitos capilares pulmonares, ou através dos shunts arteriovenosos pulmonares, ou quando as metástases pulmonares por si mesmas originam êmbolos tumorais ❖ As células produzidas pelo sangue seguem o fluxo venoso de drenagem do local da neoplasia, enquanto as células tumorais frequentemente se detêm no primeiro leito capilar que encontram ✓ Fígado e pulmões estão mais envolvidos em tal disseminação, devido toda drenagem da área portal fluir para os fígados e todo o sangue da cava fluir para os pulmões Linfonodo axilar com carcinoma de mama metastático: agregado de células tumorais dentro do linfonodo Um fígado cravejado com câncer metastático Metástase pulmonar; adenocarcinoma do cólon formou um nódulo metastático no pulmão ❖ Carcinoma de células renais comumente invade os ramos da veia renal e depois a veia renal, de onde ele pode crescer (semelhante a uma cobra) subindo pela VCI, alcançando, por vezes, o lado direito do coração. ❖ Carcinomas hepatocelulares com frequência penetram as vênulas portais e hepáticas, crescendo dentro delas até atingir os canais venosos principais ❖ Esse crescimento intravenoso pode não ser acompanhado por uma disseminação tumoral ampla, mas é uma característica perigosa se detectar uma penetração em pequenos vasos no sítio neoplásico. ➢ Observações sugerem que: uma localização anatômica da neoplasia e das vias naturais de drenagem venosa não explicam totalmente as distribuições sistêmicas das metástases ❖ Carcinoma de mama: dissemina-se para os ossos ❖ Carcinomas broncogênicos: tendem às glândulas suprarrenais e o cérebro ❖ Neuroblastomas: disseminam-se para o fígado e para os ossos ❖ Músculo esquelético e baço, apesar do amplo leito vascular e intenso débito cardíaco que recebe raramente servem como local para deposito secundário. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER • Estudos epidemiológicos estabeleceram: ➢ o elo causador entre o tabagismo e o câncer de pulmão; ➢ a comparação das dietas e das taxas de câncer no mundo ocidental ❖ países em desenvolvimento implicam altos índices de gordura na dieta e a pouca quantidade de fibras no desenvolvimento do câncer de cólon O Impacto Global do Câncer Estimativas: 2008, estimava-se que haviam cerca de 12,7 milhões de novos casos de câncer em todo o mundo, levando a 7,6 milhões de mortes (21 mil mortes por dia). 2030 aumente para 21,4 milhões e 13,2 milhões, respectivamente • Há uma notável variação geográfica na incidência de cânceres que se acredita derivar principalmente de diferenças na exposição a carcinógenos ambientais. • Homens: tumores mais comuns surgem na próstata, pulmão e cólon/reto • Mulheres: tumores mais comuns surgem na mama, pulmão e na região colorretal • País desenvolvido: Os cânceres de pulmão, da mama feminina, da próstata e da região colorretal constituem + de 50% dos diagnósticos de câncer e das mortes por câncer na população dos Estados Unidos • Pais em desenvolvimento: os cânceres mais comuns envolvem o pulmão, estômago e fígado nos homens; e a mama, colo do útero e pulmão nas mulheres. • Desde 1991 tem-se uma redução considerada no número de mortes, tanto em homens por CA de pulmão, próstata e colorretal, quanto em mulheres por CA de mama e colorretal. ➢ Tal fato se dá pelo menor uso do tabaco e pela melhor detecção e tratamento de CA de mama, colorretal e próstata. • Últimos 50 anos nos EUA: redução do número de mortes pelo CA do colo do útero ➢ Graças ao exame de esfregaço de Papanicolau (Pap), que permite a detecção de lesões precursoras e cânceres iniciais curáveis • A tendencia de queda no número de mortes por CA de estômago está atrelada a uma redução nos carcinógenos alimentares • Desde 1991 as taxas de morte por CA de pulmão em mulheres e CA de fígado e dos ductos biliares intra-hepáticos em homens aumentaram substancialmente • Embora a raça não seja uma categoria biológica explícita, ela pode definir grupos de risco para certos cânceres Fatores Ambientais • Fatores genéticos e ambientais contribuem para o desenvolvimento do CA, mas as influências ambientais