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Giovanna Rêgo INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS Patologia I - Giovanna Rêgo IVAS (Infecções das Vias Aéreas Superiores): Rinofaringite ou Resfriado comum; Otite média aguda; Sinusite aguda; Faringite e amigdalite; Laringite e laringotraqueobronquite IVAI (Infecções das Vias Aéreas Inferiores): Bronquite aguda; Bronquiolite; Pneumonia IVAS COVID 19 é uma infecção respiratória que vai interferir para além do trato respiratório. O Resfriado Comum é uma IVAS viral bastante comum. Afeta mais as crianças (seis vezes/ano) do que os adultos (quatro vezes/ano). Ser afetado até quatro vezes ao ano não indica comprometimento imunológico. Existem vários vírus para o resfriado comum. O rinovírus humano (HRV) é o mais comum entre os agentes virais associados a infecções no trato respiratório superior, sendo reconhecido como o principal patógeno causador de resfriado comum. Ele tem mais de 100 subtipos, tornando normal resfriar mais de um ano. Quando você se infecta por 1 tipo de HRV, você nunca mais se infecta por esse subtipo, mas pode por outros. Giovanna Rêgo Com base nas características antigênicas e genéticas, hoje já são descritos mais de 100 sorotipos de HRV. Outros vírus envolvidos são o coronavírus (não o SARS COV 2), vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza e adenovírus. Sua transmissão se dá por gotículas de saliva que são produzidas ao falar, tossir ou espirrar. Principalmente o influenza. Nos resfriados os aerossóis não são tão importantes como no Covid-19. Tipicamente, o resfriado comum começa por uma fase prodrômica (acontece antes do estágio gripal) com sintomas como mal-estar inespecífico, odinofagia, mialgias e febrícula (sensação de febre sem estar com febre). A partir do terceiro dia de evolução, RC apresenta quadro de maior intensidade com o surgimento de rinorreia, congestão nasal, espirros e tosse. Nem sempre são os mesmos sintomas tanto para você quanto para as outras pessoas. Classificação da tosse (terminação nervosa é estimulada, leva ao SNC e dá uma ordem motora, que é a tosse, para deslocar o agente agressor, mas as vezes pode tossir sem ter esse agente na situação inflamatória e não expele nada) quanto tempo e produção de secreção. A tosse produtiva (tem secreção) pode ser eficaz ou não (às vezes a secreção pode ser muito aderente e viscosa). O arco reflexo da tosse é iniciado no epitélio respiratório, diafragma, pericárdio, pleura, peritônio ou esôfago através do estímulo de mecanoceptores, nociceptores (quimiorreceptores) ou fibras aferentes vagais. Também há receptores nos ouvidos que podem causar tosse. O tratamento é meramente sintomático e, geralmente, contraindicado. O melhor é uma boa alimentação e Giovanna Rêgo descanso. O RC é uma doença viral e não é provocada pelo frio, “friagem”, sereno, “pé no chão”, ventos, etc. O frio pode deixar as VAS menos quentes, o estresse causado pelo frio pode eventualmente provocar queda de imunidade e ficamos em ambientes fechados, proporcionando uma maior chance de contrair o vírus, mas não é causado pelo vírus. Diferentemente do RC, a gripe é uma doença grave que pode apresentar alto número de mortalidade. A influenza ou gripe é uma doença aguda do sistema respiratório, causada pelo vírus Influenza, tendo alta capacidade de transmissão e distribuição global (pandemias). A vacina da gripe é exclusiva para o vírus Influenza, não impedindo a pessoa de contrair um resfriado. Só morre por resfriado pessoas imunocomprometidas! A transmissão do vírus Influenza entre humanos ocorre pela via respiratória por meio de secreções como aerossóis, gotículas ou por contato direto da mucosa. O período de incubação da influenza dura de um a quatro dias. A transmissibilidade em adultos ocorre principalmente 24 horas antes do início dos sintomas e dura até três dias após o final da febre. Atualmente, existem três tipos de vírus Influenza circulando no Brasil: A, B e C. O tipo C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na Saúde Pública e não está relacionado com epidemias. Dentre as amostras positivas para influenza, em 2019, 48,1% (722/1.501) foram decorrentes de influenza A(H1N1) pdm09, 25,8% (388/1.501) de influenza B, 4,3% (65/1.501) de influenza A não subtipado e 21,7% (326/1.501) de influenza A(H3N2). Giovanna Rêgo O vírus Influenza circula todos os anos e o ano todo, com alguns subtipos predominantes, como a Influenza A, com os subtipos H1N1 e H3N2, e a Influenza B. Apresentam, assim, uma característica sazonal. É mais transmissível no inverno por conta de locais fechados e aglomerações, mas nada impede de ser transmitido no verão. Mas o vírus Influenza tem característica zoonótica, afetando muitas espécies