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Curso de Graduação Online | UNISUAM PEDAGOGIA Avaliação Educacional e da Aprendizagem UN ID AD E 3 http://www.unisuam.edu.br Funções da Avaliação Educacional e Institucional Fonte: Freepik Estamos iniciando nossa terceira unidade sobre avaliação. O termo avaliação educacional não se apresenta como uma novidade, sobretudo, nos dias atuais. Nesse sentido, o objetivo dessa unidade é analisar o tema avaliação no bojo da LDB 9394/96, a fim de promover discussões acerca das repercussões destas nas práticas pedagógicas dos professores da educação básica. Bem como a avaliação democrática pode construir uma cidadania e, por fim, como a ética influencia nessa avaliação. Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 2 3 T1 Funções da Avaliação Educacional e Institucional E, para facilitar o seu aprendizado, esta unidade está estruturada em cinco tópicos: T1. A Avaliação e a LDB T2. Sistemas de Avaliação e Políticas Estaduais e Federais T3. Enem: Um Novo Modelo de Avaliação T4. A Ética e sua História T5. Ética na Avaliação Vamos em frente! A Avaliação e a LDB Já vimos, em aulas anteriores, que existe uma estreita relação, com a tradição jesuítica, entre o sistema de notas e a avaliação escolar. Mas quando se educa baseado em valores, essa relação pode não ser assim tão próxima, isto é, as notas e médias finais não têm que obrigatoriamente estar inseridas no processo de avaliação. Essa educação em valores é uma realidade legislatória. A Lei Diretrizes e Bases da Educação (LDB), ao se referir à verificação do rendimento escolar, determina que os docentes observem os critérios de avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno. Em tais critérios devem prevalecer os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e os resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24, V). Aspectos não são notas, mas registros de acompanhamento das atividades discentes. O dOcente deve tratar a avaliaçãO cOmO cOntínua e cumulativa dO desempenhO Fo nt e : T u to rin g T re e 3 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional Com isso, podemos afirmar que LDB acabou, a rigor, com o sistema de notas e médias finais no processo de avaliação escolar, mas ela ainda existe como referência de verificação de estudos. Pois a nota verifica, não avalia, e a verificação faz parte do processo de aprendizagem. Só não se pode confundir a verificação com o julgamento do ensino, pois ninguém aprende para ser avaliado. O indivíduo aprende para ter novas atitudes e valores no cotidiano. A avaliação deve ser o meio e não o fim do processo de ensino, não deve se comprometer em ajuizar, mas reconhecer, no processo de ensino, a formação de atitudes e valores. A LDB Percebe-se que a LDB tem uma preocupação com a avaliação, e ao longo dos 92 artigos, pelo menos 26 têm referências explícitas à ideia de avaliar, seja relacionando-a a instituições, a alunos, aos docentes, ou aos processos educativos como um todo (BRASIL, 1996). Na LDB, a avaliação é contemplada, diretamente, nos itens V, VI e VII, do art. 24, a seguir transcritos: Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos (BRASIL, 1996). Fonte: Freepik avaliaçãO cOmO instrumentO geradOr de dOmíniO dOs princípiOs da ciência e da tecnOlOgia para O indivíduO exercer cOnscientemente O seu papel de cidadãO Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 4 Conforme essa legislação, o processo de avaliação não é definitivo nem rotulador, não visa a estagnar, e sim a superar as deficiências; deve ter como objetivo detectar problemas, servir como diagnóstico da realidade em função da qualidade que se deseja atingir. Pressupõe que a avaliação deve ser uma forma de permitir ao aluno demonstrar o seu conhecimento, sempre global e abrangente, entendendo as disciplinas como meios para formar pessoas que dominem os princípios da ciência e da tecnologia, que se expressem bem, que exerçam consciente e criticamente a cidadania, ultrapassando a visão de conteúdo como fim. De acordo com um estudo bibliográfico sobre a temática, juntamente com a legislação educacional em vigor percebe-se a existência de duas perguntas para uma boa compreensão sobre a avaliação: Autores como Rabelo (1998), Luckezi (1997), Hoffmann (2009) e outros entendem a avaliação como momento que antecede, acompanha e sucede o trabalho pedagógico do professor. A Lei 9.394/96 Proíbe a Reprovação em Sala de Alfabetização A alfabetização não tem caráter avaliativo, com fim de promover o aluno de um nível de ensino para outro. O artigo 29, da LDB, refere-se à Educação Infantil entendida como primeira etapa da educação básica, e tem como finalidade: