Buscar

Resenha crítica Machado e Silva (2007) versus Haig (2008)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Disciplina: Metodologia de Pesquisa
Código: 2027004 Curso(s): Mestrado em Psicologia Data: 31/01/2021
Aluna: Daniele França dos Santos Ferreira
09901079659@estudante.ufjf.br
Prof.: Francis Ricardo dos Reis Justi
Machado & Silva (2007). Toward a richer view of the scientific method: the role of conceptual
analysis. American Psychologist, 62 (7), 671-681. doi: 10.1037/0003-066X.62.7.671
Haig, B. D. (2008). How to enrich scientific method. American Psychologist, 63(6), 565–566. doi:
10.1037/0003-066X.63.6.565
Em uma tentativa de restaurar a credibilidade da pesquisa conceitual no meio científico,
Machado e Silva (2007) defendem sua importância em igualdade à experimentação e à matematização
no avanço das mais variadas disciplinas, dando ênfase ao seu uso na psicologia. Os autores
reconhecem três grupos de atividades dentre os procedimentos que compõem o método científico:
experimentação, matematização e análise conceitual. Segundo eles, os dois primeiros são histórica e
estruturalmente mais bem conhecidos e valorizados que o terceiro. Ironicamente, a psicologia tem
sido uma das disciplinas mais agressivamente empiristas, apesar de ser uma área particularmente
promissora para métodos não-empíricos.
Machado e Silva caracterizam a análise conceitual como as ações que os pesquisadores
realizam ao “avaliar a linguagem de sua ciência”, partindo do pressuposto de que os enunciados
verbais de uma teoria compõem uma rede de conceitos, que, espera-se, sejam articulados entre si de
modo coerente e não contraditório, fornecendo uma definição e explicação dos fenômenos aos quais
se propõem. Essas ações incluem – mas não estão limitadas a – avaliar a clareza ou obscuridade de
conceitos científicos, avaliar a precisão ou imprecisão de hipóteses científicas, avaliar a consistência
ou inconsistência de um conjunto de declarações e leis e examinar argumentos e cadeias de
inferências.
A vantagem desse tipo de pesquisa seria, então, aumentar a clareza conceitual de uma teoria
ao esclarecer a gramática e o significado dos conceitos, bem como expor problemas conceituais em
modelos, revelar suposições e etapas não reconhecidas em argumentos e avaliar a consistência de
explicações teóricas. É evidente que esse formato de estudo não é capaz de solucionar nenhum dos
impasses empíricos circunscritos aos fenômenos dos quais os conceitos se apropriam – não sendo
adequado para problemas de pesquisa de tal natureza –, mas pode propiciar alguns direcionamentos
para o próprio trabalho empírico, além de ampliar a reflexão acerca dos limites e das possibilidades de
investigação do assunto. A título de exemplo, a própria alegação de que uma hipótese específica é
candidata viável para testes empíricos requer um argumento teórico, como bem demonstrado em
Kukla (1989).
Haig (2008), no entanto, critica os posicionamentos de Machado e Silva (2007) e argumenta
que a análise conceitual não seria a melhor maneira de enriquecer o método científico, priorizando
outros recursos que alcançariam resultados semelhantes, como o método indutivo, o método
hipotético-dedutivo e a avaliação dos métodos científicos existentes, dentre outros. Contudo, Haig
falha em perceber que a análise conceitual não exclui outras metodologias para investigação de teorias
e conceitos, além de ser paradigmática na eliminação de confusões conceituais e apuração sistemática
dos fundamentos teóricos nas mais variadas tradições psicológicas (Araújo, 2016).
Em conclusão, apesar das críticas e da pouca visibilidade no campo acadêmico, o método
científico não se restringe às técnicas empíricas e a análise de conceitos se configura como um dos
mais relevantes recursos não-empíricos para o avanço da psicologia. Citando Kukla (1989), “quando a
teoria não desempenha um papel seletivo, nossas atividades de coleta de dados pertencem ao reino do
jornalismo e não à ciência”.
Referências bibliográficas
Araujo, S. F. (2016) A Investigação Histórica de Teorias e Conceitos Psicológicos: Breves
Considerações Metodológicas.
Haig, B. D. (2008). How to enrich scientific method. American Psychologist, 63(6), 565–566. doi:
10.1037/0003-066X.63.6.565
Kukla, A. (1989). Nonempirical issues in psychology. American Psychologist, 44(5), 785.
Machado & Silva (2007). Toward a richer view of the scientific method: the role of conceptual
analysis. American Psychologist, 62 (7), 671-681. doi: 10.1037/0003-066X.62.7.671

Outros materiais