parecem ser os fatores de risco dominante para a maioria. • Evidencias: ampla variação geográfica que existe na incidência de formas específicas de câncer ➢ EX: tumor mais comum em homens nos EUA e em muitos países desenvolvidos é o CA de próstata; já em regiões ou países em desenvolvimento, o CA de fígado, estômago, esôfago, bexiga, pulmão, orofaringe e do sistema imune estão no topo. ➢ Igualmente: o CA de mama é bem maior em mulheres nos países desenvolvidos • Agentes infecciosos: cerca de 15% de todos os cânceres no mundo sejam causados direta ou indiretamente por agentes infecciosos. ➢ a carga de cânceres ligados a infecções é cerca de 3x maior nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos • Tabagismo: indicado como o fator ambiental isolado mais importante ➢ O fumo (++ cigarros), tem sido apontado como causador das mortes por câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, bexiga e cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão • Álcool: O abuso do álcool aumenta o risco de carcinomas de orofaringe (- os lábios), laringe e esôfago e carcinoma hepatocelular (pelo desenvolvimento da cirrose). ➢ Álcool + tabaco: aumentam de forma sinérgica o risco câncer nas vias aéreas superiores e no TGI. • Dieta: uma ampla variação geográfica na incidência de carcinoma colorretal, carcinoma de próstata e câncer de mama é atribuída a diferenças na dieta. • Obesidade: os indivíduos mais obesos na população dos EUA apresentam aumento de 52% (homens) e 62% (mulheres) nas taxas de mortalidade por câncer em relação aos seus colegas mais magros; ➢ Em torno de 14% das mortes por CA em homens e 20% em mulheres podem ser atribuídas à obesidade. • História reprodutiva: a exposição acumulativa ao longo da vida à estimulação por estrogênio, especialmente se não houver oposição pela progesterona, aumenta o risco de CA de mama e do endométrio, tecidos sensíveis a esses hormônios. • Carcinógenos ambientais: eles se escondem no meio ambiente, no local de trabalho, em alimentos e em práticas pessoais. ➢ Indivíduos podem ser expostos a fatores carcinogênicos quando estão em ambientes externos (ex: raios UV, poluição atmosférica), água de poço (ex: o arsênico; +++Bangladesh), certos medicamentos(ex: metotrexato), trabalho (ex: amianto), ou em casa (ex: carne grelhada, dieta rica em gordura, álcool). Idade A idade tem uma influência importante na probabilidade de ser acometido por câncer • Adultos: A maioria dos carcinomas ocorre nos anos mais tardios (>55 anos) ➢ O CA é a principal causa de morte entre as mulheres com idade entre 40 e 79 anos e entre os homens com idades entre 60 e 79 anos ➢ A incidência crescente de câncer com a idade pode ser explicada pelo acúmulo de mutações somáticas associadas ao surgimento das neoplasias malignas. • Crianças: o câncer é responsável por 10% de todas as mortes em crianças menores do que 15 anos nos EUA, perdendo somente para os acidentes. ➢ Os tipos de CA que predominam nas crianças são diferentes dos vistos em adultos ➢ Os carcinomas são extraordinariamente raros entre as crianças ➢ Porém, a leucemia aguda e as diferentes neoplasias do SNC são responsáveis por aproximadamente 6% das mortes por CA na infância ➢ Neoplasias comuns da lactância e da infância: tumores de células pequenas = redondas e azuis tais como o neuroblastoma, o tumor de Wilms, o retinoblastoma, as leucemias agudas e os rabdomiossarcomas Condições Predisponentes Adquiridas • Condições adquiridas que predispõem ao câncer podem ser divididas em inflamações crônicas, lesões precursoras e estados de imunodeficiência • Distúrbios inflamatórios crônicos + Lesões precursoras: abrangem um conjunto de condições todas associadas ao aumento da replicação celular, que parece criar um solo fértil para o desenvolvimento de tumores malignos ➢ Repetidos ciclos de divisão celular podem ser necessários para a transformação neoplásica, na qual as células em proliferação são a que apresentam maior risco para acumular as lesões genéticas que levam à carcinogênese • Estados de imunodeficiência