Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo: LINDBLOM, Charles E. La formulación de la agenda política. In:____. El proceso de elaboración de políticas públicas. México: Grupo Editorial Miguel Ángel, 1991, p. 145-154. Por Raissa Januzzi Pessotti TÍTULO: LA FORMULACIÓN DE LA AGENDA POLÍTICA Neste capítulo Lindblom (1991) discute criticamente os impedimentos da chegada de temas na agenda de políticas públicas, focando em três principais pontos: a fragilidade do controle popular sobre as políticas públicas devido a inúmeros obstáculos, o exercício de um controle circular sobre a população e a apresentação de evidências de homogeneização de opinião e de mecanismos de doutrinação. Sobre a formulação da agenda política, Lindblom afirma que apesar de existirem demandas básicas comuns às preferências políticas individuais são também produto do que a própria sociedade apresenta. As demandas políticas estão sujeitas a valorações particulares de indivíduos e decisores de políticas públicas, assim como da aceitação do coletivo. Em síntese, o sistema de formulação de políticas públicas produz demandas e direcionamentos que moldam as demandas dos cidadãos. Ele também aponta a existência de um processo de controle circular na formulação de políticas públicas, expresso pela noção de que as políticas públicas oferecidas são as demandadas pela sociedade porque a sociedade demanda o que as políticas públicas podem oferecer. Neste ponto, Lindblom sublinha dois elementos circunscritos a esse ciclo: a homogeneidade de opinião e a doutrinação. O primeiro diz respeito à noção de que em democracias liberais há um debate sobre temas entre os líderes políticos que beneficiam a população, entretanto, o autor demonstra que na prática há uma homogeneidade de opinião entre os líderes a respeito de temas primários da estrutura econômica e política, o que leva a sumária exclusão de alguns temas da agenda política. Embora há quem alegue que a homogeneidade seja fruto comum da socialização, o autor pontua que a própria natureza da coesão de opinião permite o controle popular pelo referido processo circular. Quando a doutrinação, Lindblom, sustenta um argumento provocativo de que se há inúmeras maneiras de atender às demandas básicas comuns a mais ou menos todas as distintas populações e a decisão de como atendê-las, passa por particularidades históricas, culturais e tecnológicas e, ainda assim, há homogeneidade sobre as políticas públicas, existe então, uma doutrinação. Acrescenta ainda, a existência de coesão cidadã sobre temas políticos primários, evidencia a doutrinação por aprendizado, porque para decidir o cidadão passa por um processo de considerações que mescla preferências pessoais e outros elementos externos e imprecisos, resultando em uma predisposição para determinada opção. Lindblom apresenta duas principais evidências de doutrinação sociais, exemplificadas pela exclusão da agenda de dois temas primários: a luta direta contra ricos e privilegiados e a eliminação do sistema de mercado. Contradizendo interpretações que alegam existir uma tendência social de manter o status quo, Lindblom argumenta que muitas mudanças institucionais são muito bem-aceitas, sem resistência, portanto, o que ocorre na verdade é uma conformidade de opinião sobre determinados temas, do status quo e os que ficam de fora, podem ser alterados com pouca resistência. Quanto ao já mencionado debate de ideias característico das democracias, o autor alega ser desigual constituindo então, uma fonte de doutrinação, proporcionando que os ricos, privilegiados convençam a população a aceitar as desigualdades, minando a capacidade destes de ser autoconscientes de suas próprias necessidades e das políticas públicas necessárias para supri-las. Lindblom conclui que as políticas públicas são formuladas por elites com opiniões homogeneizadas, que controla a população doutrinando-a e decide sobre temas primários, enquanto a população apenas tem acesso às decisões sobre temas secundários.
Compartilhar