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FARMACOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Várias afecções sistêmicas também podem acometer o sistema respiratório, ou ainda através do próprio processo respiratório, com entrada de microrganismos. As afecções do sistema respiratório têm variada etiologia, podendo ser de origem infecciosa, parasitária, alérgica ou multifatorial. É fundamental, para o pleno êxito neste tratamento, o diagnóstico correto para combate ao agente agressor. Portanto, somente após a identificação da causa e o início do tratamento específico (i. e., quimioterápicos, antibióticos etc.), indica-se o uso de medicamentos que aliviarão o desconforto respiratório, melhorando a troca gasosa e, consequentemente, promovendo o bem estardo paciente Principais sintomas: tosse, secreções (aquosa = para eliminar substâncias; viscoso “esputo/catarro” = dificulta a eliminação, necessário uso de medicamentos) Algumas secreções, não sendo eliminadas para fora, podem ir para o TGI ou, de maneira pior chegar até os pulmões; Pacientes com asma possuem broncoconstrição, sendo necessário o uso de medicamentos que realizam a broncodilatação, melhorando a respiração do individuo Terapia auxiliar são medicamentos utilizados em caso de desconforto respiratório em casos de doença sistêmica; Sucesso terapêutico: retirar a causa primaria do problema e não somente os sinais clínicos; pode tirar os sinais clínicos em casos extremos, para trazer um conforto ao indivíduo, porém posteriormente é necessário retirar o mal pela raiz; FÁRMACOS UTILIZADOS: Expectorantes; antitussígenos, broncodilatadores, descongestionantes & antiinflamatórios (não próprio do sistema respiratório, porem retirando os mediadores da inflamação causam vasoconstricao, então tirando-os resulta em uma melhora do paciente) EXPECTORANTES Substancias que reduzem a viscosidade das secreções (catarros). Quando o muco se torna mais viscoso, cria um ambiente propício para a proliferação de microrganismos. Essas substancias aumentam a concentração de água; Existem rês categorias de expectorantes: EXPECTORANTES REFLEXOS: São substancias nauseantes que atuam por meio de estimulação de terminações nervosas vagais, na faringe, no esôfago e até mesmo na mucosa gástrica, levando ao aumento da produção de muco aquoso pelas células, em particular da mucosa respiratória, para ser liberado mais fácil. IODETO DE POTÁSSIO (Broncofisin, Broncofedrin , Iodetox, Killtosse ) Aumenta até 150% as secreções (produz um muco aquoso, para eliminação do viscoso), tempo de latência de 15 a 30 minutos, com duração de efeito de APENAS 6 horas, sendo necessário mais administrações; Efeitos colaterais: irritação gástrica, causando náusea e vômitos; e em uso prolongado (3+ semanas) causa hipotireoidismo devido a supressão da glândula tireoide, não sendo recomendado o uso em animais prenhes ou lactantes, pois ultrapassa a barreira placentária, causando disfunção da tireoide do feto, e também pode passar por via transmamaria para o filhote. GUAIFENESINA Asmatoss, Bromax, Broncofenil, Glicotosse, Xarope Vick É um potente relaxante muscular de ação central também usado como expectorante, devido ao relaxamento das musculaturas brônquicas também; é de rápida ação (assim que absorvido) e duração do efeito de 4 a 6 horas. Ela é absorvida pelo trato gastrintestinal, onde parece atuar como irritante idêntico aos iodetos Efeitos colaterais: causa irritação gástrica, assim como os iodetos (náusea e vômito); e DIMINUIÇÃO da agregação plaquetária (não indicado em pacientes com distúrbios de coagulação) além de NÃO indicado para gatos. IPECA Xarope Creosotado = extrato de planta Cephaelis ipecacuanha que contém a Emetina, que possui um princípio ativo que estimula as terminações nervosas vagais, com propriedade emética; em BAIXAS doses age como expectorante reflexo; em