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AS AVALIAÇÕES TRADICIONAIS E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: UMA BREVE DISCUSSÃO Resumo O presente trabalho traz uma reflexão sobre a avaliação escolar, buscando analisar as avaliações realizadas com os alunos em salas de aulas, que na maioria das vezes é realizada utilizando o método tradicional, ou seja, as provas escritas. Busca-se fazer uma crítica às provas escritas, focando que a mesma por si só não avalia o aluno, visto que ela não afere o conhecimento adquirido pelo aluno. Há inúmeras formas de avaliar o aluno que vão além da prova escrita, como trabalhos em grupo, avaliação do cotidiano escolar, dentre outras. As avaliações servem para avaliar tanto ao aluno quanto ao professor. As provas escritas criam pequenas hierarquias de excelência no contexto escolar, definindo o aluno que não alcançou a pontuação necessária como um fracasso escolar, o que desmotiva esse aluno. O erro não deve ser reprimido, ele é uma fonte de informação tanto para o aluno quanto para o professor, que precisam compreendê-lo para não mais repeti-lo, além de poder ser cometido de ambas as partes. Considera-se portanto que as notas por si só não avaliam um aluno. Cabe a cada professor, bem como as escolas refletirem sobre os processos de avaliação, visto que há várias maneiras de aferir o conhecimento adquirido pelo aluno. Palavras-Chave: Avaliação, Ensino-aprendizagem, Conteúdo, Conhecimento. 1 - Introdução A avaliação tem sido relacionada costumeiramente com resultados obtidos por alunos no âmbito escolar. Sendo as avaliações usadas como instrumentos voltados para avaliar qual o grau de “conquista” adquirida com relação aos passos obtidos dentro de sala de aula. A avaliação ainda é concebida e vivenciada nas escolas como um mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, quase sempre, legitimador do fracasso, ocupando este mesmo papel nas relações que profissionais da educação, alunos e pais estabelecem entre si. A concepção que predomina nas escolas, hoje, é de manutenção da avaliação como forma de classificação por meio de provas e notas, mesmo que muitas vezes, o ônus pelo fracasso seja debitado exclusivamente ao aluno. (BACKES, 2010, p.3). Sendo utilizado como um método muito comum entre as redes de ensino que se preocupam em elevar o padrão de qualidade da aprendizagem, onde há uma avaliação periódica do desempenho dos alunos dentro do sistema educacional. O presente artigo busca analisar as avaliações realizadas com os alunos em salas de aulas. Considerando que na maioria das escolas utiliza-se ainda o método tradicional de avaliação, ou seja, as provas escritas. Busca-se alguns autores que corroboram sobre o tema em questão para discutir sobre o papel da avaliação no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Retrata-se também, a influência que as instituições e as Secretarias de Educação têm sobre os professores, impossibilitando-os de desenvolver os processos avaliativos mediadores. 2 - A “Avaliação” no contexto escolar O significado da palavra avaliação vem do latim, e significa valor ou mérito ao objeto de pesquisa, é a junção do ato de avaliar com o de medir conhecimentos adquiridos pelo sujeito, ela é um instrumento indispensável no sistema escolar. Portanto, a avaliação revela os objetivos que já foram atingidos em um percurso, bem como as dificuldades encontradas no ensino e aprendizagem (KRAEMER, 2006). Muito tem se discutido a respeito do papel da avalição nas escolas, onde, erroneamente, as mesmas são utilizadas pelos professores como forma de controle, através de pontuação. Existem alguns educadores que usam a “avaliação” costumeiramente confundindo-a com exames. Outro aspecto de grande importância salientado por Hoffmann (2005), é que muitos professores relatam a impossibilidade de desenvolver os processos avaliativos mediadores, porque estão cerceados por normas classificatórias exigidas pelas escolas, que por sua vez tem seus métodos avaliativos influenciados pelas Secretarias de Educação. Segundo Chueiri (2008) a avaliação formalmente organizada e sistematizada é realizada de acordo com objetivos escolares implícitos ou