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Mauricio Pessoa Gebran 2009 Tecnologias Educacionais © 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. G293 Gebran, Mauricio Pessoa. / Tecnologias Educacionais. / Mauricio Pessoa Gebran. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 228 p. ISBN: 978-85-387-0739-4 1. Educação – Processamento de dados. 2. Tecnologia educacio- nal. 3. Inovação educacional. 4. Sistemas de ensino. 5. Ensino auxiliado por computador. I.Título. CDD 371.39445 IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Mauricio Pessoa Gebran Mestre em Engenharia da Produção com ênfase em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Especialista em Informática pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR) e Bacharel em Ciência da Computação pela Pontifícia Universidade Católica (PUCPR). Professor de Tecnologia Educacional de cursos de Graduação e Pós-Graduação da PUCPR e Professor de Projetos Multidisciplinares da Faculdade Expoente. Sumário Tecnologia e sociedade Conceito de tecnologia ....................................................................................................................................9 História da tecnologia ...................................................................................................................................10 Conceito de Tecnologia da Informação ..................................................................................................11 Tecnologia e sociedade ................................................................................................................................12 Tecnologia na escola ......................................................................................................................................17 Tecnologia educacional Conceito .............................................................................................................................................................23 O futuro da escola na era da informação ...............................................................................................23 O papel do professor .....................................................................................................................................25 O computador como ferramenta interativa ..........................................................................................28 Softwares educacionais Conceito de software educacional ...........................................................................................................39 Classificação ......................................................................................................................................................42 Linguagem Logo .............................................................................................................................................44 Softwares de autoria .......................................................................................................................................46 Desenvolvimento de software educacional Interatividade, eis a questão .......................................................................................................................56 Metodologia de desenvolvimento de software educativo ..............................................................57 Aplicativos Aplicativos em sala de aula .........................................................................................................................74 Internet na Educação Histórico da internet ......................................................................................................................................89 Estrutura da internet ......................................................................................................................................91 Cibercultura .......................................................................................................................................................92 A influência da internet na Educação ......................................................................................................93 Ferramentas de busca ...................................................................................................................................94 Ferramentas de comunicação ....................................................................................................................96 Portais educacionais Portal ................................................................................................................................................................107 O uso dos portais educacionais no processo de ensino-aprendizagem .................................112 Ferramentas mais utilizadas neste ambiente ....................................................................................115 O futuro dos portais educacionais .........................................................................................................117 Recursos tecnológicos de massa Histórico da televisão .................................................................................................................................126 Televisão na Educação................................................................................................................................127 O futuro da televisão ..................................................................................................................................129 Histórico do rádio.........................................................................................................................................131 Rádio na Educação ......................................................................................................................................133 Recursos audiovisuais Características dos audiovisuais .............................................................................................................144 Classificação dos audiovisuais .................................................................................................................147 Inclusão digital Histórico ..........................................................................................................................................................164 Sociedade da informação .........................................................................................................................167 Inclusão digital e democratização da sociedade ..............................................................................169 Inclusão digital aos portadores de necessidades especiais..........................................................171 Jogos educacionais Conceitos relacionados ..............................................................................................................................183 Jogos e jogos didáticos ..............................................................................................................................184 Jogos digitais .................................................................................................................................................190 Jogos on-line .................................................................................................................................................191 Robótica pedagógica Apresentação da Robótica pedagógica ...............................................................................................199 Robótica pedagógica com sucata ..........................................................................................................200 Robótica pedagógica com Lego .............................................................................................................202Gabarito .................................................................................................................................................211 Referências .........................................................................................................................................219 Apresentação Caros alunos, vamos trabalhar a disciplina de Tecnologia Educacional. Apesar da minha formação técnica em Ciência da Computação, venho trabalhando diretamente com a Educação há 20 anos. Digo sempre aos meus alunos que meu cérebro é da Informática, mas meu coração é da Educação, isto porque acredito que quem trabalha na Educação tem que ter paixão pelo que faz. Nesta disciplina faremos muitos links, ou seja, relações com a tecnologia e a educa- ção, onde veremos como toda essa tecno- logia deve ser trabalhada em sala de aula. Não podemos ignorá-la, pois vivemos num mundo repleto de tecnologia. Durante esta disciplina, teremos ainda a possibilidade de trocar informações sobre a aplicação e o uso adequado da tecnologia nas escolas. Principalmente entendendo o papel do professor, do aluno e dos equipa- mentos tecnológicos presentes nos ambientes escolares. Espero poder passar toda a experiência que tenho que engloba desde o desenvolvimento de um software educativo até a aplicação do mesmo. Vejo que a tecnologia tem um papel pri- mordial na Educação do Brasil, visto que existem vários problemas em que ela tem muito a contri- buir e “pontecializar” a educação dos nossos alunos. Para finalizar, quero desejar boa sorte em nossa caminhada e que nossas aulas contribuam para seu crescimento pessoal e profissional, pois como disse com propriedade o escritor francês Molière: “Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer.” Mauricio Pessoa Gebran Tecnologia e sociedade Todos os dias o avanço tecnológico apresenta novos recursos e ferramen- tas mais completas e poderosas, a fim de que as tarefas cotidianas sejam cada vez mais ágeis e rápidas. Essas tecnologias