o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996). Fo nt e : F re e p ik O que é avaliar? e para quê avaliar? na educaçãO infantil, a avaliaçãO far-se-á mediante acOmpanhamentO e registrO 5 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional Citamos, também, o artigo 31, da LDB, afirmando que na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo que para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996). Porque o ensino fundamental, especialmente no seu primeiro ciclo, é exatamente o período para a alfabetização em lectoescrita. Mais recentemente o artigo 32, da LDB, foi modificado pela Lei nº. 11.274, de 2006. A lei determinou que o ensino fundamental obrigatório tivesse duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, e tendo, por objetivo, a formação básica do cidadão. Devido à multiplicidade de realidades do país, a LDB é uma lei indicativa e não resolutiva das questões diárias da educação de forma ampla, sendo o detalhamento do funcionamento do sistema objeto de decretos, pareceres, resoluções e portarias. Sistemas de Avaliação e Políticas Estaduais e Federais Neste tópico, abordaremos os sistemas de avaliação da educação básica brasileira: Prova Brasil – Saed – Provinha Brasil – Enem – Enade, focalizando a concepção e metodologia, o processo de implementação e as dificuldades de utilização dos resultados para melhorar a qualidade das escolas. Abordaremos, também, as políticas voltadas para a melhoria da qualidade do ensino. Clique no link abaixo e conheça na íntegra a Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9394.htm saiba mais? T2 Fo nt e : F re e p ik Os sistemas de avaliaçãO visam às dificuldades de utilizaçãO dOs resultadOs para melhOrar a qualidade das escOlas Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 6 http://materiais.pedagogiaconcursos.com/ldb http://materiais.pedagogiaconcursos.com/ldb http://materiais.pedagogiaconcursos.com/ldb Se há uma política que avançou no Brasil, nos últimos 15 anos, foi a implantação dos sistemas de avaliação educacional. Com inúmerasiniciativas que deram forma ao sistema de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino, consolidando uma efetiva política de avaliação educacional, que engloba diferentes programas, tais como: • o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb); • o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); • o Exame Nacional de Cursos (ENC), conhecido como Provão; • o Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior (Enade), que substituiu o ENC; • o Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Enceja); • o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes); • a Prova Brasil; • o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em conjunto, estes sistemas, ao lado da Avaliação da Pós-Graduação da Capes – o mais antigo sistema de avaliação do país no setor educação –, configuram um macrossistema de avaliação da qualidade da educação brasileira. Qual o Papel dos Sistemas de Avaliação? Os sistemas de avaliação têm um importante papel como instrumento de melhoria da qualidade, para se obter uma visão geral do desempenho dos sistemas educacionais mediante uma avaliação externa em larga escala. No entanto, ainda não aprendemos a usar, de modo eficiente, os resultados das avaliações para melhorar a escola, a sala de aula, a formação de professores. Este, aliás, é um dos grandes desafios das políticas educacionais. Em pouco mais de uma década foi construído, no país, um complexo e abrangente sistema de avaliação educacional, que cobre todos os níveis da educação e produz informações que orientam as políticas educacionais em todos os níveis de ensino, que apresentam distintas características e possibilidades de usos de seus resultados para que as informações avaliativas sirvam também para o próprio processo de formulação, implementação e ajuste de políticas educacionais. Principal Desafio dos Sistemas de Avaliação O principal desafio é definir estratégias de uso dos resultados para melhorar a sala de aula e a formação dos professores, de modo a atingir padrões de qualidade compatíveis com as novas exigências da sociedade do conhecimento. 