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O “processo” pressupõe a prática de uma série de atos voltados a um objetivo, qual seja, a prolação da sentença, como ato solucionador do conflito apresentado pelas partes. Encontra-se no novo CPC: i. Os atos (arts. 284 a 293) ii. Sua forma (arts. 188 a 211) iii. Tempo (arts. 212 a 216) iv. Lugar (art. 217) v. Prazos (218 a 232) vi. Controle (arts. 233 a 235) vii. Forma de comunicação (236 a 275) Devendo todos esses acima serem padronizados, possibilitando aos sujeitos o conhecimento prévio dos procedimentos adotados, cumprindo-se os primados constitucionais de devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. O artigo retrata o princípio da instrumentalidade, pelo qual a existência do ato processual é um instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Em seguida, a regra é que os atos processuais são públicos, excerto nos casos de “segredo de justiça”: a) em que o exija o interesse público ou social; b) que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; c) em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; d) que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Hipóteses nas quais o acesso aos autos fica restrito “ás partes e seus procuradores”, bem como o terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação (art. 189). As inovações relevantes vindas com o CPC de 2015 são: a) Poderes conferidos “ás partes plenamente capazes” para “estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo”, “versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição”. Caso em que “de ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade” (art. 190). b) Possibilidade conferida ao juiz e às partes, em comum acordo, “fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso”, de caráter vinculante, caso em que “dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário”. Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Ainda, a prática dos atos processuais deverá se dar em língua portuguesa (art. 192), sendo autorizada a juntada dos documentos de língua estrangeira apenas “quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado (art. 192). Os arts. 193 a 199 do NCPC disciplinam a realização dos atos processuais pela via eletrônica, sendo que, “nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão de auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada justa causa prevista no art. 223, caput e § 1º” – que trata das hipóteses de prorrogação do prazo processual (art. 197, § único). São atos do juiz: a) Sentença, ato que que implica nas situações dos arts. 485 (põe fim ao processo de forma prematura, sem resolver o mérito da causa) ou 487 (resolve os conflitos apresentados pelas partes). b) Decisão interlocutória, que seria todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre como sentença. c) Despachos, sendo todos os demais pronunciamentos praticados pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte. Porém, podendo ser concluídos posteriormente a tais horários quando iniciados antes, “quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano”. É importante ressaltar também que independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido no art. 212. No que se refere à prática eletrônica do ato processual, ela pode ocorrer em qualquer horário até as 24 horas do último dia do prazo, sendo considerado, para tanto, “o horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado” (art. 213). Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais, exceto (art. 214): a) A tutela de urgência b) Citações, intimações e penhoras “Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense” (art. 216). São classificados da seguinte forma: a) Legais – determinados pela legislação processual (art. 218) b) Judiciais – fixados pelo juiz da causa (art. 218, § 1º) c) Convencionais – acordados entre as partes (art. 191) d) Dilatórios – podem ser dilatados ou reduzidos por meio de acordo entre as partes (art. 222, § 1º) e) Próprios – impostos às partes. O seu termo final (dies ad quem) gera preclusão (art. 223) f) Impróprios – não geram consequências processuais. Estabelecidos ao juiz e seus auxiliares. No antigo CPC, a contagem no prazo era contínua, no entanto o novo CPC/2015 passou a prescrever que “na contagem do prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis” (art. 219). Ademais, seu fluxo é suspenso “nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro” (art. 220). O mesmo ocorrendo na hipótese de “obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313 (hipóteses de suspensão do processo), casos em que “o prazo ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação” (art. 221). Também ocorre suspensão “durante a execução de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos”. Os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento, salvo disposição em contrário (art. 224), considerando-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte “se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica”. Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. § 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. § 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. “A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa” (art. 255). Quando a parte for a Fazenda Pública ou o MP, computa-se prazo em dobro para se manifestar nos autos (arts. 180 e 183). Por fim, no caso de litisconsortes com diferentes procuradores também se conta em dobro os prazos processuais (art. 229), porém, somente quando forem de “escritórios de advocacia distintos”. Obs.: a regra do prazo em dobro para litisconsortes com diferentes procurados somente tem aplicação quando a todos competir falar nos autos, não se conta prazo em dobro parar recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. Obs. 2: os advogados, representantes da Fazenda Pública e membros do MP e da DP devem restituir os autos no prazo legal. Caso intimado e não devolvaem cartório “perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário mínimo”, além de responder por infração disciplinar (art. 234). As formas básicas de comunicação são por: a) Ordem judicial – quando dentro do território de atuação do juiz competente. b) Requisição por carta – quando fora do território de atuação do juiz competente (art. 236). No que diz respeito às cartas, elas podem ser: a) De ordem, “pelo tribunal”, “para juízo a ele vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede”. b) Rogatória “para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa. c) Arbitral “para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória” (art. 237). Ainda sobre a carta, é importante saber que ela “tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato (art. 262). Por fim, atualmente compete ao STJ conceder exequatur às cartas rogatórias estrangeiras (art. 105, I, CF/88), sendo competência da JF a sua efetiva execução (art. 109, X, CF/88), tratando-se