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Poesia utilizadas na avaliação


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Poesia utilizadas na avaliação
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A(s) questão(ões) a seguir referem-se ao texto abaixo.
Que diversas que são, Marília, as horas,
que passo na masmorra imunda e feia,
dessas horas felizes, já passadas
na tua pátria aldeia!
Então eu me ajuntava com Glauceste;
e à sombra de alto cedro na campina
eu versos te compunha, e ele os compunha
à sua cara Eulina.
Cada qual o seu canto aos astros leva;
de exceder um ao outro qualquer trata;
o eco agora diz: Marília terna;
e logo: Eulina ingrata.
Deixam os mesmos sátiros as grutas:
um para nós ligeiro move os passos,
ouve-nos de mais perto, e faz a flauta
cos pés em mil pedaços.
— Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece
da cândida Marília a formosura.
E aonde — clama o outro — quer Eulina
achar maior ventura?
Nenhum pastor cuidava do rebanho,
enquanto em nós durava esta porfia;
e ela, ó minha amada, só findava
depois de acabar-se o dia.
À noite te escrevia na cabana
os versos, que de tarde havia feito;
mal tos dava e os lia, os guardavas
no casto e branco peito.
Beijando os dedos dessa mão formosa,
banhados com as lágrimas do gosto,
jurava não cantar mais outras graças
que as graças do teu rosto.
Ainda não quebrei o juramento;
eu agora, Marília, não as canto;
mas inda vale mais que os doces versos
a voz do triste pranto.
GONZAGA, Tomás Antônio. Tomás Antônio Gonzaga [Org. Lúcia Helena]. Rio de Janeiro: Agir, 1985. p. 114. [Coleção Nossos Clássicos, v.114].
 
 O poema, exemplar do Arcadismo brasileiro, caracteriza-se pela 
me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é que de compaixão sois animados:
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de 1Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros gênios o 2Destino,
Para cingir de 3Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.
COSTA, Cláudio Manuel da. A poesia dos inconfidentes. (Org.: COSTA, MACHADO). São Paulo: Martins Fontes, 1966, p. 51 – 52.
TEXTO 1
Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
Cláudio Manuel da Costa
TEXTO 2
[...]
Enquanto pasta alegre o manso gado,
minha bela Marília, nos sentemos
à sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
na regular beleza,
que em tudo quanto vive nos descobre
a sábia Natureza.
[...]
Tomás Antônio Gonzaga
TEXTO 3
[...]
Amigo Doroteu, não sou tão néscio,
Que os avisos de Jove não conheça.
Pois não me deu a veia de poeta,
Nem me trouxe, por mares empolados,
A Chile, para que, gostoso e mole,
Descanse o corpo na franjada rede.
Nasceu o sábio Homero entre os antigos,
Para o nome cantar, do grego Aquiles;
Para cantar, também, ao pio Enéias,
Teve o povo romano o seu Vergílio:
Assim, para escrever os grandes feitos
Que o nosso Fanfarrão obrou em Chile,
Entendo, Doroteu, que a Providência
Lançou, na culta Espanha, o teu Critilo.
[...]
Tomás Antônio Gonzaga - Cartas Chilenas
(Em Caramuru, poema épico de Santa Rita Durão, o herói, Diogo Álvares Correia, em determinado momento narrado no Canto VII, chega com Paraguaçu, sua amada, à França, onde, instado pelo rei, relata as belezas da terra brasileira. Entre as flores, uma é destacada: 
XXXIX 
 
É na forma redonda, qual diadema 
De pontas, como espinhos, rodeada, 
A coluna no meio, e um claro emblema 
Das chagas santas e da cruz sagrada: 
Veem-se os três cravos e na parte extrema 
Com arte a cruel lança figurada, 
A cor é branca, mas de um roxo exangue, 
Salpicada recorda o pio sangue. 
 
XL 
 
Prodígio raro, estranha maravilha, 
Com que tanto mistério se retrata! 
Onde em meio das trevas a fé brilha, 
Que tanto desconhece a gente ingrata: 
Assim do lado seu nascendo filha 
A humana espécie, Deus piedoso trata, 
E faz que quando a graça em si despreza, 
Lhe pregue co’esta flor a natureza. 
O poeta árcade Cláudio Manuel da Costa valeu-se, em alguns momentos, da natureza brasileira para compor sua poesia, fugindo, assim, pelo menos em parte, do convencionalismo neoclássico. A partir dessa ideia, leia o poema a seguir. 
LVIII 
 
1Altas serras, 3que ao Céu estais servindo 
De muralhas, que o tempo não profana, 
Se Gigantes não sois, que a forma humana 
Em duras penhas foram confundindo; 
 
Já sobre o vosso cume se está rindo 
O 4Monarca da luz, que esta alma engana; 
Pois na face, que ostenta, soberana, 
O rosto de meu bem me vai fingindo. 
 
Que alegre, que mimoso, que brilhante 
Ele se me afigura! Ah qual efeito 
Em minha alma se sente neste instante! 
 
Mas ai! a que delírios me sujeito! 
Se quando no Sol vejo o seu semblante, 
Em vós descubro 2ó penhas o seu peito?