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Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 1 Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Professora Dra. Danielly Godiva Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 2 Introdução 3 Planejamento Estratégico 4 Características do planejamento estratégico 4 Planejamento Estratégico Ambiental 5 Ações e procedimentos para gestão ambiental 5 Implantação do PEA 8 Aspectos dos Impactos e da Legislação Ambiental 15 Impactos Ambientais 15 Aspectos da Legislação Ambiental 17 Desenvolvimento Sustentável 20 Pensamento Econômico e Meio Ambiente 20 A prática do Desenvolvimento Sustentável 23 Bibliografia 24 SUMÁRIO Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 3 INTRODUÇÃO Figura 1: A revolução industrial e os impactos ambientais - Fonte: http:// mntc-ryazan.ru/wp-content/uploads/2012/04/ekoproblemi.jpg Com a Revolução Industrial, deu-se início o desenvol- vimento tecnológico da era atual, caracterizado pela agressividade dos processos produtivos ao meio ambiente. A meta inicial, neste caso, era focada apenas na expansão das organizações industriais. E, quando se fazia necessário, utilizavam-se de técnicas para o tratamento dos efeitos de tais agressividades. Mesmo diante da idéia crescente a respeito da importância de proteger os ecossistemas e a biodiversidade do planeta, inúmeras são as justificativas que valorizam sua preservação. Um primeiro ponto relaciona-se com a responsabilidade moral do indivíduo, diante da perspectiva de que todos os seres vivos possuem o direito de desfrutarem de sua existência, independentemente de qual seja a sua espécie. Além disso, são incontáveis os benefícios econômicos que podem ser adquiridos com o uso e comercialização dos recursos naturais. Adicionalmente, existem espécies que são consideradas excelentes indicadores da qualidade ambiental, portanto, sua preservação garante um monitoramento constante a respeito da saúde dos ambientes dos quais desfrutamos, ou de outros recursos oriundos desses ambientes. Por último, mas não menos importante, há a compreensão de que cada espécie, cada indivíduo, cada comunidade e população que constituem essa rede interrelacionada de seres – conhecida como ecossistema - são responsáveis pela manutenção da função ecossistêmica. Garantir o equilíbrio dessas populações permite que o ecossistema possa se auto-regenerar e se auto-sustentar em meio a uma variabilidade ambiental. As preocupações com a imagem perante a sociedade passam também por medidas concretas em prol da sustentabilidade ambiental. Como as empresas em geral, estão munidas de fortes valores éticos e morais, as pressões da sociedade em função de acidentes ambientais, afetam a sua auto-estima e, por conseguinte, sua reputação, o que as obriga a envidar esforços para estabelecer e/ou manter sua boa reputação, via incorporação de práticas de responsabilidade social e ambiental expressas na sua missão e presente na sua estratégia de negócios. Afinal, vemos cada vez mais, que no mundo globalizado não existe espaço para seguidores, mas sim para inovadores. A proposta desta disciplina é discutir como inserir no planejamento estratégico a gestão ambiental, a fim de corresponder às diretrizes do desenvolvimento sustentável. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO No contexto organizacional, a Estratégia corresponde à capacidade de se trabalhar contínua e sistematicamente o ajustamento da organização às condições ambientais que se encontram em constante mudança, tendo sempre em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional. Ao se tratar de estratégia, observa-se a importância de ser capaz de posicionar-se corretamente frente às situações principalmente quando se está diante de incertezas e turbulências do ambiente, seja ele no plano financeiro, ou no âmbito de suas atividades internas e processuais. Planejar significa formular sistematicamente objetivos e ações alternativas, cuja escolha se dará sobre a melhor ação. Também diz respeito a considerar implicações futuras das decisões tomadas no presente. Portanto, o planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado. Logo, o objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios. O planejamento estratégico, em todos os aspectos técnicos, surgiu somente no início da década de 70. Nas décadas de 50 e 60 os administradores empregavam, apenas o planejamento operacional, porque o crescimento de demanda total estava controlado, e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem sucedido no negócio. Isso mudou com a turbulência dos anos 70, que trouxe a tona diversas crises: os preços do petróleo dispararam com a guerra entre árabes e israelenses; houve escassez de energia e matéria-prima, inflação de dois dígitos, recessão econômica e alarmantes índices de desemprego. Diante desta realidade, surge a necessidade de um novo projeto de planejamento administrativo, visando manter as empresas numa boa posição, mesmo diante de problemas que possam ocorrer em qualquer um de seus negócios ou linhas de produtos. Características do planejamento estratégico O planejamento estratégico apresenta cinco características fundamentais: I. Está relacionado com a adaptação da organização a um ambiente mutável. Ou seja, sujeito à incerteza a respeito dos eventos ambientais. Por se defrontar com a incerteza tem suas decisões baseadas em julgamentos e não em dados concretos. Reflete uma orientação externa que focaliza as respostas adequadas às forças e pressões que estão situadas do lado de fora da organização. II. É orientado para o futuro. Considera uma perspectiva temporal de longo prazo. Durante o planejamento, a consideração dos problemas atuais é dada em função dos obstáculos e barreiras que eles possam provocar para um almejado lugar no futuro. III. É compreensivo. Envolve a organização como uma totalidade, abarcando todos os seus recursos, no sentido de obter efeitos sinérgicos de todas as capacidades e potencialidades da organização. A resposta estratégica da organização envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico. A participação das pessoas é fundamental nesse aspecto, pois o planejamento estratégico não deve ficar apenas no papel, mas também ser interiorizado por todos os envolvidos. Afinal, são eles que o realizam e o fazem acontecer. