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Disciplina: Metodologia de Pesquisa Código: 2027004 Curso(s): Mestrado em Psicologia Data: 24/01/2021 Aluna: Daniele França dos Santos Ferreira 099010796@estudante.ufjf.br Prof.: Francis Ricardo dos Reis Justi Campbell (1957). Factors relevant to the validity of experiments in social settings. Shadish (2010). Campbell and Rubin: A Primer and Comparison of Their Approaches to Causal Inference in Field Settings. Psychological Methods, Vol. 15, No. 1, 3–17. Em todas as áreas da ciência moderna, o método experimental assegurou sua importância por ser o único recurso capaz de inferir relação causal entre variáveis, sendo essa a sua principal vantagem frente aos outros tipos de pesquisa. Sua desvantagem reside, contudo, no mesmo mérito que o distingue dos demais: para ter certeza da causalidade, o experimentador deve superar uma série de ameaças à validade de seu estudo, as quais têm sido discutidas por décadas em trabalhos como os de Campbell (1957) e Shadish (2010). Em seu artigo, Campbell qualifica a validade em dois critérios ‒ interna e externa ‒ e agrupa as principais variáveis estranhas que a comprometem nas ciências sociais: história, maturação, testagem, efeitos de instrumento, regressão estatística, vieses de seleção e mortalidade. Para o autor, ainda que o efeito simples dessas variáveis seja controlável em designs “padrão” como Pretest-Posttest Control Group Design, há variações na suscetibilidade a efeitos interativos que afetam a validade externa e limitam a capacidade de generalizar os resultados do grupo experimental pré-testado para a população geral não pré-testada. Para contornar esse problema, Campbell aponta o Solomon Four-Group Design, no qual dois grupos não pré-testados (um exposto à VI e o outro não) são acrescentados ao modelo tradicional de dois grupos. Contudo, exatamente por dois dos quatro grupos não terem medidas iniciais, o modelo de Solomon introduz dificuldades na análise posterior de dados, além de se mostrar uma versão mais embaraçada do que Campbell simplifica no Posttest-Only Control Group Design ‒ no qual os grupos não são mensurados antes da intervenção, mas supõem-se equivalentes pela atribuição de uma amostragem aleatória. Campbell defende a ampliação do uso desse modelo em determinados ambientes sociais, mas o julga menos adequado que o Pretest-Posttest Control Group Design em alguns casos, sobretudo quando a mortalidade é alta. É observável que a abordagem de Campbell cobre uma ampla gama de conceitos relacionados à causalidade, com atenção especial às falhas nas associações causais e uma preferência pelo design sobre a análise. Tendo isso em mente, Shadish (2010) propõe a complementação da ênfase no design em Campbell com a ênfase na análise em Rubin, que traz uma visão mais formal e contribui, entre outros tópicos, com análises quantitativas para obter estimativas de efeito imparciais de designs não randomizados. Apesar de potencialmente compatíveis, os projetos de Campbell e Rubin divergem em múltiplos pontos, desde terminologia a questões de bandwidth versus fidelidade, que podem ser considerados obstáculos para essa aproximação teórica. Em conclusão, a problemática referente ao método experimental esbarra na necessidade do controle absoluto dos fatores confundidores, que pode se mostrar inoperável (e prejudicar a validade interna) ou se tornar artificial e comprometer a validade externa. Há também circunstâncias em que é impossível manipular as variáveis, por razões práticas ou éticas, nas quais os experimentos devem ser repudiados, sendo um exemplo célebre o Estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee (1932-1972). Por outro lado, a testagem da imunidade pós-vacinação para Covid-19 é um exemplo atual de um problema de pesquisa que somente pode ser explorado através deste método.
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