explícitos, que, por sua vez, refletem valores e normas sociais. Caldeira (2000) salienta que: A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (CALDEIRA 2000 p. 122) Para Luckesi (2003) a “ação” de realizar a “avaliação”, não é um ato neutro onde se encerra na sua constatação e consequente qualificação, sendo ele um ato dinâmico, onde implica na decisão “do que fazer”. Ainda para Luckesi (2003), sem o ato de “decidir”, o ato de “avaliar” não se completa, onde não se realizam plenamente, devido a não subsidiar a melhoria dos resultados buscados. A seguir abordaremos alguns processos de ensino/aprendizagem e alguns tipos de avaliações, dando enfoque nas provas. 3 - A avaliação e o processo de ensino-aprendizagem Existem diversos tipos de avaliações, dentre eles: prova escrita, prova oral, prova com consulta, prova sem consulta, trabalhos individuais, trabalhos em grupo etc. Apesar da quantidade de métodos de avaliação, o ato de avaliar é amplo e não se restringe a um único objetivo. A avaliação deve servir para avaliar tanto os alunos, quanto os professores. É evidente que na maioria das escolas, as avaliações ainda são realizadas de maneiras tradicionais, como provas escritas. Segundo Perrenoud (2007), no decorrer do ano letivo, as provas criam pequenas hierarquias de excelência definidas pelo professor e pelos “melhores” alunos, que comparam e classificam os educandos. Ensinar não é acumular conhecimento, as práticas educativas devem possibilitar que os alunos construam novas capacidades e modos de pensar (POZO, 2009). Cabe aos professores construírem o conhecimento educativo (teoria), proporcionando aos alunos a construção do próprio conhecimento. A escola deve possuir um sistema dinâmico e flexível à mudanças, considerando a complexidade da realidade (COLOM, 2004). Evidentemente não devemos generalizar, afirmando que todos os professores avaliam os alunos de maneira tradicional, através de provas. Porém, segundo Gatti (2003) as provas são vistas pelos professores como um “medidor” de aprendizagem e são praticamente o único tipo de instrumento de eles utilizam para avaliação. Gatti (2003) ressalta ainda que: [...] em depoimentos de alunos encontra-se com frequência que eles nem sempre percebem como o professor concebe a avaliação e qual seu papel na aula, para além de “dar uma nota”. [...] alto percentual dos alunos não consegue explicitar os critérios das “notas” que seus professores atribuem. Colocam, também, que questões com palavras vagas ou questões excessivamente detalhadas ou complexas levam à confusão e, como resultado, eles, alunos, não podem mostrar o que sabem sobre a matéria, mas sim, quanto eles são bons em tentar compreender – adivinhar– o que o professor quer (GATTI, 2003, p.100). A avaliação não deve ser feita como forma de tortura, verificando se os alunos adquiriram o conhecimento visado. A prova é uma maneira de criar hierarquias de excelência que decidirão o futuro do aluno no curso seguinte, assim como sua orientação para estudos diferenciados, a garantia de um diploma e a entrada no mercado de trabalho (PERRENOUD, 2007). A avaliação tradicional é autoritária e coercitiva, acabam por determinar situações de sucesso ou fracasso escolar, por exigir a memorização e reprodução de informações pelos alunos. O correto é instigar os alunosa aperfeiçoarem sua maneira de pensar, criando novas situações e desafios, formulando novas hipóteses (HOFFMANN, 2003). Muitos alunos compreendem o conteúdo que é abordado pelo professor durante as aulas, mas ao se depararem com uma prova, não conseguem transcrevê-lo, então esse aluno é visto como um fracasso escolar. Define-se o fracasso escolar sendo a consequência de dificuldades de aprendizagem, esta visão impede a compreensão de que o fracasso resulta das normas de excelência que foram instituídas pela escola (PERRENOUD, 2007). O conhecimento adquirido pelo aluno deve ser analisado a partir do processo de ensino-aprendizagem. Preite (2010) faz uma importante colocação à respeito: Acreditar que notas ou conceitos possam por si só explicar o rendimento do aluno e justificar uma decisão de aprovação ou retenção, sem que sejam analisados o processo de ensino-aprendizagem, as