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OPIOIDES NO TRATAMENTO DA DOR • Opiáceos: substâncias naturais ou semissintéticas derivadas do ópio. Ex.: morfina é opiáceo, mas metadona não; • Opioides: substâncias que, independentemente da sua origem, exercem seus efeitos em consequência à sua ligação aos receptores opioides; RECEPTORES OPIOIDES CLASSIFICAÇÃO DE OPIOIDE SEGUNDO A SUA AFINIDADE COM RECEPTORES CONCEITOS • Eficácia: reflete o potencial de resposta - agonistas opioides podem alcançar 100% de eficácia, enquanto os agonistas parciais alcançam apenas uma fração dessa analgesia; • Potência: é a relação dose-resposta analgésica alcançada, de determinado opioide em relação a outro - tendo sempre a morfina com o substância- padrão; • Os fármacos antagonistas não possuem qualquer ação farmacológica intrínseca; • Os opioides agonistas-antagonistas possuem efeito teto - embora promovam analgesia em indivíduos que nunca fizeram uso de opióides, eles podem induzir à ocorrência de síndrome de abstinência naqueles que usam cronicamente agonistas puros; • Os agonistas parciais têm baixa efetividade - possuem efeito-teto, que é alcançado antes do efeito analgésico; VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Seguindo as recomendações de utilização da escada analgésica da OMS, a via preferencial deve ser a via oral; Via oral: • Com exceção das situações de dor aguda • disponível, a VO permanece sendo a melhor maneira de se prescrever opioides; • Via mais simples e a maneira m ais barata; • As administrações únicas de analgésico pela VO resultam em maior demora para o início da ação. Entretanto, apresentam ação mais prolongada; Vias parenterais: • Situações de dor aguda ou quando há necessidade de rápida analgesia (pacientes portadores de dor crônica em agudização); • Deve-se dar atenção especial à via intravenosa (IV), que, se não em pregada com cautela, pode resultar em grandes picos de concentração plasmática e consequente ocorrência de efeitos adversos indesejáveis; • A via intramuscular (IM), apesar de muito utilizada, não deveria ser um a opção para a administração crônica de opióides, pois ela é muito desconfortável, especialmente levando-se em consideração a necessidade de repetir as doses da maioria dos opioides a cada quatro horas; • A melhor opção é a via subcutânea (SC), especialmente quando um cateter, ou agulha tipo butterfly, é fixada no tecido subcutâneo, permitindo repetidas administrações de doses de forma segura e confortável; opioides no tratamento da dor Via retal: • Não se dispõe de apresentações de opióides para essa via específica de administração; • O início de ação pode ser retardado, e a eficácia analgésica pode ser interferida pela presença de fezes e pela evacuação; Via transmucosa oral: • Já se encontram disponíveis formulações de fentanil no formato de pirulitos, utilizados no tratamento de dor incidental - aproximadamente 70% do fentanil administrado nessa forma de pirulito acaba deglutido e, consequentemente, não é absorvido; Via transdérmica: • É uma via alternativa interessante para aqueles que apresentam boa analgesia com um a dose estável de opioide; • O alto custo torna essa maneira de administração acessível a poucos pacientes em nossa realidade.; • Sudorese intensa, estados febris e outros estados de hipermetabolismo alteram tanto as concentrações plasmáticas do fentanil transdérmico quanto a duração do efeito analgésico de cada adesivo Vias alternativas: • Intranasal: tem comportamento idêntico à via transmucosa oral; • Via inalatória; VÍCIO • Diferentemente de uma situação corriqueira em que o paciente tem pleno controle sobre os momentos em que deve fazer uso da medicação, na situação de adição, a droga "controla” o intervalo da utilização: sempre que ocorre queda da concentração plasmática da substância, o paciente se vê impelido a repetir a dose; • Deve-se atentar para a diferenciação da verdadeira a situação de adição da pseudo-adição; o Na pseudo-adição, o paciente tem um comportamento que pode ser confundido com o vício: procura novas doses de analgésicos. Entretanto, esse comportamento ocorre porque o paciente não tem recebido as doses analgésicas suficientes do opioide, o que resulta em dor residual, e isso o impele a procurar ajuda de diversos profissionais. TOLERÂNCIA FÍSICA • A tolerância física é a diminuição da efetividade da droga, a uma determinada dose, no decorrer do tempo de sua utilização; • Usada como justificativa para a não prescrição de opioides, a tolerância física não é um fenômeno totalmente deletério, pois ela se estabelece muito mais precocemente aos efeitos adversos dos opioides do que aos seus efeitos analgésicos - permite, portanto, que doses maiores sejam toleradas; DEPENDÊNCIA FÍSICA • Resultado de alterações neurofisiológicas na presença de substâncias exógenas que mimetizam os opioides endogenamente sintetizados; • A retirada súbita do opioide, quando em uso prolongado, pode resultar em síndrome de abstinência, que se caracteriza por taquicardia, hipertensão, diaforese, piloereção, náusea e vômito, diarréia, dores pelo corpo, dor abdominal, psicoses e alucinações; EFEITOS ADVERSOS • A maior parte deles se resolve com o uso continuado do opioide por mecanismo de tolerância farmacológica; INDICAÇÕES E PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA USO RACIONAL DE OPIÓIDES EM DOR • Essencialmente, os opioides estão indicados na dor nociceptiva ou somática, de origem no sistema osteomusculoligamentar ou visceral, não- espasmódica, de intensidade moderada a intensa, para alívio da dor aguda e da dor crônica oncológica ou não; • Dor neuropática: não devem ser a primeira opção de tratamento, mas pode se alcançar bons resultados com metadona, tramadol e oxicodona; • Os opioides indicados