ALTAS doses ou USO CONTINUO Efeitos adversos: êmese, diarreia, hipotensão, taquicardia e arritmia (contra indicado para cardiopatas e idosos). EXPECTORANTES MUCOLÍTICOS Realizam destruição dos mucos, diminuição da viscosidade das secreções pulmonares, facilitando, consequentemente, a sua eliminação BROMEXINA Bromesol, Fluibron, Beneflux Poucos estudos em veterinária, mais utilizado em Humanos Ação= Aumenta a função lisossômica, fazendo com que as enzimas lisossômicas hidrolisem os mucopolissacarídeos do esputo (diminuindo a viscosidade a aumentando o volume), além de ser broncodilatador; Pode ser encontrada em associação com antibióticos (oxitetraciclina, amoxiciclina) = uma vez que bactérias podem estar presentes; A Dembrexina (metabolito ativo da Bromexina), é capaz de aumentar a produção de Surfactante, agindo nas células alveolares tipo II; Efeitos colaterais = náuseas N – ACETILCISTEÍNA Bromuc, Fluimucil, Mucocetil Realiza interação química direta com o muco, rompendo as pontes dissulfídricas (ação melhor em pH entre 7 e 9) tornando-o menos viscoso; Geralmente uso oral (não muito rápido, porém eficiente); mas também inalado ou instilado por spray (efeito mais rápido, porem maior dificuldade de realizar em animais) Efeito colateral = causa broncoespasmo (contração errática dos broncos) devido a ação em receptores que também atuam na dilatação dos brônquios; Por isso é necessário associar com ISOPRENALINA (um agonista beta-adrenérgico) para evitar o broncoespasmo (também diminui a tosse consecutivamente); Cuidados: utilização em hepatopatas, pois é biotransformada em compostos sulfurados (com enxofre); Além disso, essa substância inativa os antibióticos do grupo das penicilinas, tetraciclinas e peróxido de hidrogênio (aerossóis), pois ela inativa essas substâncias; EXPECTORANTES INALANTES Uso limitado em veterinária A nebulização de solução fisiológica de NaCl a 0,9% tem também sido empregada com a finalidade de fluidificar o catarro, promovendo, consequentemente, a diminuição da viscosidade. Neste procedimento, devese usar um nebulizador que libere partículas de até no máximo 5 μm de diâmetro, para que estas penetrem nos bronquíolos menores. O dióxido de carbono é outro expectorante utilizado por inalação. Este gás é empregado principalmente quando houver necessidade de remover secreções na parte inferior do sistema respiratório. O dióxido de carbono causa hiperemia da mucosa dos bronquíolos, produzindo secreções menos viscosas, facilitando assim a sua eliminação; além disso, este agente produz movimentos respiratórios mais profundos e ativos, auxiliando a excreção do catarro. Normalmente, emprega-se o dióxido de carbono em concentração a 5%. Ex= benzoína, óleo de eucalipto e NaCl a 0,9% nebulizado, realizando a fluidificação da substância viscosa (catarro); ANTITUSSÍGENOS TOSSE: possui função de defesa contra corpos estranhos por exemplo, e de limpeza; é um reflexo fisiológico que elimina secreções em excesso ou substancias irritantes; Deve ser eliminada essa tosse apenas se for crônica, contínua e não produtiva (não tira secreção, animal apenas com o reflexo de tosse), pois caso persista, pode causar enfisema, e fibrose, além de poder reduzir o fluxo cardíaco e consequentemente o débito cardíaco; Reflexo da tosse =Involuntário, que pode ser suprimido ou estimulado de forma voluntária. Existem os receptores ‘’irritantes’’ que respondem a estímulos químicos (“via SNC”) e físicos (“substancias”); o centro da tosse na medula oblonga (bulbo), realiza ativação de músculos da laringe, abdominais e intercostais; Em todo o Trato Respiratório, principalmente nos bronquíolos até o caminho a laringe, possui receptores irritantes que avisam o SNC, então o SNC manda reposta através de nervos eferentes, que inerva várias musculaturas, incluindo torácicas, abdominais, intercostais e da laringe. Então, principalmente