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 5 IV. É um processo de construção de consenso. Devido à diversidade dos interesses e necessidades dos parceiros envolvidos, o planejamento deve oferecer um meio de atender a todos na direção futura que melhor convenha para que a organização possa alcançar seus objetivos. Para isso, é preciso aceitação ampla e irrestrita para que o planejamento estratégico possa ser realizado através dessas pessoas em todos os níveis da organização. V. É uma forma de aprendizagem organizacional. Por estar orientado para a adaptação da organização ao contexto ambiental, o planejamento constitui uma tentativa constante de aprender a ajustar-se a um ambiente complexo, competitivo e suscetível a mudanças. A partir daí, deve-se simular situações diversas, construir cenários a fim de descrever possíveis acontecimentos plausíveis que poderão ocorrer. Para isso é necessário levar em consideração fatores como o histórico e resultados para ter condições de interagir. Figura 2: Planejar estrategicamente para atender aos objetivos propostos. Fonte: www.altercomunicare.com.br/page003.html PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AMBIENTAL A década de 90 caracterizou-se por uma nova fase histórica na integração da gestão ambiental em organizações industriais. Neste mesmo período, o conceitode desenvolvimento sustentável apresentado inicialmente em Estocolmo em 1972, foi consolidado de forma plena com a realização da Rio-92. Nesta nova fase, alguns pontos se destacariam: a) a introdução progressiva de uma perspectiva de sustentabilidade; b) a proliferação dos engajamentos coletivos – como os códigos de conduta, os convênios e os acordos voluntários; c) a maior interação entre as esferas pública e privada – com a participação dessas organizações na formulação de objetivos e na escolha de instrumentos de gestão ambiental; d) o maior envolvimento da sociedade civil organizada. O Planejamento Estratégico Ambiental (PEA) é uma ferramenta que tem o objetivo de identificar e priorizar as necessidades de adequação de cada empreendimento aos aspectos requeridos pela legislação ambiental, propiciando ao cliente a possibilidade de atuar de forma pró-ativa e preventiva, otimizando recursos, tempo e energia. Ações e procedimentos para gestão ambiental O crescimento descontrolado da população e a expansão das grandes indústrias, baseada no uso abusivo dos combustíveis fósseis, abriram caminho para uma expansão inédita da escala das atividades humanas, pressionando a base limitada e cada vez mais escassa dos recursos naturais do planeta. Assim como o discutido anteriormente. A crescente preocupação com a escassez dos recursos naturais e com o futuro das próximas gerações fez surgir o conceito de desenvolvimento sustentável, uma solução conciliadora entre crescimento econômico e o uso sustentável dos recursos naturais. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 6 Uma das condições necessárias para a sustentabilidade é a elaboração de estatísticas capazes de fornecer informações mais evidentes sobre a relação entre desenvolvimento econômico e o uso ou estágio de degradação do meio ambiente. E uma maneira de descrever a interação entre as atividades humanas e o meio ambiente, fornecendo referências para políticas de preservação ambiental, processos de danos causados a natureza, e até mesmo a inserção das contas ambientais no sistema de contabilidade de uma nação. Encontramos na literatura uma série métodos de valoração capazes de fazer esta conexão entre a provisão dos recursos naturais e a estimativa econômica de seus benefícios. Alguns estimam o preço do recurso natural através de uma função de produção, relacionando a provisão do recurso e o preço de uma mercadoria no mercado, e outros criam um mercado hipotético para captar a disposição a pagar da população pelo recurso ambiental. Ainda não há um consenso quanto à eficiência de um método em relação ao outro, mesmo porque não há como precisar o real preço de um bem ou serviço ambiental. Temos ainda um profundo desconhecimento das complexas relações da biodiversidade, da capacidade de regeneração do ambiente, e seu limite de suporte das atividades humanas. Um processo que resume toda a complexidade ambiental numa simples medida de valor monetário irá indubitavelmente provocar uma importante perda de informação. Determinação de prioridades As restrições orçamentárias impõem a necessidade de responder duas perguntas fundamentais relativas à proteção ambiental: (i) quais os recursos ambientais em que devemos centralizar esforços? (ii) quais métodos devemos utilizar para atingir os objetivos desejados? Resumindo, é importante definir as prioridades quanto ao que queremos conservar, onde e de que forma. É importante enfatizar que, independente da adoção de um determinado critério, podemos aumentar a eficiência da gestão ambiental (isto é, capacidade de atingir os objetivos desejados) com a utilização complementar de um critério econômico. Mas, fundamentar o critério econômico nas abordagens ecológicas, de modo que se torne útil para a gestão e avaliação de possíveis impactos ambientais, requer o conhecimento e entendimento de nossa biodiversidade como um pré-requisito para a aplicação do critério econômico. Figura 3: Definir as prioridades é fundamental para o sucesso do planejamento ambiental - Fonte: www.carreiras.empregos.com.brcarrei raadministracaonoticiasplano-de-carreira.shtm Valoração Ambiental No caso de um recurso ambiental, os fluxos de bens e serviços ambientais, que são derivados do seu consumo, definem seus atributos. Entretanto, existem também atributos de consumo associados à própria existência do recurso ambiental, independentemente do fluxo atual e futuro de bens e serviços apropriados na forma do seu uso. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 7 Assim, é comum na literatura desagregar o valor econômico do recurso ambiental (VERA) em valor de uso (VU) e valor de não-uso (VNU). Os valores de uso podem ser, por sua vez, desagregados em: - Valor de Uso Direto (VUD) - quando o indivíduo se utiliza atualmente de um recurso, por exemplo, na forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou consumo direto; - Valor de Uso Indireto (VUI) - quando o benefício atual do recurso deriva-se das funções ecossistêmicas, como, por exemplo, a proteção do solo e a estabilidade climática decorrente da preservação das florestas; - Valor de Opção (VO) - quando o indivíduo atribui valor em usos direto e indireto que poderão ser optados em futuro próximo e cuja preservação pode ser ameaçada. Por exemplo, o benefício advindo de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não descobertas de plantas em florestas tropicais. O valor de não-uso (ou valor passivo) representa o valor de existência (VE) que está dissociado do uso (embora represente consumo ambiental) e deriva-se de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não-humanas ou preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo. Uma expressão simples deste valor é a grande atração da opinião pública para salvamento de baleias ou sua preservação em regiões remotas do planeta, onde a maioria das pessoas nunca visitará ou terá qualquer benefício de uso. Desta forma, tem-se de maneira simplificada a equação de valor econômico do recurso ambiental (VERA) como sendo a soma dos valores de uso e não uso atribuídos a um recurso natural. Um tipo de uso, entretanto, pode excluir outro tipo de uso do recurso ambiental. Por exemplo, o uso de uma área para agricultura exclui seu uso para conservação da floresta que cobria este solo. Assim, o primeiro passo na determinação do VERA será identificar estes conflitos de uso. O segundo passo será a determinação destes valores. Tabela 1: Definição das esferas de valoração do recurso ambiental Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 8 Conforme procuramos demonstrar até agora, a tarefa de valorar economicamente um recurso ambiental consiste em determinar quanto melhor ou pior estará o bem-estar das pessoas devido às mudanças na quantidade e/ou qualidade de bens e serviços ambientais, seja na apropriação por uso ou não. Certos bens e serviços ambientais encontram-se, de certa forma, valorizados no mercado. Por exemplo, o uso de um rio para despejo industrial pode resultar numa perda de produção pesqueira ou agrícola. Então, o valor do rio como recurso ambiental pode ser estimado pelo valor dessa produção (pesqueira ou agrícola) a preços vigentes no mercado. Trata-se de mensurar o custo econômico de oportunidade, ou seja, o custo do uso alternativo de um certo bem ambiental. Figura 4: Quanto vale preservar o recurso ambiental?! - Fonte: http:// eco4u.files.wordpress.com/2011/02/economia_verde.jpg Há duas formas de pesquisar a disposição a pagar pelo bem ambiental. Uma delas é por meio de técnicas de mercado de recorrência, muito aplicada no mercado imobiliário cujos preços dos imóveis podem variar de acordo com parâmetros como: qualidade de ar, sonora, etc. Ou mesmo, sendo aplicada ao turismo. Por exemplo, analisandoos custos de viagem para um sítio ambiental, seria possível estimar quanto as pessoas valorizam esse sítio e assim quanto estariam dispostas a pagar por sua preservação. A outra se refere a técnicas de mercados hipotéticos. Neste caso, a aplicação de pesquisa por questionários, a fim de identificar o quanto o indivíduo estaria disposto a pagar pela preservação ou pela perda da qualidade ambiental. Implantação do PEA Para a efetiva implementação do planejamento estratégico ambiental (PEA), é necessário seguir as etapas apresentadas abaixo: I. Etapa 0 - Avaliação ambiental: diagnóstico preliminar dos problemas ambientais II. Etapa 1 - Técnica de GUT: determinação das prioridades segundo Gravidade, Urgência e Tendência III. Etapa 2 - Planejamento Ambiental: determi- nação dos objetivos, metas e estratégias IV. Etapa 3 - 4Q1POC: definição das linhas de ação A seguir, cada etapa será descrita de forma mais detalhada. Etapa 0 - Avaliação ambiental Este tipo de avaliação requer a formação e o trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, a fim de agregar os diversos conhecimentos e diferentes perspectivas a respeito do cenário ambiental atual e futuro. Futuro, neste caso, refere-se à previsão das alterações do cenário ambiental depois da instalação do empreendimento e/ou ações propostas. O desafio maior surge ao buscar integrar nesta avaliação todas as informações levantadas. Já que não é simples efetuar a comparação de um fenômeno ambiental mensurado por mg L-1 com outro medido em R$ e um outro medido em m3 s-1. Para tal coerência entre os resultados alcançados, é preciso a experiência e capacitação de um gerente sênior. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 9 Para tentar equacionar uma proposta razoável modelada para a avaliação ambiental, alguns conceitos foram estabelecidos com o objetivo de estabelecer uma estrutura de modelo de forma a situá-lo como uma ferramenta para avaliação de transformações ambientais de qualquer natureza. Considerando três dimensões distintas e complementares relacionadas: ao ambiente, às atividades transformadoras e às relações entre ambos. Tabela 2: Parâmetros utilizados para avaliar as transformações ambientais de acordo com o modelo. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 10 Avaliação de impacto ambiental – EIA/RIMA Avaliação de Impactos Ambientais (ou AIA) é um instrumento preventivo usado nas políticas de ambiente e gestão ambiental com o intuito de assegurar que um determinado projeto, possível de causar danos ambientais, seja analisado de acordo com os prováveis impactos ao meio ambiente. E que esses mesmos impactos sejam analisados e tomados em consideração no seu processo de aprovação. A elaboração de um AIA é realizada por equipes multidisciplinares, as quais apresentam diagnósticos, descrições, análises e avaliações sobre os impactos ambientais efetivos e/ou potenciais do projeto. A principal função preventiva deste instrumento é estabelecer um conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, construção, programa, plano ou política) e de suas alternativas. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 11 Os resultados desta avaliação devem ser públicos e voltados aos responsáveis pela tomada da decisão, de maneira que os procedimentos devem garantir a adoção das medidas de proteção ao meio ambiente determinadas no caso da decisão da implantação do projeto. A AIA é composta pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e pelo Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA). Ambos correspondem a o estudo prévio do impacto ambiental de grandes projetos. O EIA é realizado por especialistas de diversas áreas, com dados técnicos detalhados, tendo seu acesso restrito, em respeito ao sigilo industrial. Já o RIMA corresponde à síntese dos estudos em formato menos técnico, mais simples e compreensível. Uma vez que ocorre a participação pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que contenha este tipo de estudo, através de audiências públicas com a comunidade que será afetada pela instalação do projeto. Expressamente, o estudo de impacto ambiental (EIA) foi introduzido em nossa legislação pela Lei n.6803, de 2.7.80, sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. Posteriormente, foi ampliado de forma extensiva a todas as áreas suscetíveis de atividades poluentes pela Lei n. 6938, de 31.8.81. Trata-se da lei que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 12 Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 13 O instrumento de avaliação de impacto ambiental, no intuito de proteger a natureza e salvaguardar a saúde humana e a vida em geral, constitui uma das inovações mais importantes da realidade social, uma vez que favorece convenientes decisões e controle destes processos por parte das autoridades competentes priorizando a preservação do meio ambiente, proteção da saúde, da segurança e do bem estar da população. Conforme os objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente que visam assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Etapa 1 – Técnicas de GUT Esta é uma ferramenta de grande utilidade para identificar a priorização dos problemas diagnosticados ou previstos. Considerando os aspectos: Gravidade, Urgência e Tendência. Nota-se que... Gravidade (G): diz respeito ao impacto do problema sobre os processos, pessoas, resultados, ambiente. Refere-se ao custo por deixar de tomar uma ação que poderia solucionar o problema; Urgência: relaciona-se ao tempo disponível, ou necessário, para resolver o problema. Também refere-se aos riscos quanto aos custos para correção do impacto ambiental, bem como ao efeito gerado na imagem da organização. Tendência: diz respeito à probabilidade de ocorrência do impacto ambiental durante a vida útil das instalações da organização e à propensão que o problema assumirá se nada for feito para eliminá-lo. Submete-se cada item avaliado do diagnóstico ambiental preliminar a classificações de acordo com os critérios acima, recebendo cada um deles uma nota que reflete sua prioridade em relação aos demais. Essa classificação fornece uma priorização adequada dos itens a serem tratados nas outras etapas do gerenciamento estratégico. São atribuídas notas de 1 a 5 para cada uma das variáveis G, U e T dos problemas listados e toma-se o produto como o peso relativo do problema. O método deve ser desenvolvido em grupo, sendo as notas atribuídas por consenso, ou seja, por concordância obtida pela argumentação lógica. Tabela 3: Matriz GUT Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 14 Uma vez obtidas as notas, os problemas são organizados em ordem decrescente. Se dois ou mais problemas receberem a mesma nota, o desempate pode ser feito pela consideração relativa de um novo GUT, agora considerando apenas os problemas empatados. Tabela 4: Exemplo de utilização da matriz GUT Etapa 2 – Planejamento Ambiental Após a priorização dos fatores a serem sanados, deve-se determinar quais os objetivos devem ser atingidos a médio e longo prazos. Os objetivos são formulados para eliminar ou reduzir os fatores que apresentam problemas. Posteriormente, esses objetivos são especificados em metas que os quantificam para determinados períodos de tempo, permitindo a obtenção de um controle do andamento das atividades conforme os prazos estipulados inicialmente, permitindo o controle da execução do plano. Tabela 5: Proposta para o planejamento ambiental Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 15 Etapa 3 – 4Q1POC Este é o modelo utilizado para determinar as estratégias e tem como base as seguintesperguntas: • O QUE: Qual ação vai ser desenvolvida? • QUANDO: Quando a ação será realizada? • POR QUE: Por que foi definida esta solução (resultado esperado)? • ONDE: Onde a ação será desenvolvida (abrangência)? • COMO: Como a ação vai ser implementada (passos da ação)? • QUEM: Quem será o responsável pela sua implantação? • QUANTO: Quanto será gasto? Utilizando esse quadro você visualiza a solução adequada de um problema, com possibilidades de acompanhamento da execução de uma ação. Respondidas as perguntas tem-se todo o plano de ação determinado para