de aves e mamíferos. Quando o vírus sai de um animal ele vem com uma mutação que o organismo humano não tem capacidade imunológica para combater, tornando-se um vírus epidêmico. Quando o vírus ultrapassa as barreiras entre as diferentes espécies, pode criar um cenário promissor para geração de uma cepa com potencial pandêmico. Como já houve o H1N1, em 2009. Os vírus da Influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus Influenza A responsável pelas pandemias que ocorrem de tempos em tempos. A vacina contra a gripe ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra as Influenzas A e B. O Influenza tem sido responsável por diversas pandemias: ● 1889-1890 (?); ● 1918-1920 (Gripe Espanhola); ● 1957-1958 (Gripe Asiática – H2N2); ● 1968-1969 (Gripe de Hong Kong – H3N2); ● 1977-1978 (Gripe Russa); ● 2003-2004 (Gripe Aviária – H5N1); ● 2009 (Gripe A (H1N1)pdm09) A H1N1 é uma proteína que está presente no vírus. A hemaglutinina é a proteína responsável pela adesão do vírus e pelo seu primeiro contato com a célula, enquanto a neuraminidase faz com que o vírus penetre e se replique na célula. Giovanna Rêgo A relação do vírus com as células (replicação) é feita através do ácido siálico. Os ácidos siálicos têm funções de mediadores na adesão célula-célula, mediadores na comunicação intercelular, renovadores celulares, receptores para bactérias e vírus, entre outras. Existem 15 tipos de hemaglutinina e 9 tipos de neuraminidase identificadas em diferentes espécies animais. São conhecidas três hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neuraminidases (N1 e N2) presentes nos vírus influenza do tipo A adaptados para infectar seres humanos. Essas proteínas determinam maior e menor infectividade. Apesar dos sintomas semelhantes com outros vírus que acometem o trato respiratório, a febre súbita - que dura cerca de três dias, com dor muscular e prostração - é característica de infecção pelo vírus Influenza. A diferença é a intensidade. A maioria das pessoas com infecção sintomática de influenza pode ter a doença sem complicações, com início súbito de febre, tosse, dor de cabeça, dor de garganta, coriza, congestão nasal e dores musculares que se resolvem entre três e cinco dias, embora a tosse e fadiga possam persistir por mais tempo. É uma doença benigna, não deixa sequelas. “Vem, acontece e vai embora”. Rouquidão e gânglios cervicais aumentados são mais comuns em crianças. A tosse, a fadiga e o mal-estar frequentemente persistem por um período de uma a duas semanas e raramente podem perdurar por mais de seis semanas. A pessoa sofre o desgaste por meses. Há terapêutica (inibidores da neuraminidase), desde de que administrada nas primeiras 48 horas. Ainda haverá benefício a partir das 72 horas, porém decrescente. Giovanna Rêgo A vitamina C não serve para prevenir ou tratar resfriados e gripes. Não serve para nada! É puro comércio. (PROVA) Pneumonia não é uma gripe ou resfriado mal curado. Ela é outra patologia e com outros agentes causais. Ela é uma doença oportunista, secundária por queda de resistência. As complicações mais comuns são: pneumonia bacteriana e por outros vírus, sinusite, otite, desidratação, piora de doenças crônicas como insuficiência cardíaca, asma ou diabetes. Pneumonia primária por influenza é uma outra complicação que pode ocorrer predominantemente empessoas com doenças cardiovasculares (especialmente doença reumática) ou em mulheres grávidas. O vírus influenza pode descer para as VAI e causar uma pneumonia, mas não é uma gripe mal curada! Em 2019, das Semanas Epidemiológicas 1 a 32, foram confirmados testes para influenza em 21,5% (4.911/22.870) do total de amostras processadas, com predomínio do vírus influenza A(H1N1) pdm09. Entre as notificações dos óbitos por SRAG, 26,1% (917/3.514) foram confirmados para Influenza, com predomínio do vírus influenza A(H1N1)pdm09. Ainda é uma quantidade alta pensando que essas pessoas deveriam ser vacinadas. PNEUMONIAS É uma IVAI. A pneumonia é uma infecção do parênquima pulmonar responsável por morbimortalidade significativa. A pneumonia pode acometer a região dos alvéolos pulmonares onde desembocam as ramificações terminais Giovanna Rêgo dos brônquios e, às vezes, os interstícios (espaço entre um alvéolo e outro). A lista de potenciais agentes etiológicos é extensa e inclui bactérias, fungos, vírus e parasitas. Clinicamente semelhantes, os diversos agentes etiológicos costumam acometer porções distintas do pulmão e que podem ser identificados por exames radiológicos. Às vezes o médico não consegue distinguir se é viral ou bacteriana e prescreve um antibiótico sendo que é uma infecção viral. ---> RESISTÊNCIA Porém, nem todos casos de pneumonia são detectáveis pela radiografia. É uma doença