Buscar

A TEORIA DUOHEXADIMENSIONAL DO DIREITO PRIMEIRAS IDEIAS E PROPOSICOES PARA O AMANHA VERVE, TONIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

DADOS	DE	COPYRIGHT
Sobre	a	obra:
A	presente	obra	é	disponibilizada	pela	equipe	Le	Livros	e	seus	diversos	parceiros,	com	o	objetivo	de
oferecer	conteúdo	para	uso	parcial	em	pesquisas	e	estudos	acadêmicos,	bem	como	o	simples	teste	da
qualidade	da	obra,	com	o	fim	exclusivo	de	compra	futura.
É	expressamente	proibida	e	totalmente	repudíavel	a	venda,	aluguel,	ou	quaisquer	uso	comercial	do
presente	conteúdo
Sobre	nós:
O	Le	Livros	e	seus	parceiros	disponibilizam	conteúdo	de	dominio	publico	e	propriedade	intelectual	de
forma	totalmente	gratuita,	por	acreditar	que	o	conhecimento	e	a	educação	devem	ser	acessíveis	e	livres	a
toda	e	qualquer	pessoa.	Você	pode	encontrar	mais	obras	em	nosso	site:	lelivros.love	ou	em	qualquer	um
dos	sites	parceiros	apresentados	neste	link.
"Quando	o	mundo	estiver	unido	na	busca	do	conhecimento,	e	não	mais	lutando	por	dinheiro	e
poder,	então	nossa	sociedade	poderá	enfim	evoluir	a	um	novo	nível."
A	TEORIA	DUOHEXADIMENSIONAL
DO	DIREITO
José	Antônio	da	Silva
(Tônio	Verve)
Amazon
(Create	Space)
Título	original	em	português:	A	Teoria	Duohexadimensional	do	Direito
Copyright	©	2016	by	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve)
Publicado	pela	Editora	Amazon.
Este	livro	contempla	as	regras	do	Novo	Acordo	Ortográfico	da	Língua	Portuguesa.
Editor:	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve)
Produção	editorial:	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve)
Revisão	de	prova:	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve)
Diagramação:	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve).
Ilustração	e	Capa:	José	Antônio	da	Silva	(Tônio		Verve)
DADOS	DE	CATALOGAÇÃO	NA	PUBLICAÇÃO
Silva,	José	Antônio	(Tônio	Verve).
A	Teoria	Duohexadimensional	do	Direito	/	José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve);
Capa:	José	Antônio	da	Silva
Rio	de	Janeiro,	RJ	–	Create	Space,	2016.
Título	original:	A	Teoria	Duohexadimensional	do	Direito
ISBN	–	13:	978-1533689917
TÍTLE	ID:	6332840
1.Direito	-	Teoria	Jurídica.	2.	Ciência	Jurídica	–	Seis	dimensões.
3.	Conexões:	linguagem.		Seguimentos	conhecimento	humano,
Índices	para	catálogo	sistemático:
1.Direito:	Dimensões:	Cultura:	Conhecimento	humano:	Anexos.
Nenhuma	parte	deste	livro	poderá	ser	reproduzida,	por	qualquer	processo,	sem	a	permissão	expressa	do	autor.
É	proibida	a	reprodução	por	xerox.
A	Editora	Amazon	é	filiada	nos	Estados	Unidos	da	América.
Edição	brasileira-	2016.
Direitos	em	língua	portuguesa	adquiridos	por
José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Vever)
Impresso	no	Brasil.
SOBRE	O	AUTOR
José	Antônio	da	Silva	(Tônio	Verve):	nasceu	em	01	de	Janeiro	de	1959,	na	cidade	do	Rio	de
Janeiro	–	RJ,	Brasil.	Professor	de	Direito	Tributário,	Empresarial	e	Civil	da	Universidade	Estácio	de	Sá.
Técnico	de	Contabilidade;	Bacharel	em	Ciências	Econômicas	pela	Universidade	Federal	Rural	do	Rio
de	Janeiro,	Bacharel	em	Direito	pela	Faculdade	Brasileira	de	Ciências	Jurídicas,	Bacharel	em	Educação
Física	pela	Universidade	Estácio	de	Sá,	Pós-graduação	lato	senso	em	Docência	do	Ensino	Superior	pela
Universidade	Castelo	Branco.	Cursou	Direito	Público	e	Privado	pela	Escola	da	Magistratura	do	Estado
do	Rio	de	Janeiro,	Fundação	Escola	Superior	da	Defensoria	do	Estado	do	Rio	de	Janeiro	e	Programme	in
Sport	Management	and	Law	(Gestão,	Marketing	e	Direito	do	Esporte),	pelo	CIES	–	Centre	International
d’Étude	 du	 Sport,	 FGV	 -	 Fundação	 Getúlio	 Vargas	 e	 FIFA.	 -	 Fédération	 Internationale	 de	 Football
Association.	Poeta,	Compositor,	Músico	Violonista	Profissional.	Professor	de	Teoria	Musical	e	Violão
Popular.	Escritor	Brasileiro.
DEDICATÓRIAS
“–	Dedico	essa	obra	científica,	ideias	e	ideais,	ao	meu	Pai:	José	Pedro	da	Silva.	Homem	que
me	apontou	o	 caminho	do	bem.	Ensinou-me	que	o	amor	 é	a	mais	poderosa	 energia	que	 existe	no
universo,	e	me	iluminou	ao	afirmar	que	a	minha	maior	missão	aqui	na	Terra	seria	propagar	a	minha
Arte	e	conhecimento	aos	meus	semelhantes.	O	seu	amor	está	presente	em	todas	as	partículas	do
meu	corpo	e	em	cada	expressão	da	minha	alma”.
“-	Para	os	meus	alunos	e	pra	ti	sociedade	brasileira,	as	minhas	primeiras	ideias	e	proposições
para	o	amanhã”.
SUMÁRIO
1.	PREFÁCIO	I															...........................................................9
1.1	PREFÁCIO	II															......................................................14
2	 A	 DICOTOMIA	 EXISTENCIAL	 DAS	 ORDENS	 NATURAL	 E
CULTURAL															........................................16
2.1	 AS	 ORDENS	 NATURAL,	 CULTURAL	 E	 SEUS	 ELEMENTO
..............................................................16
2.1.2	Os	Planos	da	existência,	das	concepções	e	da	eficácia	...............................................................16
2.1.3	 O	 Homem	 Primitivo	 como	 Fruto	 da	 Ordem	 Natural
.....................................................................17
2.1.4	O	homem	natural	e	o	homem	cultural	.........19
2.1.5	As	coisas	materiais	e	imateriais	como	objetos	mediatos	...................................................	20
2.1.6	As	ações,	condutas	e	atividades	humanas	como	objetos	imediato	.........................................	21
2.1.7	As	concepções	criadas	pelo	Homem	.........	24
2.1.8	O	homem,	a	sociedade	e	a	cultura	.............	26
2.1.9	 As	 culturas,	 popular,	 religiosa,	 intelectual	 e
desportiva														..............................................................	27
2.2	 AS	 RELAÇÕES	 JURÍDICAS-SUJEITOS	 DE	 DIREITO,	 O	 DIREITO	 OBJETIVO	 E
OBJETOS	DE	INCIDÊNCIA	DA	NORMA	JURÍDICA	....................	34
2.2.1	A	sociedade,	o	Estado	e	o	Direito															..............	34
2.2.2	 O	 Homem	 Sujeito	 Titular	 de	 Direito,	 as	 Relações	 Jurídicas	 e	 seus
elementos															.................	37
2.2.3	 As	 atividades	 humanas	 -	 objetos	 imediatos	 das	 relações
jurídicas															...........................................	42
2.2.4	 As	 coisas	 e	 os	 bens	 -	 objetos	 mediatos	 das	 relações
jurídicas															..................................................	51
2.2.5	 A	 atividade	 desportiva	 -	 objeto	 imediato	 de	 relações
jurídicas															..................................................	53
3	 A	 TEORIA	 DUOHEXADIMENSIONAL	 DO	 DIREITO
..................................................................................	70
3.1	PRELIMINARES															...............................................	70
3.1.1	Introdução															.....................................................	70
3.1.2	Objetivos	.......................................................	73
3.1.3	Fundamentação	teórica															...............................	76
3.1.4	Metodologia															..................................................	79
3.2	 A	 TEORIA	 DUOHEXADIMENSIONAL	 DO
DIREITO															.................................................................	80
3.2.1	 Primeira	 Dimensão	 -	 As	 ordens	 natural	 e
cultural															...................................................................	80
3.2.2	Segunda	Dimensão	-	As	concepções	materializáveis	as	meramente	abstratas	............	84
3.2.3	Terceira	Dimensão	 -	Atos	 de	 cooperação	 e	 de	 concorrência-objetos	 imediatos	 das	 relações
jurídicas															..................................................................	88
3.2.4	 Quarta	 Dimensão	 -	 O	 espaço	 e	 o	 tempo
jurídicos															................................................................	110
3.2.5	 Quinta	 Dimensão	 -	 As	 dialéticas	 anímica,	 substancial	 e
processual															....................................	126
3.2.6	 Sexta	 Dimensão	 -	 Os	 poderes	 individual	 e	 social.	 Seus	 respectivos
deveres															......................	131
3.3	CONCLUSÕES															...............................................	154
4	ANEXOS															............................................................	159
4.1	 ANEXO	 I	 -	 PROPOSTA	 DE	 UMA	 NOVA	 ORDEM	 JURÍDICA	 DESPORTIVA
BRASILEIRA															..............	159
4.1.1	 Propostade	 reforma	 da	 nossa	 Constituição
Desportiva															............................................................	159
4.1.2	Propostas	de	alterações	no	Código	Civil	Brasileiro	para	a	consolidação	de	um	novo	Sistema
Desportivo	Nacional															.............................	174
4.1.3	 Propostas	 de	 alterações	 da	 Lei	 das	 Sociedades	 Anônimas	 para	 a	 consolidação	 de	 um	 novo
Sistema	Desportivo	Nacional															...................	182
4.1.4	Propostas	de	alterações	do	Estatuto	da	Microempresa	e	da	Empresa	de	pequeno	porte	para	a
consolidação	de	um	novo	Sistema	Desportivo	Nacional															............................................	194
4.1.5	 Propostas	 de	 alterações	 da	 Lei	 Pelé	 –	 um	 novo	 Sistema	 Desportivo
Nacional															...................	198
4.2	ANEXO	II															.........................................................	253
4.2.1	Proposta	de	Emenda	à	Constituição	nº	de	2015	enviada	ao	congresso	nacional	................	253
4.2.2	Dispositivos	da	Constituição	alterados	...	257
4.2.3	Justificativa															.................................................	259
4.3	ANEXO	III	-	POESIAS	MUSICALIZADAS															......	274
4.3.1	Pra	que	Deus	Aqui	Possa	Cantar															..............	274
4.3.2	Conversas	de	Vidas															....................................	276
4.3.3	Mistério	da	Vida															...........................................	277
4.3.4	Ridícula	Partícula															.......................................	278
4.3.5	Arte	Nordestina															...........................................	279
4.3.6	A	Vida															..........................................................	280
4.3.7	De	mãos	Dadas															...........................................	281
5	BIBLIOGRAFIA															..................................................	282
1.PREFÁCIO	I
Não	há	palavras	para	descrever	o	quão	me	senti	honrado	e	importante	ao	ser	convidado	a	prefaciar
a	obra	do	amigo	e	Professor	José	Antônio	da	Silva.	Ser	humano	leve,	irmão	de	alma.	Talvez	pela	nossa
similitude	poética	de	ver	o	mundo	o	tenha	cativado	a	este	convite.	Tenho	com	ele	muito	mais	a	aprender
e,	certamente,	a	minha	maior	dificuldade	em	nominar	o	brilhantismo	e	o	ineditismo	da	abordagem	de	um
tema	 complexo,	 dada	 a	 interdisciplinaridade	 do	 Direito,	 com	 a	 filosofia,	 antropologia,	 sociologia
jurídica,	ciência	política	e	econômica.
O	Professor	Antônio	foi	quem	me	oportunizou	o	ingresso	na	docência	universitária	e	agradeço	a	ele
este	passo	importante	que	dei	na	vida,	pelo	qual	serei	eternamente	grato.	Nasceu	daí	a	grande	relação	de
discípulo	que	 sou	dele,	 razão	pela	qual	 será	meu	eterno	Professor,	 hoje,	 também	amigo,	 e	por	 amor	a
coerência,	 que	minhas	 impressões	 trazidas	 no	 prefácio	 possuem	 um	 grau	 de	 limitação	 que	 está	muito
longe	de	superar	o	Mestre.
À	influência	antropológica	à	 teoria	acaba	por	remeter	o	Homem	não	somente	pessoa,	ao	lembrar
que	 cada	 sociedade	 possui	 uma	 herança	 de	 ordem	 natural	 e	 cultural,	 sublimada	 nos	 seus	 desejos,	 tão
mencionados	por	Plantão	(Eros),	Aristóteles	(philia)	e	Jesus	(ágape),	mas	 inicia	uma	jornada	 inédita	à
Ciência	 do	 Direito,	 que	 tem	 como	 tradição	 a	 demonstração	 de	 uma	 construção	 primordialmente	 de
relações	de	poder,	desconsiderando	as	origens	humanas,	resultando,	obviamente	nas	insolúveis	anomias
do	sistema	jurídico,	tão	criticadas	por	Kelsen	e	Bobbio,	e	que	vivemos	atualmente.