que os objetivos sejam atingidos. Produto Final O produto final do PEA é um Relatório Técnico fundamental para a programação de ações ambientais, de grande valia a responsáveis e gerentes de meio ambiente. O relatório técnico é acompanhado de um Relatório Gerencial, que resume as prioridades a serem adotadas, e é dirigido a direção da empresa. ASPECTOS DOS IMPACTOS E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Impactos Ambientais A preocupação com o meio ambiente surge a partir do momento que a população cresce e as atividades econômicas progridem. Da maneira como os bens e serviços ambientais vêm sendo utilizados pelo homem, experimentando uma deterioração crescente, principalmente nos lugares onde a aglomeração humana e as diversas atividades econômicas se desenvolvem. As manifestações mais importantes do fenômeno das poluições urbanas provocam uma série de efeitos nocivos que impõem custos à sociedade. Conceitualmente, o dano ambiental, a degradação ambiental está definida no artigo 3º da Lei nº 6.938/1981 e é a alteração adversa das características do meio ambiente, de tal maneira que prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população, crie condições prejudiciais às atividades sociais, afete desfavoravelmente a biota, prejudique condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, por fim, lance rejeitos ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. O dano ambiental, geralmente, é de natureza difusa, atingindo uma coletividade de pessoas. É de difícil constatação e avaliação, uma vez que, a atividade pode ser produzida hoje e os efeitos do dano só aparecem após vários anos ou gerações. Sabe-se que grande parte de ações civis públicas estariam paradas, aguardando o cálculo do valor dos danos. Daí a importância de avaliar e estabelecer o valor da perda ambiental, antes mesmo que esta se concretize. A introdução da avaliação do impacto ambiental nos planos estratégicos visa assegurar a preservação do meio ambiente, a proteção da saúde, da segurança e do bem estar da população. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 16 Podemos diferenciar os impactos ambientais em escala local, regional e global. Inicialmente, desconhecia-se esse potencial deletério dos impactos. Muitas ocorrências consideraram o prejuízo como sendo algo totalmente mensurável e restrito a uma localidade. No entanto, com o passar do tempo, muitos danos foram diagnosticados em regiões mais longínquas. Um exemplo, são os testes atômicos na década de 60 realizados em locais isolados a fim de não comprometer a população humana. Contudo, devido a quantidade de energia liberada e da altura da atmosfera alcançada (troposfera ou estratosfera) A dispersão dos produtos de fissão podem atingir regiões bastante distantes do seu ponto de origem, de acordo com a, sendo possível provocar um impacto regional, ou até mesmo global. Outro exemplo é a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens. Localmente tem-se um desequilíbrio no ecossistema natural, como um impacto local. Provocando a extinção de espécies animais e vegetais, empobrecimento do solo, etc. Considerando que este evento provoque o assoreamento dos rios, menor índice pluviométrico, entre outros, temos um impacto de abrangência regional, já que outras comunidades, municípios e até mesmo estados podem compartilhar do recurso ambiental que está sofrendo o dano. Além disso, neste caso, ocorre aumento na emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores, o que vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito também em escala global. O aumento da concentração de poluentes atmosféricos nas cidades causa uma serie de problemas, entre eles a elevação da temperatura nas zonas mais edificadas, conhecidas como “ilhas de calor”, além de provocar doenças respiratórias e desconforto nas pessoas, especialmente quando há inversão térmica. Adicionalmente, o acúmulo de vários focos de poluição local pode causar impactos em escala regional, como a chuva acida resultante da emissão de dióxido de enxofre na atmosfera, e em escala global, como o aumento do efeito estufa e a destruição da camada de ozônio. Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAOstat) indicam que, até os anos 60, a quantidade de nitrogênio disponível no planeta era controlada por processos naturais. Até que as atividades humanas aumentaram o desequilíbrio do ciclo do nitrogênio, utilizando fertilizantes feitos com nitrogênio sintético. Esse crescente consumo de fertilizantes nitrogenados no mundo, em 2004, já excedia a área cultivada, provocando um acúmulo maior de nitrogênio no solo. Isso causa um desequilíbrio nas proporções de nitrogênio, com consequências diferentes para os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Figura 5: Gráfico de área cultivada e consumo de fertilizante nitrogenado no mundo É possível encontrar inúmeros registros quanto aos alarmantes impactos. Infelizmente, o Brasil é reconhecido como o maior exemplo de destruição dos recursos naturais. A cada 10 árvores que caem no mundo 1 estava na Amazônia. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), entre 1978 e 1994 a área desmatada nessa região passou de 78.000 km² para 470.000 km², o que equivale a 12 % da área original sendo cortada em apenas 16 anos. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 17 Além disso, foi publicado na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, que 20% do consumo de agrotóxicos do mundo são consumidos pelos países subdesenvolvidos, sendo que o Brasil é o terceiro maior. Sendo o país com os maiores níveis de intoxicação. Transferência de elementos tóxicos e magnificação trófica Determinadas substâncias tóxicas são facilmente transportadas de um meio para outro, por processos de deposição ou percolação, e tendem a se acumular ao longo da cadeia alimentar, atingindo concentrações maiores nos predadores de topo. Alguns exemplos destas substâncias são o DDT, BHC (Agrotóxicos), mercúrio, cromo e elementos radioativos. Que representam um grave risco não só para a qualidade do meio ambiente, como também para a saúde humana. Desastre de Minamata: Japão, em 1956. Foi disseminada uma síndrome neurológica causada por severos sintomas de envenenamento por mercúrio. Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte. O envenenamento por mercúrio estava relacionado ao consumo dos peixes contaminados da Baía de Minamata, onde uma fábrica de fertilizantes químicos despejava os rejeitos. Aspectos da Legislação Ambiental Nas últimas décadas, foi possível observar um aumento na preocupação e estabelecer meios legais de defesa contra a degradação ambiental. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, ao dedicar todo um Capítulo ao Meio Ambiente, impôs como obrigação da sociedade e do próprio Estado, a preservação e defesa do meio ambiente. Contudo, antes mesmo deste fato, as atividades econômicas que pudessem resultar em intervenções no meio ambiente estavam submetidas ao controle do Poder Público. Desde a Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o licenciamento ambiental é um dos mais importantes instrumentosda Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, para o controle de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. É importante ressaltar que o licenciamento é basicamente uma atividade a ser exercida pelo Poder Público Estadual, segundo a legislação citada e conforme os ditames da Resolução CONAMA nº 237, de 18 de dezembro de 1997. O instrumento de avaliação de impacto ambiental, no intuito de proteger a natureza e salvaguardar a saúde humana e a vida em geral, constitui uma das inovações mais importantes, uma vez que favorece convenientes decisões e controle destes processos por parte das autoridades competentes. Segundo o Conselho Nacional do meio ambiente (CONAMA), no artigo 1 da resolução de 23 de janeiro de 1986, “Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: - A saúde, a segurança e o bem estar da população; - As atividades sociais e econômicas; - A biota; - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; - A qualidade dos recursos ambientais Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 18 Figura 6: Legislação ambiental: garantindo meios para a preserva- ção dos recursos naturais e bem-estar social - Fonte: http:// centrodeestudosambientais.wordpress.comtaglegislacao-ambiental- gaucha O Artigo 2º deste mesmo decreto do CONAMA estabelece inclusive que “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:” I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias; III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia. Isto demonstra que o licenciamento ambiental é um instrumento preventivo e controlador imposto pelas exigências sociais contemporâneas. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 19 Este constitui a fase preliminar, que precede a avaliação e resulta em um relatório fundamentado com a descrição de todas as repercussões e consequências prováveis ou seguras da realização da atividade projetada e a prevenção aos interessados sobre os riscos iminentes ao meio ambiente. Na repartição de competências legislativas aplica–se o Princípio da Predominância do Interesse, cabendo à União legislar sobre as matérias de interesse nacional, aos Estados as de interesse regional, enquanto aos Municípios as de interesse meramente local. Da competência administrativa a proteção do meio ambiente como um todo, bem como o combate a poluição em qualquer de suas formas, a preservação das florestas, da flora e da fauna, e a exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios, estão incluídas entre as matérias de Competência Comum. Esta competência comum refere-se à cooperação administrativa, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento do bem–estar, em âmbito nacional, entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO: Artigo 1º, da Resolução CONAMA nº 237/97, nos dá as seguintes definições: - Licença Ambiental - ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental; - Estudos Ambientais - são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação da área degradada e análise preliminar de risco; - Impacto Ambiental Regional - é todo e qualquer impacto que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 20 O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: (art. 19, do Dec. Federal nº 99.274/90): I - Licença Prévia (LP) – na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. II - Licença de Instalação (LI) – autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado; III - Licença de Operação (LO) - autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação. A falta de autorização ou licença dos órgãos ambientais competentes, para construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços, potencialmente poluidores constitui crime ambiental. Conforme o artigo abaixo “Art. 60 – Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do Território Nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”. O objetivo maior do referido artigo é fazer com que os estabelecimentos, obras e serviços funcionem com licença e/ou autorização válida. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Em 2005, deu-se início a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, cujo plano internacional de implementação busca integrar os princípios, valores e práticas do desenvolvimento sustentável em todos os aspectos. Diantedesta política da sustentabilidade, a incorporação de práticas de responsabilidade social e ambiental expressas na missão de uma empresa e presentes na sua estratégia de negócios exaltou e garantiu uma melhor reputação empresarial. Nos últimos anos, a poluição e outros impactos ao ambiente têm provocado um aumento alarmante no número de advertências e denúncias por parte de juristas, cientistas, imprensa e de todos os que se conscientizam dos graves problemas da destruição dos recursos naturais. Ficou evidente que seria necessário, não só cumprir às exigências da legislação ambiental, mas evitar os custos da recuperação dos danos e descobrir como lucrar diante desta nova realidade e exigência do consumidor. Contudo, a implementação de medidas tecnológicas para controle e recuperação aos danos ambientais são, geralmente, onerosas. Fora que a possibilidade do “uso” da capacidade regenerativa do ambiente dependerá do tipo de ambiente impactado e da gravidade do dano – que pode ser irreversível. Portanto, torna- se mais vantajoso e lucrativo evitar a ocorrência do dano ambiental e prevenir tornou-se fundamental no planejamento e na sua estratégia de atuação. Pensamento Econômico e Meio Ambiente Inicialmente, o pensamento econômico que prevaleceu do século XVIII até a década de 60 do século XX, baseava-se na concepção de que a natureza é uma fonte infinita de recursos físicos (matéria-prima, energia, água, solo, ar, entre outros) Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 21 a ser utilizada para o benefício do ser humano e um sumidouro infinito para os subprodutos decorrentes do consumo destes recursos. Nesta fase, a economia era separada do meio ambiente - conceito de “fronteira” econômica, em que os recursos fluem do ambiente para a economia e os rejeitos fluem de volta da economia para o meio ambiente. A natureza era vista como existindo a serviço do ser humano, para ser explorada ou modificada conforme a necessidade. O importante era o crescimento econômico, desconsiderando qualquer deficiência estrutural deste sistema. Esta visão predominou enquanto a escala de produção foi suficientemente pequena para que o meio ambiente pudesse ser considerado com capacidade “infinita”. Quando os limites de regeneração do meio ambiente foram ultrapassados, os efeitos deletérios desta política começaram a ser percebidos. Diante destas novas perspectivas, surgem gradativamente diferentes pensamentos, conhecidos como: ecologia radical, crescimento zero e crescimento continuado. Conforme modelo esquemático abaixo: Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 22 Contrária à economia de fronteira, a ecologia radical propõe um novo sistema de valores no relacionamento entre o homem e o meio ambiente, com retorno a um estilo de vida pré-industrial como forma de promoção da harmonia entre o homem e a natureza, como uma “volta às origens”. O enfoque já não era mais a busca do crescimento econômico, mas enfatizava a preservação das bio- regiões, das tradições locais, buscando a simplificação das necessidades materiais, a auto-realização e a ciência não-dominadora. Neste caso, o ser humano está em posição de subordinação ao meio ambiente, propondo uma alteração nos rumos do desenvolvimento de tal magnitude que seu posicionamento pode ser considerado utópico. O “crescimento zero” tem sua abordagem baseada nas conclusões do estudo do Clube de Roma. Diante da possibilidade de escassez generalizada de recursos em função de limites absolutos para o crescimento continuado, propunha a defesa do meio ambiente por meio da cessação imediata do crescimento, enquanto se elaborava um “novo modelo de desenvolvimento” - neo-Malthusianismo. Diante da polarização entre Economia da Fronteira x Ecologia Radical, identificou-se a necessidade de construção de um crescimento continuado que visassem soluções de compromisso com a proteção ambiental. Surge então a preocupação em proteger o homem da poluição, por meio do “controle do dano” e da institucionalização dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) para novos empreendimentos. A idéia de uma economia ecológica baseia-se num novo paradigma, no qual o mundo é visto como um todo integrado e sistêmico (visão holística do mundo). Figura 7: De acordo com a ONU, a Economia Verde pode ser definida como aquela que resulta em melhoria do bem-estar das pessoas devido a uma maior preocupação com a equidade social, com os riscos ambientais e com a escassez dos recursos naturais - Fonte: http://linklar. com.breditorial20110706brasil-sediara-maior-evento-mundial-sobre- desenvolvimento-sustentavel O Ecodesenvolvimento explora sinergias entre as atividades humanas e os processos ecossistêmicos, em um “jogo de soma positiva”. No qual os recursos fluem do ecossistema pra a economia e a energia degradada e outros subprodutos (poluição) fluem da economia para o ecossistema. Introduzindo neste sistema os responsáveis por arcar com os danos provocados pela poluição (“Polluter pays”) ou com o investimento na prevenção desta (“Pollution prevention pays”). Apresentam-se aperfeiçoamentos em relação à abordagem do gerenciamento ambiental, preconizando o reaproveitamento dos rejeitos de um processo como insumos para novos processos. Além disso, estimula-se o emprego de tecnologias limpas. No entanto, na prática, o crescimento econômico continua sendo o foco principal e é tradicionalmente tratado e recomendado como “solução” para os problemas sociais. Portanto, a idéia de uma otimização econômica não significa otimização ambiental, nem mesmo sustentabilidade. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 23 A prática do Desenvolvimento Sustentável Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU), o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Este pensamento busca modificar a idéia de que o crescimento econômico representa necessariamente uma oposição a ações que priorizem a justiça social e/ou a proteção ambiental. Ou seja, o planejamento estratégico precisa incorporar o propósito de garantir o crescimento, sem denegrir ou desfavorecer o aspecto socioambiental. A ineficiência de programas e projetos, em princípio bem planejados, é um problema mais da falta de determinação política do que de limitação de recursos. Um exemplo foi o Programa Polonoroeste. Este programa foi planejado para integrar o desenvolvimento do Noroeste do Brasil nos anos 80. Contando com recursos do governo brasileiro e do banco mundial foi capaz de abranger a área de influência da rodovia BR-364, entre Cuiabá e Porto Velho, e teve como objetivos principais: - Contribuir com a maior integração nacional; - Promover a adequada ocupação demográfica da região noroeste do Brasil, absorvendo populações economicamente marginalizadas de outras regiões e lhes proporcionado emprego; - Aumentar a produção da região e a renda da sua população; - Reduzir as disparidades de desenvolvimento regionais; - Assegurar o crescimento da produção em harmonia com as preocupações de preservação do sistema ecológico e de proteção as comunidades indígenas. Dentre as ações do programa, incluía-se a implantação de dezenas de projetos de colonização agrícola, visando o assentamento de pequenos agricultores sem terras para a prática de agricultura familiar. Contudo, observou-se que as ações para proteção do meio ambiente físico e humano não foram prioritárias. Ações como o asfaltamento da BR-364 foi concluído antes do prazo, assim como demais estradas. No entanto, esta expansão regional levou a uma exaustão da base de recursos naturais. Outras inciativas similares, como o Planofloro, em Rondônia, e o Prodeagro, em Mato Grosso, foramfracassadas. Um caso diferente, foi planejamento metropolitano de São Paulo que levou à formulação das leis de Proteção aos Mananciais e de Zoneamento Industrial, introduzindo a questão ambiental em suas estratégias. Algumas propostas direcionadas a preservação das bacias hidrográficas são: 1- Planejamento para localização das atividades urbanas, industriais e agrícolas => visando o melhor aproveitamento dos recursos hídricos e a redução na dispersão de poluentes. 2- Planejamento do abastecimento de água: proteção dos mananciais; estudo do abastecimento urbano de todos os municípios relacionados à bacia hidrográfica; 3- Planejamento da recuperação da qualidade das águas: recuperação da qualidade da água depende diretamente do tratamento dos rejeitos urbanos e industriais; Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 24 4- Planejamento das atividades econômicas e utilização dos recursos hídricos: ação conjunta entre Estado e município para adequar as ações às necessidades de recuperação e conservação das bacias; impedir o crescimento urbano além dos limites das áreas de drenagem onde deverão ser implantados sistemas de tratamento de esgoto sanitário. Com relação à atividade agrícola disciplinar a ampliação de áreas irrigadas e o aperfeiçoamento dos recursos existentes para o uso da água. Para garantir que esse planejamento seja bem sucedido é necessário um monitoramento constante da região. É preciso identificar todas as atividades econômicas na bacia, estabelecendo os agentes responsáveis pelas alterações da qualidade da água, possibilitando os ajustes dos programas propostos. Em 2012, ocorrerá a Rio+20 conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável, no Rio de Janeiro. As discussões nesta conferência giram em torno de questões sobre como reduzir a pobreza e a desigualdade no mundo, a promoção do desenvolvimento com bases mais sustentáveis e como coordenar as políticas públicas do setor. Os líderes mundiais deverão negociar um novo acordo para proteger os oceanos, aprovar a realização de um relatório anual sobre a situação do Planeta, estabelecer uma agência ambiental mundial e apontar um comissário para as futuras gerações. Além disso, o rascunho das intenções da conferência afirma que as nações serão convidadas a assinar uma declaração contendo dez objetivos de sustentabilidade e a prometer que facilitarão o fortalecimento da economia verde. Assuntos como alimentação, energia, recursos hídricos e consumismo fazem parte da abordagem temática da conferência. Apesar de traçar um conjunto de medidas ambiciosas, a Rio+20 não deverá possuir um tratado com força de lei que obrigue os países a cumprirem suas promessas. A o invés disso, os governos ficarão livres para criar suas próprias metas. Planejamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 25 BIBLIOGRAFIA _____Análise ambiental: uma visão multidis- ciplinar. Org. Sâmia Maria Tacek 2a. Ed., USP/ SP.1995. _____Meio Ambiente Brasil – avanços e obstáculos pós Rio92. Org. Aspásia Camargo, João Paulo Capobianco e José Antonio Puppim de Oliveira, FGV/RJ. 2004. _____Novos instrumentos de gestão ambiental urbana. Org. Helianna Comin Vargas e Helena Ribeiro, USP/SP. 2004. _____O desafio da sustentabilidade: um debate sócio-ambiental no Brasil. Org. Gilney Viana, Marina Silva e Nilo Diniz. Fundação Perseu Abramo/RJ. 1996. _____Previsão de Impactos. Org. Clarita Müller- Plantberg e Aziz Nacib Ab’Saber , USP/SP. 2006. _____RIMA: Relatório de impacto ambiental – Legislação, elaboração e resultados. Org. Roberto Verdum e Rosa Maria Vieira Medeiros, Ed. Universidade/ RS.2002. Colby,M.E. Environmental Management in Development: The Evolution of Paradigns. World Bank Discussion Papers, n. 80, 1990. Food And Agriculture Organization Of The United Nations - FAO In:http://faostat.fao.org/. Dados de 2004. Legislação Brasileira do Meio Ambiente. Rogério Rocco, DP&A/RJ. 2002 Maneguin, F. O que é economia verde e qual o papel do governo para sua implementação? In: .www.brasil-economia-governo.org.br/2011/08/08/ o-que-e-economia-verde-e-qual-o-papel-do- governo-para-sua-implementacao/#comments Publicado em 08/08/2011. Acessado em 18/03/2012. Ministério do Meio Ambiente. Manual de gestão: projeto ORLA. MMA/Brasília. 2002. Motta, R.S. Economia ambiental. Editora FGV, 228p. 2007 Viana et al. O desafio da sustentabilidade: um debate sócio-ambiental no Brasil. Gilney Viana, Marina Silva e Nilo Diniz (orgs.) Fundação Perseu Abramo/RJ. 1996.
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