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Disciplina: Metodologia de Pesquisa Código: 2027004 Curso(s): Mestrado em Psicologia Data: 07/02/2021 Aluna: Daniele França dos Santos Ferreira 099010796@estudante.ufjf.br Prof.: Francis Ricardo dos Reis Justi Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed. Em “Introdução à pesquisa qualitativa", Flick localiza o advento da metodologia qualitativa tangencialmente às ciências sociais e à psicologia, tomando como exemplo os métodos descritivos utilizados por Wundt. O autor demonstra que, frente à necessidade de investigar os significados subjetivos da experiência, certos pesquisadores passaram a flexibilizar os modelos pragmáticos mais tradicionais de pesquisa e buscar recursos indutivos que permitissem a análise dos dados coletados empiricamente. Neste ponto reside o mérito das abordagens qualitativas no estudo das relações sociais, isto é, na compensação de lacunas que não são preenchidas pelas pesquisas quantitativas. Tal vantagem, no entanto, não advém sem limitações quanto aos ideais de objetividade do estudo, de aplicabilidade dos resultados e quanto às dificuldades de controle das variáveis por parte dos investigadores. Para contornar esses problemas, Flick (2009) sugere quatro aspectos essenciais na condução de pesquisas qualitativas, a saber: a escolha adequada de métodos e teorias; a importância das diversas perspectivas dos participantes na pesquisa; a subjetividade e as reflexões do pesquisador como parte do processo; e as variadas abordagens e métodos na pesquisa qualitativa. O autor aponta três categorias principais: (1) abordagens aos pontos de vista subjetivos (ex.: interacionismo simbólico e fenomenologia); (2) descrição da produção de situações sociais (ex.: etnometodologia e construtivismo); e (3) análise hermenêutica das estruturas subjacentes (ex.: teorias psicanalíticas e estruturalismo genético). Já quanto às escolas de pesquisa qualitativa, Flick cita métodos como: teoria fundamentada, análise de conversação, análise de gênero, etnometodologia, análise narrativa, pesquisa biográfica, estudos culturais, entre outros. Vale ressaltar que certas pautas circunscritas à avaliação da pesquisa qualitativa carecem de consenso e algumas perguntas permanecem em aberto, como por quais meios se verifica a qualidade de um estudo ou se termos como validade e confiabilidade podem ser utilizados nessa questão. Diante disso, para uma análise mais competente do objeto de estudo, Flick apresenta duas maneiras de integrar pesquisas quantitativas e qualitativas: a metodologia mista, uma abordagem pragmática, porém com falhas metodológicas; e a triangulação, que equivale à combinação tanto de métodos qualitativos diferentes, como de metodologias quantitativas e qualitativas. Apesar de ambos os métodos não serem incompatíveis e poderem ser integrados num mesmo projeto, tal combinação oferece ainda obstáculos no que se refere ao processamento dos dados e resultados obtidos. Em suma, ao apresentar a relevância da pesquisa qualitativa na produção científica e compará-la à pesquisa quantitativa, Flick (2009) ressalta que ambos os tipos de pesquisa apresentam pontos positivos e negativos, sendo recomendável ao pesquisador que priorize seu objeto de estudo ao explorar os campos de aplicação e planos de pesquisa para selecionar qual a melhor abordagem (ou combinação de abordagens) a ser utilizada. Se o objeto de estudo inclui dados da realidade social – como valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões – métodos apenas quantitativos não serão capazes de captar as nuances desses constructos. Por outro lado, se o objeto de estudo pode ser mensurado objetivamente e não é condicionado pelo momento histórico, lugar ou organização socioeconômica, o uso de metodologias qualitativas não se mostra aplicável.
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