do CPC/15, de “jurisdição contenciosa”, que “deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal” (art. 36). No tocante à finalidade, as formas de comunicação dos atos processuais são: i. Citação ii. Intimação Das citações É indispensável para a validade do processo, sendo as exceções os casos de “indeferimento da petição inicial ou da improcedência liminar do pedido” (art. 239). A citação deverá ser praticada de forma pessoal ou, no caso de sua incapacidade, perante seu representante legal ou curador legalmente autorizado (art. 242). Regra geral: citação pode ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado (art. 243) Exceções (salvo para evitar perecimento do direito): i) quem estiver participando de ato ou culto religioso ii) ao cônjuge, companheiro ou qualquer parente de morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes, iii) aos noivos, nos 3 primeiros dias seguintes ao casamento, iv) aos doentes graves (art. 244). O art. 219 traz o efeito processual remanescente da citação (induzir litispendência) e os materiais (fazer litigiosa a coisa, constituir em mora o devedor e interromper a prescrição, retroagindo à data da propositura), sendo que todos eles ocorrem mesmo que ordenada por juiz incompetente. São formas de citação, em ordem de preferência, (art. 246): a) correio b) oficial de justiça Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. c) escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparar em cartório d) hora certa e) edital f) meio eletrônico, a depender de lei específica. Embora a citação pelo correio seja a preferencial, excepcionalmente ela deverá ser feita por oficial de justiça (arts. 247 a 248): a) nas ações de estado b) quando o citando for incapaz c) quando o citando for pessoa de direito público d) quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência e) quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma ou quando frustrada a citação por correio (art. 249). As três primeiras formas de citação são chamadas de “reais”, pois são realizadas em nome próprio ou de seu representante legal. Por razão inversa, hora certa e edital constituem as modalidades de citação “ficta”. Realizada a citação por hora certa, a secretaria da vara enviará carta, telegrama ou radiograma ao réu dando-lhe ciência de todo o ocorrido (art. 254), sob pena de nulidade. Já a citação por edital (residual e excepcional), cujo prazo de vigência variará entre 20 e 60 dias, fixados pelo juiz e contados da data da primeira ou única publicação (art. 257, III), somente poderá ser realizada: a) quando desconhecido ou incerto o citando b) quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontre c) nos demais casos expressos em lei (art. 256). Das intimações Regra: que sejam feitas “sempre que possível por meio eletrônico” (art. 270). E caso não seja possível da forma acima, “pela publicação dos atos no órgão oficial” (art. 272), sendo “indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados, “sob pena de nulidade” (art. 272, § 2º). De acordo com o art. 230, o prazo para as partes, procuradores, Advocacia Pública, DP e MP “será contado da citação, da intimação ou da notificação”. Por fim, o art. 103 fixa o início da contagem dos prazos para interposição de recursos da data da intimação da decisão, com as seguintes exceções: a) Data da audiência, quando nesta é proferida a decisão (art. 1.003, § 1º) b) Havendo antecipação da audiência, o juiz mandará, de ofício ou a requerimento da parte, intimar pessoalmente os advogados ou a sociedade de advogados para ciência da nova designação (art. 363). c) No caso de decisões proferidas anteriormente à citação, aplicam-se as regras gerais do art. 231 em favor do citando (art. 1003, § 2º). Pelo princípio geral da instrumentalidade do processo, não pode ocorrer a nulidade processual caso o ato atinja sua finalidade (art. 277) e não haja prejuízo à parte (art. 282, § 1º) ou à defesa (art. 283, parágrafo único), logo, as hipóteses de nulidade encontram-se expressamente prescritas pela lei (arts. 276 e 277). São suas hipóteses previstas no NCPC: a) Quando o MP não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir (art. 279) b) Quando as citações e intimações forem feitas sem observância das prescrições legais (art. 280). No entanto, “a nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo” (art. 279, § 2º). Porém mesmo nestas situações, a nulidade não será decretada caso: a) A parte que a alegou tenha sido a mesma que lhe deu causa (art. 276, in fine) Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. b) A parte não alegue a nulidade na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos (preclusão), salvo se cognoscíveis de ofício e de plano pelo juiz (arts. 485, IV a VI e 337, § 5º) (art. 278) c) O juiz possa decidir a lide em favor da parte a quem aproveite a declaração de nulidade (art. 282, § 2º). Por fim, e em nome do princípio da máxima efetividade do processo, o juiz deverá anular unicamente os atos eivados de vício insanável, e unicamente na parte viciada, aproveitando-se todos os demais atos produzidos (arts. 281 e 283). Os arts. 284 a 293 disciplinam dois atos processuais específicos, sendo eles: Distribuição e registro (arts. 284 a 290) Para evitar burla do juízo sorteado, o art. 286 traz o rol de casos em que a distribuição se dará por dependência ao mesmo juízo: a) Quando as causas se relacionarem,por conexão ou continência, com outra já ajuizada b) Quando, extinto o processo sem resolução de mérito (art. 485), for reiterado o pedido, “ainda que em litisconsórcio em outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda”. c) Quando houver o ajuizamento de ações “que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles” (art. 55, § 3º), ao juízo prevento. Do valor da causa (arts. 291 a 293) Isso porque serve de base de cálculo das custas judiciais e, também para a base de cálculo da verba honorária. O art. 292 traz as regras sobre p valor da causa de acordo com cada demanda, é importante ler com atenção cada um desses dispositivos. Os §§ 2º e 3º disciplinam o caso de pedido de condenação em prestações vencidas e vincendas, quando o valor da causa será o valor das vencidas acrescidas do valor de: a) Uma prestação anual, caso o período vincendo seja indeterminado ou superior a 1 ano. b) O valor integral das vincendas, caso o período seja igual ou inferior a 1 ano. Como novidade no CPC/2015, o juiz ganha o poder expresso de corrigir “de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes (art. 292, § 3º). Por fim, pode o réu questionar o valor atribuído á causa mediante “preliminar da contestação”, “sob pena de preclusão” (art. 293). Portanto, p CPC/2015 acaba com o incidente de impugnação ao valor da causa. Art. 284. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz. Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.
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