para uso prolongado no tratamento da dor são os agonistas puros do receptor mu: o Agonista puro fraco: codeína e tramadol; o Agonista puro forte: morfina, metadona, oxicodona, fentanil; • Não estão indicados nem são recomendados para uso regular e crônico, devido aos seus efeitos adversos, os seguintes opióides: buprenorfina (agonista parcial), nalbufina (agonista-antagonista), meperidina e propoxifeno (agonistas); • De acordo com a intensidade da dor, a escolha do analgésico deverá seguir as orientações da OMS: o 1) pela boca: preferência pela via oral; o 2) pelo relógio: prescrição de acordo com o tempo de ação da droga, antes de a dor voltar, e não “se haver d o r”; o 3) pela escada: uso de uma hierarquia analgésica, ou seja, ‘subir o degrau’; o 4) individualização: para os opioides não existe dose padrão - a dose que alivia é a dose certa; o 5) atenção ao detalhe: prescrição legível, clara, com horários regulares, dose adequada, número de comprimidos necessários até retorno, orientação preventiva dos efeitos colaterais, horário da medicação adequado ao paciente e orientação para urgências; CLASSIFICAÇÃO DOS OPIOIDES DE ACORDO COM A POTÊNCIA UTILIZAÇÃO DE OPIOIDES FRACOS Codeína • Opioide fraco, agonista mu, com dose-teto para analgesia; • Considerada uma pró-droga por ser metabolizada à morfina - menos potente do que a morfina, porque apenas 10% da codeína é convertida; • A excreção é renal - na insuficiência renal pode haver acúmulo de metabólitos ativos e sinais de sobredose, havendo também recomendações para se evitar o uso nos pacientes em diálise; • Bem indicada nas dores nociceptivas - para dor de moderada intensidade; Tramadol • Opioide sintético fraco, análogo da codeína, se situa no segundo degrau da escada analgésica; • Duplo mecanismo de ação: o Tem fraca afinidade pelos receptores opioides (seletivo para o receptor um); o Inibe a recaptação da noradrenalina e da serotonina, modulando as vias descendentesinibitórias monoaminérgicas; • Atua na dor nociceptiva e apresenta eficácia no alívio da dor neuropática; • Interações medicamentosas relevantes: o IMAOs (inibidores da monoaminoxidase), antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs): contraindicado - retardam a remoção da serotonina, precipitando crise serotoninérgica; ▪ Hipo/hipertensão, excitação, sudorese excessiva, rigidez muscular, hiperreflexia, desorientação, taquicardia, hipertermia, convulsão, coma; o Carbamazepina: pode diminuir o efeito analgésico em 33 a 50% e a duração da ação - deve ser ingerida pelo menos uma hora após a ingestão do tramadol; UTILIZAÇÃO DE OPIOIDES FORTES Morfina • É um opioides fortes do terceiro degrau da escada analgésica; • Indicada na dor moderada a severa; • Bons resultados na dor de origem nociceptiva ou somática; • Agonista mu puro; • Quanto maior a dose, maior a analgesia; • Interações medicamentosas: o Amitriptilina, clomipramida e ISRSs: aumentam a biodisponibilidade e potencializam o efeito analgésico; o IMAOs irreversíveis: os opioides inibem a metabolização da tranilcipromina, elevando seu nível plasmático, podendo ocorrer reações tóxicas; Metadona • Indicado para o alívio da dor moderada a severa; • Agonista do receptor mu, agonista do receptor delta e antagonista dos receptores NMDA; • Alívio da dor neuropática; • Menor desenvolvimento de tolerância quando comparada à morfina; • Se acumula no organismo - depressão respiratória; • Metabolização hepática: não tem metabólitos ativos, apenas inativos, que são eliminados por via renal, tornando-a indicada na insuficiência renal e em pacientes em diálise; • Medicação genérica e de baixo custo - recomendada pela OM S para o tratamento da dor no câncer; • Interações medicamentosas: o Com exceção dos IMAOs irreversíveis, que devem ser suspensos, a interação da metadona com outras drogas apenas necessita de reajustes das doses e/ou dos horários de administração; o Fluoxetina, serotoninérgicos, cimetidina: aumentam os efeitos da metadona; o Fenitoína, rifampicina, cetoconazol, inibidores da protease ritonavir e indinavir e nevirapina: diminuem a eficácia da metadona; o Stavudina e didanosina: têm sua absorção diminuída na presença de metadona; o Carbamazepina: não deve ser administrada ao mesmo tempo para minimizar a diminuição da eficácia da metadona e a necessidade de aumento da dose; o Warfarina: tem seu efeito anticoagulante aumentado, necessitando-se reduzir a dose de warfarina e controlar INR; o Antidepressivos tricíclicos: têm os efeitos anticolinérgicos aumentados. Oxicodona • Duas vezes mais potente do que a morfina; • No Brasil ainda não há oxicodona de ação rápida, por isso a dose-resgate deverá ser feita preferencialmente com morfina de ação rápida em dose equivalente; Fentanil transdérmico • Indicado em pacientes impossibilitados de usar a via oral; • Deve ser considerado quando o paciente já está em terapia com opioide, com dor constante, mas com pouca dor episódica; Meperidina • Tem efeito analgésico curto de 2 a 3 horas; • O uso prolongado leva ao acúmulo do metabólito normeperidinas, cujo estímulo no SNC ocasiona tremores, mioclonias, agitação e convulsões; • O uso concomitante de meperidina com fenobarbital e/ ou clorpromazina aumenta a produção e acúmulo de normeperidina; • OMS recomenda a restrição para o uso da meperidina e sua substituição, sempre que possível, por outros opióides com menor toxicidade, além de condenar veementemente seu uso na dor crônica; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • Tratado de dor. Publicação pela Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. 1. Ed – Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. • Dor: princípios e prática [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2009.
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