Não	é	por	outro	motivo	que	as	soluções	aos	conflitos	sistêmicos	do	Direito	Objetivo	apresentam-se
no	retorno	dos	valores	do	homem	como	ser	humano	e	não	somente	como	expressão	de	uma	relação	de
poder	 e	 dominação,	 reavivando	 a	 proteção	 destes	 direitos	 pelos	 tratados	 de	 direitos	 humanos,	 em
especial	 o	 Pacto	 Internacional	 de	Direitos	Econômicos,	 Sociais	 e	Culturais,	 como	valores	 inerentes	 à
natureza	humana,	documento	de	ordem	universal,	vinculativo	aos	Estados-partes,	o	que	somente	reafirma
a	necessidade	das	novas	perspectivas	hermenêuticas	 sobre	os	vínculos	que	 tornam	coesas,	 e	 acima	de
tudo,	 legitimadas	 a	 gerir	 os	 conflitos	 do	 homem	 e	 da	 sociedade	 em	 uma	 relação	 sinalagmática	 e
simbiótica	entre	o	Homem	e	a	Ciência	Jurídica,	que	não	deixou	de	ser	considerada,	como	cita	o	autor,
pelo	parágrafo	primeiro	do	artigo	1◦	da	Lei	9.615/98.
Nas	 palavras	 do	 Professor	Antônio	 a	 “cultura	 é	 construção	 da	 humanidade”	 e	 na	 senda	 de	 seus
ensinamentos	a	ela	deve	servir	como	“fonte	material	do	homem	cultural”,	e	é	em	razão	dela	que	o	Direito
deve	 ser	 construído	 sob	 o	 manto	 protetor	 da	 “Reserva	 de	 Domínio	 Social	 ou	 Estatal”,	 sob	 pena	 de
vivenciarmos	 o	 colapso	 de	 legitimação	 do	 poder	 que	 hoje	 somos	 testemunhas,	 efeito	 colateral	 do
utilitarismo	 custo/benefício	 oriundo	do	Capitalismo,	 ao	 que	 parece	 única	 fonte	 de	 domínio	 econômico
norteadora	dos	valores	normativos	declarados	pelo	Estado,	inclusive	as	destinadas	para	incidir	sobre	as
atividades	desportivas,	deixando	ao	largo	seu	escopo	de	ser	bem	cultural	material	da	pessoa	humana.
A	construção	da	Teoria	Duohexadimensional	do	Direito,	de	alcance	pleno	em	todas	as	searas	da
Ciência	 Jurídica	 atribui	 ao	 Direito	 Desportivo	 caráter	 de	 valor	 transindividual	 de	 categoria	 social
humanística	 e	 indissociável	 à	 unidade	 de	 sentido	 e	 valor,	 expressão	 da	 dignidade	 da	 pessoa	 humana,
fazendo	 integrar	 sua	 teoria	 na	 teoria	 dos	 cinco	 componentes	 de	 Podlech	 mencionados	 por	 Canotilho
criando,	com	isso,	um	mecanismo	teórico	sólido	contra	a	coisificação	do	Homem,	navegando	nas	mesmas
águas	epistemológicas	que	Peter	Härbele	em	sua	Fórmula-objeto	de	Düring.
Fui	verdadeiramente	premiado	ao	me	deliciar	na	leitura	da	obra	do	Professor	e	perceber	que	seu
texto,	 como	 disse	 Schopenhauer	 é	 a	mais	 “pura	 intuição	 sensível	 do	 espaço	 e	 do	 tempo”,	mas	 com	o
toque	de	Midas	de	pé	no	chão	do	autor,	pois,	A	Teoria	Duohexadimensional	do	Direito	passa	a	ser	um
referencial	 teórico	 para	 transformar	 a	 Ciência	 Jurídica	 na	 sua	 mais	 genuína	 expressão	 da	 regulação
humana	com	base	em	um	espírito	humanístico,	categórico	da	verdade	como	processo	fenomenológico	e
emancipatório	da	vontade	humana	sem	desconsiderar	nenhum	caráter	anímico	do	ser,	e	ao	mesmo	tempo
servirá	de	anteparo	aos	abusos	do	poder	seja	ele	econômico,	religioso	ou	moral,	que	sempre	construíram
um	categórico	de	verdade	na	qual	não	suporta	o	passar	de	um	tempo	globalizado	ou	de	um	conceito	de
tempo	e	espaço	tridimensional	sem	o	reconhecimento	de	sua	inadequação	social	com	o	tempo.
Espero	que	o	 leitor	perceba	que	apesar	da	complexidade	dos	argumentos	há	nas	entranhas	dessa
obra	 um	 movimento	 visceral	 humanístico	 sensível	 à	 nossa	 realidade,	 fruto	 da	 necessidade	 de	 novos
tempos	 e	 novos	pensamentos,	 que	 somente	 poderiam	 fluir	 da	 alma	de	um	poeta,	 compositor,	músico	 e
jurista,	meu	amigo,	Professor	 e	Mestre	 José	Antônio	da	Silva	 (Tônio	Verve).	Meu	apreço	a	obra	e	na
esperança	que	nossos	legisladores	vejam	nessas	ideias	uma	luz	no	fim	do	túnel	para	uma	nova	era	para	a
Ciência	Jurídica.
RUCHESTER	MARREIROS	BARBOSA
1.1PREFÁCIO	II
Muito	me	congratula	o	convite	feito	pelo	Professor	José	Antônio	da	Silva,	para	prefaciar	a	sua	mais	nova
empreitada	jurídica:	o	livro	A	TEORIA	DUOHEXADIMENSIONAL	DO	DIREITO.
José	 é	 um	estudioso	de	 rara	 estirpe.	Seus	 textos,	 sempre	precisos	 e	 embebidos	 da	 orientação	 jurídica
mais	 clássica,	 conduzem	com	 segurança	 o	 leitor	 pelos	 corredores	 do	 conhecimento,	 especialmente	 em
momentos	atribulados	como	este.	Afinal,	atravessamos	diversas	mudanças	nos	mais	variados	aspectos	da
vida:	sociais,	políticos,	culturais,	entre	muitos	outros	que	 tornam	necessárias	certas	reflexões	para	que
ajustes	sejam	realizados.
A	 metodologia	 apresentada	 é	 segura	 e	 eficiente.	 Capítulos	 foram	 muito	 bem	 organizados	 e	 o	 texto
igualmenteredigido,	em	linguagem	clara	sem	descurar	do	tecnicismo	em	nenhum	momento.	É	realmente
impressionante	 o	 conteúdo,	 mormente	 se	 for	 considerada	 a	 elevada	 produtividade	 de	 José,	 seja	 em
artigos	e	textos	jurídicos	nos	mais	variados	meios	(do	físico	ao	eletrônico),	além	da	presença	em	aulas,
palestra	e	outros	eventos.
Se	antes	já	admirava	o	seu	trabalho,	fico	ainda	mais	impressionado	após	me	debruçar	sobre	estas	novas
linhas,	que	comprovam	todo	este	esmero,	cuidado	e	amor	no	exercício	da	docência	e	na	divulgação	do
conhecimento.
É,	realmente,	um	novo	tempo	para	um	novo	ser	humano!	E,	com	ele	precisamos	de	pessoas	corajosas	e
conhecedoras	da	boa	técnica	que	possam	ajudar	os	demais	que	tanto	se	debruçam	sobre	questões	do	dia-
a-dia.	E	José	é,	justamente,	uma	destas	pessoas	para	nos	conduzir.
Parabenizo-o	por	mais	esta	empreitada	jurídica.	Que	José	continue	com	suas	paixões	pelo	Direito,	pela
cátedra,	e,	principalmente,	que	continue	a	trilhar	esse	caminho	maravilhoso	de	lutas	e	conquistas.	Todos
nós	agradecemos.	Sucesso	do	amigo	dos	tempos	da	Escola	da	Magistratura	do	Estado	do	Rio	de	Janeiro,
quando	foi	reforçado	nosso	vínculo,	respeito	e	comprometimento	com	o	Direito.
RODOLFO	KRONEMBERG	HARTMANN.
Juiz	Federal.	Professor	da	EMERJ.
Mestre	em	Direito.	Escritor	Brasileiro.
2	A	DICOTOMIA	EXISTENCIAL	DAS	ORDENS
NATURAL	E	CULTURAL
2.1	AS	ORDENS	NATURAL,	CULTURAL	E	SEUS	ELEMENTOS
2.1.2	Os	Planos	da	existência,	das	concepções	e
da	eficácia
Para	 o	 desenvolvimento	 da	 teoria	 que	 se	 propõe,	 fundamental	 a	 análise	 de	 no	 mínimo	 três
dimensões,	 que	 aliadas	 poderão	 revelar	 conteúdos	 e	 formas	 coerentes	 com	a	 proposição	 formulada,	 a
saber:	 da	 existência,	 das	 concepções	 (das	 ideias)	 e	 da	 eficácia	 (dos	 efeitos),	 sem	 olvidar	 de	 uma
premissa	básica,	também	essencial	que	a	ordem	natural	nos	denuncia,	qual	seja:	de	que	tudo	e	todos	são
frutos	 da	 causalidade,	 generalizada	 ou	 objetivada	 pelo	Homem,	 que	 revela	 o	 liame	 existente	 entre	 os
pressupostos,	 os	 elementos,	 e	 os	 efeitos	 de	 um	 evento,	 todos	 envolvidos	 ou	 não	 por	 concepções
meramente	abstratas	ou	materializáveis	pelo	Homem	criadas.
Esses	 três	 planos	 revelam	 a	 construção	 celular	 ideal	 para	 demonstrar	 os	 elementos,	 fático,
concepcional	e	consequencial,	que	traduzem	respectivamente	as	ordens	natural,	cultural	e	os	efeitos	por
eles	produzidos	nos	meios	natural	e	social,	o	que	nos	autoriza	defender	que	há	o	ser	humano	natural	e	o
cultural,	o	primeiro	balizado	com	qualquer	outro	animal	que	habita	o	nosso	planeta,	o	segundo	revestido
por	 seus	conceitos,	 ideias	e	proposições.	Ademais,	 temos	os	elementos	que	compõem	a	ordem	natural
que	rotulamos	como	coisas,	que	se	adornados	de	valor	econômico	são	definidos	como	bens,	e	o	trabalho
orgânico-fisiológico	humano	revestido	de	 técnicas	produtivas,	que	se	 inserido	num	processo	produtivo
passa	 a	 ter	 valor	 econômico	 e	 fundamenta	 o	 conceito	 de	 objeto	 imediato	 de	 uma	 relação	 jurídica
trabalhista,	entre	outros	exemplos.
2.1.3	O	Homem	Primitivo	como	Fruto	da	Ordem
Natural
É	inquestionável	que	o	indivíduo	humano	é	fruto	da	ordem	natural	que	o	sustenta,	e	que	a	ela	está
vinculado,	com	 todos	os	 seres	que	com	ela	 se	movem,	o	que	 revela	a	 impossibilidade	de	dissociação
entre	 os	 mesmos,	 por	 representar	 essa	 ligação	 a	 expressão	 da	 vida,	 que	 se	 apresenta	 como	 energia
adornada	por	uma	estrutura	bioquímica	organicamente	 sistematizada	dotada	de	autonomia	dissociada	e
integrada	a	essa	pedra	úmida	e	fértil,	que	denominamos	Planeta	Terra,	presente	que	ganhamos	sem	fazer
ofício,	o	lar	da	humanidade.	Podemos	afirmar	assim	que	não	escolhemos	para	participar	desse	ambiente
natural	que	estamos	colados	num	grau	de	dependência	vital,	pois	ele	é	ambiente	 indissociável	da	 raça
humana.
Dessa	forma,	em	face	das	autonomias,	biológica	e	psíquica	humanas,	temos	num	primeiro	plano	a
óbvia	dualidade	entre	a	ordem	natural	previamente	estabelecida	e	o	Homem	primitivo	ou	racional,	esse
último	 indubitavelmente	 um	 ser	 social,	 tendo	 em	 vista	 que,	 para	 manter-se	 na	 derme	 planetária,	 se
organiza	 em	grupo,	 não	 só	 para	 procriar,	mas	 também	para	 produzir,	 consumir	 e	 se	manter	 vivo,	 bem
como	criar	concepções	materializáveis	ou	meramente	abstratas,	para	potencializar	a	satisfação	de	suas
necessidades,	utilidades	e	volúpias	que	emergem	do	meio	social	por	ele	 formado	e	planificado	no	seu
imaginário	individualista.