7 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional Juan Casassus (2009) argumenta que é a possibilidade da redução dos currículos às áreas e tópicos abrangidos pela avaliação padronizada, pois os professores podem acabar “ensinando para o exame”, fazendo com que “os professores ocupem o tempo a exercitar os alunos a escolher uma resposta entre as apresentadas” (CASASSUS, 2009, p. 75). O autor, que analisa a implantação dos sistemas de avaliação centralizados na América Latina, faz sérias críticas às avaliações padronizadas, denominadas por ele de provas estandardizadas de medição, e que estas possuem consequências sociais quando aumentam a desigualdade entre as escolas mais carentes daquelas mais abastadas. Os resultados das provas indicam-nos que no extremo dos “burros” e das baixas pontuações se encontram os pobres, e que os ricos se encontram no extremo dos “inteligentes” e com pontuações altas. (...) Um sistema meritocrático numa democracia formal, ou seja, uma democracia que não toma em consideração a desigualdade de condições e os contextos de pobreza, que nos diz que há uma razão de ser para os burros serem pobres: é porque são burros. Assumir isto é esquecer um ponto crucial: os efeitos negativos que a pobreza tem na aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo dos alunos (CASASSUS, 2009, p. 76). Vamos conhecer um pouco de cada sistema educacional, de acordo com Brasil (2009): Prova Brasil Foi criada em 2005. Os alunos fazem prova de Língua Portuguesa e Matemática, em que são avaliados apenas estudantes de ensino fundamental, de 4ª e 8ª séries das escolas públicas localizadas em área urbana. A avaliação é quase universal: todos os estudantes das séries avaliadas, de todas as escolas públicas urbanas do Brasil com mais de 20 alunos na série, realizam a prova. O seu resultado fornece as médias de desempenho para o Brasil, regiões e unidades da Federação, para cada um dos municípios e escolas participantes. Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) A primeira aplicação ocorreu em 1990. Os alunos fazem prova de Língua Portuguesa e Matemática, tendo estudantes de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e estudantes do 3º ano do ensino médio. São avaliados alunos da rede pública e da rede privada, de escolas localizadas nas áreas urbana e rural. A avaliação é amostral, ou seja, parte dos estudantes brasileiros das séries avaliadas participam da prova. Oferece resultados de desempenho apenas para o Brasil, regiões e unidades da Federação. Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 8 Provinha Brasil A primeira aplicação ocorreu em 2008. É uma avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças do 2º ano do ensino fundamental. Tem duas etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo. A aplicação em períodos distintos possibilita aos professores e gestores educacionais a realização de um diagnóstico mais preciso, que permite conhecer o que foi agregado na aprendizagem das crianças, em termos de habilidades de leitura dentro do período avaliado. Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) A primeira aplicação ocorreu em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes do ensino fundamental. A sua finalidade é que ele seja a única forma de ingresso em universidades públicas no Brasil, democratizando o ensino superior e dando oportunidade a todos os alunos egressos do ensino médio de utilizarem sua média, sem precisar do vestibular. Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) A primeira aplicação ocorreu em 2004, e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento. Avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em que estão matriculados. O exame é obrigatório para os alunos selecionados e condição indispensável para a emissão do histórico escolar. O sistema nacional de avaliação em larga escala pode prover informações estratégicas para aprofundar o debate sobre as políticas educacionais de um país e mostrar o que os alunos estão aprendendo, ou o que deveriam ter aprendido, em relação aos conteúdos e habilidades básicas estabelecidos no currículo. Como os currículos geralmente são muito extensos, a elaboração de provas nacionais indica quais aprendizagens a serem consideradas fundamentais e asseguradas a todos os alunos. Mas o grande desafio das políticas educacionais é dar sentido para os principais protagonistas da educação: alunos e professores. Usando, de modo eficiente, os resultados das avaliações para melhorar a escola, a sala de aula e a formação de professores. Araújo e Fernandes (2009) apresentaram estudo sobre a qualidade do ensino e a avaliação em larga escala no Brasil. Para as autoras, o conjunto de ações desencadeadas para aferir a qualidade do ensino no Brasil: (...) ressignificaram o papel da racionalidade técnica, aplicando-a de modo decisivo no âmbito da política de financiamento do ensino fundamental e estimulando sua relevância no âmbito de outros aspectos da política educacional (ARAÚJO; FERNANDES, 2009, p. 1001). 