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Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Hemostasia ❖ Definição: é a ação ou efeito de estancar uma hemorragia; Coagulação Primária: ❖ Vascular: ➢ O endotélio é íntegro e com ação antitrombótica, eles secretam substâncias que não deixam as plaquetas se aderirem. Tem ação protetora; ➢ Fatores vasoativos liberados do endotélio: óxido nítrico, prostaciclina e fator hiperpolarizante derivado do endotélio (fatores relaxantes) e endotelina, prostanóides e angiotensina II (fatores constritores); ➢ No local que sofreu lesão muda a conformação do vaso, então agora ele vai liberar os fatores vasoconstritores, ele atrai células (plaquetas) que vão fazer o trombo plaquetário para tentar conter o sangramento; ❖ Plaquetária: ➢ Plaquetas são fragmentos de megacariócitos. São anucleadas e circulam no sangue com o formato de disco achatado quando não estão estimuladas; ➢ As plaquetas possuem vida média de 10 dias e depois são sequestradas pelo baço; ➢ Valor normal: 150.000 a 400.000 mm³; ➢ Quando estimuladas (lesão no vaso e exposição do tecido) atuam na coagulação sanguínea das formas física (quando sua estrutura celular interage fisicamente/quando ela chega no local lesionado) e química (quando há liberação de fatores de coagulação); ➢ As plaquetas contêm um sistema canalicular e vários tipos de grânulos, lisossomos (enzimas hidrolíticas), grânulos densos (contendo ADP, ATP, serotonina, histamina e cálcio) e alfa grânulos (contendo fibrinogênio, fator V e fator de von willebrand); ➢ Adesão plaquetária: se a parede vascular está lesada, o fator de von Willebrand (VWF) se torna exposto. Este fator funciona como uma ponte entre o colágeno endotelial e os receptores plaquetários de superfície (glicoproteínas - GP1b). A interação entre o fator de von Willebrand, colágeno e receptor GP1b da superfície plaquetária resultam em adesão plaquetária; 1 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ Secreção plaquetária: os grânulos alfa (mais numerosos) contêm - fatores de coagulação, VWF, fibrinogênio, trombostenina, fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF). Os grânulos densos contêm - ATP, ADP, cálcio e serotonina. Os lisossomos contêm enzimas hidrolíticas; ➢ Agregação plaquetária: plaquetas ativadas secretam tromboxano A2 (TXA2 - vasoconstritor). ❖ Cascata do Ácido Araquidônico: é uma via metabólica do organismo humano que usa o ácido araquidônico para a síntese de mediadores lipídicos de importância bioquímica, fisiológica e farmacológica, globalmente denominados de eicosanóides e entre os quais se encontram - prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos; ➢ É um composto lipídico derivado de um ácido graxo essencial, o ácido linoleico; ➢ A síntese do ácido araquidônico nas membranas celulares dependem de estímulos diversos; ➢ A cascata do ácido araquidônico depende da oxidação deste composto lipídico e é divisível em duas vias principais - dependente da ciclooxigenase (COX) e dependente da lipoxigenase (LOX); ➢ Prostaglandinas I2: fazem vasodilatação; ➢ Tromboxano A2: faz vasoconstrição e é um potente agregador plaquetário; ➢ Prostaglandinas G2 e H2: são potentes vasoconstritores; ❖ Cascata de Coagulação - Modelo Convencional: 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ Fatores da coagulação: proteínas com ação enzimática; ➢ Síntese: hepática e células endoteliais; ➢ Produto final: coágulo (polímeros de fibrina); ➢ A coagulação é uma série complexa de interações nos quais o sangue perde suas características de fluido, sendo convertido em massa semi-sólida, formando um coágulo irreversível, pela interação do tecido lesado, plaquetas e fibrina; ➢ O mecanismo bioquímico da formação do coágulo sanguíneo envolve uma sequência de interações proteína-proteína; ➢ Consiste na conversão de uma proteína solúvel do plasma, o fibrinogênio, em fibrina, por ação de uma enzima denominada trombina; ➢ É uma série de etapas de ativação sequenciais, onde o substrato para cada enzima (ou complexo enzimático) é uma pró-enzima que é ativada para atuar na próxima etapa da reação, sequência de reações denominada “cascata”; Coagulação Secundária: ❖ Via Intrínseca: ➢ Dentro do vaso; ➢ O colágeno do tecido ativou o fator XII e o transformou em uma enzima. Co-fatores como a calicreína, fator plaquetário 3 (FP-3) e CAPM, permitem que o fator XII ative o fator XI; ➢ Na presença de cálcio, o fator XI ativa o fator IX. Ele agora ativa o fator