2.1.4	O	homem	natural	e	o	homem	cultural
Constrói-se	 assim	 a	 ideia	 de	 que	 o	Homem	 é	 um	 elemento	 da	 ordem	 natural,	 que	 o	 criou	 e	 o
alimentou	 numa	 primeira	 fase	 de	 seu	 desenvolvimento	 civilizatório,	 que	 podemos	 classificar	 de	 era
primitiva,	haja	vista,	o	mesmo	 ter	através	dos	 tempos	desenvolvido	a	sua	 inteligência	e	construído	um
ambiente	concepcional,	que	podemos	chamar	de	cultural.
Essa	 argumentação	 nos	 leva	 a	 reconhecer	 que	 houve	 e	 há	 uma	 ordem	 natural	 que	 precedeu	 ao
Homem,	 e	 uma	 concepcional	 por	 ele	 criada.	 Essa	 última	 tem	 como	 agente	 idealizador	 e	 propulsor	 o
Homem	cultural,	que	assumiu	também	o	papel	de	transformador	das	duas	ordens,	e	destinatário	de	todos
os	efeitos,	positivos	e	negativos,	gerados	por	essa	construção	humanitária.
Portanto,	as	duas	ordens	em	tela	coexistem,	e	tem	como	protagonista	o	Homem	Cultural,	elemento
subjetivo	 que	 se	 apresenta	 como	 o	 início,	 meio	 e	 fim	 da	 ordem	 cultural,	 que	 a	 Ciência	 Jurídica
caracteriza	como	sujeito	de	direito	dotado	de	personalidade,	se	nasce	com	vida	(Código	Civil,	art.	1º).
2.1.5	As	coisas	materiais	e	imateriais	como		
objetos	mediatos
Não	podemos	parar	por	aqui.	Além	do	Homem	natural	e	Cultural	sujeito	de	direito,	vimos	afirmar
que	 há	 outros	 elementos	 daquelas	 duas	 ordens	 que	 o	 circunda,	 e	 que	 os	 sensos	 comum,	 religioso	 e
intelectual	 (científico,	 literário,	 artístico)	 e	 desportivo	 caracterizam	 como	 coisas	 ou	 bens,	 que	 se
apresentam	na	vida	relacional	como	materiais	e	imateriais.
As	 primeiras	 resultantes	 da	 ordem	 natural,	 as	 últimas	 sempre	 produto	 da	 criação	 cultural	 do
Homem,	 que	 assumem	 o	 conceito	 de	 objetos	mediatos	 das	 relações	 humanas	 negociais	 se	 dotadas	 de
valor	 econômico,	 que	 lhe	 atribui	 o	 status	de	bens	no	 ambiente	 jurídico	 científico,	 que	 são	ofertados	 e
negociados	nos	ambientes	mercadológicos,	outra	instituição	criada	pelo	Homem	cultural,	que,	apesar	de
ser	uma	de	suas	concepções	abstratas,	revela-se	capaz	de	viabilizar	a	produção	e	a	circulação	da	riqueza
por	ele	criada.	Portanto,	a	mais	concreta	das	concepções	criadas	pelo	Homem	Cultural.	Sem	abdicar	de
bens	de	caráter	extrapatrimonial	que	compõem	o	patrimônio	jurídico	de	um	sujeito	de	direito,	como	a	sua
moral	subjetiva,	objetiva,	integridade	física,	entre	outros	objetos	mediatos	dessa	natureza.
2.1.6	As	ações,	condutas	e	atividades	humanas
como	objetos	imediatos
Não	podemos	abdicar	da	análise	das	ações,	condutas	e	atividades	humanas,	 tendo	em	vista	que
são	fundamentais	para	a	sustentação	da	tese	que	queremos	afirmar,	por	representarem	fatores	de	interação
do	meio	natural	 e	da	vida	de	 relação,	 elementos	 impulsionadores	do	desenvolvimento	 civilizatório	da
humanidade,	 que	 denominaremos	 a	 partir	 dessa	 alusão,	 de	 elementos	 do	 objeto	 imediato	 das	 relações
humanas.	O	conceito	de	objeto	imediato	de	Direito	pode	ser	unitário	ou	plural.	Unitário	se	ele	é	formado
apenas	uma	ação,	conduta	ou	atividade,	plural	se	constituído	de	várias.
Destarte,	 temos	na	ordem	natural	homens	e	mulheres,	caracterizados	pelo	Estado	como	pessoas
naturais,	 sujeitos	 de	 direitos,	 titulares	 de	 poderes,	 direitos,	 faculdades,	 deveres	 e	 obrigações,	 nesse
oceano	revolto	 formado	pelas	 relações	humanas	naturais	ou	 jurídicas,	essas	últimas	disciplinadas	pelo
Direito	 Objetivo	 Positivo	 ou	 Consuetudinário,	 que	 traduzem	 o	 conjuntode	 postulados,	 conceitos,
princípios	e	normas	que	tentam	planificar	a	estrutura	social	de	cada	grupo	social	organizado	no	planeta.
Intuitivo	afirmar	que	o	ser	humano	se	apropria	das	coisas	materiais	que	a	ordem	natural	os	oferece	para	a
satisfação	 de	 suas	 necessidades	 na	 forma	 in	 natura,	 desde	 a	 sua	 aparição	 na	 superfície	 terrestre,	 fato
natural	que,	diante	da	escassez	provocada	pela	gradativa	exaustão	desses	recursos,	se	tornou	nuclear	para
obrigar	o	Homem	a	explorá-los,	não	só	para	a	satisfação	de	suas	necessidades	vitais,	mas	principalmente
para	inseri-los	em	processos	produtivos	por	ele	idealizados	materializados	e	desenvolvidos,	o	que	nos
revela	que	dentro	do	contexto	do	Homem	Cultural,	se	apresenta	o	Homem	Produtivo,	que	se	tornou	apto
para	produzir	bens	e	serviços,	para	a	satisfação	de	suas	múltiplas	pretensões,	o	que	fez	emergir,	com	o
seu	desenvolvimento	civilizatório,	para	além	de	 suas	necessidades	básicas,	os	planos	das	utilidades	e
volúpias	criadas	em	seu	imaginário	individual	e	coletivo.	Essa	vertiginosa	e	crescente	aptidão	produtiva,
aliada	à	procura	incessante	por	meios	mais	aptos	para	potencializá-la	através	de	invenções	tecnológicas
mutantes,	 sempre	 esteve	 em	confronto	 como	a	 evolução	exponencial	 de	 suas	demandas	por	 inovações,
criando	o	Homem	Cultural,	 além	dos	valores	 econômicos	e	 jurídicos,	o	valor	modal,	que	 influencia	o
estado	anímico	dos	sujeitos	e	o	imaginário	social,	e	impulsiona	cada	vez	mais	a	circulação	da	riqueza	no
planeta,	o	que	tornou	o	mercado,	a	mais	concreta	das	abstrações	humanas,	que	para	se	revelar	eficiente	e
eficaz	deve	estar	adornado	e	vinculado	aos	princípios	da	liberdade,	probidade,	lealdade,	socialidade	e
eticidade.	Ideal	que	o	tornaria	um	semideus	garantidor	do	Princípio	da	dignidade	humana,	quer	no	plano
material,	 quer	 no	 espiritual,	 o	 que	 nos	 leva	 a	 concluir	 e	 declarar	 que,	 se	 dissociado	 dos	 mesmos,
apresentar-se-ia,	como	em	tantos	grupos	sociais,	como	um	monstro	invisível	cruel,	destruidor	de	todas	as
virtudes	e	valores	positivos	criados	pela	humanidade.	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	Revela-se	assim,	que	o	Homem
produtivo	 diante	 da	 crescente,	 complexa	 e	mutante	 estrutura	 social	 por	 ele	 criada	 fez	 eclodir,	 para	 a
planificação	 e	 harmonia	 da	 ordem	 social,	 a	 sua	 criatividade	 normativa	 e	 jurídica,	 o	 que	 o	 levou	 a
inventar,	para	além	dos	valores	econômicos,	os	valores	morais,	éticos,	jurídicos,	bem	como	institutos	e
instituições,	todos	conexos	a	métodos,	normas	técnicas	e	jurídicas,	para	garantir	a	cada	indivíduo	o	que
legitimamente	 é	 seu.	 Evolução	 essa	 que	 revelou	 também	 o	 Homem	 Jurídico,	 construtor	 de	 ordens
jurídicas	 dirigidas	 para	 solucionar	 os	 conflitos	 humanos	 e	 harmonizar	 as	 relações	 sociais,	mediante	 a
técnica	denominada	tipificação,	que	declara	os	pressupostos,	institui	os	requisitos,	declara	os	poderes	e
normas	 sedimentados	 no	meio	 social	 de	 um	 fato	 considerado	 juridicamente	 relevante,	 bem	 como	 seus
efeitos.	 Portanto,	 a	 incidência	 de	 uma	 norma	 jurídica	 declarada	 pelo	 Estado,	 ou	 simplesmente
sedimentada	no	meio	social,	depende,	na	visão	clássica	do	filósofo	Miguel	Reale,	de	um	elemento	fático,
o	 valor	 a	 ele	 atribuído	 pela	 sociedade,	 e	 a	 norma	 posta	 pelo	 Estado,	 quer	 pela	 edição	 do	 Direito
Positivo,	quer	pela	sedimentação	no	imaginário	social	de	um	Direito	consuetudinário,	que	se	apresentam
como	elementos	da	Teoria	Tridimensional	do	Direito	por	ele	criada.	Para	esse	ilustre	Mestre	o	Direito	é
fato,	valor	e	norma.
2.1.7	As	concepções	criadas	pelo	homem.
É	cediço	que	a	humanidade	foi	além	da	condição	natural	que	lhe	foi	inicialmente	imposta,	por	ter
construído	 um	 ambiente	 autônomo	 fundado	 em	 sistemas	 de	 comunicação	 que	 denominamos	 linguagem,
que	 lhe	 deram	 a	 aptidão	 para	 construir	 conceitos	 ideias	 proposições	 e	 invenções	 que	 estruturaram	 a
atmosfera	 cultural	 humana	 dotada	 de	 uma	 diversidade	 inventiva	 fascinante	 repleta	 de	 concepções
materializáveis	e	meramente	abstratas.	Essas	construções	do	pensamento	humano	têm	como	pressupostos
subjetivos	as	suas	representações	ou	imagens	do	entorno	natural	ou	cultural,	que	tem	o	poder	de	gerar	a
vontade	de	inventar	ou	criar,	que	se	projeta	no	mundo	fenomênico	como	declarações	dos	sensos	comum,
religioso,	 intelectual	 e	 desportivo,	 nas	 suas	 várias	 modalidades,	 que	 são	 materializadas	 em	 ações
condutas	e	atividades,	por	nós	caracterizadas	como	objetos	imediatos	das	relações	humanas.
Todas	 essas	 atividades	 podem	 se	 tornar	 aptas	 para	 deflagrar	 processos	 de	 produção	 e
negociação,	se	os	seus	produtos,	bens	materiais	ou	imateriais,	como	afirmado	(as	obras	de	arte,	bens	e
serviços)	 são	 adornados	 de	 valor,	 representados	 e	 aceitos	 como	 ativos	 atraentes	 para	 o	 consumo	 ou
acumulação	de	riqueza.
Portanto,	 o	 Homem	 cultural	 conquistou	 também	 o	 status	 de	 Homem	 Produtivo,	 idealizador	 de
inúmeros	meios,	métodos,	processos	e	técnicas	de	produção,	que	são	aperfeiçoados	através	dos	tempos,
para	 atender	 as	 suas	 necessidades,	 utilidades	 e	 volúpias,	 todas	 reveladas	 por	 demandas	 em	 locais
especializados	para	a	circulação	da	riqueza	por	ele	gerada,	que	chamamos	de	mercado.
Temos,	a	partir	dessa	breve	síntese	das	estruturas	das	ordens	natural	e	cultural,	a	representação
de	que	essa,	constituída	por	concepções	idealizadas	pelo	Homem	está	contida	naquela,	o	que	nos	autoriza
a	 assumir	 a	 filosofia	 do	 austríaco	 Karl	 Popper,	 quando	 afirma	 que	 realidade	 natural	 existe
independentemente	da	realidade	cultural	humana,	pois	são	autônomas.	Significa	dizer	que	a	ordem	natural
é	radicalmente	diferente	da	ordem	cultural,	pois	ambas	apresentam	experiências	 inconfundíveis,	apesar
dessa	 promover	 transformações	 impactantes	 na	 primeira,	 conforme	 defende	 esse	 brilhante	 filósofo.
(História	da	Filosofia.	p.	222.	Bryan	Magee.	Edições	Loyola).
2.1.8	O	homem,	a	sociedade	e	a	cultura
Estabelecida	a	imagem	dual	composta	pelas	ordens	natural	e	cultural	é	histórico	que	o	“Homem
Naturalis”	 adornado	 e	 impregnado	 de	 concepções	 pelo	 “Homem	 Culturalis”,	 por	 suas	 características
naturais	aliadas	ao	sentimento	de	pertencimento	desenvolvido	na	sua	evolução	civilizatória,	se	organizou
em	grupo,	para	garantir	e	fomentar:	a)	a	sua	existência	(fome);	b)	a	sua	presença	no	planeta	(sexo);	c)	e,
diante	da	escassez	de	coisas	necessárias	à	sua	alimentação	e	equilíbrio	orgânico,	a	produção,	tendo	em
vista	que	também	se	apresentou	nas	ordens	estabelecidas	como	“Homem	Produtivo”.