predispõem a cânceres induzidos por vírus • Lesões precursoras: alterações morfológicas localizadas que estão associadas a um alto risco de câncer ➢ Praticamente todas as lesões precursoras surgem em superfícies epiteliais ➢ Inflamação Crônica e Câncer: A relação de causa e efeito entre a inflamação crônica e o câncer foi proposta pela primeira vez por Virchow em 1863, e hoje em dia se sabe que o risco de câncer é maior em indivíduos afetados por uma variedade de doenças inflamatórias crônica. ❖ Cada um destes distúrbios é acompanhado por uma proliferação compensatória de células que servem para reparar os danos. ❖ A inflamação crônica pode aumentar o grupo de células-tronco teciduais, que podem ser particularmente susceptíveis à transformação. ❖ As células imunes ativadas produzem ERO que são diretamente genotóxicas, bem como mediadores inflamatórios que podem promover localmente a sobrevida de células mesmo mediante danos genômicos ❖ Lesões epiteliais crônicas muitas vezes levam à metaplasia ✓ Em curto prazo, essas alterações podem ser adaptativas; provavelmente o organismo sobreviverá e as células danificadas poderão ser reparadas ou eliminadas mais tarde. ✓ Em longos períodos de tempo (anos a décadas), tais alterações podem permitir que as células com mutações potencialmente oncogênicas sobrevivam, levando ao câncer ➢ Lesões precursoras e câncer: Lesões precursoras não evoluem inevitavelmente para o câncer; no entanto, algumas lesões precursoras podem ser detectadas por procedimentos de triagem e tratadas, reduzindo assim o risco de desenvolvimento de câncer. ABAIXO SERÃO LISTADAS TIPOS DE LESÕES Estados Inflamatórios Crônicos e Câncer ❖ Contexto da inflamação crônica; que podem ser reconhecidas pelo processo de metaplasia ✓ Esôfago de Barrett (metaplasia intestinal) ✓ Tabagismo (metaplasia escamosa da mucosa brônquica) ✓ Infecção a esquistossomose (metaplasia escamosa da mucosa da bexiga) ✓ Anemia perniciosa e gastrite atrófica crônica (metaplasia colônica do estomago) ❖ Hiperplasias não-inflamatórias ✓ Estimulação estrogênica (hiperplasia do endométrio) ✓ Espessamento do epitélio escamoso que pode ocorrer na cavidade oral ou no pênis ou vulva e originar um carcinoma escamoso (leucoplasia) ❖ Neoplasias benignas que apresentam risco de transformação maligna ✓ Adenoma viloso do cólon: não tratado leva ao câncer em cerca de 50% dos casos. ✓ A maioria dos tumores benignos se transformam raramente (leiomioma uterino) ✓ Outros nem se transformam (lipomas) ✓ Tumores benignos de alto risco para a transformação maligna possuem como propriedade uma instabilidade genômica que pode levar ao CA, enquanto que os tumores verdadeiramente benignos não a possuem. ➢ Estados de imunodeficiência e câncer: Os pacientes que são imunodeficientes, e em particular aqueles que têm déficits de imunidade de células T, apresentam um risco aumentado para cânceres, especialmente aqueles causados por vírus oncogênicos. Predisposição Genética e Interações Entre Fatores Ambientais e Hereditários • Em algumas famílias o câncer é uma característica hereditária, geralmente devido a mutações germinativas em um gene supressor de tumor • Apesar de ser apenas 5% as neoplasias malignas diretamente relacionadas a hereditariedade; 95% são neoplasias malignas esporádicas. • Geralmente é difícil descartar as contribuições hereditárias e não hereditárias, pois esses fatores frequentemente interagem entre si. • A interação entre os fatores genéticos e não genéticos é particularmente complexa quando o desenvolvimento do tumor depende da ação de vários genes. • Variações hereditárias (polimorfismos) de enzimas que metabolizam pró- carcinógenos para suas formas carcinogênicas podem influenciar a suscetibilidade do câncer ➢ Os genes que codificam as enzimas do citocromo P-450. Um polimorfismo em um dos loci da P-450 confere uma susceptibilidade hereditária ao câncer de pulmão em fumantes de cigarro. ➢ É provável que sejam encontradas mais associações semelhantes a essa.
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