9 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional Enem: um novo modelo de avaliação O modelo adotado atualmente pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi desenvolvido para dar ênfase à aferição das estruturas mentais, não apenas na memória, fazendo com que usemos na teoria as práticas que construímos continuamente para todas as nossas atividades. Assim, o grande sucesso que mostra a utilidade do Enem é sua forma de avaliação: não medindo a capacidade do estudante em acumular informações, mas sim verificando sua capacidade de refletir, valorizando sua autonomia na hora de tomar decisões e fazer as próprias escolhas. A preparação dada pelo ensino médio para participardo Enem tem como objetivo principal não o conhecimento das matérias, mas a compreensão da totalidade de suas aplicações na vida pessoal e na profissional. A prova do Enem tornou-se interdisciplinar e contextualizada. Enquanto outros exames, como alguns vestibulares ainda fazem, valorizam mais a memória do aluno e dos conteúdos. O Enem coloca o estudante diante de situações e problemas, exigindo que ele aplique os mais diversos conceitos para sua solução. Que tal conhecer mais sobre os sistemas de avaliação da educação básica brasileira? Clique no link abaixo e leia o artigo de Maria Helena Guimarães de Castro (2009), “Sistemas de Avaliação da Educação no Brasil: avanços e novos desafios”, em que aborda a concepção e método do processo de implementação e as dificuldades de utilização dos resultados para melhorar a qualidade das escolas. http://produtos.seade.gov.br/produtos/ spp/v23n01/v23n01_01.pdf saiba mais? T3 Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 10 O Surgimento do Enem Muitos que conhecem o atual modelo e aplicação do Enem não imaginam quando e qual o motivo inicial de sua invenção. Diante disso, vejamos a história do Exame: 1998 - Início do Enem, cujo principal objetivo era avaliar o nível de aprendizado dos alunos do ensino médio das escolas do Brasil. 2004 - Foi instituído o Prouni (Programa Universidade para Todos), que tem como princípio o fornecimento de bolsas parciais e integrais em faculdades particulares a estudantes que possuam renda familiar per capita máxima de três salários mínimos. 2007 - O decreto nº 6096, proposto no dia 24 de abril de 2007, instituiu a criação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O principal objetivo do programa é ampliar o acesso e a permanência no ensino superior, aumentando o número de vagas e reduzindo a taxa de evasão. 2009 - O ano de grandes transformações; o Exame se tornou a principal forma de avaliação e seleção de alunos para entrada nas universidades públicas. 2011- foram registradas quase 6 milhões de inscrições, em contraste com as aproximadamente 4 milhões de inscrições feitas no ano anterior. 2012 - o Enem é aplicado em mais de 1600 cidades brasileiras e também é utilizado como forma de seleção pelo Sisu, o Sistema de Seleção Unificada. 2013 até hoje - Nesses últimos anos o Enem conseguiu acompanhar as mudanças ocorridas, tornando-se não apenas um instrumento de avaliação, mas mostrando que é possível criar alterações nos ensinos fundamental e médio para que o aluno chegue ao seu final com a necessária amplitude de visão, exigida para um profissional de nível superior. O Enem firma mais a função social e democrática para os brasileiros, e serve, atualmente, como certificado de conclusão do ensino médio, podendo ser utilizado pelas pessoas que, por qualquer motivo, pararam de estudar sem ter concluído esse nível escolar. A essas pessoas também é garantido o ingresso no ensino superior, em qualquer idade. O enem valOriza a capacidade de refletir e de fazer suas próprias escOlhas Fo nt e : F re e p ik 11 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11096.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6096.htm A Ética e Sua História Iniciamos essa aula com uma reflexão: o que vem a ser ética e como esta vem se constituindo ao longo da história humana? Ela representa muito mais que um código de deveres a ser cumprido, um conjunto de ideias valorativas resultantes da reflexão do ser sobre a realidade humana e as possibilidades de enfrentamento, com dignidade, dessa realidade. Quando valores éticos eleitos por uma pessoa e/ou sociedade é que se constitui a moral prática norteadora de suas ações. São mutantes: adequam-se à evolução do pensamento humano alterando- se e evoluindo. Assim, a ética estabelece os caminhos a serem seguidos na vida prática. A História da Ética no Mundo Vamos, agora, conhecer a história da ética no mundo. Para isso, leia atentamente as informações do quadro a seguir e não deixe de conhecer toda a história da ética por meio da navegação das setas rotatórias. T4 Fonte: JusBrasil a ética estabelece Os caminhOs a serem seguidOs Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 12 Na Antiguidade grega (entre os séculos VIII e VI a.C.) Não