de diagnóstico simples, mas isso varia do agente. As pneumonias virais podem ser consequentes de infecções que se originam no próprio trato respiratório, progredindo, por contiguidade ou por contaminação através de aerossóis, até atingirem o bronquíolo terminal. Nas pneumonias virais, os quadros clínicos são muito variáveis, dependendo do agente infectante, bem como da idade e do estado imune do hospedeiro. A descrição clássica de uma pneumonia viral grave baseia-se naquela descrita para o influenza: tosse, inicialmente não produtiva, mas que pode evoluir com produção de escarro mucoso róseo (sangramento), e insuficiência respiratória, caracterizada por cianose e hipóxia. Antigamente a pneumonia viral era caracterizada como benigna, mas após ocorrerem mortes por esse agente infectante foi necessário realizar a mudança dos conceitos. Giovanna Rêgo E também, aumento da frequência respiratória e crepitações disseminadas (sons emitidos ao auscultar o pulmão - movimento turbilhonar causa trepidações e sibilo) pela zona de projeção do parênquima pulmonar. Tradicionalmente, a pneumonia viral é considerada menos grave do que a bacteriana. Porém, a pneumonia primária por vírus influenza A H1N1 apresenta alta mortalidade. O vírus influenza acomete pneumócitos como alvo primário, com dano alveolar difuso. A submucosa apresenta-se hiperêmica, com hemorragias focais, edema e infiltrado celular associado ao processo intra-alveolar, contendo neutrófilos, células mononucleares com fibrina e fluído edematoso. -> perda da capacidade pulmonar Quando sai escarro rosa o sangue vem das VAI, e quando vem em fiapos ele vem das VAS. Em fase mais avançada da infecção, ocorre organização fibrocelular intra-alveolar (bronquiolite obliterante com pneumonia em organização) com presença de histiócitos (macrófagos) e pneumócitos multinucleados. A pneumonia por vírus influenza pode ser classificada como primária, mas também pode propiciar infecção bacteriana secundária. Além de secundária ao Influenza, a pneumonia bacteriana adquirida na comunidade pode ter sido precedida por um quadro de infecção viral alta (resfriado comum, p. ex.). Nesse caso, os agentes secundários mais comuns são Streptococcus pneumoniae (presente em cerca de 30% das pneumonias por H1N1), Staphylococcus aureus, o Haemophilus influenzae e bacilos Gram negativo. Segundo a OMS, crianças de dois meses a cinco anos com PAC Pneumonia adquirida na Comunidade na Infância e Giovanna Rêgo retração subcostal são classificadas como tendo pneumonia grave e aquelas com outros sinais sistêmicos de gravidade como pneumonia muito grave. Crianças com sinais de infecção respiratória aguda como febre, tosse e frequência respiratória alta são indicativos de possível pneumonia que exige intervenção. Em menores de dois meses, são considerados sinais de doença muito grave: FR ≥ 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta ou hipotermia, recusa do seio materno por mais de três mamadas, sibilância, estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva. Sulco (diminuição da expansão intrapulmonar) Entre as crianças maiores de dois meses de vida, os sinais são: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vômito incoercível. Dentre as principais bactérias, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumonia, Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus e as do grupo das Gram-negativas não fermentadoras de glicose, a exemplo de Acinetobacter spp. e Pseudomonas aeruginosa, são as mais isoladas. Os sintomas mais comuns da pneumonia bacteriana são tosse com secreções (pode haver sangue misturado), febre alta (que pode chegar a 40°C), calafrios e falta de ar ou dor torácica durante a respiração. Giovanna Rêgo Como o diagnóstico precoce de patógenos etiológicos têm sido pouco satisfatório e algumas pneumonias podem evoluir para um desfecho fatal, o uso de antibióticos empíricos para os pacientes com pneumonia (não dá tempo de esperar o exame), especialmente aqueles com disfunção respiratória grave e/ou infiltração segmentar/lobular. A PCV10 é uma vacina conjugada de polissacarídeos pneumocócicos, que contém dez sorotipos de S. pneumoniae. São administradas 3 doses e mais uma de reforço. Vacina pneumocócica 23-valente: é administrada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, nos indivíduos de 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e ou em instituições fechadas como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento/asilos, casas de repouso. Aspiração de material químico (vômito, alimentos, gasolina, água, etc.) pode causar pneumonite (inflamação) ou processos infecciosos secundários que se apropriam daquele quadro inflamatório.
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