permeiam todas as ações e ati- vidades cotidianas e alteram a cultura social, a maneira de se relacionar, de aprender e ensinar. Tecnologia é a ciência aplicada na busca de soluções para problemas e neces- sidades humanas, o homem sempre procura soluções para velhos problemas. Contudo temos que tomar cuidado, pois o ser humano não gosta de mundanças e normalmente prefere viver numa zona de conforto sem buscar inovação. Segundo McLuhan (1960 apud HEIDE; STILLBORNE, 2000. p. 21), “as novas tecnologias são sempre utilizadas para fazer um trabalho velho, isto é, até que alguma força direcionadora faça com que elas sejam utilizadas de novas maneiras.” Dessa forma percebemos que para que a tecnologia faça parte da vida das pessoas, necessita de fato, uma mudança de cultura. Tapscott (1999), em seu livro Geração Digital, comenta que se os pais pensam que seu filhos estão assimilando as novas tecnologias mais rapidamente do que os adultos, eles estão certos. Realmente as crianças têm mais facilidade com as novas tecno- logias, pois já nascem em contato com elas. Os adultos precisam adaptar-se a um processo de aprendizado diferente e bem mais difícil, já as crianças veem a tecnologia como apenas mais uma parte de seu ambiente e a assimilam juntamente com as outras coisas. Para muitas crianças, usar uma nova tecno- logia é tão natural quanto respirar. Sendo assim, o aprendizado é uma desco- berta e não uma acomodação às estruturas existentes. Conceito de tecnologia Existem vários conceitos que definem “Tecnologia”, para melhor compre- ensão do termo, vejamos num dicionário eletrônico estas definições. Tecnologias Educacionais 10 Segundo a enciclopédia livre, Wikipédia (TECNOLOGIA, 2008): Tecnologia (do grego τεχνη — “ofício” e λογια — “estudo”) é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Dependendo do contexto, a tecnologia pode ser: As ferramentas e as máquinas que ajudam a resolver problemas; As técnicas, conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas, e processos usados para resolver problemas ou ao menos facilitar a solução dos mesmos; Um método ou processo de construção e trabalho (tal como a tecnologia de manufa- tura, a tecnologia de infraestrutura ou a tecnologia espacial); A aplicação de recursos para a resolução de problemas; O termo tecnologia também pode ser usado para descrever o nível de conhecimento científico, matemático e técnico de uma determinada cultura; Na economia, a tecnologia é o estado atual de nosso conhecimento de como combinar recursos para produzir produtos desejados (e nosso conhecimento do que pode ser produzido). Litwin (1997) defini que tanto a palavra “técnica” como o termo “tecno- logia” têm a mesma raiz: o verbo grego tictein, que significa “criar, produzir, conceber, dar à luz”. Para os gregos, a técnica tinha um significado abrangente. Não era mero instrumento ou meio, mas existia num contexto social e ético no qual se in- dagava como e por que se produzia um valor de uso. Isto é, desde o processo ao produto, desde que a ideia se originava na mente do produtor em um contexto social determinado, até que o produto ficasse pronto, a técnica sus- tentava um juízo metafísico sobre como e porquê da produção. Em outro conceito prático de tecnologia, pode-se dizer que é tudo aquilo que o ser humano cria para: expandir seus conhecimentos; tornar seu trabalho mais fácil; fazer sua vida mais agradável. História da tecnologia A história da tecnologia acompanha a história da humanidade, desde quando o homem começou a usar ferramentas de caça e de proteção. A his- tória da tecnologia tem, consequentemente, embutida a cronologia do uso dos recursos naturais e segue uma progressão: das ferramentas e das fontes de energia simples às fontes de energia complexas. Tecnologia e sociedade 11 As tecnologias mais antigas convertiam recursos naturais em ferramentas simples. Os processos antigos, como a arte rupestre e a raspagem das pedras, e as ferramentas antigas, como a pedra lascada e a roda, são exemplos sim- ples da conversão de materiais brutos e “crus” em produtos úteis. Os antropó- logos descobriram muitas casas e ferramentas humanas feitas diretamente a partir dos recursos naturais. A descoberta e o uso do fogo foram um ponto-chave na evolução tecno- lógica do homem, permitindo um melhor aproveitamento dos alimentos e o aproveitamento dos recursos naturais que necessitam do calor para se trans- formarem e tornarem-se úteis. A madeira e o carvão de lenha estão entre os primeiros materiais usados como combustível. A madeira, a argila e a rocha estavam entre os materiais mais adiantados tratados pelo fogo, para confec- ção de armas, cerâmica, tijolos e cimento. As melhorias continuaram com a fornalha, que permitiu a habilidade de derreter e forjar o metal, tal como o cobre (8000 a.C.), e a descoberta das ligas, tais como o bronze (4000 a.C.) e os primeiros usos do ferro e do aço (1400 a.C.). As ferramentas incluem desde máquinas simples como a alavanca (300 a.C.), o parafuso (400 a.C.) e a polia, até a maquinaria complexa como o com- putador, os dispositivos de telecomunicações e os motores elétricos e a jato, entre muitos outros. A complexidade das máquinas e ferramentas é direta- mente proporcional à expansão do conhecimento científico. A maior parte das novidades tecnológicas costuma ser inicialmente em- pregada na engenharia, na medicina, na informática e no ramo militar. O pú- blico doméstico acaba sendo o último a se beneficiar da alta tecnologia, já que ferramentas complexas requerem uma manufatura complexa, aumen- tando drasticamente o preço final do produto. Atualmente, os denominados sistemas digitais têm ganhado cada vez mais espaço entre as inovações tecnológicas e grande parte dos instrumen- tos tecnológicos de hoje envolvemsistemas digitais, principalmente no caso dos computadores. Conceito de Tecnologia da Informação A Tecnologia da Informação (TI) é definida para designar o conjunto de recursos dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação, bem como o modo que esses recursos estão organizados, num Tecnologias Educacionais 12 sistema capaz de executar um conjunto de tarefas. A TI não se restringe à informática, isto é, aos equipamentos, computadores, nem aos programas e à comunicação de dados. Existem também tecnologias relativas ao planeja- mento de informática, à metodologia de desenvolvimento de programas e sistemas, ao suporte de softwares, aos processos de produção e operação, ao suporte de hardware etc. A Tecnologia da Informação está presente em toda nossa vida, abrangen- do as atividades desenvolvidas na sociedade pelos recursos da Informática. Existem informações restritas de domínio privado e existem informações de domínio público. A forma como essas informações são aplicadas, processa- das, transmitidas e armazenadas são estudos que fazem parte da TI. Claro que o processamento da informação é a atividade mais importante em todas as áreas, na economia, na indústria, nas finanças, na produção de bens e nos meios de comunicação (rádio, televisão etc.). O grande desenvolvimento das novas tecnologias modificou as bibliotecas e os centros de documenta- ções, alterando a forma de organizar e principalmente buscar as informações, isto reduziu os custos e acelerou a produção dos meios mais comuns de acesso à informação que são os jornais e os programas de televisão. Além disso, o desenvolvimento da tecnologia facilitou a comunicação entre instituições e pessoas, por meio de aplicativos que largamente são utilizados como o processador de textos, as planilhas eletrônicas, os gerenciadores de bancos de dados e os programas de comunicação que permitem o envio de mensagens, documentos, imagens e até mesmo a consulta de informações de outros compu- tadores via acesso remoto e de redes mundiais, como é o caso da internet. Con- tudo essa revolução trouxe também vários problemas relativos principalmente à privacidade das pessoas e ao seu direito à informação. Tecnologia e sociedade Toda essa revolução tecnológica é baseada na Tecnologia da Informação. Toda a Robótica é, na prática, um conjunto de equipamentos, ferramentas convenciais que são operados por um computador. O computador é uma máquina programada pelo homem e o seu uso é geral, se estende não so- mente nos escritórios e indústrias, mas em toda a vida cotidiana. Antigamente, quando uma nova tecnologia era introduzida na sociedade, ela se restringia a determinados setores da economia e isto permitia que a Tecnologia e sociedade 13 mão-de-obra que não era mais aproveitada fosse realocada para outros se- tores produtivos. Atualmente, se distribui de forma direta para toda a cadeia produtiva, em toda economia global. As revoluções industrias dos séculos anteriores eram todas baseadas nas fontes de energia: começou pelo vapor, passou pela eletricidade e depois pelos motores de combustão. A nova revolução da tecnologia não se restringiu à indústria, nem mesmo se baseava em uma nova fonte de energia, mas em uma máquina que pode ser comandada pelo homem, isto é, ser totalmente programada. Antigamente existiam várias máquinas com funções específicas, por exemplo, a calculadora, a máquina de escrever, a máquina de contabilida- de etc. Agora a máquina revolucionária, o computador, é um equipamento multiuso, isto é, uma máquina que pode ser programada para várias tarefas, exercer diversas funções e pode executá-las simultaneamente, tornando os processos produtivos integrados e organizados num único equipamento. Essa é a grande diferença, o aumento da capacidade de processar infor- mações e, principalmente, reduzir os custos. Enquantos os avanços do pas- sado eram para melhorar a força e a velocidade, o computador acrescentou a inteligência, otimizando os processos e armazenando de forma organizada as informações. Nas revoluções industriais do passado, cada invenção era