VIII, que vai ativar o fator X; ❖ Via Extrínseca: ➢ Fora do vaso; ➢ A tromboplastina tecidual ativa o fator VII, na presença do cálcio ele ativa o X; ➢ O fator X ativado tanto pelo VII quanto pelo VIII, transforma a protrombina em trombina; ➢ A trombina transformou o fibrinogênio em fibrina; ➢ Fibrina é o produto final da coagulação, primeiramente em monômeros. Depois se unem e viram polímeros de fibrinas; ➢ Trombina, uma vez formada ela tem 3 viés dela mesma: ativa o fibrinogênio para ser transformado em fibrina; ela volta na cascata de coagulação junto com o fator plaquetário 3 e ativa o VIII; ela ativa o fator V, que é um acelerador da conversão da protrombina em trombina; 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ A trombina funciona como um retroalimentador da cascata de coagulação (feedback positivo), pois uma hora não vai ter mais colágeno exposto, mas vai continuar precisando dos fatores de coagulação; ➢ Quando não queremos mais coagular, temos que agir em cima da trombina formada ou bloquear sua atividade; 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Mecanismos de Anti-Coagulação ❖ Endotélio íntegro: ➢ Ele é não permeável, não aderente e capaz de induzir relaxamento; ➢ Em pacientes diabéticos a parede do vaso fica cada vez menos íntegra, com isso tem risco maior de coagulação; ➢ O endotélio íntegro mantém o fluxo laminar do sangue, com dificuldade de fazer adesão (anti-adesividade), secreta óxido nítrico (vasodilatador) e endotelina (dificulta a agregação dessas substâncias de fator plaquetário), não expõe o colágeno - é um fator protetor; ❖ Complexo trombina-trombomodulina: ➢ Trombina já está formada, agora preciso retirar a sua atividade; ➢ No endotélio do vaso há secreção de uma glicoproteína trombomodulina e quando ela se liga à trombina bloqueia a sua ação/sítio de ativação. Além disso, a formação desse complexo também vai deflagrar a atividade da proteína C; ➢ A proteína C ativada bloqueia a ação de 2 fatores: do V e do VIII; ➢ Bloqueando esses dois fatores impede a retroalimentação da trombina; ❖ Antitrombina III: bloqueia a atividade da trombina, ela compete com seu sítio de ligação. Além disso, a ligação da antitrombina III com a trombina potencializa (60 vezes) a ação da heparina; ❖ Heparina: anticoagulante fisiológico. Ela bloqueia a ação da transformação da protrombina em trombina e consequentemente a ativação do fibrinogênio em fibrina; 5 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Fibrinólise ❖ Retirada da coagulação; ❖ Quando as plaquetas migraram para o local de lesão, quando o fator XII e VII foram ativados, o fator XII mandou informação para o ativador tecidual do plasminogênio para ele transformar o plasminogênio em plasmina (de 48h a 72h no máximo); ❖ A plasmina é quem desfaz os polímeros de fibrina juntamente com os cofatores (desfaz o coágulo); ❖ Os polímeros de fibrina são degradados como produtos de degradação da fibrina (PDF = d-dímeros); ❖ Quando o indivíduo coagula demais, ele vai ter muitos coágulos e muitos polímeros de fibrina, logo terá também muitos d-dímeros; ❖ Dímero D: é um produto de degradação da fibrina e sua dosagem tem sido utilizada na avaliação laboratorial de diversas situações que cursam com distúrbios da hemostasia como na trombose venosa, tromboembolismo pulmonar, infarto miocárdico, sepse e no momento atual nos quadros infecciosos com SARS-Covid-19 (prognóstico); ❖ Os trombolíticos (fármacos) agem desfazendo o trombo com maior rapidez do que a plasmina produzida pelo nosso corpo; ➢ Estreptoquinase: produzida por bactérias do gênero Streptococcus; ➢ Reteplase (r-PA): ativador de plasminogênio; ➢ Alteplase: ativador de plasminogênio;➢ Duteplase: ativador de plasminogênio tecidual; ➢ Tenecteplase: ativador de plasminogênio tecidual; ➢ OBS.: ISSO AQUI É SÓ CURIOSIDADE!!! 6 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Alterações da Coagulação ❖ Hemofilias: deficiência do fator VIII; ❖ Hepatopatias: pacientes cirróticos, hepatite medicamentosa, viral possuem deficiência nos fatores de coagulação (são proteínas); ❖ Depleção de vitamina K: fatores de coagulação dependentes de vitamina K - II, VII, IX e X; ❖ Trombocitopenias: diminuição das plaquetas, pode ser por doença autoimune ou por medicamentação; ❖ Deficiência de vitamina C: deficiência na formação do colágeno, consequentemente vou ter uma má ativação da cascata de coagulação e das plaquetas; Coagulograma 7
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