Revela-se	 assim,	 que	 o	 conceito	 de	 sociedade	 está	 ligado	 à	 construção	de	 uma	ordem	cultural
criada	 e	 desenvolvida	 por	 grupos	 humanos,	 que	 adotam	 hábitos,	 costumes,	 normas	morais,	 religiosas,
éticas,	técnicas	e	jurídicas,	bem	como	sanções	para	aqueles	que	agridem	a	ordem	natural	e	concepcional
estabelecidas,	para	planificar	e	dar	equilíbrio	à	vida	grupal.
2.1.9	As	culturas,	popular,	religiosa,	intelectual	e	desportiva
Estabelecida	a	base	dualista	com	a	Ordem	Natural	e	a	Ordem	Cultural,	fundamental	pontuar	que	a
última	é	construção	humana,	e	se	apresenta	na	visão	desse	autor	em	quatro	planos:	a	cultura	popular,	a
cultura	 religiosa,	 a	 cultura	 intelectual	 (científica,	 literária	 e	 artística)	 e	 a	desportiva,	 todas	dotadas	de
concepções	 criadas	 a	 partir	 da	 capacidade	 humana	 de	 representar	 imagens	 do	 entorno	 natural
(representação),	 processá-las	 em	 seu	 sistema	 neural,	 e	 gerar	 vontades	 formadas	 na	 sua	 psique,	 que
adornadas	por	uma	decisão	individual,	se	projetam	no	mundo	circundante	com	declarações	de	vontade,
que	 se	materializam	 em	 ações,	 condutas	 ou	 atividades	 por	 ele	 desenvolvidas,	 para	 satisfação	 de	 suas
pretensões	pessoais	ou	do	grupo	social	que	ele	está	inserido.
Dessa	 forma,	 o	Homem	se	 projeta	 na	 natureza	 não	 só	 como	 seu	 elemento	natural,	mas	 tambémcomo	um	elemento	transformador	a	partir	do	fato	inicial	que	deflagrou	o	processo	de	desenvolvimento	da
linguagem,	que	se	apresenta	em	todos	os	períodos	de	seu	desenvolvimento	civilizatório,	como	a	técnica
mediadora	e	interativa	de	todas	as	relações	humanas,	nos	planos	de	suas	atuações,	individual	ou	coletiva.
O	Homem,	portanto,	constitui-se	como	um	indivíduo	em	busca	permanente	pelo	conhecimento	nas
suas	 várias	 acepções,	 para	 estudar	 a	 sua	 própria	 figura	 biológica,	 a	 sua	 participação	 no	 meio	 sócio
cultural,	a	sua	origem	e	destino,	as	influências	de	um	ser	supremo	sobre	a	sua	existência	e	sobrevivência,
entre	 outras	 abordagens	 possíveis	 sobre	 si	 mesmo	 e	 a	 natureza	 que	 lhe	 dá	 suporte	 vivencial.	 Essa
perseguição	 cognitiva	 pode	 ter	 por	 fundamento	 o	 senso	 comum,	 o	 religioso,	 o	 intelectual	 científico,
artístico,	literário	e	filosófico	(esse	considerado	por	alguns	pensadores	como	literário),	ou	o	desportivo.
Deflui	 dos	 argumentos	 acima	 os	 conceitos	 de	Conhecimento	 Popular,	Conhecimento	Religioso,
Conhecimento	Intelectual	e	Conhecimento	Desportivo,	todos	em	permanente	mutação	e	evolução	através
dos	 tempos,	 processo	 que	 tem	 o	 seu	 fundamental	 fator	 realizado	 a	 partir	 da	 aptidão	 do	 Homem	 de
construir	 ideias,	 ideais,	 conceitos,	 teorias	 e	 proposições	 como	 suportes	 de	 sua	 aptidão	 de	 produzir
cultura,	atributo	que	o	diferencia	de	todos	os	outros	seres	que	se	movem	na	nossa	microscópica	ordem
natural	planetária.
O	 conhecimento	 popular	 funda-se	 na	 opinião	 despida	 de	metodologia	 e	 lógica	 voltadas	 para	 a
sistematização	de	pressupostos	e	elementos,	para	a	explicação	dos	fenômenos	do	meio	ambiente	natural	e
do	meio	cultural.	Aleatórias,	portanto,	essas	invenções	construídas	no	meio	sócio	cultural,	tendo	em	vista
o	empirismo	puro	das	ideias	e	proposições	formuladas	e	aceitas	por	um	determinado	grupo	social.	Surge
assim	 a	 figura	 do	 Homem	 leigo,	 diante	 do	 confronto	 com	 os	 conceitos	 de	 conhecimentos	 religioso,
intelectual	e	desportivo	profissional,	esses	últimos	impregnados	de	conceitos	dogmáticos	ou	científicos,
institutos,	normas	morais,	técnicas	ou	jurídicas,	para	a	formulação	de	metodologias	processos	e	meios	de
dominação	ou	produção,	com	a	finalidade	de	planificar	e	harmonizar	a	vida	em	sociedade.
Frise-se	que	as	várias	formas	de	conhecimento	podem	coexistir	num	único	espírito	humano,	pois
um	 cientista	 jurídico	 poderá	 ter	 fé	 nos	 postulados	 e	 dogmas	 de	 uma	 religião,	 criar	 ideias,	 teorias	 e
proposições	filosóficas,	agir	na	sua	vida	ordinária	em	muitas	experiências	com	fundamento	em	conceitos
e	 rótulos	 agregados	 ao	 senso	 comum,	 ser	 um	 escritor	 e	 ter	 uma	 produção	 literária,	 ter	 uma	 produção
autoral	 poética	 e	 compor	 melodias	 sobre	 as	 mesmas,	 e	 praticar	 qualquer	 desporto,	 em	 suas	 várias
modalidades,	quer	num	ambiente	educacional,	lúdico,	competitivo,	profissionalmente	ou	não.
Parece	 que	 não	 podemos	 negar	 o	 atributo	 da	 transversalidade	 de	 todos	 os	 seguimentos	 do
conhecimento	no	espírito	humano.
Podemos	 afirmar	 numa	 síntese	 apertada	 que	 o	 conhecimento	 popular	 ou	 senso	 comum	 é
genuinamente	 empírico	 e	 fundado	 na	 imitação	 e	 na	 experiência	 pessoal	 sem	 vinculação	 a	 qualquer
conceito	de	educação	formal,	e	repercute	de	geração	para	geração	espontaneamente.
Noutro	giro,	temos	o	conhecimento	intelectual,	que	abarca	o	científico,	o	artístico,	o	literário	e	o
filosófico.	 Todos	 percebidos	 e	 sedimentados	 no	 imaginário	 individual	 ou	 coletivo	 por	 um	 processo
racional	anímico	e	ou	substancial.	O	científico	visa	explicar	o	porquê	e	como	os	fenômenos	naturais	e
humanos	ocorrem.	O	artístico	visa	formular	uma	obra	de	arte	fundada	numa	representação	subjetiva	de
uma	realidade	humana	natural	ou	cultural,	a	partir	de	uma	perspectiva	personalíssima	do	autor	artista,	que
abarca	também	a	vocação	literária,	quando	o	conteúdo	exposto	reúne	um	processo	interno	espiritual	do
artista.	O	conhecimento	popular,	segundo	Babini:	"É	o	saber	que	preenche	a	nossa	vida	diária	e	que	se
possui	sem	o	haver	procurado	ou	estudado,	sem	a	aplicação	de	um	método	e	sem	se	haver	refletido	sobre
algo".	 (Babini,	1957,	p.21).	Portanto,	o	 saber	 intelectual	nas	 suas	várias	acepções	demanda	conceitos,
princípios,	normas,	métodos,	processos	e	procedimentos	para	explicar	os	fenômenos	naturais	e	sociais.
Não	podemos	olvidar	que	ambos	buscam	a	racionalidade	e	objetividade.	Entretanto,	o	que	os	diferencia
são	os	meios	métodos	e	processos	para	a	observação	das	fenomenologias	natural	e	cultural,	o	que	nos
autoriza	 afirmar	 que	 a	 ciência,	 a	 filosofia,	 a	 religião	 e	 a	 arte	 não	 são	 os	 únicos	meios	 de	 acesso	 ao
conhecimento.
Podemos	afirmar	as	características	principais	das	várias	modalidades	do	conhecimento	cultural:
a)O	Popular	apresenta-se	superficial,	pois,	a	aparência	lhe	é	suficiente	para	tentar	explicar	um	fenômeno
vivenciado,	que	é	percebido	a	partir	de	emoções	e	estados	de	ânimo	do	indivíduo.	Não	há	sistematização
na	sua	formulação	e	aquisição,	e	não	se	manifestam	de	uma	forma	crítica.
b)O	conhecimento	filosófico	apresenta-se	carregado	de	racionalidade,	pois	reúne	enunciados	vinculados
com	lógica,	apesar	de	não	poder	ser	confirmado	ou	refutado	por	testes	de	observação	ou	experimentação.
De	 intenso	 conteúdo	 valorativo	 e	 hipotético	 fundado	 na	 experiência,	 que	 tem	 por	 escopo	 uma
representação	 coerente	 do	 fenômeno	 estudado,	 o	 que	 revela	 sistematização	 das	 ideias	 e	 proposições
defendidas.	De	caráter	generalista	busca	concepções	unificadoras	que	sintonizem	o	espírito	humano	às
leis	universais	numa	busca	incessante	de	harmonização	entre	a	ciência	e	o	espírito	humano.
c)O	Religioso	é	sistemático	que	tenta	explicar	a	origem,	o	significado,	a	finalidade	e	destino	da	vida	e	do
mundo,	que	são	invenções	de	um	criador	supremo	e	divino.	Apresenta	seu	ideal	numa	ação,	conduta	ou
atividade	 fundada	 na	 fé	 diante	 de	 uma	 experiência	 vivida.	 Os	 conceitos,	 ideias	 e	 proposições	 são
infalíveis	 e	 indiscutíveis,	 pois	 fundada	 em	 dogmas	 e	 normas	 morais	 rígidas,	 haja	 vista,	 retratarem
revelações	de	uma	divindade	que	tem	a	sua	existência	para	além	da	percepção	humana.
d)O	científico	apresenta-se	na	ordem	cultural	como	factual,	visto	que	explica	fatos	naturais	e	culturais,
mediante	 experimentação	 baseada	 na	 razão,	 como	 ocorre	 na	 construção	 do	 conhecimento	 filosófico,
assim	 é	 também	 contingente,	 e	 sistemático	 tendo	 em	 vista	 que	 é	 fundado	 em	 teorias,	 que	 retratam	 um
conjunto	de	ideias	conexas	e	harmoniosas,	o	que	o	torna	verificável,	superável	e	falível,	apesar	de	ser
taxado	de	ter	o	atributo	de	exatidão	aproximada.
2.2	As	relações	 jurídicas	 -	 sujeitos	de	direito,	o	direito	objetivo	e	objetos	de	 incidência	da	norma
jurídica
2.2.1	A	sociedade,	o	Estado	e	o	Direito
O	Homes	 Societatis,	 produto	 do	 Homem	Cultural,	 diante	 da	 complexidade	 organizacional	 dos
sistemas	e	regimes	por	ele	criados	idealizou	inúmeras	instituições,	cujas	funções	foram	definidas	a	partir
da	presença	de	necessidades,	interesses	e	conflitos	individuais	e	coletivos,	que	deveriam	ser	satisfeitos	e
resolvidos,	através	dos	tempos.
Entre	 muitas	 instituições	 sociais	 o	 Homem	 criou	 o	 Estado,	 concepção	 meramente	 abstrata
representativa	 das	 experiências	 culturais	 de	 cada	 grupo	 social	 organizado	 no	 planeta,	 em	 seus	 vários
seguimentos	 de	 atividade,	 como	 o	 econômico,	 social,	 político,	 científico,	 entre	 outros.	 Portanto,	 a
organização	do	Homem	em	sociedade	exigiu	a	construção	dessa	concepção	para	nas	várias	fases	de	seu
processo	 de	 evolução	 civilizatória	 exercer	 atividades	 de	 interesse	 difuso,	 coletivo,	 individuais
homogêneos	 e	 individuais	 caracterizadas	 como	um	poder	 supremo	 terrestre,	 de	 império	 sobre	 os	 seus
administrados,	cuja	razão	de	ser	está	numa	autoridade	máxima,	conformeartigo	174	da	Constituição	da
nossa	 república,	 dotada	 dos	 poderes,	 normativo,	 fiscalizador,	 sancionador	 e	 planificador	 das	 relações
sociais	e	produtivas,	a	fim	de	buscar	a	harmonia	na	vida	de	relação.