designada para resolver uma determinada atividade. Às vezes uma máquina resolvia um de- terminado processo de produção, contudo poderia não funcionar para outro tipo de processo. Agora a tecnologia é integrada no computador, o que faz a diferença é que depende do tipo de informação que esta máquina execu- ta. Um computador por exercer função de armazenamento de informações apenas, outro de gerenciamento e decisão e outro de robô para executar uma determinada operação. Dessa forma, podemos atender a diversas áreas como a medicina, agricul- tura, comércio, indústria, bancos, escolas, atividades de recreação etc. Vive- mos numa era de informação e conhecimento, cabendo ao homem não mais o trabalho físico apenas, mas o trabalho intelectual, isto é, um ser criativo e de novas ideias. Nesse novo contexto, a sociedade deixa de ser a sociedade da informa- ção e torna-se a sociedade do conhecimento. Com o volume de informação Tecnologias Educacionais 14 crescendo de forma vertiginosa, o homem precisa saber como gerenciar esta gama de informações e saber como extraí-la para tomada de decisão. Desenvolver competências e habilidades na manipulação da informação (tratamento, pesquisa e armazenamento) transforma-se em diferencial com- petitivo dos empregados nas corporações. Já não basta ter um grande volume de informações sem saber como elas são organizadas, armazenadas e, principalmente, como elas são disponibili- zadas para que os empregados possam extraí-las e usar como instrumento de decisão, transformando a informação em conhecimento, de forma prática e de fácil acesso. Também é importante que exista um ambiente de trabalho adequado, integrado, onde os processos fluam de forma transparente e que as equipes de trabalho possam compartilhar essas informações. Ao conceber as novas tecnologias como ferramenta para a construção de conhecimento, reconhecemos que somos influenciados pela utilização das mesmas em todos os processos de produção, e que essas tecnologias também sofrem uma atualização constante, trazendo mecanismos cada vez mais eficientes nas questões tempo e custo. Aprender a trabalhar com mo- dernas tecnologias, implica aprender em um ambiente de mudanças cons- tantes, onde surgem diversas possibilidades. As tecnologias da comunicação, além de veículos de informação, possibi- litam novas formas de ordenação da experiência humana, com múltiplos re- flexos, particularmente no meio educacional, gerando com isso novas formas de produzir e transmitir o conhecimento. A aprendizagem colaborativa vem ocupando espaço no panorama educacional, utilizando ferramentas que aproximam as pessoas e, consequentemente, diminuem distâncias e esfor- ços, oportunizando a troca de experiências. A mesma tecnologia que está diminuindo distâncias entre os seres, está le- vando os mesmos a uma contextualização do futuro acontecendo hoje, surgindo um novo paradigma educacional, que determina a escola como ambiente criado para uma aprendizagem rica em recursos, possibilitando ao aluno a construção do conhecimento a partir de uma individualização estilística de aprendizagem. Dentro dessa nova realidade muda a figura do professor, que já não se limita a um mero transmissor do conhecimento, mas a um guia, um media- dor, como coparceiro do aluno, buscando e interpretando de forma crítica as informações. Esse professor passa a contar com o desenvolvimento tecno- Tecnologia e sociedade 15 lógico de informações, levando-o a um novo centro de referência educacio- nal, transformando o saber ensinar em saber aprender, preparando esta nova geração para uma nova forma de pensar e trabalhar e levando-o a aprender mais rapidamente. A Informática está entrando na Educação pela necessidade de transpor as fronteiras do educar convencional, pois tudo se modernizou. Frente a essa nova forma pedagógica de Educação, foioportunizado às escolas uma renova- ção de trabalhar os conteúdos programáticos, propiciando ao educando, efi- ciência na construção do conhecimento, convertendo a aula num espaço real de interação, de troca de resultados e adaptando os dados à sua realidade. Os avanços da Tecnologia da Informação têm contribuído para projetar a civilização em direção a uma sociedade do conhecimento. A análise da evo- lução da Tecnologia da Informação, de acordo Silva e Neves (2003), é que a TI sempre se concentrou em dados, coleta, armazenamento, transmissão, apre- sentação e focalizando apenas o T da TI. As novas revoluções focalizam no I, questionando o significado e a finali- dade da informação, o que está conduzindo rapidamente à redefinição das tarefas a serem executadas com o auxílio da informação e, com ela, à redefi- nição das instituições que as executam. Atualmente mudou-se o foco da Tecnologia da Informação, tem-se uma palavra a mais que é comunicação, e se tornou Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Entretanto temos que estar cientes de que não depen- de do aparato tecnológico apenas, mas de uma grande mudança de cultura, depende da interação e colaboração das pessoas, porque o conhecimento, nada mais é do que a manipulação, a troca de informações e, por fim, a cons- trução do conhecimento. É de fato uma mudança de paradigma. À medida que as redes de informação, via sistemas de comunicação, tornam cada vez menos necessário que os alunos armazenem informações em suas mentes e encurtem as distâncias, gerando uma democratização do acesso a Educação, buscando na máxima “para aprender é preciso agir inte- lectualmente sobre a informação”, dá ao educador uma nova concepção na construção de seu conhecimento. É importante lembrar que a tecnologia computadorizada não se resume em mouse, teclados, CPUs e softwares, mas em saber empregá-los numa rea- lidade pedagógica existencial. Tecnologias Educacionais 16 O educando é antes de tudo o fim, para quem se aplica o desenvolvimento das práticas educativas. Através da interatividade com o ambiente de apren- dizado, o educando terá condições de construir seu conhecimento. Ele é o participante ativo nesse processo de aprendizagem, interagindo e tendo um senso de posse dos objetivos do aprendizado. Cada vez mais a linguagem cultural inclui o uso de diversos recursos tec- nológicos para produzir processos comunicativos, utilizando diferentes có- digos de significação. Cada vez mais estão surgindo ambientes diversos que são chamados de ambientes de aprendizagem colaborativas e que são uma forma de educação a distância. A internet proporciona oportunidades de acesso à informação sediada em computadores em qualquer ponto do globo, mas oferece também a opor- tunidades de comunicação com pessoas espalhadas por todo o mundo, en- viando mensagens, documentos, imagens etc. E proporciona, ainda, oportu- nidades de publicação, permitindo exprimir a nossa criatividade num espaço próprio que pode se tornar acessível a todos os interessados. Desse modo, a internet conduz-nos a viver de forma diferente o espaço, o tempo, as relações sociais, a representação das identidades, os conhecimen- tos, o poder, as fronteiras, a legitimidade, a cidadania e a pesquisa, permitindo um novo modo de inserção na realidade social, política, econômica e cultural. Comunidade virtual pode ser definida como uma comunidade de pesso- as compartilhando interesses comuns, ideias e relacionamentos, através da internet ou outras redes colaborativas. É um espaço digital onde um grupo de pessoas troca informações sobre um tema ou área específica, discutindo, interagindo e construindo conhecimento de forma cooperativa. O possível inventor do termo, e um de seus primeiros proponentes, foi Rheingold (1996) que definiu comunidade virtual como um agregado social que surge na inter- net, quando um conjunto de pessoas leva adiante discussões públicas longas o suficiente, e com suficiente emoção, para estabelecerem redes de relacio- namentos no ciberespaço. Para Castells (1999, p. 36), as comunidades virtuais “se entendem como uma rede eletrônica de comunicação interativa autodefinida, organizada em torno de um interesse ou finalidade compartilhadas, embora algumas vezes a própria comunicação se transforme no objetivo” Tecnologia e sociedade 17 Tecnologia na escola O ritmo acelerado das inovações tecnológicas exige uma educação capaz de estimular nos alunos o interesse pela aprendizagem, e que esse interes- se diante de novos conhecimentos e técnicas seja mantido ao longo de sua vida profissional, que certamente estará cada vez mais sujeita ao impacto de novas tecnologias. O papel da tecnologia na Educação talvez não seja tão óbvio. Na socieda- de da informação, ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e comunicacional. A grande dificuldade é selecio- nar, em meio a tantas informações, quais são realmente significativas e, a partir daí, conseguir integrá-las dentro da mente e da vida das pessoas, isto é, fazer parte de sua cultura. Uma vez que a realidade em que vivemos não mais permite a existência de “ilhas” de pessoas, precisamos estabelecer laços constantes com os alunos e o novo. Vale ressaltar que a Educação apoiada em tecnologias não pode limitar-se à colocação de computadores nas escolas e, muito menos, ao uso indiscriminado de recursos ditos educativos. O caminho a trilhar não é fácil e nem tampouco realizado em curto prazo. A assimilação dessa tecnologia só faz sentido se ela vier e alterar significati- vamente a realidade educacional vigente. Dependendo do modo como for utilizado, o computador poderá simplesmente validar a Educação hoje ques- tionada, ou poderá orientar significativamente para uma Educação inovado- ra e principalmente transformadora. Texto complementar Novas tecnologias para uma nova Educação (CALDAS, 2008) É preciso criar pessoas que se atrevam a sair das trilhas aprendidas, com coragem de explorar novos caminhos. Pois a ciência construiu-se pela ousadia dos que sonham e o conhecimento