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Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 1 Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 2 Olá, meu nome é Italo J B Duarte e você acaba de adquirir o E- book “Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas- com foco no COVID-19” Este livro digital foi produzido com foco nos principais achados radiológicos de pacientes acometidos por SARS- CoV-2, que evoluem para Síndrome respiratória aguda grave. Estamos em meio a uma pandemia e precisamos compartilhar todo o conhecimento possível para que juntos possamos enfrentar essa crise e proporcionar o melhor tratamento possível para nossos pacientes. Então é essa a minha singela contribuição para todos que estão na linha de frente desta batalha. A Tomografia computadorizada de tórax é um dos exames mais utilizados em casos de moderado e grave comprometimento pulmonar pelo vírus SARS-CoV-2. Este exame está sendo amplamente usado tanto para auxiliar o diagnóstico, pela sua alta sensibilidade, como também por permitir a identificação dos diferentes fenótipos da doença, impactando assim, diretamente na assistência fisioterapêutica. Hoje está clara a grande necessidade do profissional de fisioterapia em conseguir compreender este exame para que possa traçar a melhor estratégia terapêutica possível. Este E-book foi confeccionado de forma a permitir o entendimento, por parte do fisioterapeuta, das características radiológicas básicas deste exame de imagem, os marcos anatômicos pulmonares e da parede torácica, os achados fisiológicos e os achados que possam sugerir algum processo patológico do tórax e da parede torácica. Falaremos também dos princípios do exame, a forma como são adquiridas as imagens e sobre alguns aspectos técnicos que influenciam diretamente na visualização das diferentes estruturas torácicas. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 3 Lembrando que, apesar da sua grande importância, esse é um exame complementar e tive o cuidado de trazer aspectos clínicos desta doença que podem contribuir para a compreensão dos achados radiográficos e embasar a nossa conduta fisioterapêutica. A clínica sempre é soberana e não devemos tratar o paciente baseando-se apenas em exames de imagem ou laboratoriais. E no caso da Fisioterapia um completo diagnóstico cinético-funcional é imprescindível. Esse E-book foi construído com uma linguagem simples e direta para atender o objetivo didático que o momento pede. Trazemos aqui várias imagens e esquemas para auxiliar você nesse processo. Temos que lembrar que a base de todo exame de imagem repousa na anatomia básica então traremos algumas imagens clássicas para auxiliar o entendimento. Visto isso, é importante frisar que essa pequena obra não é um curso extensivo de TC de tórax e não temo objetivo de discutir extensivamente sobre as milhares de doenças pulmonares, que podem ser avaliadas através desta técnica de diagnóstico de imagem. Apesar de não ser uma obra extensa, neste E-Book trazemos o passo a passo para você conseguir avaliar este exame de forma contundente e sólida. Um passo a passo desde a base anatômica até os achados de imagem. Tive o cuidado de trazer conceitos básicos da Tomografia de tórax e da anatomia seccional. Me esforcei também em deixar o texto bem explicativo, compreensível e interativo, tornando a leitura prazerosa dentro do possível. Espero que gostem. Obrigado!!!!! Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 4 O AUTOR Italo Julierme Barros Duarte, fisioterapeuta egresso da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Pós-graduado em Fisioterapia cardiopulmonar e terapia intensiva (CEAFI). Especialista em Fisioterapia respiratória pela ASSOBRAFIR. Experiência em fisioterapia intensiva neonatal, pediátrica e adulto. Aprovado em mais de dez concursos na área de Fisioterapia. Atualmente fisioterapeuta da Unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital das clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) e graduando em Medicina pela faculdade Alfredo Nasser. Curioso nato e amante do conhecimento. CO-AUTORA Aryad Chaveiro Vieira, fisioterapeuta pós-graduada em Fisioterapia cardiopulmonar e terapia intensiva (CEAFI) e Fisioterapia pediátrica e neonatal (INSPIRAR). Atualmente fisioterapeuta na unidade COVID- pediátrica no Hospital de urgências Governador Otávio Lages (HUGOL) e na Santa Casa de Misericórdia em Goiânia. Ampla experiência em terapia intensiva neonatal, pediátrica e adulto. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 5 Antes de adentrar na tomografia de tórax precisamos entender os princípios básicos deste exame bem como a forma como são adquiridas estas valiosas imagens... Então vamos lá... vem comigooo!! TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA A tomografia computadorizada (TC) é um método de diagnóstico de imagem capaz de produzir imagens transversais do corpo humano. Esta técnica de imagem utiliza um computador para reconstrução matemática de uma imagem axial do corpo humano, a partir das medições feitas pela transmissão de raios X através de finos cortes de tecido do paciente. A TC mostra cada corte separadamente, sem a sobreposição de estruturas que é vista nas radiografias de tórax convencionais. Esta é uma grande vantagem em comparação ao uso da radiografia convencional e, além disso, este exame permite um maior detalhamento anatômico permitindo assim uma melhor análise principalmente do parênquima pulmonar. Ademais é possível obter imagens no plano coronal, sagital ou oblíquo pela reformatação tridimensional dos cortes. A utilização de outros planos, além do axial, é muito importante para uma avaliação mais completa e detalhada do tórax do paciente. Vamos relembrar os planos anatômicos??? Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 6 FONTE: Atlas de anatomia humana - Sobotta Lembrou?? Então vamos ver os diferentes cortes/planos que podem ser acessados na TC de tórax Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 7 Exemplo de TC de tórax com reformulação coronal. Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Exemplo de imagem de TC de tórax no plano/corte axial Exemplo de imagem de TC de tórax com reformulação sagital Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 8 Outro conceito importante em relação a configuração da imagem é o de Janelamento..??!!! isso mesmo janelamento de janela. rs O janelamento é o processo de regulação de brilho e contraste, pelo software do aparelho, de forma a permitir maior nitidez e diferenciação de determinadas estruturas anatômicas. Ex: o janelamento ósseo permite a diferenciação entre as regiões cortical e a medular do tecido ósseo, é possível ver com mais detalhamento as estruturas ósseas. O janelamento pulmonar, o que vamos mais analisar, permite uma melhor visualização do parênquima pulmonar em detrimento de outras estruturas torácicas. A imagem a seguir está definida com janelamento pulmonar: Veja que há grande nitidez do parênquima e da vasculatura pulmonar, no entanto, não conseguimos diferenciar bem as estruturas do mediastino e nem o arcabouço ósseo do tórax. Tomografiacomputadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 9 A imagem a seguir está configurada no janelamento de partes moles, veja que não conseguimos visualizar o parênquima pulmonar com nitidez, mas conseguimos distinguir as estruturas do mediastino. Como é produzida a imagem??? Um feixe de raios X colimado e gerado em um dos lados do paciente. O feixe de raios X é atenuado e dispersado á medida que passa pelo corpo do paciente. Detectores sensíveis do lado oposto do paciente medem a transmissão dos raios X através do corte. Estas medições são repetidas sistematicamente, muitas vezes de diferentes direções, enquanto o tubo de raios X é pulsado à medida que gira 360º em torno do paciente. Esquema de funcionamento da TC Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 10 Tomografia computadorizada. Diagrama de um escâner de TC. O paciente (P) foi colocado sobre um leito de exame no interior da unidade de TC. Um tubo de raios X gira 360° em torno do corpo do paciente, produzindo pulsos de radiação que o atravessam. Os raios X transmitidos são localizados por um banco circunferencial de detectores de radiação. Os dados de transmissão dos raios X são enviados a um computador, que emprega um algoritmo específico, a fim de calcular a matriz de números de TC usada para produzir a imagem anatômica axial. Na técnica de TC helicoidal, o leito se move continuamente, expondo o paciente ao feixe de raios X que gira. Na TC com multidetectores, diversas imagens de cortes são obtidas simultaneamente à medida que o paciente é movido ao longo do escâner. Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Vamos continuar a entender a produção da imagem anatômica... A imagem resultante é formada por uma matriz de elementos de imagens- pixels (tenho certeza que já deve ter ouvido falar deles rs, aqueles mesmos da sua câmera de celular). Então, para produzir a imagem anatômica, escalas de cinza são atribuídas aos valores de Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 11 pixels. Pixels maiores são mostrados em branco e pixels menores são mostrados em preto. Agora você sabe o porquê do preto e branco... Veja a imagem abaixo para entender melhor tudo isso. A. Aqui temos uma imagem amplificada de um nódulo pulmonar. B. Um pixel do pulmão cheio de ar, por ser menor, é representado em uma escala cinza/preta e um pixel de um nódulo pulmonar, por ser maior, é representado em branco. Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Tomografia de tórax de alta resolução Essa vai ser a modalidade de TC de tórax mais estudada desse E-book, visto que nesta modalidade as imagens do tórax apresentam-se com uma melhor definição. . É preciso saber analisar uma imagem desta modalidade de TC, pois ela pode aparecer na sua prática clínica. A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) faz uso da colimação com feixe estreito (cortes de 1 a 1,5 mm em Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 12 intervalos de 1 O mm) e um algoritmo de alta frequência espacial e intensificação das margens, para obter imagens por meio da TC do parênquima pulmonar com maior resolução espacial. As indicações da TCAR são: a avaliação das doenças intersticiais pulmonares, bronquiectasias, enfisema e doença cística pulmonar. As aplicações clínicas são: (1) detecção de doenças pulmonares ocultas, quando a radiografia do tórax se mostra normal ou duvidosa, especialmente em hospedeiros imunologicamente comprometidos; (2) caracterização adicional das doenças pulmonares reconhecidamente presentes para diagnóstico; (3) localização e quantificação precisa da extensão da doença; (4) determinação e monitoramento da atividade, progressão ou resolução da doença. Pronto, a parte técnica e chata passou e você já sabe como é produzida a imagem e como ela se apresenta, quais os planos anatômicos visualizados e os tipos de janelamento. Agora vamos a alguns termos usados para analisar as imagens. Você deve estar habituado a usar os termos Hipertransparente e Hipotransparente ao analisar uma radiografia de tórax, aqui devemos sempre usar Hiperdensidade e Hipodensidade, (então cuidado ao discutir este exame com outros profissionais, não vai passar vergonha hein). Lembrando da última imagem, o nódulo é hipodenso e o pulmão apresenta-se hiperdenso. Só para constar, na Ressonância magnética (RM) os termos utilizados são Hiperintenso e Hipointenso, mas isso é conversa para outra hora... Temos que lembrar sempre que as imagens axiais são orientadas como se olhassemos o paciente de baixo para cima. O Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 13 lado direito do paciente está no lado esquerdo da imagem. Ao olhar uma tomografia o seu lado direito é o lado esquerdo do paciente e vice-versa!! Entendido?? Cuidado para não se confundir... Outro aspecto importante são as indicações da realização deste exame: Indicações para TC de tórax Avaliação de alterações mediastinais suspeitas na radiografia; Determinação da existência e da magnitude de uma neoplasia; Pesquisa de calcificação em nódulo pulmonar, difusa ou central; diagnóstico de tromboembolia pulmonar; Orientação para biópsia percutânea de nódulos ou massas torácicas; Localização de coleções de líquido loculadas no espaço pleural, quando a radiografia ou a US mostraram-se ineficientes; Avaliação de anormalidades da aorta torácica; Diagnóstico de bronquiectasias e avaliação da natureza e extensão de uma doença pulmonar Intersticial, doença de pequenas vias aéreas e enfisema. Tudo certo por aí??? Agora vamos para a parte legal da coisa, vamos iniciar a análise propriamente dita das imagens de tomografia computadorizada de tórax. Primeiramente vamos focar nosso esforço em identificar as estruturas anatômicas na TC de tórax. Antes de ver o patológico precisamos saber o que é normal. Vamos começar?? Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 14 Tomografia computadorizada de tórax normal Agora que sabemos os princípios básicos vamos aprender a identificar a anatomia normal da caixa torácica, do pulmão, do mediastino e algumas estruturas vasculares. Como havia adiantado o conhecimento da anatomia normal é fundamental para compreendermos os exames de imagem, então vamos relembrar um pouco de anatomia??? Abaixo uma imagem de uma TC de tórax, plano coronal, janelamento de partes moles que nos permite visualizar várias estruturas do mediastino: Coloquei essa imagem para lembrarmos que o pulmão não é um órgão isolado dentro da parede torácica, temos o coração e os grandes vasos que podem ser visualizados com uma boa nitidez. Então podemos ver: Veia cava superior, tronco braquiocefálico (que vai dar origem a artéria carótida comum e a artéria subclávia direita), arco da aorta, e devemos lembrar que no lado esquerdo a carótida comum e a artéria subclávia emergem diretamente do arco aórtico. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 15 Agora que vimos algumas estruturas mediastinais, como coração e grande vasos, vamos colocar uma imagem de TC de tórax com corte axial para focarmos nossa atenção na área pulmonar e nas vias aéreas de condução inferiores, vamos lá!!! Aqui está uma imagem de uma TC de tórax de corte axial (naimaginologia o corte transversal é chamado de axial) do tórax superior sendo possível visualizar os lobos superiores do pulmão esquerdo e direito; estruturas vasculares: aorta ascendente, veia cava superior (com contraste), veia ázigo, tronco pulmonar; estruturas ósseas: costela, corpo vertebral e processos transversos e espinhosos das vértebras; esterno. Como identificar os brônquios principais??? Os brônquios são estas estruturas circulares hipodensas em número de 2, observe que eles surgem logo após a traquéia sair de visualização, veja que eles tem a mesma densidade radiológica do parênquima pulmonar que também contém ar. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 16 Aprofundando>>>> Em secção transversal, a traquéia tem forma oval ou de ferradura, com relação de diâmetro coronal para sagital de 0,6:1,0. Com redução do diâmetro coronal, produzindo proporção coronal para sagital < 0,6, é denominada traqueia em bainha de sabre (saber sheath trachea) e pode ser observada em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Vamos analisar mais imagens>>>>>>>>> Nesta imagem a traquéia já se bifurcou gerando os brônquios principais direito e esquerdo, é possível visualizar ainda o brônquio Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 17 lobar superior direito que se bifurca em brônquios segmentares anterior e posterior. Uma imagem espetacular para observarmos várias gerações das vias aéreas de condução. Lindo não?? Vamos continuar na anatomia tomográfica normal, agora em um nível de corte de tórax mais inferior. Vem comigo!! Na imagem acima agora estamos em um nível de corte axial torácico mais inferior, veja que os brônquios principais estão mais bem mais separados e afastados, ou seja, já estamos chegando nas regiões inferiores pulmonares. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 18 Continuando a progressão cranio-caudal, a nível da articulação esternoxifóidea, agora estamos nas bases pulmonares. Quando enxergar o fígado (como nessa imagem), já estamos a nível diafragmático (um pouco acima na verdade), veja que não conseguimos mais visualizar os brônquios principais, porém, é possível visualizar os ventrículos direito e esquerdo no mediastino. Qualquer alteração de parênquima pulmonar neste nível está envolvendo as bases pulmonares. Qual a importância de sabermos diferenciarmos os ápices das bases pulmonares??? As regiões inferiores são as primeiras regiões pulmonares a serem acometidas nos edemas cardiogênicos ou em casos de excesso de volume intravascular (Insuficiência renal, hepatopatias, iatrogenia), que geram a obrigação de adoção de uma estratégia ventilatória com valores de PEEP de no mínimo de 10. A PEEP também pode promover o aumento da FEVE o que acarreta menor volume diastólico nas câmaras esquerdas e consequentemente menor acúmulo de líquido na circulação pulmonar. Quando as Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 19 regiões superiores são acometidas inicialmente podemos pensar em causas inflamatórias ou sistêmicas. Os distúrbios de coagulação ou hemostasia não poupam as regiões superiores inicialmente, isso gera uma maior preocupação com procedimentos como aspiração traqueal. Pneumonias virais geram comprometimento difuso (broncopneumonias), e diferentemente das pneumonias bacterianas (em sua maioria lobares/localizadas), podem responder a estratégias como prona ou PEEP ideal. Veja que este exame de imagem pode trazer informações muito valiosas, informações estas que podem mudar totalmente o rumo da conduta Quando não conseguimos mais visualizar os brônquios principais, já estamos a nível de bases pulmonares. Lembre-se deste detalhe!! Pega essa dica e leva para sua vida, assim você sempre saberá identificar as bases pulmonares!!! Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 20 Vamos exercitar??? Mais imagens para treinarmos nosso olhar>>>>>>>> TC axial mostra as fissuras oblíquas como linhas finas (setas). A fissura menor (ponta de seta) está indistinta devido ao seu formato abaulado e orientação oblíqua. Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 21 As fissuras irão nos permitir identificar os diferentes lobos pulmonares. O pulmão direito apresenta 3 lobos (superior, médio e inferior), e o pulmão esquerdo apresenta 2 lobos(superior e inferior) e um resquício embrionário do lobo médio a língula. No pulmão direito a fissura maior separa o lobo superior direito do lobo inferior direito e a fissura menor separa o lobo superior direito do lobo médio. Ou seja, o lobo superior é delimitado pelas fissuras maior e menor. No pulmão esquerdo podemos observar apenas a fissura maior ou oblíqua separando o lobo superior esquerdo do lobo inferior. Vamos de uma TC de tórax com reconstrução em plano sagital para compreendermos melhor a associação entre as fissuras e os lobos pulmonares. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 22 A. TC com reformatação sagital mostrando as fissuras maior (setas) e menor (ponta de seta) do pulmão direito; B. Fissura maior(setas) Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Mais uma imagem, agora com foco na traquéia e nos brônquios principais>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 23 Tomografia computadorizada (TC) que usa janelas para enfatizar estruturas brônquicas; cortes seriados de 8 mm x 8 mm. A: TC acima da bifurcação traqueal. São mostrados a traquéia (seta grande) e o brônquio segmentar apical direito (seta pequena). B: TC no nível da carina. São mostrados a carina (seta grande), o brônquio segmentar apical esquerdo (seta pequena), o brônquio segmentar apical direito (seta média) e o arco ázigos (seta curva). C: TC abaixo da carina. São mostrados a origem do brônquio lobar superior direito (seta curva) e o brônquio segmentar apical esquerdo (seta reta). D: TC no nível do brônquio intermédio. São mostrados o brônquio segmentar superior apical esquerdo (seta pequena), o brônquio intermédio (seta grande), os brônquios dos segmentos anterior e posterior do lobo superior direito (setas médias), bem como a veia pulmonar superior direita (seta aberta). L, brônquio principal esquerdo. Fonte: Interpretação radiológica, paul Juhl, 7ª edição. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 24 Ufa.... Tudo certo até aqui?? Terminamos a anatomia tomográfica, essa parte é muito importante, se em algum momento, esquecer alguma estrutura anatômica volte sempre nessas imagens. Aprendizado é repetição!!!!! Agora vamos falar sobre o SARS-CoV-2 que está causando essa pandemia. Mais precisamente sobre os aspectos radiológicos da Síndrome respiratória aguda grave causada por esse vírus. COVID -19 A infecção pelo vírus SARS-CoV-2 causa a COVID-19 (do inglês, Coronavirus Disease 2019), cujos principais sintomas são febre, fadiga e tosse seca, podendo evoluir para dispneia ou, em casos mais graves para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).Apresentação clínica Sintomas mais comuns Sintomas menos comuns Febre Anorexia Tosse Produção de escarro Dispnéia Dor de Garganta Mialgia Confusão Fadiga Tonturas Cefaléia Dor no peito Hemoptise Diarréia Náuseas/Vômitos Anosmia Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 25 Abordagem clínica inicial Recomenda-se solicitar as seguintes investigações iniciais em todos os pacientes com doença grave: • Oximetria de pulso; • gasometria arterial (avaliar presença de hipercarpnia ou acidose); • TC de tórax; • teste rápido para a influenza; • RT-PCR – SARS-CoV-2; • glicemia; • ureia; • bilirrubina total e frações; • D-dímero; • hemograma completo; • coagulograma (TAP e TTPa); • marcadores inflamatórios (procalcitonina sérica e/ou proteína C-reativa, dependendo da disponibilidade); • troponina sérica; e • lactato desidrogenase sérica. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 26 Vejam que a TC de tórax está entre os exames complementares obrigatórios que devem ser realizados nos pacientes que evoluem com a doença grave. E a radiografia de tórax?? Não podemos usar?? A radiografia convencional de tórax apresenta baixa sensibilidade e não permite uma melhor visualização do parênquima pulmonar, mas pode nos nortear, sobretudo para descartar outras doenças pulmonares. Fonte: Grupo Fleury. Rx e TC de tórax do mesmo paciente e na mesma ocasião. Veja que enquanto a TC de tórax já traz várias alterações, ao analisar a radiografia de tórax apenas conseguimos visualizar infiltrados difusos, encontros radiológicos muito inespecíficos. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 27 Rx de tórax Sensibilidade 69% Achados do exame Consolidação – 47% Opacidade de baixa densidade – 33% Derrame pleural – 3% Fonte: Grupo Fleury/ Wong HYF et al. Frequency and Distribution of Chest Radiographic Findings in COVID-19 Positive Patients. Radiology. Published Online: Mar 27 2020 TC de tórax Sensibilidade 61-97% Achados do exame Opacidade em vidro fosco Consolidações Padrão reticular Padrão reticular/Linhas subpleurais Pavimentação em mosaico Alterações de vias aéreas Sinal do Halo invertido Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 28 Fonte: Grupo Fleury. Salehi S et al. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19): A Systematic Review of Imaging Findings in 919 Patients. AJR 1- 7.10.2214/AJR.20.23034 Estes são os principais achados de tomografia de tórax nos paciente com COVID-19. O achado mais comum é a opacidade em vidro fosco. Vamos ver uma TC de tórax típica de COVID 19 Vamos agora entender ,histologicamente, o que são esses achados. Começando pelo principal achado: opacidade em vidro fosco A ocorrência de diferentes achados de imagem estão relacionados ao acometimento de diferentes regiões do interstício pulmonar. Veja a figura a seguir para entendermos os diferentes compartimentos do insterstício pulmonar. Vidro fosco Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 29 Fonte: Fundamentos de Radiologia, diagnóstico por imagem, 4º ed, 2015. Esta imagem traz os vários compartimentos do interstício pulmonar, então de acordo com o local de acometimento veremos nas imagens diferentes achados. O envolvimento patológico do interstício intralobular é difícil de discernir radiograficamente, mas é responsável por alguns casos da chamada opacidade em vidro fosco (ground-glass) em radiografias e TCAR de tórax. A opacidade em vidro fosco ocorre em até 98% dos pacientes. Essas opacidades podem ocorrer unilateralmente ou bilateralmente, na grande maioria dos pacientes ocorre de maneira bilateral com preferência à áreas mais periféricas do pulmão. As regiões basais são mais acometidas. Estes infiltrados aparecem em fases precoces da doença e podem surgir mesmo antes da positivação do teste por RT- PCR que detecta o DNA viral. É aqui que ocorre o vidro fosco Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 30 Agora que entendemos o aspecto microscópico da coisa vamos de imagens>>>>>> Várias imagens onde podemos observar a opacidade em vidro fosco: Fonte: Grupo Fleury Vidro fosco Vidro fosco Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 31 ATENÇÃO!!!!!!! Galera o achado de opacidade em vidro fosco NÃO É ESPECÍFICO da COVID-19!!!!!! O padrão de vidro fosco pode ocorrer em outras pneumonias virais, inclusive H1N1. Vejo muitos colegas atribuindo este achado ao COVID-19, porém, inúmeras afecções pulmonares podem cursar com vidro fosco. Nada de sair espalhando informações falsas, a TC de tórax não é um exame diagnóstico, a clínica do paciente sempre é soberana. Dessa forma o diagnóstico sempre deve ser confirmado através do exame de RT-PCR que identifica o DNA do SARS-CoV-2. Nada de deixar falar que o paciente tem COVID-19 porque você viu opacidade em vidro fosco na TC de tórax, OK?? Isso só vai deixar a equipe mais tensa, se não tem domínio do exame não dissemine informações falsas!! Para corroborar com o que falei trouxe algumas imagens de pacientes com vidro fosco que na verdade tem outras patologias!!!! H1N1 Vidro fosco Consolidação Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 32 Fonte: Amorim VB et al. Achados na TC na infecção pelo vírus influenza A (H1N1). Veja nesta imagem de um paciente com H1N1 que encontramos os mesmo achados de opacidades em vidro fosco e consolidações. H1N1 Fonte: Amorim VB et al. Achados na TC na infecção pelo vírus influenza A (H1N1). Veja nesta imagem de um paciente com H1N1 que encontramos os mesmo achados de opacidades em vidro fosco e consolidações, e com predomínio periférico. H1N1 Vidro fosco Consolidação Vidro fosco Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 33 Fonte: Amorim VB et al. Achados na TC na infecção pelo vírus influenza A (H1N1). Agora uma imagem com reconstrução coronal do mesmo paciente. Vidro fosco principalmente nas regiões periféricas. Agora vamos falar das consolidações, outro achado muito importante na COVID-19. As consolidações podem ocorrer em até 64% dos casos e podem indicar um maior comprometimento pulmonar, estando relacionada à fases mais avançadas da doença (10-14 dias). Este achado é mais frequente em pacientes com mais de 60 anos. Vamos ver uma imagem que podemos identificar este achado: Fonte: Grupo Fleury Está com dificuldade de diferenciar o vidro fosco da consolidação???Eu te ajudo...... Na opacidade de vidro fosco conseguimos visualizar os vasos no interior e na consolidação não conseguimos visualizar os vasos. Mas cuidado, na consolidação podemos ver broncogramas aéreos que não correspondem aos vasos e sim à vias aéreas de condução!! Blz??!! Consolidação Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 34 Segue um esquema bastante didático da galera da @radiologicamed: Aprofundando>>>> Opacidade em vidro fosco Na TC, corresponde ao aumento da densidade do parênquima pulmonarem que permanecem visíveis os contornos dos vasos e brônquios no interior da área acometida