Para	a	efetividade	desses	poderes,	o	ambiente	sócio	cultural	criou,	sedimentou	normas	fundadas
em	 conceitos	 princípios	 e	 valores	 para	 disciplinar	 as	 relações	 sociais,	 daí	 a	 consciência	 primitiva
humana	ter	dado	um	salto	para	a	consciência	jurídica,	o	que	provocou	numa	primeira	fase,	a	criação	de
um	Direito	Objetivo	 denominado	 consuetudinário,	 fundado	 nos	 costumes	 sedimentados	 em	 cada	 grupo
social,	até	chegar	a	construção	de	um	Direito	Positivo,	fundado	em	processo	legislativo	estatal,	editor	de
leis,	 constituições	 e	 Códigos	 sistematizados,	 todos	 com	 força	 coercitiva	 para	 submeter	 todos	 os
indivíduos	 alcançados	 pela	 ordem	 jurídica	 declarada,	 impondo-lhes	 obediência	 às	 prescrições
normativas	postas,	cujo	descumprimento	os	submetem	às	sanções	por	ela	cominadas.
Surge	 desse	 processo	 social	 a	 Ciência	 Jurídica,	 como	 meio	 de	 repressão	 planificador	 das
relações	sociais,	cujo	objeto	imediato	de	incidência	é	a	ação	conduta	ou	atividade	humana,	que	devem
estar	em	sintonia	com	as	normas	produzidas	pela	sociedade,	para	assumirem	o	atributo	de	conduta	lícita.
Por	 outro	 giro,	 como	 afirmado,	 temos	 os	 objetos	mediatos,	 que	 são	 as	 coisas	materiais	 ou	 imateriais
dotadas	de	valor	 econômico,	 que	 a	 ciência	 jurídica	denomina	de	bens,	 e	 que	 são	 levadas	 ao	mercado
como	 objetos	 de	 negócios	 jurídicos	 translativos	 dos	 direitos	 de	 propriedade,	 posse	 ou	 domínio	 útil.
Ademais,	o	Direito	Consuetudinário	ou	Positivo	também	reconhece	declara	e	tutela	outros	bens	de	cunho
não	 econômico-financeiro,	 que	 são	 também	 reconhecidos	 por	 esse	 autor	 como	 objetos	 mediatos	 de
Direito,	conhecidos	na	linguagem	jurídica	atual	como	bens	extrapatrimoniais,	expressão	não	aceita	pelo
mesmo,	 tendo	 em	 vista	 que	 o	 conceito	 de	 patrimônio	 jurídico	 abarca	 o	 conceito	 econômico	 dessa
universalidade	e	de	 todos	os	poderes	 jurídicos	 titulados	pelo	sujeito	de	direito	na	vida	em	sociedade,
como	veremos	adiante.
2.2.2	O	Homem	Sujeito	Titular	de	Direito,	as
Relações	Jurídicas	e	seus	Elementos
A	partir	 da	 classificação	binária	 da	vida	de	 relação	 em	Ordem	Natural	 e	Ordem	Cultural,	 que
revelam	respectivamente,	como	protagonistas	dos	 respectivos	processos	causais,	as	 figuras	do	Homem
Primitivo	 e	 do	 Homem	 Cultural,	 e	 da	 tetra-classificação	 da	 segunda,	 em	 Cultura	 Popular,	 Cultura
Religiosa,	Cultura	Intelectual	e	Desportiva,	torna-se	necessária	a	classificação	da	Ciência	Jurídica	como
espécie	 da	 penúltima,	 por	 ser	 ela	 produto	 do	 meio	 sócio-econômico-cultural	 criado	 pelo	 Homem.
Portanto,	a	Ciência	Jurídica	é	um	fenômeno	histórico,	que	veio	à	tona	a	partir	de	concepções	criadas	nas
quatro	searas	culturais	supracitadas.	Assertiva	que	nos	autoriza	ratificar	o	jargão,	adotado	por	todos	os
cientistas	sociais,	que	o	Homem	é	o	início,	o	meio	e	o	fim	de	todas	as	suas	criações,	haja	vista,	ser	ele	o
criador	do	meio	cultural	que	o	circunda	(Homem	Sapiens),	o	agente	que	o	impulsiona	com	sua	energia
intelectual	e	 laboral	 (Homem	Faber),	e	o	destinatário	 imediato	de	 todos	os	efeitos	por	ela	produzidos,
que	emergem	de	sua	capacidade	intelectual	que	fundou	e	mantém	um	ambiente	mutante,	interdisciplinar,
multiprofissional	 e	 transversal	 de	 criatividades,	 composições	 e	 arranjos,	 que	 representam	 a	 riqueza
cultural	 humana,	 consolidada	 num	mundo	 fenomênico	 repleto	 de	 bens	 e	 serviços	 que	 são	 ofertados	 no
mercado	para	a	satisfação	de	suas	pretensões	necessárias,	utilitárias	e	voluptuárias.
É	uníssono	o	som	em	todas	as	ordens	jurídicas	contemporâneas,	a	figura	do	Homem	como	pessoa
natural,	dotado	de	corpo	e	espírito,	conceito	que	o	especifica	como	sujeito	de	direito	que,	por	prescrição
técnica	inventiva	e	normativa,	adquire	personalidade,	titula	poderes	e	deveres	jurídicos	a	partir	do	seu
nascimento	com	vida,	sem	desconsiderar	outras	interpretações	que	defendem	que	basta	a	sua	concepção
para	a	produção	de	todos	esses	efeitos.
Destarte,	 o	 Homem	 Cultural	 como	 sujeito	 de	 direito	 é	 fato	 natural	 adornado	 de	 concepções
jurídicas,	 que	 o	 torna	 protagonista	 de	 todas	 as	 relações	 e	 vínculos	 de	 que	 participa	 na	 vida	 social,
mediante	o	exercício	de	ações,	condutas	e	atividades	 individuais	ou	praticadas	em	grupo	dirigidas	por
sua	vontade	autônoma	ou	por	vontades	heterônomas	 legitimadas	socialmente,	para	a	satisfação	de	suas
pretensões	pessoais	ou	produtivas,	essas	últimas	materializadas	pelo	exercício	de	atividade	econômica,
organizada	ou	não,	para	a	produção	ou	circulação	de	bens	e	serviços,	que	são	direcionados	para	um	local
especializado	denominado	mercado,	viabilizador	da	circulação	da	riqueza	produzida	pelo	Homem	Faber.
Portanto,	são	homens	e	mulheres	que	exercem	as	atividades	que	compõem	os	objetos	imediatos	de
incidência	 das	 normas	 jurídicas	 com	 ou	 sem	 a	 cooperação	 de	 terceiros,	 com	 fins	 individualistas	 ou
ideais.	 Os	 primeiros,	 com	 finalidade	 lucrativa	 realizados	 por	 empresários	 e	 sociedades,	 simples	 ou
empresárias,	 bem	 como	 por	 outros	 agentes	 econômicos,	 como	 os	 profissionais	 liberais.	 Os	 últimos
inseridos	numa	contextualização	conjuntural	grupal	que	rotulamos	de	várias	 formas:	 familiar,	 religiosa,
ideal,	 altruística	 ou	 estritamente	 social,	 que	 tem	 como	 protagonistas,	 respectivamente,	 a	 família,	 as
entidades	 religiosas,	 os	 partidos	 políticos,	 as	 associações	 e	 o	 Estado,	 nas	 suas	 várias	 acepções	 -
autarquias,	fundações	públicas,	privadas	e	associações.
Na	ordem	jurídica	posta	brasileira	essa	ideia	é	declarada	na	Lei	n◦10.406/02	–	o	Código	Civil,
que	afirma	no	seu	artigo	104,	os	pressupostos	e	requisitos	de	validade	das	relações	jurídicas	formadas	a
partir	de	negócios	e	atos	jurídicos,	para	que	eles	possam	produzir	os	efeitos	esperados	pelos	sujeitos	de
direito	relacionados	juridicamente,	ou	definidos	pela	sociedade	e	declarados	pelo	Estado	legislador,	in
verbis:
Art.	104.	A	validade	do	negócio	jurídico	requer:
I	-	Agente	capaz;
II	-	Objeto	lícito,	possível,	determinado	ou	determinável;
III	-	Forma	prescrita	ou	não	defesa	em	lei.
Frise-se	que	o	agente	declarado	no	inciso	I,	por	força	de	técnica	jurídica	sedimentada	na	Ciência
Jurídica	se	apresenta	nas	relações	jurídicas	como	pessoa	natural,	jurídica	ou	ente	despersonalizado,	esse
último	 nas	 figuras	 jurídicas	 do	 nascituro,	 massa	 falida,	 espólio,	 condomínio	 edilício,	 sociedade	 em
comum,	 entre	 outras.	 As	 duas	 primeiras	 dotadas	 de	 personalidade,	 a	 última	 dela	 despida.	 Todos	 são
caracterizados	como	sujeitos	de	Direito	e	considerados	um	centro	de	imputação	jurídica	para	que	possam
administrar	 e	 proteger	 os	 seus	 interesses,	 bens,	 universalidades	 de	 fato	 e	 de	 direito.	 Ademais,	 não
podemos	olvidar	que	todos	têm	capacidade	de	direito,	mesmo	sem	capacidade	pessoal	de	fato,	situação
que	 exige,	 para	 os	 sujeitos	 absoluta	 ou	 relativamente	 incapazes,	 representação	 ou	 assistência,	 para
aperfeiçoar	negócios	e	atos	jurídicos	válidos	na	vida	jurídica	de	relação.
Finalmente,	 os	 sujeitos	 de	 direito	 se	 organizam	 em	 grupo	 e	 se	 vinculam	 para	 satisfazer	 as	 suas
pretensões	 materiais	 e	 ideais,	 e	 para	 tal	 assumem	 deveres	 jurídicos	 que	 são	 traduzidos	 em	 ações
comissivas	 ou	 passivas,	 mediante	 objetivação	 de	 suas	 vontades	 que	 são	 emitidas	 e	 unidas	 para	 a
formação	de	vínculos	intersubjetivos	ou	de	sujeição	passiva	indeterminada,	que	se	dotados	de	relevância
social	assumem	o	status	de	relação	jurídica,	cujos	elementos	são:	a)	os	sujeitos	de	direito	relacionados;
b)	as	vontades	autônomas	e	heterônomas	que	se	unem;	c)	os	objetos	imediatos	definidos	pelos	deveres
jurídicos	 assumidos;	 d)	 o	 bem	 jurídicopatrimonial	 ou	 extrapatrimonial	 com	 seus	 respectivos	 valores
econômico	ou	social;	e)	os	poderes	por	aqueles	titulados	(direitos	subjetivos,	potestativo	e	faculdades).
2.2.3	As	atividades	humanas	-	objetos	imediatos	das	relações	jurídicas
Identificados	 os	 sujeitos	 que	 compõem	 as	 relações	 jurídicas,	 torna-se	 necessária	 a	 análise	 do
inciso	II	do	artigo	104	em	tela,	para	a	identificação	da	natureza	jurídica	do	objeto	nele	declarado,	que	se
manifesta,	 diante	 de	 uma	 interpretação	 sistemática	 do	Direito	 Objetivo	 Positivo	 posto,	 com	múltiplas
versões.
A	 primeira	 acepção	 do	 objeto	 jurídico	 é	 a	 imediata,	 por	 ser	 ele	 alvo	 de	 incidência	 direta	 das
normas	jurídicas	criadas	pela	sociedade,	declaradas	ou	não	pelo	Estado	legislador.	Ela	é	caracterizada
como	 objeto	 imediato	 das	 relações	 jurídicas,	 que	 é	 constituído	 por	 ações,	 condutas	 e	 atividades
exercidas	pelos	sujeitos	e	que	representam	deveres	jurídicos	assumidos	pelos	mesmos,	ao	se	vincularem
juridicamente	com	outros,	com	uma	classe	de	sujeitos	ou	a	sociedade	como	um	todo.
Portanto,	 me	 sinto	 autorizado	 para	 afirmar	 que	 o	 objeto	 imediato	 é	 para	 a	 Ciência	 Jurídica,
qualquer	agir	humano	valorado	pela	sociedade	como	juridicamente	relevante,	que	evidencia	no	contexto
social,	um	dever	jurídico	assumido	por	um	sujeito	de	direito	ao	formar	uma	relação	jurídica.	Destarte,	o
vocábulo	objeto	revela-se	por	um	verbo,	que	significa	uma	ação,	positiva	ou	negativa	de	um	sujeito,	que
deve	ser	 lícita,	possível,	determinada	ou	determinável.	Frise-se	que	a	doutrina	 	 	 	 	 	 	 jurídica	 também	o
denomina	objeto	da	obrigação,	objeto	obrigacional	ou	objeto	imediato	obrigacional.
Imperativo	ressaltar	que	aos	agentes,	a	ordem	jurídica	impõe	o	elemento	valorativo	capacidade,	e
em	determinados	casos	a	legitimidade,	para	que	possam	se	vincular	em	relações	jurídicas	obrigacionais.
Aos	objetos	imediatos	são	atribuídos	os	valores	da	licitude,	da	possibilidade,	da	determinação	atual	ou
futura,	para	que	as	 relações	 jurídicas	sejam	válidas	e	produzam	os	efeitos	esperados	pela	sociedade	e
pelos	sujeitos.	Desses	argumentos	podemos	concluir	que	os	objetos	imediatos	das	relações	jurídicas	são
elementos	 objetivos	 que	 apresentam,	 além	 de	 outros,	 conteúdo	 patrimonial	 translativo	 do	 direito	 de
propriedade,	 de	 posse	 ou	 de	 domínio	 útil,	 e	 são	 considerados	 tecnicamente	 elementos	 dos	 vínculos
jurídicos	intersubjetivos	ou	de	sujeição	passiva	indeterminada,	que	vinculam	os	sujeitos	à	realização	de
condutas	ativas	ou	passivas,	diante	de	poderes	e	direitos	titulados	pelo	outro	sujeito	da	relação.