é a aventura pelo desconhecido em busca da terra sonhada. Rubem Alves Tecnologias Educacionais 18 No século XVIII, com a revolução industrial, um pequeno grupo de homens dominava o conhecimento, mas estes já pensavam nas escolas como meio de construção desse conhecimento para todos a partir da aprendizagem individualizada, devido as diferenças de absorção do ensinamento. Voltados para este pensamento, no início deste século, o indivíduo como aluno é visto no centro do processo de ensino onde as experiências na aprendizagem são relacionadas aos seus próprios interesses. Nos dias atuais, o crescimento dos conhecimentos científicos e técni- cos tem se tornado cada vez mais ágeis não pertencendo mais apenas a pequenos grupos, pois a construção e desenvolvimento dos mesmos é realizada através da troca e da interação entre os indivíduos. Ressaltamos que inclusive o meio empresarial está preocupado com a qua- lificação educacional dos seus funcionários, devido a mudanças em contex- tos sociais e econômicos, o conhecimento tem se mostrado uma importan- te alavanca econômica e de rápida expansão, assim, para sobrevivência no mercado, as empresas necessitam acompanhar as mudanças, investindo nos recursos humanos do desenvolvimento e capacitação de seu pessoal, utili- zando-se para tal, a Educação através dos novos mecanismos tecnológicos. Diante da entrada dos novos meios de tecnologia em nosso cotidiano, a Educação não poderia caminhar longe desse contexto, pois se aprovei- tando desses mecanismos, ela abrange cada vez mais pessoas, em dife- rentes locais e com perspectivas variadas daquilo que receberão, influen- ciando muitas vezes, na facilidade e prazer do indivíduo em aprender. O conceito de ensino vem através do auxílio das tecnologias, passa por uma transformação constante, complementando e aperfeiçoando a pre- sença aluno X professor na sala de aula. Coma chegada em nosso meio das redes de computadores e da mídia, os estudantes participam e entram em contato com os melhores pesquisado- res das diversas áreas do conhecimento a que se tiver interesse específico. Dessa maneira, o professor não mais será apenas um propagador do co- nhecimento, como ocorria anteriormente, mas um incentivador da apren- dizagem, gerenciando-a e propiciando uma troca no campo do saber. O processo educacional e de aprendizagem é de extremo movimen- to, assim, o educador, como outros profissionais de outras áreas, deve Tecnologia e sociedade 19 conhecer e saber (ter instrumentos) para colocar em prática aquilo que está apenas no teórico, podendo ocorrer um avanço da área educacio- nal. A Educação tem que interagir com o meio e o meio propõe novas tecnologias no ensino. A sociedade tem utilizado as novas tecnologias em larga escala, em todos os níveis, causando mudanças profundas na comunidade. Essas mudanças têm, por um lado, proporcionado facilidades e progressos, principalmente no que tange às novas tecnologias de informação. Com a utilização das novas tecnologias, tornou-se possível a troca de informações através da participação em listas de discussão, do correio eletrônico ou em chats, que permitem a conversa pelo computador. Podemos observar o desenvolvimento de programas no ensino a dis- tância, on-line, onde através dos computadores, ocorre uma comunica- ção do professor com o aluno, as classes virtuais formam cada vez mais alunos no ensino não-presencial. A informação tem dominado o mundo e seus processos tornam-se cada vez mais ágeis. Alguns processos que a escola utiliza, muitas vezes tor- nam-se ultrapassados. Dessa maneira, ao invés do ensino da memoriza- ção da informação, os estudantes devem ser ensinados a busca e ao uso devido da informação. A capacidade de produzir sons, imagens, textos e animações pelo computador, também contribuem na qualidade do ensino, redefinin- do o papel da educação. As facilidades de acesso às redes e os avanços nas telecomunicações mudam os conceitos de presença e distância, no ensino, desenvolvendo raciocínios, criatividade e aguçando a inteligência e coordenação. As imagens animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informa- ções de grande valor (MORAN, 1998). Aprender é reorganizar as estruturas do conhecimento, interagindo os estilos de pensamento e o saber realizar, que ocorre em um processo de diálogo das pessoas para com os outros, consigo mesmas e com o univer- so em que se encontram inseridas, fazendo parte de um contexto. Tecnologias Educacionais 20 A internet possui dimensões gigantescas e com grandes potenciali- dades e variedades, ocorrendo muitas vezes uma falta de estrutura, de orientação e de instrução para seus usuários, assim, seu uso e desenvol- vimento na Educação promove a interação do professor, computador e aluno, sendo possível verificar e organizar melhor esse sistema, esclare- cendo dúvidas e direcionando o aluno a pensar e a aprender a aprender. Não podemos continuar produzindo uma Educação onde as pessoas sejam incapazes de pensar e de construir seu conhecimento. Na nova escola, o conhecimento é produto de uma constante construção, das interações e de enriquecimentos mútuos de alunos e professores (MORAES, 1997). Atividades 1. Na sua visão, o que é tecnologia? Tecnologia e sociedade 21 2. Analise os impactos da tecnologia na sociedade, será que a sociedade sabe se apropriar da tecnologia de forma correta? 3. Como você avalia a apropriação da tecnologia pela Educação? Ela deve ou não utilizá-la? Dica de estudo O livro Admirável Mundo Novo, do autor Aldous Huxley, aborda o contro- le do mundo pela tecnologia. A questão ética proposta neste livro é até que ponto o homem pode controlar o próprio homem? Tecnologia educacional Conceito Pode-se encontrar a definição de tecnologia educacional de vários autores diferentes. Segundo Newby et al. (1996), tecnologia educacional é um meio pelo qual se conecta o professor, a experiência pedagógica e o estudante para aprimorar o ensino. Neste caso fica claro que o papel da tecnologia é meio e não fim, pois a tecnologia aprimora o processo de ensino-aprendizagem, con- tudo demonstra que é importante o papel do professor nesse processo. Por isso o professor nunca perderá seu espaço em sala de aula, se este profissional acha que vai ser substituído pela máquina, ele é que deve ser substituído. Essa frase pode ser um tanto chocante, mas se um professor se considera tão inferior a uma máquina, ele não é um profissional preparado para trabalhar nesse novo processo de Educação moderna. Outro autor, Chaves (1999), descreve em seu artigo “Tecnologia na Educa- ção, Ensino a Distância e Aprendizagem Mediada pela Tecnologia: Conceituação Básica” que sempre deu importância mais a tecnologia do que a Educação, pois primeiro deu-se o nome de “Informática na Educação”, onde em primeiro plano destacava a informática, isto é, a introdução da tecnologia na escola se resu- mia em implantar computadores e ensinar o uso da informática. Depois veio o termo “Tecnologia na Educação”, este já tem um conceito mais amplo, onde se descreve a tecnologia não apenas como o computador, mas outros meios como: televisão, rádio e outros audiovisuais, mas da mesma forma dando mais importância à Tecnologia do que à Educação. Então, um título que Chaves acre- dita que é mais pertinente é “Educação Mediada pela Tecnologia”, neste caso a tecnologia está em segundo plano, onde o mais importante é a Educação. O futuro da escola na era da informação A escola é um espaço especial para o crescimento e a construção do co- nhecimento. O papel da escola é de instrumentalizar os alunos e os profes- Tecnologias Educacionais 24 sores para serem criativos e pensarem nas soluções de problemas antigos e novos da sociedade que vive em constante transformação. No uso do computador como ferramenta educacional, ocorreram várias fases, e o que sempre preocupou foi o fato de que muitas escolas entravam na “onda” do mercado, mas não estavam preparadas e capacitadas para utili- zar de forma adequada a tecnologia proposta. Há necessidade de modificar a escola de forma totalmente nova, pensar de maneira diferente em como ela deve lidar socialmente com essas novas tecnologias, devido às frequentes mudanças. As escolas devem mudar o pro- cesso de ensino-aprendizagem a fim de atender as necessidades dos alunos. Para reforçar essa ideia, Tapscott (1999) comenta o fato de que esta nova geração, N-Gen, isto é, geração Net, já utiliza essa tecnologia como parte de sua cultura. As famílias em casa estão se conectando à internet da mesma maneira que as gerações anteriores se “ligaram” na televisão. Membros da fa- mília passam a se respeitar pelo que sua autoridade representa. Isso cria mais uma dinâmica de coleguismo nas famílias e, se bem administrada pelos pais, pode criar uma unidade mais franca, consensual e eficaz. Nas antigas famílias, a comunicação era muito difícil entre gerações. Hoje o papel se inverteu, os filhos estão ensinando seus pais a utilizarem as novas tecnologias. Essa nova escola deve trabalhar com uma multiplicidade de visões de mundo. Ela tem que exercitar a imaginação e não preferir a razão. Devemos formar um ser humano criativo, que produza novas ideias, e não um ser humano passivo, mecanizado, que só absorva a informação sem gerar conhe- cimento. Mas, as escolas não devem ser influenciadas, principalmente pelos sistemas de comunicação, a ponto de adquirir esses artefatos apenas para serem consideradas escolas modernas. Os recursos hoje disponíveis não podem servir apenas para animar uma educação cansada, mas também para dar um sentido a mais no processo de ensino-aprendizagem. De nada adianta uma escola estar servida de, por exemplo, um parque computacional,se os professores não estiverem capa- citados para transformar esses artefatos em instrumentos educacionais. Se a escola estiver envolvida em um processo de atualização da