por um processo patológico. Este padrão de imagem está relacionado ao espessamento do interstício, preenchimento parcial de espaços aéreos, colapso parcial de alvéolos, aumento do volume sanguíneo capilar ou ainda a uma associação desses mecanismos. Deve ser distinguida de Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 35 “consolidação”, na qual os vasos não são identificáveis no interior da área de pulmão comprometido. Fonte: Amorim VB et al. Achados na TC na infecção pelo vírus influenza A (H1N1). Aumento da atenuação do parênquima pulmonar (opacificação parenquimatosa), caracterizado por áreas de consolidação (em 1) e opacidades em vidro fosco (em 2). Em 3, pulmão com atenuação normal. Veja as diferenças entre vidro fosco e consolidação em um mesmo pulmão. OBS: este paciente não tem COVID-19. Continuando>>>>> Vamos falar agora do padrão reticular. Este padrão é visto em até 48 % dos pacientes e também é mais comum em pacientes maiores de 60 anos. Vamos ver algumas imagens>>>>>>> Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 36 Fonte: Grupo Fleury Aprofundando>>>>>> padrão reticular Alteração, usualmente relacionada às doenças intersticiais, caracterizada nas radiografias por inúmeras pequenas opacidades lineares que resultam em uma aparência de rede. Na TCAR, é possível individualizar os componentes responsáveis por esse padrão na radiografia, que usualmente estão relacionados à presença de linhas intralobulares e septais ou à presença de cistos cujas paredes se apresentam como linhas na radiografia, como nas doenças císticas pulmonares, no enfisema associado a bolhas e até mesmo nos cistos de faveolamento. E por fim as linhas subpleurais. São opacidades que acompanham a delimitação da pleura visceral. Podem ocorrer em até 20% dos pacientes e correspondem a áreas de edema e de evolução da fibrose pulmonar. Mais comum em pacientes com idade maior de 60 anos. Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 37 Fonte: Grupo Fleury Fonte: Grupo Fleury Chegou a hora de falarmos sobre a pavimentação em mosaico. Este achado pode ser encontrado em até 36% dos pacientes com COVID-19. Geralmente ocorre na fase do pico da doença. Linhas subpleurais Linhas subpleurais Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 38 J Bras Pneumol. 2010;36(1):99-123. TC de tórax com reformatação coronal evidenciando o padrão de pavimentação em mosaico. OBS: esta TC não é de um paciente com COVID-19 Aprofundando>>>> Pavimentação em mosaico Superposição de opacidades em vidro fosco, linhas intralobulares e espessamento de septos interlobulares. A interface entre o pulmão normal e o acometido tende a ser bem delimitada nesse padrão de lesão pulmonar. Esse padrão foi inicialmente identificado em pacientes com proteinose alveolar pulmonar, mas também é encontrado em outras doenças pulmonares difusas nas quais os compartimentos intersticial e Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 39 alveolar estão comprometidos (por ex.: hemorragia pulmonar). O termo em inglês é “crazy paving”. Outro achado que pode ser encontrado em pacientes com COVID-19 é o sinal do Halo invertido. Consiste na opacidade focal em vidro fosco circundada por um anel de consolidação completo ou parcial. Inicialmente descrito como um sinal de pneumonia em organização, já foi, entretanto, associado a outras doenças, tais como paracoccidioidomicose. Vamos ver a imagem>>>>>> Fonte: J Bras Pneumol. 2010;36(1):99-123. Sinal do Halo invertido. Observe o Halo delimitando a área de vidro fosco (setas azuis). Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 40 Por fim o paciente também pode apresentar o velho conhecido broncograma aéreo: Tradução radiológica da identificação de brônquio(s) contendo ar, circundado(s) por parênquima pulmonar doente, onde o ar dos espaços aéreos foi substituído por um produto patológico qualquer, radiologicamente mais denso que o ar (por ex.: transudato, exsudato, sangue, produto de acúmulo ou células neoplásicas). Em geral, é a expressão utilizada quando se identifica uma imagem tubular gasosa (hipodensa), no interior de uma área de pulmão opacificado. Essa imagem tubular deve ter o tamanho e a orientação usual de um brônquio ou de vários brônquios, presumivelmente representando um segmento da árvore brônquica. Fonte: J Bras Pneumol. 