Para	criar	uma	 imagem	real	dessa	proposição	basta	analisarmos	os	pressupostos	e	elementos	de
contrato	de	compra	e	venda	na	sua	estrutura	básica	 tipificada	pelo	Código	Civil	Brasileiro	nos	artigos
481	a	504,	cujo	bem	negociado	(objeto	mediato)	é	um	conjunto	de	uniformes	para	uma	equipe	de	futebol
de	campo.
Vejamos	a	causalidade	para	a	formação	e	execução	do	contrato	em	tela:
Preliminarmente,	 vamos	 nos	 aliar	 aos	 fundamentos	 do	 conceito	 de	 causalidade	 perseguido	 de
forma	intensa	pelos	filósofos	David	Hume	e	Emanuel	Kant.
O	primeiro	 com	a	 argumentação	de	que	 a	nossa	 ideia	de	 causa	 é	derivada	da	 experiência	 sensível	da
regularidade	de	eventos	conjuntos,	e	o	segundo	que	afirma	que	nós	necessitamos	do	conceito	de	causa
para	obter	qualquer	experiência	objetiva.	Decidimos	por	escolher	a	argumentação	Kantiana,	a	partir	da
identificação	de	uma	causa	tópica,	que	chamaremos	de	eficiente,	para	desenvolver	o	conteúdo	de	nossas
proposições,	 a	 partir	 de	 sua	 argumentação	 analítica	 da	 experiência	 humana	 que	 tenta	 elucidar	 os
pressupostos	 para	 o	 conhecimento,	 que	 é	 centrada	 na	 assertiva	 de	 que	 ele	 “é	 fundamentado	 em
experiências,	 que	 são	 engendradas	 por	 entidades	 externas	 que	 afetam	os	 sentidos”.	 (Collinson,	Diané,
Grandes	filósofos	da	Grécia	antiga	ao	século	XX,	pag.	156).
Defende	Kant	que:	“toda	nossa	intuição	não	é	nada	senão	a	representação	da	aparência.	As	coisas
que	 intuímos	 não	 constituem	 em	 si	mesmas,	 o	 que	 nós	 intuímos	 delas	 enquanto	 ser,	 nem	 são	 relações
constituídas	em	si	mesmas	como	aparecem	a	nós.	Como	aparências	elas	não	podem	existir	em	si	mesmas,
mas	somente	em	nós.	O	que	os	objetos	podem	ser	em	si	mesmos,	e	separados	de	toda	a	receptividade	de
nossa	sensibilidade,	permanece	completamente	desconhecido	para	nós”.	(Kant,	Crítica	da	razão	pura,	A
42,	B	59.)
A	 escolha	 dessa	 vertente	 filosófica	 nos	 direciona	 e	 autoriza	 afirmar	 que	 qualquer	 experiência
natural	ou	 cultural	 humana	 se	 torna	 realizável	no	mundo	 fenomênico	 com	a	 formação	de	uma	primeira
imagem	que	se	forma	na	psique	do	sujeito,	a	dita	representação	declarada	por	Kant	e	Hume.	Essa	é	fator
essencial	 para	 a	 formação	 da	 vontade,	 que	 se	 projeta	 no	 mundo	 para	 além	 do	 interior	 do	 sistema
neuromuscular	 humano,	 com	 uma	 ou	 várias	 declarações	 e	 ações,	 que	 podem	 ser	 consideradas
preparatórias	ou	executórias	para	consumação	ou	formação	de	um	fato	normatizado	ou	não	pelo	Direito
Objetivo,	 portanto,	 jurídico	 ou	 não.	 Exterioriza-se	 assim,	 num	 primeiro	 momento,	 uma	 causalidade
psíquica	 que	 provoca	 uma	 causalidade	material	 que	 se	 projeta	 no	mundo	 social	 humano.	Revela-se	 a
primeira	 dissociada	 do	 ambiente	 social	 externo,	 pois	 fenômeno	 bioquímico	 e	 psíquico	 de	 autonomia
individualizada;	a	segunda,	efeito	da	primeira,	se	revela	no	ambiente	exterior	por	declarações	unilaterais,
bilaterais,	plurilaterais,	ações,	condutas	ou	atividades	exercidas	pelo	Homem	cultural	multifacetado	em
sujeitos	de	direito	–	entes	despersonalizados,	pessoas	naturais	e	pessoas	jurídicas.
Por	 todo	 o	 exposto	 é	 intuitivo	 que	 todo	 agir	 humano	 pressupõe	 a	 formação	 de	 representações	 e
vontades,	que	são	projetadas	no	mundo	 fenomênico	mediante	a	execução	de	um	verbo	 (declarar,	 fazer,
não	 fazer,	 dar)	 que	 é	 alvo	direto	 imediato	de	normatização	pela	 sociedade,	 por	 isso	 aqui	 denominado
objeto	imediato	que	a	sociedade	legitima	e	o	Estado	reconhece	e	declara,	ora	por	sentenças	ou	acórdãos
prolatados	pelo	Poder	Judiciário,	se	fundadas	em	usos	e	costumes	sedimentados	no	meio	social,	ora	pela
formalização	 do	 Direito	 Positivo.	 Podemos	 assim	 poetizar	 e	 afirmar	 que	 os	 princípios,	 as	 normas	 e
regimes	 jurídicos	 criados	 representam	 todas	 as	 expressões	 da	 razão	 do	 agir	 ideal	 para	 se	 viver	 numa
sociedade	 planificada	 e	 harmonizada	 pelos	 atributos	 da	 legalidade	 e	 legitimidade.	 Formam	 eles
finalmente	 um	 arcabouço	 poético	 que	 resumo	 da	 seguinte	 forma:	 “É	 o	 Direito	 Objetivo	 uma
universalidade	de	poesias	cientificamente	declarada”.
Podemos	assim	defender	a	tese	de	que	qualquer	relação	jurídica	será	formada	a	partir	de	uma	ou
várias	manifestações	de	vontade	que	podem	ser	exteriorizadas	de	múltiplas	formas.	Vontades	autônomas
fundadas	 no	 Princípio	 da	 Liberdade	 ou	 heterônomas,	 quando	 manifestadas	 por	 um	 terceiro	 alheio	 à
estrutura	 da	 relação	 jurídica	 com	 poder	 jurídico	 para	 nela	 intervir,	 como	 a	 vontade	 expressa	 na	 lei
positivada	que	emana	do	Estado,	ou	dos	usos	e	costumes	sedimentados	no	meio	social.
Quando	 suficiente	 apenas	uma,	 o	 negócio	ou	 ato	 jurídico,	 espécies	 de	 fatos	 jurídicos	no	 sentido
estrito,	 é	 classificado	 no	 plano	 existencial	 como	 unilateral.	 Se	 duas	 vontades	 são	 necessárias	 são
considerados	bilaterais,	se	mais	de	duas	plurilaterais.	Frise-se	que,	quando	duas	ou	mais	vontades	são
manifestadas	 e	 unidas	 há	 a	 formação	 de	 um	 instituto	 jurídico	 denominado	 consenso,	 que	 é	 também
considerado	elemento	subjetivo,	e	ato	jurídico	apto	para	a	formação	relacional	de	conteúdo	jurídico.
Vamos	ao	exemplo.	No	contrato	de	compra	e	venda		na	sequência	causal	estará	sempre	presente,
quer	no	plano	subjetivo,	quer	no	objetivo:	a)	o	vendedor(fornecedor,	empresário	individual	ou	coletivo),
cria	a	representação	da	operação	de	venda,	dos	meios	necessários,	atos	preparatórios	e	executórios,	para
a	 formação	 do	 contrato;	 b)	 essa	 representação	 provoca	 a	 vontade	 de	 aperfeiçoar	 o	 mesmo;	 c)	 ato
sucessivo	 manifesta	 a	 sua	 vontade	 mediante	 oferta	 pública	 do	 objeto	 mediato	 (bem),	 que	 poderá	 ser
negociado	 ou	 não,	 com	 a	 finalidade	 de	 provocar	 novas	 representações	 em	 potenciais	 compradores
(consumidores);	d)	se	alguma	dessas	representações	for	capaz	de	gerar	uma	nova	vontade,	a	de	adquirir	o
bem	ofertado;	e)	o	consumidor	comprador	 irá	exteriorizar	aquela	com	outra	manifestação	unilateral	de
vontade,	 que	 a	doutrina	 jurídica	denomina	 aceitação,	 outra	 espécie	de	 ato	 jurídico	que;	 f)	 é	 apto	para
formar	o	consenso,	também	elemento	subjetivo,	que	provoca	a	formação	do	contrato	de	compra	e	venda
com	todos	os	seus	elementos	essenciais	e	acidentais.
A	 causalidade	 desenvolvida	 demonstra	 a	 sequência	 de	 manifestações	 sensíveis,	 convicções	 e
aspirações	 que	 caracterizam	 as	manifestações	 psíquicas	 de	 um	 sujeito	 de	 direito,	 as	manifestações	 de
vontade	que	se	projetam	no	mundo	exterior,	a	partir	de	signos	e	símbolos	característicos	da	linguagem,
que	 representam	manifestações	 unilaterais	 de	 vontade,	 reconhecidas	 pela	 doutrina	 como	 atos	 jurídicos
preparatórios	e	executórios	para	o	aperfeiçoamento	da	relação	jurídica	contratual	analisada.
Uma	 síntese	 estreita	 demonstra	 a	 causalidade	 necessária	 e	 eficiente	 para	 a	 formação	 de	 uma
relação	jurídica	contratual,	qual	seja:	a)	representações	criadas	nos	estados	anímicos	do	vendedor	e	do
comprador	–	imagens	de	elementos	externos;	b)	vontades	formadas	pelas	representações	–	de	vender	e	de
comprar;	 c)	 manifestações	 de	 vontades	 dos	 potenciais	 sujeitos	 contratantes.	 Primeiro	 a	 oferta,	 ato
preparatório,	 que	 provoca	 a	 aceitação,	 ato	 executório	 para	 a	 formação	 do	 contrato;	 d)	 formação	 do
consenso,	que	é	apto	para	o	aperfeiçoamento	do	contrato	ou	relação	jurídica.
Podemos	afirmar	que	as	representações,	vontades	e	o	consenso	formado	são	elementos	subjetivos
naturais	do	contrato	de	compra	e	venda	em	virtude	dos	primeiros	se	manifestarem	no	estado	anímico	dos
sujeitos,	 e	 o	 último	produto	 da	 união	 dos	mesmos.	Todas	 as	manifestações	 ou	os	 atos	 posteriores	 das
construções	 psíquicas	 são	 condutas	 que	 se	 projetam	 no	 mundo	 fenomênico,	 que	 as	 tornam	 elementos
objetivos	como	todos	os	outros	elementos	que	compõem	a	relação	jurídica	contratual,	para	além	da	mente
do	agente,	como:	o	objeto	mediato	negociado	(mercadoria	ou	serviço);	o	seu	preço	ou	valor;	os	objetos
imediatos	 assumidos	 pelos	 contratantes,	 a	 entrega	 da	 coisa	 ao	 comprador	 (tradição),	 o	 pagamento	 do
preço	pelo	último,	os	direitos	subjetivos	de	crédito	e	os	deveres	 jurídicos	adquiridos	e	assumidos	por
ambos	os	contratantes,	bem	como	outros	elementos	acidentais	que	compõem	a	relação	por	vontade	das
partes	contratantes	ou	implicitamente	insertos	na	relação	jurídica,	como	o	tempo	e	espaço	definidos	para
o	 cumprimento	 dos	 deveres	 jurídicos	 ou	 para	 dirimir	 conflitos	 gerados	 pelo	 não	 cumprimento	 das
convenções	pactuadas.
2.2.4	As	coisas	e	os	bens	-	objetos	mediatos	das	relações	jurídicas
Importante	ressaltar	que	não	podemos	confundir	objeto	imediato	do	Direito	Objetivo,	com	objeto
mediato.	 O	 primeiro	 revela-se	 por	 ações,	 condutas,	 atividades	 que	 são	 realizadas	 pelos	 sujeitos	 de
direito,	e	que	representam	deveres	jurídicos	assumidos	nas	relações	jurídicas	aperfeiçoadas.	O	segundo
é	formado	por	coisas	materiais	ou	imateriais,	que	dotadas	de	valor	econômico	são	chamados	de	bens	ou
serviços,	 que	 compõem	 a	 riqueza	 que	 circula	 no	 ambiente	 econômico	 social,	 que	 não	 podem	 no	meu
sentir	serem	declarados	como	lícitos	ou	ilícitos,	mas	sim	como	materiais	ou	imateriais,	atuais	ou	futuros,
fungíveis	ou	infungíveis,	públicos	ou	privados,	no	mercado	ou	fora	dele,	móveis	ou	imóveis,	alienáveis
ou	 inalienáveis,	 penhoráveis	 ou	 não,	 contaminados	 ou	 não	 de	 vícios	 materiais,	 ocultos	 ou	 aparentes
(redibitórios),	 ou	 jurídicos	 (evicção),	 entre	 outras	 classificações.	 Ademais	 temos	 outros	 objetos
mediatos	que	não	apresentam	valor	econômico	e	que	são	mediatamente	alvos	das	normas	legitimadas	no
meio	ambiente	social.