em casos de Tosse não produtiva, utiliza-seos: ANTITUSSÍGENOS São aqueles que reduzem a gravidade e a frequência da tosse, normalmente utilizado com expectorantes mucolíticos (xaropes) para continuar eliminando secreções do TR. A ação dos antitussígenos ocorre no sistema nervoso central (SNC), onde estes medicamentos inibem as respostas do centro da tosse aos estímulos que lá chegam. Os antitussígenos que atuam neste nível são os agentes narcóticos, como a codeína e o butorfanol, e os agentes não narcóticos como o dextrometorfano e a noscapina. Os medicamentos antitussígenos de ação central não devem ser associados aos expectorantes, nem ser utilizados em pacientes com secreção abundante, pois esta secreção poderá acumular-se no sistema respiratório, promovendo asfixia. AGENTES NARCÓTICOS Codeína (Tylex: paracetamol e fosfato de codeína) e Butorfanol (Torbugesic): são analgésicos pióides. Deve ser destacado também que estes medicamentos, como possuem potente efeito analgésico, podem mascarar um processo doloroso associado à afecção do sistema respiratório, ou a outra afecção concomitante, prejudicando o tratamento. Ele não estimulam os receptores irritantes, não causando a tosse. CODEINA: adm VO, rapidamente absorvida, efeitos durando 2/4h. A dose recomendada é 1 a 2mg/kg. Os efeitos colaterais indesejáveis são vômito, constipação intestinal. Sonolência (cães) e excitação (gatos). É contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao princípio ativo, pacientes com histórico de função respiratória comprometida. Uso cauteloso em pacientes com insuficiência cardíaca, idosos, hepatopatias BUTORFANOL: potencia 20x maior que a codeína. utilizado em cães, para o alívio de tosse não produtiva; em cães e gatos, na medicação pré-anestésica; e também como antiemético no uso prévio ao medicamento antitumoral cisplatina. Entre os efeitos adversos mais observados encontram-se sedação, depressão respiratória, bradicardia, retenção urinária e alguns efeitos gastrointestinais, como vômito, náusea, constipação, sialorreia. AGENTES NÃO NARCÓTICOS DEXTROMETORFANO: opióide sintético que não induz dependência, é mais seguro em humanos; Atividade antitussígena 20x maior que a do butorfanol e igual à codeína. Não possui depressão respiratória, efeito analgésico, tontura ou irritação no TGI. Não produz dependência. Podem ser associado com anti-histamínicos e antissépticos; BRONCODILATADORES Os mediadores da inflamação realizam a constrição, quando contraem estimulam os receptores irritantes, resultando no estimulo da tosse; AGONISTAS BETA ADRENERGICOS “Receptores beta, os betas 1 principalmente encontrados no coração, os betas dois no restante do organismo e principalmente nos brônquios ” Ação: efeito broncodilatador, que se faz por ação direta nos receptores beta adrenérgicos do músculo liso do brônquio; inibição da liberação de serotonina e histamina pelos mastócitos e de um dos principais mediadores da inflamação, o TNFα, liberado pelos monócitos; também estimulam os cílios e reduzem a viscosidade do muco. ( os brônquios em condições de inflamação, estão liberando mediadores, no caso da histamina realiza broncoconstrição) O ideal é que sejam agonistas seletivos beta dois, pois não irão causar alterações cardíacas, e irão agir principalmente na vasodilatação dos brônquios/bronquíolos; Dentre os agonistas seletivos beta dois usados na MV estão: SALBUTAMOL (Aerotide, Aerogold); TERBUTALINA (Adrenyl, Bricanyl); e o CLEMBUTEROL (Pulmonil, Ventipulmin – é de longa duração, usado apenas em equinos); Importante: praticamente não possuem efeitos tóxicos, mas podem causar tremores e alteração da pressão arterial; além disso, causam um relaxamento na musculatura uterina, cessando as contrações (utilizar com esse propósito em pré- maturos ou não utilizar em fêmeas no período adequado de parição); METILXANTINAS Os principais