2010;36(1):99-123. Imagem de uma TC de tórax onde é possível visualizar o broncograma aéreo. Broncogramas aéreos Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 41 Certo, agora você já reconhece toda a anatomia seccional tomográfica do tórax e sabe identificar os principais achados, na TC de tórax, da infecção pulmonar por SARS-CoV-2. No entanto mais que saber identificar estes achados é preciso também entender a evolução da doença. Então vamos entender a evolução cronológica dessa doença (fases) e seus respectivos achados de imagem: Fase I (0-4 dias) Vidro fosco Fase II (5-8 dias) Pavimentação em mosaico Fase III (9-13 dias) Consolidação Fase IV (>14 dias) Redução da consolidação e achados reticulares Fonte: Grupo Fleury Italo, no que essa cronologia pode me ajudar???? Simples!! Quanto mais avançada a doença, maior a probabilidade de seu paciente necessitar de suporte ventilatório... Vamos supor que ao analisar a TC de tórax de seu paciente você observe que o mesmo apresente consolidação; a consolidação significa que doença já está em um estágio avançado e isso pode Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 42 te auxiliar na tomada de decisão, muito provavelmente seu paciente precisará de VMI. È claro que a clínica do paciente e a gasometria vão nortear essa decisão , mas a TC de tórax é mais um instrumento para facilitar seu raciocínio e embasar a sua conduta!! Entendido??? Outro fato importante é que o aspecto imaginológico da TC de tórax do nosso paciente vai interferir diretamente em nossa estratégia ventilatória. Pra ilustrar o que digo vou trazer os diferentes fenótipos desta doença e sua provável estratégia ventilatória mais adequada. Veja este esquema: Tipo L Baixa elastância Baixa V/Q Baixo peso pulmonar Reversão de hipoxemia por aumento de FiO2 Baixa recrutabilidade pulmonar Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 43 Tipo H Fonte: Gattinoni et al. COVID‑19 pneumonia: different respiratory treatments for different phenotypes?. Vejam que no fenótipo L apenas opacidades tipo vidro fosco estão presentes na TC de tórax. Estas opacidades estão presentes preferencialmente em regiões subpleurais e próximas às fissuras pulmonares. Dessa forma os pacientes que apresentam este aspecto de imagem não vão se beneficiar de estratégias como PEEP alta ou recrutamento pulmonar. Já no fenótipo H, observamos na TC de tórax consolidações, pavimentação em mosaico e padrão reticular. Observe que a consolidação compromete grande parte do pulmão. Estes pacientes poderiam se beneficiar das manobrasde recrutamento Alta elastância Shunt Alto peso pulmonar Alta recrutabilidade pulmonar Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 44 pulmonar. Mas cuidado atualmente não temos certeza que essa manobra seja benéfica como sugere o autor deste artigo. Mesmo o paciente apresentando o fenótipo H é preciso levar em conta que esses pacientes apresentam distúrbios de cunho vascular e não só ventilatórios. Os pacientes podem apresentar CIVD (Coagulação intravascular disseminada) e ainda alguns estudos já apontam o sequestro de Ferro da hemoglobina como responsável pela hipoxemia refratária. O que é CIVD?? Explicando de forma bem básica e sucinta, a CIVD é um distúrbio de coagulação caracterizado por um estado de hipercoacoagulabilidade inicial, em que se formam coágulos por toda a circulação inclusive na circulação pulmonar. A consequência disso é que há um distúrbio de perfusão devido a oclusão principalmente dos pequenos vasos sanguíneos levando ao prejuízo na troca gasosa, ou seja, é uma doença de componente vascular!!! A utilização de valores altos de PEEP e manobras de recrutamento podem comprimir os vasos pulmonares, piorando ainda mais a perfusão e piorando a hipoxemia então vamos ter cuidado, pois esta doença não se comporta com uma SDRA comum!! Por isso a importância de conferir os exames que podem acusar estados de coagulação alterada como o D-dímero, fibrinogênio, plaquetas, coagulograma de uma forma geral. Se o Tomografia computadorizada de tórax para fisioterapeutas – foco no COVID 19 Instagram: @italoduartee/ Italo J B Duarte Página 45 paciente tiver D-dímero muito aumentado e queda de plaquetas (consumo) avalie bem antes de usar valores maiores de PEEP. Por fim, como é uma doença nova, estas informações podem perder validade a qualquer momento, dado o dinamismo das publicações científicas. Tudo certo??? Chegamos ao fim desta jornada, espero que tenham gostado, faça esse E-book chegar aos vários profissionais fisioterapeutas que estão na linha de frente da guerra contra o COVID-19 e que vão se beneficiar dessas informações. Faça chegar também aos estudantes, pois estes serão os profissionais de amanhã. Siga nosso trabalho no Instagram, curta as postagens e compartilhe com os amigos, isso é muito importante para que eu continue a produzir conteúdo de qualidade para vocês. @italoduartee E por fim me coloco a disposição para tirar qualquer dúvida lá no meu instagram via direct. Obrigado!!!
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