metodologia de ensino, esses recursos poderão potencializar a educação. O uso de computador na escola tem como principal objetivo ajudar a de- senvolver o processo de construção de competências e habilidades, para que o aluno participe efetivamente da sociedade do conhecimento. Tecnologia educacional 25 A presença do computador deve ter efeitos mais fundamentais no desen- volvimento intelectual do que aqueles efeitos produzidos por outras tecno- logias, como a televisão, o retroprojetor e a imprensa. Analisando este fato, a escola tem recebido e administrado diretamente o avanço da tecnologia. Sabemos que não tem outra saída e que o papel da escola é formar esses alunos para esse novo mundo, por isso torna-se impor- tante saber como a escola deve escolher os novos rumos do desenvolvimen- to do pensamento desse aluno. Hoje existem escolas que são calçadas nos velhos paradigmas da civiliza- ção, uma escola fundamentada apenas no discurso oral e na escrita, centrada em procedimentos dedutivos e lineares. Essas escolas não podem desconhe- cer esses avanços e muitos menos ignorá-los. O mundo está assustado, diante da velocidade da evolução tecnológica, mas é muito presente o analfabetis- mo neste mundo icônico. O analfabeto do futuro será aquele que não souber ler as imagens geradas pelos meios eletrônicos de comunicação. A superação do analfabetismo das imagens, da comunicação e da informação não se dará exclusivamente por intermédio da escola, mas seu papel pode ser significativo se forem desenvolvidas políticas educacionais que a valorizem, transformando-a no espaço para a formação do novo ser humano. (PRETTO, 2001, p. 99) A grande preocupação diz respeito ao fato de que não estão sendo for- mados profissionais para o mundo que se está construindo, em virtude das mudanças que estão ocorrendo de forma muito veloz e em grandes dimen- sões. A influência do conjunto de artefatos que fazem parte do cotidiano, principalmente dessa nova geração, cria uma força que pressiona a escola a refletir o seu verdadeiro papel. Se em suas casas esses indivíduos manipulam, interagem e até ensinam o uso desses recursos aos seus pais, então o papel principal da escola é reavaliar o seu processo educacional para adaptar-se ao moldes dessa nova cultura dos alunos. O papel do professor Infelizmente, alguns professores utilizam as ferramentas computacionais apenas porque estão sendo pressionados por uma sociedade e se sentem amea- çados. Contudo, sabemos que muitos deles não mudam a forma de ensinar, con- tinuam trabalhando de forma tradicional, apenas com um discurso moderno. O professor está lidando com uma geração mais crítica e participativa, tendo que buscar aproximar a sua realidade à dos alunos. Seu papel passa Tecnologias Educacionais 26 a ser o de orientador e facilitador, filtrando essa avalanche de informações desconexas, para que o aluno aprenda a construir conhecimento por meio de pesquisa, e realizando projetos que despertem uma aproximação com a realidade, contextualizando. Um dos pontos a ser levado em consideração é a diversidade de opções, de informações que cercam nossos alunos, bem como a nós mesmos. Para tal, o computador deve ser utilizado como ferramenta auxiliar cuja postura passará a mediador do processo de apreensão, produção e difusão do conhecimento. O professor deve ter consciência que ele interage e opera com informações junta- mente com o aluno, contribuindo na elaboração do conceito mais avançado. A utilização dos mais diversos tipos de softwares, em escala crescente de complexidade e interatividade, oportuniza ao educando e ao professor cres- cerem conjuntamente. Ambas as partes tem de se adaptar a essa nova moda- lidade, devendo as mesmas ser cúmplices nos processos criativos, na busca de informações. Com seus anseios, com suas buscas, auxiliado pelo professor facilitador, ele pode construir saberes que lhe sejam significados e, principalmente, com- partilhar destes com seus semelhantes. O uso do computador na Educação tem provocado diversas dúvidas e re- flexões uma vez que essa máquina deve ser utilizada como catalisador de uma mudança da cultura educacional. Um novo paradigma que dê priori- dade para aprendizagem, ao invés do ensino. Nesse caso sempre deixando o aluno com o centro do processo. O professor deve refletir seu papel, isto é, entender que a aprendizagem não é um processo de transferência de conhe- cimento e sim a construção desse conhecimento. O aluno deve estar engaja- do intelectualmente nesse processo. Silva (2003) discorreu que a presença da informática no cotidiano das pes- soas passou a ser uma coisa corriqueira, numa diversidade de uso geral, que, em sua maioria, passam despercebidos. Na Educação o seu uso tem sido alvo de muitos questionamentos, de ataques e defesas apaixonadas. As opiniões são as mais variadas, há os que defendem o uso da informática com garra e há também os que são intensamente contra o seu uso. Lucena e Fuks (2000) discorreram que a introdução de computadores na Educação não se trata, todavia, de um projeto fácil e exige reflexões profun- das sobre a Educação para além do mero uso dessa tecnologia. Tecnologia educacional 27 Devendo-se ressaltar que todo projeto na área de usos de tecnologias, e, mais especificamente, no uso de computadores, deve vir consubstanciada primeiramente por um projeto político educacional tendo por base questões epistemológicas e filosóficas propostas por Apple (1982) como “que tipo de sociedade queremos” e “que tipo de indivíduo queremos formar”. Para que se possa definir as finalidades educacionais, outro aspecto que julga fundamental é o de estabelecer diretrizes metodológicas do uso do computador, enquanto prática alternativa dentro do currículo. Crumlish (1995) mencionou que a presença do computador na Educação é marcante. Acreditando na irreversibilidade deste fato, há que se pensar o computador com o cuidado de não dar-lhe o significado de redentor do siste- ma escolar, como instrumento da modernidade ou até da pós-modernidade que irá redimir a escola e, por si só, causar as transformações tão desejadas, tão sonhadas por educadores e cientistas da Educação. As novas tecnologias representam um progresso importante por permiti- rem combinar textos, passar de um texto a outro e construí-los com grande facilidade. Necessitamos utilizar as novas tecnologias ativamente. O principal objetivo da Educação é desenvolver a criatividade e o espírito crítico e formar o cidadão participativo. Sem dúvida, a informática faz parte do nosso dia-a-dia. O computador é um dos grandes responsáveis por todas as transformações que vêm ocor- rendo na vida das pessoas, simplificando tarefas, abrindo novas perspectivas, tornando possível o acesso simples e fácil, por meio da internet, a um mundo de informações. Hoje em dia, dominar os códigos da rede eletrônica é tão importante como tem sido, até agora, saber ler e escrever. A proliferação das novas tec- nologias e a enorme quantidade de informações que a internet oferece às pessoas coloca em xeque a necessidade de repensar alguns papéis da Educa- ção. Como diz o pedagogo Seymour Papert (1994), “se a escola não fizer uma revolução, as crianças vão fazê-la”. Os educadores devem ampliar o seu papel e as suas responsabilidades. Hoje, a Educação tem que ser trabalhada por inteiro e permitir que a escola acompanhe a sociedade da qual faz parte. Mas de que forma isso pode acontecer? A Educação do século XXI deve se caracterizar pelos avanços teóricos e metodológicos das novas tecnolo- Tecnologias Educacionais 28 gias e uma nova forma de conceituar a inteligência. O professor não pode mais ficar restrito à sala, a escola deve fazer uso das novas tecnologias, deve transformá-las em tecnologias do conhecimento. Para tanto,o professor deve estar atento à sua própria formação, explorando esse universo tecnológico, a fim de redimensionar sua prática pedagógica. A humanidade nunca lidou com uma quantidade tão grande de informa- ções como as que circulam neste milênio: livros, rádio, televisão, jornais, revis- tas, internet, outdoors. Quem vive hoje num centro urbano – e, cada vez mais, também no meio rural – está mergulhado num emaranhado de informações. As transformações ocorrem de forma extremamente veloz, assim como os modos de produção de bens e serviços. Médicos, jornalistas, professores, praticamente todos os profissionais da sociedade contemporânea, têm de se atualizar constantemente, se quiserem permanecer no mercado de trabalho. O mundo está mais complexo, mais rápido. Essa é a chamada “Sociedade do Conhecimento”, ou seja, informação por todos os lados e mudanças cons- tantes no trabalho e nas relações sociais. Há muitos anos fala-se de mudança de paradigma na educação. Que a escola tradicional sempre transmitiu e fez com que os alunos acumulassem informações, como disse Paulo Freire (1996) “educação bancária”, isto é, o aluno apenas vai registrando e guardando informações. Hoje a sociedade exige uma formação mais ampla do indivíduo, o que não deixa de ser uma visão já pensada por Dewey, Freinet e mais tarde por uma visão de escola nova de Anísio Teixeira. Contudo, no final do século, com a globalização e a era da informação, essa discussão ficou mais quente e aguerrida. O fato é que a Educação do século XXI tem por objetivo, além de transmitir informações, formar um cidadão que saiba transformar o conhecimento em ação, desenvolvendo habilidades e adquirindo competências que lhe permi- tam a sua realização e sua inserção na sociedade. O computador como ferramenta interativa Muitas vezes os computadores são utilizados como meros transmissores de informações. Contudo, sua capacidade ultrapassa bastante essa característica. Tecnologia educacional 29 Os computadores, segundo Tapscott (1999), são um novo tipo de produto social. Eles são chamados “produtos inteligentes”, produtos