se falava na existência de uma consciência ética, pois predominava o pensamento cosmológico e acreditava-se que a ordem social era imutável, reflexo de um destino determinado pelos astros. O homem não teria liberdade para determinar seu destino. Século V a.C. Com Sócrates, surge a possibilidade de construção de um discurso que podemos chamar de ético, uma vez que se referia agora às normas do comportamento humano. Sócrates apontava o conhecimento como a maior virtude humana e a ignorância como seu maior vício; ele fala aos seus discípulos sobre moral, justiça e religião, que seriam as bases desse novo código. Platão valorizou a busca racional do bom. O conhecimento era uma virtude necessária, mas, apenas para os homens livres, para justificar sua defesa da escravidão e da estratificação social vigente na época. Aristóteles considerava como base para a sua ética que a natureza humana era sempre boa, e que a busca da felicidade seria o grande objetivo para a vida dos homens. A felicidade máxima seria a conquista do conhecimento filosófico, quando o homem conquistaria o pensamento racional deixando para trás seus estágios de vida vegetal e animal. 13 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional Os homens reconheciam que pertenciam a uma coletividade, onde o seu papel social era designado por Deus. Eles temiam serem considerados pecadores e não obterem a salvação eterna. Fé, caridade e temor a Deus eram a base da ética medieval. A Igreja Católica centralizou em si não só a autoridade, como também o papel ideológico de pensar por todos os homens. Dentre as concepções filosóficas que influenciaram fortemente o conceito de ética medieval, cabe destacar as ideias de Santo Agostinho, Santo Anselmo e São Tomás de Aquino Século XVIII A ética moderna teve como sustentáculo o pensamento Iluminista que se propunha a combater as trevas da ignorância. Seus filósofos separam-se da religião e a moral i luminista tornou-se laica, proclamando o racionalismo e ampliando o espaço do livre pensar. Immanuel Kant foi um representante desse período do pensamento humano que defendeu uma ética do dever e da atitude. Edgar Morin Sec. XX Agora vivemos o paradoxo da crise em todas as instâncias da vida humana. Os modelos prontos se esgotaram, as instituições sociais são questionadas, o desemprego, a violência e, por conseguinte o medo e a desesperança parecem ser as marcas deste tempo. São situações em que o avanço tecnológico não resolve, pois a base das soluções não está mais no conhecimento científico ou na produção tecnológica e, sim, numa mudança de ordem moral, no âmbito da consciência. Pois, na sociedade do consumo, o homem corre o risco de tornar-se, ele mesmo, o objeto a ser consumido. O pensamento ético contemporâneo tem a influência de pensadores como Karl Marx, Kierkegaard, Sartre, entre outros. Na atualidade, o desafio parece ainda maior! Precisamos construir um novo modo de pensar, que sustente uma nova ética, que reconheça o indivíduo e sua diversidade. Um dos pensadores atuais que mais tem contribuído nessa direção é o filósofo francês Edgar Morin, que defende a construção da autoética e centra seu trabalho na categoria da complexidade. O autor fundamenta sua ética política em uma ideia que restaura o sujeito responsável, que possibilitará ao educador rever suas práticas pedagógicas, sua competência nas dimensões técnica (das questões que se referem ao como ensinar) e política (que se refere ao para quê ensinar). AvaliaçãoEducacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 14 Morin (2000) lembra aos educadores: Como Platão o disse há muito tempo: para ensinar é preciso o eros. O eros não é somente o desejo de conhecer e de transmitir, ou somente o prazer de ensinar, de comunicar ou de dar: é também o amor daquilo que se diz e do que se pensa ser verdadeiro. É o amor que introduz a profissão pedagógica, a verdadeira missão do educador (MORIN, 2000, p.52). Reaprender a pensar – e a amar - é tarefa que cada educador começa consigo mesmo. Ética na Avaliação Em termos gerais, pode-se dizer que as avaliações são julgamentos que ocorrem por meio da utilização de metodologias qualitativa e quantitativa, construídas com base em critérios e indicadores precisos. Um autor que retrata a ética na educação é Cipriano Luckesi (2006), que relata que o princípio ético que pode e deve nortear a ação avaliativa do educador é a solidariedade com o educando, a compaixão. O que quer dizer desejar com o educando o seu desejo e garantir-lhe suporte cognitivo, afetivo e espiritual para que possa fazer o seu caminho de aprender e, consequentemente, de desenvolver-se na direção da autonomia pessoal, como sujeito que sente, pensa, quer