são: Teofilina, Teobromina e Cafeína; Mecanismo de ação: causa relaxamento da musculatura lisa , causando broncodilatação. Dentre essas, a que possui maior efeito broncodilatador é a Teofilina, que pode ainda ser associada com a Etilenodiamina, um bloqueador de receptor histaminérgico H1 (anti H1), formando a AMINOFILINA; Efeitos colaterais = alterações no TGI (vômito), taquicardia (musculatura do coração), insônia (pois são estimulantes do SNC) e diurese (devido ao relaxamento da musculatura lisa da vesícula urinaria). ANTICOLINÉRGICOS Realizam broncodilatação através da inibição da acetilcolina (um neurotransmissor do SNA parassimpático que causa broncoconstrição); Na ativação do sistema parassimpático, o organismo se encontra em repouso, logo os principais efeitos da ativação desse sistema são: broncoconstrição (diminuindo a frequência respiratória), diminuição da frequência cardíaca e da força de contração, e miose; Por consequência, medicamentos Anticolinérgicos, resultam nos efeitos contrários. Como: broncodilatação, aumento da frequência cardíaca e midríase; ATROPINA: É o principal anticolinérgico e de melhor ação broncodilatadora; Porém, possui alguns efeitos adversos relacionados à “inibição dos efeitos parassimpáticos”, gerando respostas semelhantes a “ativação do sistema simpático”, como taquicardia e midríase; além de depressão do SNC; Geralmente utilizado por via parenteral (IV e IM), mas também pode ser administrada como aerossol (spray): reduz quase todos efeitos colaterais; agindo apenas na dilatação dos brônquios; GLICOPIRROLATO: Pequena capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e placentária (depressão fetal bem menor). Causa menor depressão do SNC. Utilizado principalmente nos equinos (não possui no Brasil). IPRATRÓPIO: é utilizado amplamente em humanos no tratamento de asma; e em MV seu uso é restrito para equinos, sendo preconizada a dose de 2 a 3 μg/kg, por inalação. O efeito máximo é observado apenas 30 min após a administração; no entanto, tem duração de 3 a 5 h. DESCONGESTIONANTES Os descongestionantes são usados no tratamento sintomático das rinites e das sinusites alérgicas ou virais. Os principais medicamentos utilizados como descongestionantes são os anti-histamínicos e os agonistas de receptores α1adrenérgicosTratamento geralmente de: Rinites e Sinusite alérgicas ou virais (tratamento sintomático). ANTI-HISTAMÍNICOS Considerando-se que a histamina tem importante papel na etiologia da broncoconstrição e, consequentemente, da tosse, justifica-se o amplo uso de anti-histamínicos (antagonistas de receptores H1) como auxiliares no tratamento de diversas afecções do sistema respiratório. São eles: Dimenidrinato; Clorfeniramina, Hidroxizina, Edifenidramina. AGONISTAS A1 ADRENÉRGICOS: Causam vasoconstrição (não produzindo tanto muco/fluido, descongestionando), resultando na redução do fluido exsudato; O principal representante é a EFEDRINA (Efedrin). A dose de efedrina indicada como descongestionante, quando administrada por via sistêmica (oral ou intramuscular), para cães é de 5 a 15 mg (dose total) e, para gatos, de 0,44 mg/kg, a cada 6 h. Por via oral ou sistêmica, resulta em efeitos colaterais como: estimulação do SNC, hipertensão, retenção urinária, alterações cardíacas e na drenagem do humor aquoso; Recomenda-se que para diminuição dos efeitos colaterais, a administração seja tópica (spray nasal). ANTIINFLAMATÓRIOS Esteroidais e não esteroidais; Inibem os mediadores da inflamação que produzem broncoconstrição, resultando na BRONCODILATAÇÃO; Reduzem o edema de mucosa dos brônquios e bronquíolos, favorecendo a respiração mais adequada, além disso, por meio de inibição de alguns efeitos dos mediadores da inflamação, como os das prostaglandinas, que produzem broncoconstrição, podem promover o alívio da tosse.
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