Destarte,	 argumentando	 sobre	 o	 contrato	 de	 compra	 e	 venda	 acima	 explorado,	 se	 um	 sujeito	 de
direito	transfere	para	outro	a	posse	ilegal	do	mesmo	conjunto	de	uniformes	de	futebol,	após	furtá-lo	de
um	estabelecimento	empresarial	que	comercializa	material	esportivo,	sabendo	o	adquirente	do	ato	ilícito,
não	 podemos	 afirmar	 que	 estamos	 diante	 de	 uma	 relação	 jurídica	 contratual,	 porque	 não	 há	 negócio
jurídico,	 haja	 vista,	 a	 operação	 estar	 despida	 dos	 valores	 da	 licitude,	 possibilidade	 jurídica,	 e	 da
determinação	 lícita	 das	 condutas.	 Assim	 sendo,	 há	 apenas	 negócio	 que	 se	 manifesta	 apenas	 no	 meio
econômico,	envolvido	pelo	 injusto	constituído	pela	carga	negativa	de	 ilicitude	das	condutas	 realizadas
pelos	agentes	do	fato	antijurídico.	Portanto,	não	podemos	afirmar	que	o	bem	negociado	é	ilícito,	mas	sim
as	 condutas	 de	 subtrair	 coisa	 alheia	 móvel	 para	 si	 ou	 para	 outrem,	 e	 receptá-la,	 praticadas	 pelos
delinquentes,	conforme	as	prescrições	típicas	insertas	nos	artigos	155	e	180	do	Código	Penal	Brasileiro.
Elementos	objetivos	de	cunho	patrimonial,	 as	coisas	dotadas	de	valor	econômico,	que	a	Ciência
Jurídica	 chama	 de	Bens,	 são	 classificados	 por	 ela	 como	 objeto	mediato	 de	 relações	 jurídicas.	Assim
sendo,	diante	da	 indagação	sobre	a	natureza	 jurídica	de	bens	materiais	ou	 imateriais	podemos	afirmar,
sem	medo	de	errar	que	aqueles	são	objetos	mediatos	do	Direito	Objetivo,	e	num	plano	mais	 restrito	e
técnico,	objetos	mediatos	de	relações	jurídicas.
2.2.5	A	atividade	desportiva	-	objeto	imediato	de	relações	jurídicas
Para	a	análise	e	interpretação	jurídica	da	diversidade	das	atividades	técnicas	e	métodos	criados,
desenvolvidos	e	exercidos	no	ambiente	social	vamos	destacar	apenas	as	de	caráter	econômico,	com	ou
sem	finalidade	 lucrativa,	e	seus	protagonistas	declarados	pelo	 legislador	brasileiro,	porque	sintonizam
com	o	 objetivo	 desse	 trabalho	 científico,	 quais	 sejam:	 os	 sujeitos	 de	 direito	 e	 atividades	 econômicas
organizadas	ou	não	dirigidas	para	a	produção	ou	circulação	de	bens	e	serviços,	inclusive	as	intelectuais,
essas	 declaradas	 e	 especificadas	 como,	 científicas,	 artísticas	 e	 literárias,	 cujas	 estruturas	 produtivas
poderão	ou	não	apresentar	uma	organização	complexa	de	fatores	de	produção,	trabalho,	capital,	recursos
naturais	e	tecnologia,	para	a	sua	gestão.
O	conceito	de	sujeito	de	direito	é	dogmático	e	se	apresenta	na	ordem	jurídica	posta	pelo	Estado
como	 todos	 os	 agentes	 que	 participam	 da	 vida	 em	 sociedade	 mediante	 a	 formação	 de	 relações
intersubjetivas	ou	de	sujeição	passiva	indeterminada,	disciplinadas,	pelo	Direito	Objetivo.	Portanto,	são
os	protagonistas	de	todas	as	experiências	e	fatos	sociais	chamados	de	fatos	jurídicos.	São	classificados
num	primeiro	plano	como	entes	personalizados	e	despersonalizados.	Os	primeiros	dotados	personalidade
jurídica,	 concepção	 jurídica	 abstrata	 que	 atribui	 ao	 agente,	 pessoa	 natural	 ou	 jurídica,	 capacidade	 de
direito	 tornando-o	 sujeito	 titular	 de	 poderes,	 deveres,	 direitos,	 obrigações	 e	 faculdades.	 Os	 últimos,
despidos	 desse	 instituto	 jurídico	 apresentam-se	 na	 ordem	 social	 com	múltiplas	 versões.	Entre	 essas	 o
nascituro,	 que	 traduz	 o	 ser	 humano	 durante	 a	 vida	 intrauterina;	 dois	 tipos	 societários,	 a	 sociedade	 em
comum	e	a	sociedade	em	conta	de	participação,	que	desenvolvem	atividade	econômica	com	finalidade
lucrativa;	o	espólio,	que	é	a	universalidade	formada	pelos	bens,	direitos	e	obrigações,de	pessoa	natural
após	a	 sua	morte;	a	massa	 falida,	que	é	o	patrimônio	de	um	empresário	ou	sociedade	empresária,	que
assume	o	estado	 jurídico	de	 falidos	após	o	 trânsito	em	 julgado	de	uma	sentença	ou	acórdão	prolatado
pelo	Poder	Judiciário,	comprovado	o	seu	estado	de	insolvência	(Código	Civil,	artigo	955),	entre	outros.
O	 Código	 de	 Direito	 Privado	 Brasileiro,	 Lei	 n◦10.406/02	 declara	 no	 artigo	 1◦	 a	 existência	 da
pessoa	natural,	que	ao	adquirir	capacidade	de	fato	aos	dezoito	anos	ou	mediante	emancipação	(parágrafo
único	do	artigo	5◦do	Código	Civil	Brasileiro),	pelo	exercício	pleno	da	liberdade	de	ofício	e	profissão
declarado	no	 inciso	XIII	 do	 artigo	5◦	 da	Constituição	da	República,	 poderá	 assumir	 o	 estado	 jurídico
profissional	de	empresário	individual	(artigo	966),	profissional	liberal	ou	autônomo	(parágrafo	único	do
mesmo	 artigo),	Microempreendedor	 individual	 (artigo18	 da	 Lei	 Complementar	 123/06),	 ou	 em	 última
instância	 exercer	 atividade	 econômica	 irregularmente,	 a	 margem	 da	 ordem	 legal	 estabelecida,	 sem
registro,	autorização	ou	habilitação.
O	mesmo	estatuto	legal	declara	no	artigo	41,42	e	44,	as	pessoas	jurídicas	de	direito	público	interno
e	externo	e	as	pessoas	jurídicas	de	direito	privado,	respectivamente,	in	verbis:
Art.	40.	As	pessoas	jurídicas	são	de	direito	público,	interno	ou	externo,	e	de	direito	privado.
Art.	41.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	público	interno:
I	-	a	União;
II	-	os	Estados,	o	Distrito	Federal	e	os	Territórios;
III	-	os	Municípios;
IV	-	as	autarquias,	inclusive	as	associações	públicas;
V	-	as	demais	entidades	de	caráter	público	criadas	por	lei.
Parágrafo	único.	Salvo	disposição	em	contrário,	as	pessoas	jurídicas	de	direito	público,	a	que	se	tenha
dado	estrutura	de	direito	privado,	regem-se,	no	que	couber,	quanto	ao	seu	funcionamento,	pelas	normas
deste	Código.
Art.	42.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	público	externo	os	Estados	estrangeiros	e	todas	as	pessoas	que
forem	regidas	pelo	direito	internacional	público.
Art.	44.	São	pessoas	jurídicas	de	direito	privado:
I	-	as	associações;
II	-	as	sociedades;
III	-	as	fundações.
IV	-	as	organizações	religiosas;
V	-	os	partidos	políticos.
VI	-	as	empresas	individuais	de	responsabilidade	limitada.
O	exercício	de	atividade	econômica	sem	a	complexidade	organizacional	dos	fatores	da	produção
pode	 ser	 realizado	 por	 qualquer	 sujeito	 de	 direito:	 pessoas	 naturais,	 pessoas	 jurídicas	 ou	 entes
despersonalizados,	 esses	 últimos	 formados	 por	 grupamento	 de	 pessoas	 que	 contratam	 sociedade,
conforme	 artigo	 981	 do	 estatuto	 civil	 brasileiro,	 cujos	 instrumentos	 constitutivos,	 contrato	 social	 ou
estatuto,	não	 são	 registrados	 e	 arquivados	no	órgão	competente	de	 registro	 (Código	Civil,	 artigos,	45,
985,	 1150),	 e	 que	 o	 Direito	 posto	 pelo	 Estado	 brasileiro	 caracterizou,	 ora	 como	 um	 ente	 societário
irregular,	 denominado	 sociedade	 em	 comum,	 ora	 como	 um	 tipo	 societário	 regular	 não	 dotado	 de
personalidade	 jurídica	(sociedade	em	conta	de	participação),	que	 também	são	considerados	centros	de
imputações	jurídicas	dotado	de	poderes	e	deveres	jurídicos.
As	 pessoas	 naturais	 quando	 exercem	 atividades	 econômicas	 típicas	 de	 empresário	 sujeita	 ao
registro,	 sem	organização	 complexa	 de	 fatores	 trabalho,	 recursos	 naturais,	 capital	 e	 tecnologia	 podem
assumir	 os	 estados	 jurídicos	 profissionais	 de	 Microempreendedor	 Individual	 (Lei	 Complementar	 nº
123/06,	artigo	18)	ou	Profissionais	autônomos.	Se,	exercem	atividades	 intelectuais	podem	assumir,	em
regra,	o	estado	jurídico	de	profissional	Liberal.
Se	 as	 atividades	 intelectuais	 são	 exercidas	por	um	grupo	de	pessoas	que	 constituem	sociedade
pela	 formação	de	um	contrato	 social,	 essa	 em	 regra	 será	 tipificada	 como	 sociedades	 simples	 (Código
Civil,	 artigo	 997	 e	 seguintes),	 exceto	 se	 o	 tipo	 societário	 escolhido	 pelos	 empreendedores	 sócios	 é
sociedade	por	ações	(Código	Civil,	artigos	1.088	a	1092	c/c	com	a	Lei	n◦6.404/76),	fato	esse	que	torna
irrelevante	a	análise	da	atividade	ou	atividades	que	formam	o	objeto	social	imediato,	pois	a	sociedade
em	comandita	por	ações,	ou	as	sociedades	anônimas,	nas	suas	várias	modalidades	atuais	ou	futuras	terão
sempre	 uma	 classificação	 legal,	 portanto	 impositiva,	 qual	 seja:	 a	 de	 sociedade	 empresária	 (parágrafo
único	do	artigo	982	Código	Civil	Brasileiro).
Se	presente	a	 complexidade	organizacional	daqueles	 fatores,	 independentemente	da	análise	das
atividades	econômicas	exercidas	que	formam	o	objeto	imediato,	as	pessoas	naturais	exercerão	atividade
econômica	 organizada	 e	 assumirão	 o	 estado	 jurídico	 profissional	 de	 empresário	 individual,	 conforme
dispõe	 o	 caput	 do	 artigo	 966	 e	 seu	 parágrafo	 único	 do	 Código	 de	 Direito	 Privado	 acima	 citado.
Entretanto,	 se	 as	 atividades	 típicas	 de	 empresário	 sujeitas	 a	 registro	 (atividade	 econômica	 organizada
para	a	produção	ou	circulação	de	bens	e	serviços),	forem	exercidas	por	um	grupamento	de	pessoas	que
contratam	sociedade	(Código	Civil,	art.	981),	estaremos	em	regra,	diante	de	uma	sociedade	empresária,
conforme	caput	do	artigo	982	do	Código	em	tela.
Essa	é	a	redação	atual	do	artigo	996	do	estatuto	civil,	in	verbis:
Art.	966.	Considera-se	empresário	quem	exerce	profissionalmente	atividade	econômica	organizada	para
a	produção	ou	a	circulação	de	bens	ou	de	serviços.
Parágrafo	único.	Não	se	considera	empresário	quem	exerce	profissão	intelectual,	de	natureza	científica,
literária	 ou	 artística,	 ainda	 com	 o	 concurso	 de	 auxiliares	 ou	 colaboradores,	 salvo	 se	 o	 exercício	 da
profissão	constituir	elemento	de	empresa.
Art.	981.	Celebram	contrato	de	sociedade	as	pessoas	que	reciprocamente	se	obrigam	a	contribuir,
com	bens	 ou	 serviços,	 para	 o	 exercício	 de	 atividade	 econômica	 e	 a	 partilha,	 entre	 si,	 dos	 resultados.