com possibilidade de desencadear alterações nas relações entre as pessoas. Portanto, o que os caracteriza basicamente é que eles não são meros produtos para um consu- mo imediato, trazem acoplados novos rumos para aqueles que os utilizam. Quando o aluno se vê nesta sociedade, utilizando a informática, não está apenas na frente de um novo brinquedo ou equipamento. O computador possibilita recriar uma nova parte da realidade. Nossa sociedade exige cada vez mais que o indivíduo esteja preparado para viver em mudança constante, onde o conceito de realidade de antiga- mente está em constantes mudanças. Os alunos precisam estar preparados para a sociedade pós-moderna onde os parâmetros cognitivos serão cons- tantemente redefinidos. Essa geração, segundo Tapscott (1999), tem como características funda- mentais o fato de ser menos passiva que as gerações anteriores. Sua marca fundamental é a interatividade e não se contenta em somente contemplar o meio de comunicação, mas deseja mudá-lo, conformá-lo, alterá-lo e, porque não dizer, modelá-lo à sua imagem e semelhança. Pela própria característica da mídia internet, essa geração já convive com um conjunto de informações totalmente flexíveis e descentralizadas. Ainda, segundo o autor, as dez características mais fortes dessa geração Net seriam: independência, mente aberta, sociabilidade, opiniões livres e fortes, espírito inovador, capacidade investigativa, maturidade, imediatismo, sensibilidade e autoconfiança, como abaixo é descrito: a) a característica de possuir uma forte independência permite à ge- ração Net acessar informações e ao mesmo tempo construir, de forma segura, confrontos com as informações que por ventura eles não considerem verdadeiras. Sem dúvida é a marca do nas- cimento de um espírito crítico ou, talvez, o renascimento de um ceticismo diante de verdades totalizantes e preconcebidas; b) a qualidade de terem uma mente aberta, ao que Taspcott na ver- dade aponta como não apenas mente aberta, mas também uma característica de abertura emocional. A Net Generation expõe-se a si mesma o tempo todo, não temendo desagradar ou mesmo ser criticada. Mesmo que não crie um universo de experiência real do Tecnologias Educacionais 30 ponto de vista da sensibilidade táctil, corporal etc., pois as relações acontecem normalmente, modem to modem ou video to video etc. De qualquer forma eles estão, num ato contínuo, contribuindo com seus pensamentos, sentimentos, vivências e sonhos uns para com os outros. No atual estágio, em que muitas das comunicações são ainda feitas através do teclado, o imaginário é variadamente esti- mulado. Por exemplo, estar num chat (salas de conversações em rede), o que permite contatar pessoas que não se conhece a iden- tidade. No desenrolar da conversa, associam-se tanto a expectativa de ser, ou não, aceito; dos participantes gostarem; ou não; do que se fala, e principalmente, a imaginação de como é a outra pessoa, sua personalidade, seus gostos; tudo isso numa rapidez digital; c) a sociabilidade, é determinada pela tecnologia digital de que são capazes de manipular. A manutenção de uma interatividade com o mundo determina por outro lado, um incremento da criatividade, e de maneira geral, ela vai estar canalizada a processos de orientação global, determinando uma espécie de consciência social mundial; d) a característica das opiniões livres e fortes consolida a perspectiva cética e crítica. Não parece haver desgastes emocionais por causa de uma opinião não aceita. A geração Net, segundo o que as pes- quisas de Taspcott parecem indicar, levam à libertação da necessi- dade de ser reconhecida; e) para a geração Net a inovação é sua marca. Dessa forma, procu- ra sempre caminhos que lhe parecem os melhores e mais rápidos para seus objetivos. Essa é inclusive a característica da rede. Isso pode parecer danoso ou calculista num primeiro momento, no entanto, denota uma abertura para as mudanças não importando quão rápida elas possam ser; f) essa geração já denota uma profunda necessidade de ser madura, insistem, muitas vezes em tentar ser mais maduros que os próprios adultos. Esse fato fica mais marcado quando se encontram diante da tecnologia um adulto e um membro da N-Gen; g) o espírito investigativo é outra característica dessa geração. A inter- net, por exemplo, não impõe ao iniciantes um necessário conheci- mento de como ela funciona. Há uma solidariedade para com os iniciantes, que transformam o ritual de iniciação em diversão; Tecnologia educacional 31 h) o imediatismo para se conseguir as coisas parece ser a expressão de uma profunda mudança de paradigma temporal. Se no final da Idade Média, para sermos históricos, o predomínio cristão impunha um tempo do mistério, milenar ou secular; durante a modernidade as horas passaram a ser o referencial. Em tempos de internet e com o incremento dos mecanismos de comunicação, o tempo passou a ser articulado em segundos, e seus centésimos e milésimos; i) sensibilidade é outra marca da N-Gen. Conforme a definição de Taspcott seria uma sensibilidade para certos interesses. A televi- são, por exemplo, tem um leque de corporações que serve e a que, muitas vezes, se prende. No entanto, na internet o fluxo de criativi- dade envolve muito mais pessoas, e dessa forma a existência des- sa articulação informativa caseira desenvolve uma relação mais ampla entre sensibilidade e interesses comuns à própria geração; j) por fim, mas não com menos importância, uma característica im- portante que aparece nessa geração é a relação com a verdade e com a autenticação dos fatos. Essa geração digital por estar con- vivendo com mecanismos de informação muito mais acessíveis, marcados por uma profunda diversidade e confrontam-se o tem- po todo com o que é verdadeiro e autêntico. Dessa forma, compreende-se que diante dessa geração Net é preciso quesurja também um novo tipo de profissional do ensino. Segundo Tapscott (1999), um profissional voltado ao uso da tecnologia de ponta, mas principal- mente, com possibilidade de ter treinamento e tempo disponíveis para de- senvolver pesquisas sobre o uso da multimídia e da internet. Não basta que as escolas e o governo façam com a multimídia o que vêm fazendo com os livros didáticos, tornando-os a panaceia da atividade do professor. Da mesma forma não é mais possível imaginar que o professor não receba treinamen- to para o trabalho de sala de aula, e aí não serão suficientes as tradicionais reciclagens, que nem sempre permitem o desenvolvimento de melhoria de técnicas e procedimentos de ensino. Refletindo sobre os novos desafios do mundo do trabalho, o novo enfoque, segundo o autor, se dirige ao problema da Educação e da formação do material humano. Qualificação e preparo para o novo mundo passa a ser o grande advento desse mundo digital. Assim, continua o autor, a revolução na Educação está prestes a aconte- cer. Os mecanismos técnicos já permitem. Os educandos já trazem o embrião Tecnologias Educacionais 32 revolucionário e resta apenas adequar a arcaica estrutura escolar bem como as mentalidades de burocratas, proprietários de escola e professores para se prepararem para usar os recursos de multimídia e, principalmente, a internet na sala de aula. Sem isso, a modernidade estará cada vez mais distante de nós. Esse é o momento para a superação do nosso herdado atraso técnico-científico e cultural, e esse caminho passa pelo treinamento de professores capazes de serem eficientes no trabalho com a geração Net. Texto complementar Tecnologia na Educação, Ensino a Distância, e aprendizagem mediada pela tecnologia: conceituação básica (CHAVES, 1999) I. Tecnologia na Educação [...] A expressão “Tecnologia na Educação” abrange a Informática na Edu- cação mas não se restringe a ela. Inclui, também, o uso da televisão, do vídeo e do rádio (e, por que não, do cinema) na promoção da Educação. Mas neste artigo a expressão “Tecnologia na Educação” é ainda mais abrangente. O termo “tecnologia”, aqui, se refere a tudo aquilo que o ser humano inventou, tanto em termos de artefatos como de métodos e téc- nicas, para estender a sua capacidade física, sensorial, motora ou mental, assim facilitando e simplificando o seu trabalho, enriquecendo suas rela- ções interpessoais, ou simplesmente lhe dando prazer. Entre as tecnologias que o ser humano inventou estão algumas que afe- taram profundamente a Educação: a fala baseada em conceitos (e não apenas grunhidos ou a fala meramente denotativa), a escrita alfabética, a imprensa (primeiramente de tipo móvel), e, sem dúvida alguma, o con- junto de tecnologias eletroeletrônicas que a partir do século passado começaram a afetar nossa vida de forma quase revolucionária: telégrafo, telefone, fotografia, cinema, rádio, televisão, vídeo, computador – hoje todas elas digitalizadas e integradas no computador. Tecnologia educacional 33 É compreensível, diante do impacto que essas novas tecnologias têm exer- cido sobre nossas vidas, que pensemos quase que exclusivamente nelas quando falamos em “Tecnologia na Educação”. No entanto, não podemos nos esquecer de que a Educação continua a ser feita predominantemente pela fala e pela escrita (especialmente, neste caso, pelo texto impresso), e que a fala, a escrita e o texto impresso são, e vão sempre continuar a ser, tecnologias fundamentais para a Educação (tanto em suas modalidades presenciais como nas remotas). Este artigo não quer perder isto de vista. Na realidade, um de seus objetivos principais é que os educadores percebam que já usam diversas tecnologias no seu trabalho educacional. É apenas por terem se tornado tão familiares que essas tecnologias passaram a ser quase transparentes, invisíveis, certamente inconspícuas. 