condições oferecidas para promover a aprendizagem do aluno, a relevância deste resultado na continuidade de estudos, é tornar o processo avaliativo extremamente reducionista, reduzindo as possibilidades de professores e alunos tornarem-se detentores de maiores conhecimentos sobre aprendizagem e ensino (PREITE, 2010, p. 23). Portanto, o erro não deve ser reprimido, ele é uma fonte de informação tanto para o aluno quanto para o professor, que precisam compreendê-lo para não mais repeti- lo. Vale ressaltar que o erro pode ocorrer de ambas as partes, o professor não é o detentor da verdade e o conhecimento deve ser construído a partir da troca entre o professor e o aluno. 4 - Considerações Finais A avaliação pode ser realizada de diversas maneiras, através de provas individuais, provas com consulta, trabalhos em grupo e individuais, entre outras. Porém, na maioria das escolas os professores ainda avaliam os alunos de uma maneira tradicional, onde o conhecimento do aluno é verificado a partir de um processo de provas. O conhecimento do aluno deve ser avaliado a partir do ensino-aprendizagem do mesmo. As provas criam hierarquias no âmbito escolar, então o aluno que não consegue transcrever o conteúdo que é abordado pelo professor é considerado um fracasso escolar. As notas por si só não avaliam um aluno. Cabe a cada professor, bem como as escolas refletirem sobre os processos de avaliação, visto que há várias maneiras de aferir o conhecimento adquirido pelo aluno além das provas tradicionais, como trabalhos em grupo, a avaliação do cotidiano escolar do aluno, dentre outras. Referências BACKES, Dorimar Dal Bosco. Avaliação do processo ensino aprendizagem: conceitos e concepções. Disponível em: <http://www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/arquivos/File/Equipe%20Pedagogica/producao _dorimar.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. CALDEIRA, Anna M. Salgueiro. Avaliação e processo de ensino aprendizagem. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 3, p. 53-61, set./out. -1997. - ________. Ressignificando a avaliação escolar. In: ________. Comissão Permanente de Avaliação Institucional: UFMG-PAIUB. Belo Horizonte: PROGRAD/UFMG, 2000. p. 122-129 (Cadernos de Avaliação, 3). CHUEIRI, Mary Stela Ferreira. Concepções sobre a avaliação escolar. Estudos em Avaliação Educacional, v. 19, n. 39, jan./abr. 2008. COLOM, Antoni J.. A (des)construção do conhecimento pedagógico: novas perspectivas para a educação. Porto Alegre: Artmed, 2004. 190 p. GATTI, Bernardete A.. O professor e a avaliação em sala de aula. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 27, p.97-114, jan. 2003. Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1150/1150.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. HOFFMANN, Jussara. Pontos & Contra Pontos: do pensar ao agir em avaliação. 9. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. HOFFMANN, Jussara. Avaliação – mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 44. ed. Porto Alegre: Mediação, 2014. 104 p. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Avaliação da Aprendizagem como Construção do Saber. In: COLOQUIO INTERNACIONAL SOBRE GESTIÓN UNIVERSITARIA EN AMERICA DEL SUR, 5., 2005, Mar del Plata. Anais... . Mar del Plata: Universidade Nacional de Mar del Plata, 2005. p. 0 - 16. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/96974/Maria Elizabeth Kraemer - Avaliação da aprendizagem como con.pdf?sequence=3>. Acesso em: 10 jun. 2015. PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 2007. 183 p. POZO, Juan Ignacio. Desvendando a aprendizagem: o que as diversas abordagens esclarecem sobre as diferentes maneiras de aprender. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, v. 13, n. 49, p.12-15, fev. 2009. PREITE, Nailliw Zanini. A avaliação nos processos de ensino e aprendizagem: concepções de professores da Rede Pública de Ensino. 2010. 73 f. TCC (Graduação) - Curso de Ciências Biológicas, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Ciencias_Biologicas/1o _2012/Biblioteca_TCC_Lic/2010/1o_2010/Nailliw_Zanini_Preite.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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