Parágrafo	único.	A	atividade	pode	restringir-se	à	realização	de	um	ou	mais	negócios	determinados.
Art.	982.	Salvo	as	exceções	expressas,	considera-se	empresária	a	sociedade	que	tem	por	objeto	o
exercício	de	atividade	própria	de	empresário	sujeito	o	registro	(art.	967);	e,	simples,	as	demais.
Parágrafo	único.	Independentemente	de	seu	objeto,	considera-se	empresária	a	sociedade	por	ações;
e,	simples,	a	cooperativa.
Art.	 983.	 A	 sociedade	 empresária	 deve	 constituir-se	 segundo	 um	 dos	 tipos	 regulados	 nos	 arts.
1.039	a	1.092;	a	sociedade	simples	pode	constituir-se	de	conformidade	com	um	desses	 tipos,	e,	não	o
fazendo,	subordina-se	às	normas	que	lhe	são	próprias.
Parágrafo	único.	Ressalvam-se	as	disposições	concernentes	à	sociedade	em	conta	de	participação
e	à	 cooperativa,	bem	como	as	 constantes	de	 leis	 especiais	que,	para	o	 exercício	de	 certas	 atividades,
imponham	a	constituição	da	sociedade	segundo	determinado	tipo.
Art.	984.	A	sociedade	que	tenha	por	objeto	o	exercício	de	atividade	própria	de	empresário	rural	e
seja	constituída,	ou	transformada,	de	acordo	com	um	dos	 tipos	de	sociedade	empresária,	pode,	com	as
formalidades	do	art.	968,	 requerer	 inscrição	no	Registro	Público	de	Empresas	Mercantis	da	sua	sede,
caso	em	que,	depois	de	inscrita,	ficará	equiparada,	para	todos	os	efeitos,	à	sociedade	empresária.
Parágrafo	 único.	 Embora	 já	 constituída	 a	 sociedade	 segundo	 um	 daqueles	 tipos,	 o	 pedido	 de
inscrição	se	subordinará,	no	que	for	aplicável,	às	normas	que	regem	a	transformação.
Art.	 985.	A	 sociedade	 adquire	 personalidade	 jurídica	 com	 a	 inscrição,	 no	 registro	 próprio	 e	 na
forma	da	lei,	dos	seus	atos	constitutivos	(arts.	45	e	1.150).
Insatisfeito	 com	 a	 limitada	 classificação	 da	 ordem	 jurídica	 brasileira	 das	 atividades	 humanas,
declarada	 no	 parágrafo	 único	 do	 artigo	 966	 da	 Lei	 10.406/02	 –	 Código	 Civil	 Brasileiro,	 esse	 autor
propõe	a	alteração	do	mesmo	para	incluir	a	atividade	desportiva	como	espécie	de	atividadeautônoma,
tendo	 em	 vista	 que	 ela	 se	 apresenta	 na	 atualidade	 repleta	 de	 elementos	 de	 outros	 campos	 do
conhecimento	 humano,	 portanto,	 a	 sua	 formação	 se	 apresenta	 híbrida,	 pois	 composta	 de	 elementos
subjetivos	 e	objetivos	 intelectuais,	 científicos	 e	 artísticos,	 bem	como	cercada	de	 atividades	 típicas	de
empresário	 individual	 sujeitas	 a	 registro,	 quando	 assume	 os	 caracteres	 do	 desporto	 profissional.
Ademais,	todas	impregnadas	do	conhecimento	popular,	desde	as	suas	primeiras	manifestações	culturais,
do	conhecimento	intelectual,	científico,	principalmente,	quando	estamos	diante	do	desporto	educacional,
do	 desporto	 de	 rendimento,	 exercidos	 profissionalmente	 ou	 não,	 conceituados	 pelo	Estado	Legislador,
nos	incisos	I	e	III	do	artigo	3º,	e	seu	parágrafo	único,	prescritos	na	Lei	9.615/98	-	Lei	Pelé,	que	também
os	 classifica	 no	 seu	 artigo	 1º,	 como	 prática	 desportiva	 formal,	 por	 exigir	 para	 a	 realização	 dos	 seus
programas	de	trabalho,	profissional	especializado	e	habilitado,	graduado	nos	cursos	de	Educação	Física,
nas	modalidades	de	Licenciatura	ou	Bacharelado,	conforme	a	parte	final	do	inciso	XIII,	do	artigo	5	º	da
Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil.	Destarte,	em	virtude	de	seu	caráter	multidisciplinar	e
multiprofissional	merece	revisão	a	norma	em	tela	para	dar	sustentáculo	científico	às	inovações	jurídicas
propostas	nesse	trabalho.	Essa	é	a	nova	redação	proposta	para	o	artigo	996	e	parágrafo	único	do	estatuto
civil	brasileiro,	in	verbis:
LIVRO	II
Do	Direito	de	Empresa
TÍTULO	I
Do	Empresário
CAPÍTULO	I
Da	Caracterização	e	da	Inscrição
Art.	966.	Considera-se	empresário	quem	exerce	profissionalmente	atividade	econômica	organizada
para	a	produção	ou	a	circulação	de	bens	ou	de	serviços,	com	finalidade	lucrativa,	inclusive	a	de	desporto
profissional.	(Proposta	de	alteração	do	Código	Civil	Brasileiro	-	inovação)
Dispositivo	alterado.	Art.	966.	Considera-se	empresário	quem	exerce	profissionalmente	atividade
econômica	 organizada	 para	 a	 produção	ou	 a	 circulação	 de	 bens	 ou	 de	 serviços.	 (Redação	 do	Código
Civil	Brasileiro)
Parágrafo	 único.	 Não	 se	 considera	 empresário	 quem	 exerce	 profissão	 intelectual	 de	 naturezas
científica,	literária	ou	artística,	e	a	de	desporto	não	profissional,	com	o	concurso	ou	não	de	auxiliares	ou
colaboradores,	salvo	se	o	exercício	da	profissão	constituir	elemento	de	empresa.	(Proposta	de	alteração
do	Código	Civil	Brasileiro	-	inovação)
Parágrafo	 único.	 Não	 se	 considera	 empresário	 quem	 exerce	 profissão	 intelectual,	 de	 natureza
científica,	 literária	 ou	 artística,	 ainda	 com	 o	 concurso	 de	 auxiliares	 ou	 colaboradores,	 salvo	 se	 o
exercício	da	profissão	constituir	elemento	de	empresa.	(Redação	do	Código	Civil	Brasileiro)
Portanto,	num	primeiro	plano,	se	uma	pessoa	natural	desenvolver	atividade	desportiva	poderá	ser	atleta
profissional	 ou	 autônomo,	 ambos	 vinculados	 a	 uma	 entidade	 de	 administração	 esportiva.	 O	 primeiro
vinculado	às	entidades	de	prática	desportiva,	pela	formação	de	contrato	profissional	de	atleta,	o	segundo
por	contrato	de	natureza	privada	(civil),	de	acordo	com	o	artigo	28	–	A	da	Lei	Pelé.	Num	segundo,	sem
organização	 complexa	 dos	 fatores	 da	 produção	 ela	 irá	 assumir	 vários	 estados	 jurídicos	 profissional,
como	 por	 exemplo,	 o	 de	 microempreendedor	 individual.	 Quando	 afirmamos	 que	 o	 senso	 comum	 é
idealizador	e	fator	de	criação	de	jogos	e	de	suas	regras	técnicas	é	porque	eles	surgiram	na	História	do
Homem	a	partir	de	imagens	e	representações	do	sumo	da	realidade	socialmente	posta,	que	desde	as	suas
primeiras	manifestações	e	organizações	fez	emergir	conflitos	e	competições	da	vida	de	relação.	Portanto,
dessa	energia	social	a	 inteligência	criativa	do	Homem	idealizou,	projetou,	concretizou	e	fez	repercutir,
inspirado	nesses	fenômenos	conflituosos	carregados	de	energia	primitiva,	inúmeros	jogos	competitivos,
individuais	ou	coletivos,	impregnados	de	virtudes	e	ética,	como	forma	de	apelo	espiritual,	para	revelar
meios	mais	eficientes	e	eficazes	para	solução	dos	confrontos	humanos.
Quanto	aos	fatores	do	conhecimento	científico	é	cediço	que	o	desporto	educacional	e	o	de	rendimento,
para	 terem	 os	 seus	 programas	 de	 trabalho	 materializados	 pelo	 Estado	 ou	 pela	 iniciativa	 privada
necessitam,	pelo	menos,	de	profissionais	graduados	em	nível	superior,	em	Licenciatura	ou	bacharelado
em	Educação	Física.	Ademais,	quando	tratamos	do	desporto	de	rendimento,	praticado	profissionalmente
ou	 não,	 os	 atletas	 autônomos	 ou	 entidades	 de	 prática	 desportiva,	 na	 busca	 incessante	 de	 resultados	 e
títulos,	tentam	formar	equipes	multiprofissionais	para	potencializar	o	rendimento	atlético,	e	para	tal	fim
alocam	 profissionais	 especializados	 em	 Psicologia	 do	 Esporte,	 Fisiologia,	 Biomecânica,	 Treinamento
Desportivo,	 entre	outros,	 além	de	 investirem	maciçamente,	quando	dotados	de	 capacidade	econômico-
financeira,	 com	recursos	próprios	e	de	 terceiros,	 em	 tecnologia,	 instalações,	máquinas	e	equipamentos
sofisticados	para	elevar	a	desempenho	atlético	individual	e	das	equipes.
Revela-se,	portanto,	que	a	atividade	desportiva	se	apresenta	no	meio	social,	como	qualquer	outra
atividade	econômica	que	pode	ser	exercida	de	forma	organizada	ou	não,	com	ou	sem	finalidade	lucrativa,
por	pessoas	naturais	vinculadas	às	entidades	de	prática	desportiva	ou	educacionais	sob	diversos	regimes
jurídicos,	 ou	 por	 pessoas	 jurídicas,	 nas	 formas	 de	 associação	 ou	 sociedade	 empresária,	 conforme
inovação	 legislativa	 realizada	pela	Lei	n◦10.672/03,	que	 incluiu	o	parágrafo	9◦	no	artigo	27	da	Lei	n◦
9.615/98	–	Lei	Pelé.
Importante	destacar	que	também	é	necessária	a	mudança	na	redação	originária	do	parágrafo	nono
do	artigo	27	em	destaque,	haja	vista,	apresentar	impropriedade	técnica	na	sua	formulação,	tendo	em	vista
que,	 as	 entidades	 de	 prática	 desportiva	 e	 as	 entidades	 de	 administração	 do	 desporto	 nacional,
apresentarem-se,	 como	 regra,	 no	 cenário	 econômico	 e	 jurídico	 nacional,	 na	 forma	 de	 associação.
Significa	dizer	que	já	estão	constituídas,	e	para	assumirem	formatação	diversa	das	possíveis	elencadas
no	artigo	44	do	Código	Civil	Brasileiro,	que	declara	os	 tipos	de	pessoas	 jurídicas	de	direito	privado,
seria	 necessário	 a	 transformação	 daquelas	 em	 sociedade	 empresária,	 mutação	 formal	 essa	 não
disciplinada	pelo	Direito	posto	pelo	Estado	brasileiro	até	o	presente	momento.
Diante	da	ausência	de	 técnica	 jurídica	na	 formulação	normativa	 supracitada,	 resta-nos	 fazer	uma
análise	 dos	 elementos	 fáticos	 relevantes	 desse	 tema	 para	 propor	 inovações	 legislativas	 para	 sanar	 as
impropriedades	que	revelamos,	conforme	a	seguir	se	expõe:
Num	primeiro	giro	podemos	afirmar	que	qualquer	empreendedor	nacional	ou	estrangeiro,	diante	do
princípio	 da	 livre	 iniciativa	 declarado	no	 artigo	170	da	Constituição	da	República,	 pode	desenvolver
atividade	desportiva	 individualmente	ou	com	a	colaboração	de	outros	 sujeitos	de	direito.	No	primeiro
caso	há	as	possibilidades	 jurídicas	de	constituição	das	figuras	 jurídicas:	a)	de	um	profissional	 liberal,
devidamente	habilitado,	conforme	a	parte	final	do	inciso	XIII,	do	artigo	5◦	da	Carta	Política;	b)	a	figura
jurídica	do	empresário	 individual,	 se	a	atividade	desportiva	 se	 tornar	elemento	da	empresa	 (atividade
econômica	organizada);	ou	ainda	c)	a	constituição	da	Empresa	Individual	de	Responsabilidade	Limitada,
conforme	as	normas	estabelecidas	no	artigo	980-A	do	mesmo	código.	No	segundo,	atividade	econômica
desenvolvida	 em	 grupo,	 teremos	 a	 figura	 jurídica	 da	 sociedade	 empresária,	 que	 diante	 da	 correção
técnica	 proposta	 do	 parágrafo	 9◦	 em	 tela,	 poderá	 ser	 constituída,	 atualmente,	 na	 forma	 de	 qualquer
espécie	societária	tipificada	nos	artigos	1.039	a	1.092	do	estatuto	civil	brasileiro.
Proposta

Outros materiais