2. Tecnologia educacional e expressões afins Acho a expressão “Tecnologia educacional” profundamente inadequada (a ABT [Associação Brasileira de Tecnologia Educacional] que me desculpe). A tecnologia, em si, não é educacional, nem antieducacional. Ela pode ser usada na Educação, e de diversas maneiras. Mas isso não a torna educacio- nal ou educativa. Por isso, prefiro a expressão “Tecnologia na Educação”. Igual observação se aplica às expressões “Informática Educacional”, “In- formática Educativa”, “Informática Pedagógica” etc. Prefiro a expressão “Informática Aplicada à Educação”, que usei quando criei o Núcleo de In- formática Aplicada à Educação (NIED) da Unicamp em 1983. 3. Educação a Distância, Aprendizagem a Distância, Ensino a Distância Hoje em dia essas expressões estão sendo usadas o tempo todo e, al- gumas vezes, abusadas – às vezes em suas versões em inglês: “Distance Education”, “Distance Learning” etc. Já argumentei, em vários locais, que considero as duas primeiras expres- sões – “Educação a distância” e “Aprendizagem a distância” – totalmente inadequadas. A educação e a aprendizagem são processos que aconte- cem, de certo modo, dentro da pessoa – não há como possam ser reali- zados a distância. Tanto a educação como a aprendizagem (com a qual a educação está conceitualmente vinculada) acontecem onde quer que esteja o indivíduo que está se educando ou aprendendo – não há como fazer, nem sequer entender, “teleducação” e “teleaprendizagem”. Tecnologias Educacionais 34 Ensinar a distância, porém, é perfeitamente possível e, hoje em dia, ocorre o tempo todo – como, quando aprendemos através de um livro que foi es- crito para nos ensinar alguma coisa, ou assistimos a um filme, um programa de televisão, ou um vídeo que foram feitos para nos ensinar alguma coisa etc. A expressão “ensino a distância” faz perfeito sentido aqui porque quem está ensinando – o “ensinante” – está “espacialmente distante” (e também distante no tempo) de quem está aprendendo – o “aprendente”. (O termo “distância” foi originalmente cunhado para se referir ao espaço, mas pode igualmente bem ser aproveitado para se referir ao tempo). Tradicionalmente, fazia-se ensino a distância através de cartas (as epís- tolas do Novo Testamento são didáticas e, portanto, exemplos de ensino a distância) e de livros (especialmente depois que começarem a serem impressos), ou seja, com baixa tecnologia. Com as novas tecnologias ele- troeletrônicas, especialmente em sua versão digital, unidas às tecnolo- gias de telecomunicação, agora também digitais, abre-se para o ensino a distância uma nova era, e o ensino passa a poder ser feito a distância em escala antes inimaginável e pode contar ainda com benefícios antes considerados impossíveis nessa modalidade de ensino: interatividade e até mesmo sincronicidade. Por isso, ensino a distância certamente é (como sempre foi) uma forma de usar a tecnologia na promoção da Educação. (Porque a Educação e a aprendizagem, embora aconteçam dentro do indivíduo, e, portanto, não possam ser feitas a distância, podem, e devem, ser mediadas através dos contatos do indivíduo com o mundo que o cerca, em especial, atra- vés de seu contato com outras pessoas, seja esse contato “cara a cara” ou “remoto” (“virtual”, no sentido de que não envolve a “contiguidade espa- ço-temporal” das duas pessoas). [...] II. Ensino a distância e Aprendizagem Mediada pela Tecnologia 4. A Aprendizagem Mediada pela Tecnologia (AMT): um novo modelo O modelo de Educação que caracterizará a sociedade da informação e do conhecimento provavelmente não será calcado no ensino, presencial ou remoto: será calcado na aprendizagem. Consequentemente, não será um modelo de EAD, mas, provavelmente, um modelo de Aprendizagem Tecnologia educacional 35 Mediada pela Tecnologia (AMT). (Outros nomes dados a esse modelo são “Aprendizagem Colaborativa”, “Aprendizagem Cooperativa” etc.). Um modelo de Educação calcado na AMT será tipicamente mateto-cên- trico, centrado no aluno, em suas necessidades, em seus interesses, em seu estilo e ritmo de aprendizagem.Quem quiser participar desse pro- cesso terá que disponibilizar, não cursos convencionados ministrados a distância, mas, sim, ambientes ricos em possibilidades de aprendizagem. A internet e a web, ou seus sucedâneos, certamente terão um papel fun- damental nesse processo. [...] É preciso que se registre, por fim, que esse é um estágio tipicamente tradicional. Com o tempo certamente aprenderemos a usar a tecnologia com muito mais naturalidade e especificidade, e, é possível, até mesmo os profissionais da Educação se sentirão à vontade com ela. Então, talvez seja possível desenvolver até mesmo uma nova escola presencial, centrada no desenvolvimento de competências, que faça uso eficaz e eficiente das tecnologias disponíveis (sempre mantendo-se em mente a conceituação extremamente ampla de tecnologia apresentada atrás: tecnologia é tudo aquilo que o ser humano inventa, tanto em termos de artefatos como de métodos e técnicas, para estender a sua capacidade física, sensorial, motora ou mental, assim facilitando e simplificando o seu trabalho, enriquecendo suas relações interpessoais, ou simplesmente lhe dando prazer. [...] Atividades 1. Faça uma pesquisa de campo com professores, para saber se eles utilizam tecnologias em suas aulas e tire suas conclusões a respeito disso. Tecnologias Educacionais 36 2. Analisando as caracterísitcas das novas gerações descritas por Tapscott, você acredita que a nova geração de crianças está no caminho certo? Tecnologia educacional 37 Dica de estudo O filme De Volta para o Futuro de Robert Zemeckis mostra o contraste entre gerações. No filme o protagonista Marty volta para o passado, percebe como o seu pai se relacionava com as tecnologias e encontra várias diferenças na forma das pessoas agirem naquela época. Softwares educacionais Conceito de software educacional As utilizações de novas tecnologias em sala de aula propiciam um am- biente rico e possibilitam melhorias no nosso sistema educacional, mas para que isso ocorra é importante salientar a necessidade de realizar alguns inves- timentos necessários, proporcionar aos professores a formação adequada e obter um ambiente de trabalho apropriado para os alunos e professores. Como nos diz Moran (1997), a maioria das pessoas vai utilizar essas tec- nologias no que elas têm de mais superficial e previsível, como o faz com suas vidas e com as tecnologias até agora disponíveis. Mas os que têm uma atitude mais ativa, confiante e criativa diante da vida continuarão utilizando as velhas e as novas tecnologias de comunicação de forma cada vez mais libertadora e mais criativa, para comunicar-se melhor, para aprender mais e tornar a nossa sociedade mais humana. A cultura digital tem sido um dos meios que mais tem auxiliado os professo- res nessa busca de interação e qualidade nas relações, portanto o compromis- so que toda escola deve assumir hoje é conciliar a tecnologia e a pedagogia, essencialmente na formação do professor. Cabe a ele saber orientar e desa- fiar o aluno para que a atividade computacional contribua para a aquisição de novos conhecimentos. Pois os alunos já não conseguem ter uma atitude passiva no mundo de hoje, dominado pela tecnologia, onde os processos de busca e troca de informação ocorrem de maneira rápida e precisa, justificando a utilização da informática dentro da sala de aula. Portanto, ao invés de simplesmente memorizar uma informação, os nossos estudantes devem ser ensinados a procurar e usar a informação na solução de problemas. Essas mudanças estão sendo introduzidas com o auxílio do computador que é uma ferramenta que complementa e aperfeiçoa uma pos- sível mudança na qualidade do ensino e para que tais mudanças ocorram há necessidade de utilização de softwares educacionais adequados. Tecnologias Educacionais 40 A principal característica do software educativo é a interatividade, carac- terística na qual se destaca como principal diferencial entre as outras tec- nologias, tais como a televisão, vídeo, retroprojetor etc. Quando se trabalha com um software educativo num laboratório, se observa que o comando da máquina é exercido pelo aluno e, neste caso, cada aluno tem seu ritmo para aprofundar-se no programa, sendo que o professor facilmente percebe os alunos que têm mais dificuldades que os outros. Tapscott (1999) comenta que a mídia digital permite que os alunos sejam tratados como indivíduos, que tenham experiências de aprendizado alta- mente individualizadas, baseadas na sua experiência, em talentos individuais e na faixa etária, no estilo cognitivo e em preferências pessoais. Uma pesquisa feita por Cook e Cook (1999, p. 61) demonstra que o impor- tante no processo de ensino-aprendizagem é ser centralizado no aluno e, assim, quanto mais se utiliza adequadamente a tecnologia, mais fixa-se o conteúdo. UMA PESSOA PODE RETER: 10% do que lê 26% do que escuta 30% do que vê 50% do que vê e escuta Com multimídia � 70% do que discute 80% do que faz 90% do que explica 95% do que ensina Com mídias interativas � IE SD E Br as il S. A . Os softwares educacionais são programas que auxiliam o aluno a desenvol- ver, aperfeiçoar e ampliar de forma interativa o seu aprendizado, tendo o pro- fessor a função de mediador do processo de reconstrução do conhecimento. Segundo Valente (1989, p. 2), “o software educacional vem atender objetivos educacionais preestabelecidos onde as considerações pedagógicas que orien- tam seu desenvolvimento superam em importância a qualidade técnica.” O software educacional vem diferenciar o ensino da informática pela infor- mática, onde o primeiro se caracteriza pelo ensino de conceitos de informática, como programação e funcionamento do computador e o segundo, é o ato de promover o ensino com o uso da ferramenta computador, utilizando o softwa- Softwares educacionais 41 re educacional. Sendo assim, o aluno tem acesso de forma interativa, no seu ritmo, às diversas áreas do conhecimento de uma forma lúdica e prazerosa. Uma pesquisa da revista