e age em favor de si mesmo e da coletividade na qual vive e com a qual sobrevive e se realiza. Ser solidário com o educando no processo de avaliação significa acolhê-lo em sua situação específica, ou seja, como é e como está nesse momento, para, a seguir, se necessário, confrontá-lo e reorientá-lo amorosamente, para que possa construir-se a si mesmo como sujeito que é (ser). O que significa construir-se como sujeito que aprende (aquisição de conhecimentos), como sujeito que age (o fazer) e como sujeito que vive com outros (tolerância, convivência, respeito). Confrontar, aqui, não significa desqualificar ou antagonizar com o educando, mas tão somente, Clique no link abaixo para conhecer uma das obras mais famosas de Edgar Morin: “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/EdgarMorin.pdf Além disso, assista ao vídeo “Para uma Ética da Humanidade”, em que Morin advoga em favor de uma ética planetária para a construção de um novo mundo. Para isso, clique no link abaixo: h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=gQz9f6Uce94 Aproveite! saiba mais? T5 15 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional amorosamente, auxiliá-lo a encontrar a melhor solução para a situação que está vivendo, seja ela cognitiva, afetiva ou espiritual. Solidarizar-se com o educando não é um ato piegas, que considera que tudo vale, mas sim um ato amoroso, ao mesmo tempo dedicado e exigente, que tem como foco de atenção a busca do melhor possível. Conclusão Chegamos ao final dessa unidade, onde discorremos sobre o estudo acerca do sistema de avaliação no Brasil, e ao eminente esforço dos pesquisadores e profissionais da área da educação em explicitar o significado da avaliação. Historicamente, as avaliações não têm demonstrado estratégias satisfatórias que engendrem a garantia constitucional ao direito à educação de qualidade a todos os cidadãos. Mas podemos afirmar que algumas metas vêm sendo percorridas com aparentes avanços, em razão de sua constante evolução nos anos analisados. Com isso, o sistema de avaliação instalado no atual contexto carece de amplo debate para desvelar impasses e superar equívocos presentes no uso que se tem feito dos resultados do Saeb e do Ideb disseminados pelo Inep, ato que tende a supervalorizar o desempenho estudantil e do professorado e obscurecer e/ou desconsiderar outros determinantes de igual ou maior relevância na mensuração da qualidade do ensino. Esperemos, que de posse desses conteúdos, você possa ser apto a analisar o quanto a avaliação ainda precisa avançar, para uma sociedade mais igualitária e humana. Esperamos você na próxima unidade. Até lá! Referências ARAÚJO, Gilda C. de; FERNANDES, Caroline F. R. Qualidade do ensino e avaliações em larga escala no Brasil: os desafios do processo e do sucesso educativo na garantia do direito à educação. Revista Iberoamericana de Evaluación Educativa. v. 12, n. 2, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. Leia a entrevista à Revista Nova Escola sobre Avaliação da Aprendizagem, de Luckesi (2001). Para isso, clique no link abaixo: http://www.luckesi.com.br/textos/art_ avaliacao/art_avalaiacao_revista_nova_ escola2001.pdf Além disso, clique a seguir e conheça a base ética da avaliação da aprendizagem na escola, descrita por Luckesi: www.luckesi.com.br/textos/avaliacao_ base_etica.doc saiba mais? Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 16 BRASIL. Ministério da Educação. Planilhas para Download. Brasília: MEC/Inep, 2009. Disponível em: <http://portalideb.inep.gov.br>. Acesso em: 27 mar. 2017. CASTRO, Maria Helena Guimarães de. Sistemas de Avaliação da Educação no Brasil: avanços e novos desafios. Revista São Paulo Perspectiva. São Paulo, v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2009. Disponível em: < http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v23n01/ v23n01_01.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017. CASASSUS, Juan. Uma Nota Crítica Sobre a Avaliação Estandardizada: a perda da qualidade e a segmentação social. Sísifo: Revista de Ciências da Educação. p. 71-79, 2009. HOFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1997. ___________. Avaliação da Aprendizagem e Ética. Revista ABC Educatio. São Paulo, v. 7, n. 54, pág. 20-22, 2006. MORIN, Edgar. Complexidade e Transdisciplinariedade: a reforma da universidade e do ensino fundamental. Natal: EDFRN, 2000. RABELO, Edmar Henrique. Avaliação Novos Tempos Novas Práticas. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. 17 Unidade 03 Funções da Avaliação Educacional e Institucional http://lattes.cnpq.br/4145552661569704 http://lattes.cnpq.br/4145552661569704
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