Veja, citada por Gimenes (1998, p. 7) revelou que 83% dos pesquisados acham que a utilização do computador permite as pes- soas adquirirem conhecimentos de forma mais prazerosa. Porém, é de suma importância lembrar que muitos softwares educacionais disponíveis no mer- cado, nos dias de hoje, deixam a desejar quanto à metodologia, são produtos de grande avanço tecnológico (cores, animações, navegação e interface), mas têm o conteúdo específico e a prática pedagógica, muitas vezes, ignorados. Com a introdução no mercado desse novo instrumento educacional, temos possibilidades de mudanças no processo de ensino e aprendizagem, práticas pedagógicas difíceis ou até desinteressantes. Podem agora ser concebidas e realizadas com a presença do computador e do software educacional apro- priado, que proporcionará diferentes formas de aprender ao nosso aluno, atra- vés de vários canais de aprendizagem, utilizando os largos recursos visuais de animação e multimídia para despertar um maior interesse e motivação. Esse prazeroso instrumento educacional pode ainda possibilitar a apren- dizagem por descoberta, onde o aluno produz o seu próprio conhecimento, bem como a possibilidade de aprender no seu ritmo, pois o software educa- cional possui paciência infinita, além dos recursos tecnológicos embutidos, que prendem a atenção do aluno. Para isso, o trabalho deve ser proposto e orientado pelo professor sempre buscando um objetivo definido, e nunca uti- lizar um software educacional fora do conteúdo trabalhado em sala de aula. A tabela, proposta por Lucena citado por Gimenes (1998, p. 8), mostra as vantagens e desvantagens de seu uso. Vantagens Desvantagens 1. Aumenta a interação do aluno/máquina/ tópico curricular. 1. Necessita de apoio de um custoso equipa- mento de hardware. 2. Permite a individualização na aprendiza- gem do aluno. 2. Apresenta dificuldades na sua constante atualização. 3. Estimula, motiva, promove a autoestimado aluno. 3. Exige conhecimentos prévios e específicos tanto por parte do professor como do aluno. 4. Apresenta lições de modo criativo, atrati- vo e integrado. 4. Depende de disposição e habilidades especí- ficas por parte do aluno (visual e de leitura). 5. Proporciona retroalimentação, controle e avaliação imediatos da aprendizagem. 5. Consome tempo do professor para plane- jar, implementar e avaliar. Tecnologias Educacionais 42 Classificação Existem vários autores que classificam os softwares educativos. Dentre as classificações, vamos descrever a de Vieira (2008), que é baseada nos objeti- vos pedagógicos. Softwares de exercício e prática Forma mais tradicional de aplicação da informática na Educação. É o tipo de software mais fácil de ser desenvolvido e utilizado, principalmente na década de 1990, visto que a Educação tinha mais esta característica. Visa à aquisição de uma habilidade ou a aplicação de um conteúdo já conhecido pelo aluno, mas não inteiramente dominado. Características: facilidade de uso; inclusão de elementos de jogo; pequena duração; instrução clara; reforço para respostas certas, e auxílio ao aluno para identificar e corrigir as respostas incorretas. Softwares tutorais Têm como principal característica a transmissão da informação de forma organizada, como se fosse um livro eletrônico. Algumas vezes utiliza-se de um professor/tutor digital e é muito utilizado para o ensino de línguas. Características: uso de estratégias; apresentação de objetivos a serem alcançados; apresentação de estímulos (definições, exemplos e contra-exemplos); orientação que inclua pistas e diretrizes; Softwares educacionais 43 modularidade das lições; possibilidade de retenção e transferência. Softwares de simulação e modelagem É a representação ou modelagem de um objeto real, de um sistema ou evento. É um modelo simbólico e representativo da realidade que deve ser utilizado a partir da caracterização dos aspectos essências do fenômeno. É o modelo mais difícil de ser desenvolvido. Características: apresentação dos dados da situação a ser simulada; oportunidade de o aluno escolher a ação; apresentação de versão modificada do cenário em cada ponto e de- cisão, de acordo com as respostas acumuladas; apresentação de uma descrição clara das consequências de suas respostas, ou solicitação que as indique antes da continuação da simulação, incorporando os conceitos de método científico e teste de hipótese. Softwares jogos educativos Os jogos devem ser fonte de recreação com vista à aquisição de um de- terminado tipo de aprendizagem, geralmente incluindo elementos como regras, competição e contagem de pontos. Características: instruções claras; atração e manutenção do interesse e do entusiasmo; controle, tanto na interação quanto no andamento; incorporação do desafio; exploração da fantasia; exploração da competição. Tecnologias Educacionais 44 Softwares multimídia / autoria São softwares que trabalham a multimídia, podem ser fechados, servindo apenas como fonte de informação, ou com o uso de sistemas de autoria, em que o aluno mesmo sem conhecimento de informática pode desenvolver seu próprio software. Características: ferramentas mais abertas; fácil programação para usuários finais; liberdade na criação; o aluno se sente mais motivado pelo desafio de criar. Softwares de programação São softwares que trabalham com uma linguagem de programação e pos- sibilitam o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático. Sua caracterís- tica principal é permitir a realização do ciclo: Descrição Execução Reflexão Depuração Descrição Características: ferramenta aberta; desenvolvimento do raciocínio lógico matemático; liberdade na criação. Linguagem Logo A linguagem Logo foi desenvolvida no Laboratório de Inteligência Arti- ficial do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) por Seymour Papert, pesquisador sul-africano. O Logo não é somente uma linguagem de programação ou um programa muito conhecido em Educação, quando utilizado fica claro que o aluno por meio de suas tentativas e erros consegue buscar a autocorreção, analisando Softwares educacionais 45 seu pensamento lógico. Para pedir ao computador o que deve ser feito, de- vemos dar uma sequência de tarefas, respeitando determinada sintaxe. Aliás, toda linguagem deve seguir uma sintaxe. A linguagem Logo esta constituída por conjuntos de palavras chamadas “primitivas”, através das quais damos as ordens de execução. Exemplo da tela do software IMAGINE que trabalha com a linguagem Logo: IE SD E Br as il S. A . Programação Ao programar em Logo se criam palavras novas ou chamadas de proce- dimentos, com os quais se produzem tarefas específicas. Uma vez criadas, essas novas palavras passam a fazer parte da linguagem Logo. Através dessas palavras nos comunicamos com o computador e elas também serão usadas para nomear “processos” criados pelo usuário, que as utilizará para desenhar, resolver problemas, criar micromundos, jogos etc. Essa é a característica do Logo que se denomina extensibilidade da linguagem. Para que serve? O Logo ajuda na aprendizagem dos conceitos de lógica e matemática, propondo soluções, decompondo-a em partes simples (análise) e construin- do uma solução total a partir de pequenas soluções (síntese). Tecnologias Educacionais 46 Características Logo é uma linguagem interativa e interpretada. Ela permite que sejam executados comandos isoladamente, isto é, direto na linha de comando sem existir procedimentos específicos. Ela simplesmente executa o comando que o usuário pede para a linguagem executar. A tela do computador é divida em duas partes, em uma a tela gráfica em que a tartaruga1 executará o comando requisitado e a outra onde o usuário escreve o comando. Softwares de autoria Quando a criança aprende a programar, o processo de aprendizagem é transformado. Com esse foco é que surgiram os softwares de autoria que nada mais é do que um programa equipado com diversas ferramentas que permitem o desenvolvimento de projetos multimídia. Sem ter conhecimen- tos de programação, o aluno e/ou o professor poderá criar projetos agregan- do elementos como sons, imagens, vídeos, textos, animações etc. A relação ensino-aprendizagem fica mais dinâmica, com professores e alunos traba- lhando juntos durante o processo de criação. A pesquisa se torna uma atividade atrativa porque é de fundamental impor- tância para o conteúdo do projeto multimídia que será desenvolvido. O aluno desenvolve sua autonomia, organizando as informações, podendo o professor assumir o papel de orientador dentro do processo de confecção dos projetos. É claro que, muitas vezes, esses programas desenvolvidos tornam-se muito simples, devido aos limitados recursos oferecidos pelas ferramentas, o que não influencia no conteúdo do software. De nada adianta um software educativo repleto de recursos gráficos se não existe um conteúdo que dispo- nha de relevância pedagógica. Além disso, os usuários podem buscar apoio de técnicos em informática, através da criação de equipes interdisciplinares, o que fará com que o softwa- re seja adequado quanto aos recursos da informática e também possua um conteúdo relevante pedagogicamente. Mesmo assim, esses sistemas de au- toria possuem uma linguagem de programação que pode ser utilizada para programar ações mais elaboradas do ponto de vista computacional. 1 O ambiente Logo tradicional envolve uma tartaruga gráfica, um robô pronto para responder aos comandos do usuário. Softwares educacionais 47 Cabe ao usuário aproveitar todos os recursos oferecidos por esses am- bientes. Se o usuário não tem um grande conhecimento do funcionamento do computador, ele pode simplesmente utilizar esse ambiente como um sis- tema de autoria e criar seu software educativo a partir da interface, utilizando uma barra de ferramentas. Pode incluir textos, botões, imagens, gráficos, sons etc.,
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