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1 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS Duas características importantes: Tumefação celular; Degeneração gordurosa. TUMEFAÇÃO CELULAR Ocorre quando as células se tornam incapazes de manter a homeostasia iônica e líquida, sendo resultante da FALHA da bomba de íons dependente de energia na MP. DEGENERAÇÃO GORDUROSA Ocorre a partir do surgimento de vacúolos lipídicos grandes no citoplasma. É observada principalmente em células envolvidas e dependentes do metabolismo de gordura, como hepatócitos (esteatose hepática). A resposta celular a estímulos nocivos depende do tipo de lesão, sua duração e sua intensidade. Ou seja, períodos breves de isquemia podem induzir a lesão reversível, enquanto períodos prolongados podem acarretar morte celular instantânea. EX: Isquemia do miocárdio – a tumefação celular pode ocorrer em poucos minutos e pode progredir para a irreversibilidade dentro de 1 a 2 horas. Porém, as alterações de MORTE celular, à M.O., só podem ser vistas após 12horas de isquemia total. Quatro sistemas intracelulares são particularmente vulneráveis: 1) Manutenção da integridade das membranas celulares, da qual depende a homeostase iônica e osmótica da célula; 2) Respiração aeróbica envolvendo a fosforilação oxidativa mitocondrial e produção de ATP; 3) Síntese de proteínas; 4) Preservação da integridade do aparelho genético da célula. LESÃO CELULAR REVERSÍVEL Tumefação Celular Degeneração Gordurosa PRINCÍPIOS DA LESÃO CELULAR SISTEMAS INTRACELULARES 2 Independente do estímulo iniciante, há vários sistemas bioquímicos comuns que são importantes na mediação da lesão e morte celular por necrose. Depleção de ATP: O ATP é essencial para muitos processos sintéticos e gradativos dentro da célula, como o transporte de membrana, síntese de proteínas, lipogênese, etc. Ele pode ser sintetizado de duas formas: a principal é a fosforilação oxidativa e a outra é a via glicolítica, que produz ATP a partir da glicose proveniente da hidrólise do glicogênio. A depleção do ATP e a redução da síntese do ATP são consequências comuns da lesão isquêmica e tóxica. As principais CAUSAS de depleção do ATP são: Redução do suprimento de O2 e nutrientes; Danos mitocondriais; Ação de algumas toxinas (cianeto, CO). A depleção de 5 a 10% dos níveis normais de ATP produz extensos efeitos em muitos sistemas celulares críticos: Redução da atividade da bomba de Na+/K+ ATPase: a redução da atividade deste sistema de transporte provoca a entrada de Na+ e a saída do K+, com consequente tumefação celular e dilatação do RE. Alteração do metabolismo de energia celular: quando o suprimento de O2 às células é reduzido, a fosforilação oxidativa cessa, resultando na redução do ATP. Isso estimula a glicólise ANAERÓBICA, ocasionando acúmulo de ácido láctico, diminuindo o pH intracelular e reduzindo a atividade de muitas enzimas. Falência da bomba de Cálcio, ocasionando aumento do influxo de Ca+2 com efeitos danosos para vários componentes celulares. Rompimento estrutural do aparelho de síntese proteica com desprendimento dos ribossomos do REG, com redução na síntese de ptns. Finalmente, há dano irreversível às mitocôndrias e membranas lisossômicas e a célula sofre NECROSE. MECANISMOS BIOQUÍMICOS GERAIS DEPLEÇÃO DO ATP LESÃO E MORTE CELULAR 3 As mitocôndrias são fornecedoras de energia de sustentação da vida sob a forma de ATP. Portanto, qualquer dano irreparável nas mitocôndrias destruirá a célula. Elas, direta ou indiretamente, são alvos importantes de praticamente todos os estímulos nocivos, incluindo a hipóxia e as toxinas. Podem ser danificadas pela elevação do Ca+2 intracelular, estresse oxidativo, ativação das fosfolipases, etc. As mitocôndrias mantem entre suas membranas internas e externas várias proteínas que ativam as vias apoptóticas, incluindo o Citocromo c e proteínas que ativam indiretamente enzimas que induzem a apoptose, chamadas de CASPASES. O aumento da permeabilidade mitocondrial externa pode resultar em extravasamento destas proteínas para o citoplasma e morte por apoptose. O cálcio livre intracelular é mantido a concentrações muito baixas. (~0,1µmol). Dentro das células, ele se encontra principalmente no interior das mitocôndrias e no RE. A isquemia e certas toxinas causam o aumento do Ca+2 intracelular devido ao aumento do influxo do íon através da membrana plasmática e à liberação do íon das mitocôndrias e no retículo endoplasmático. DANOS MITOCONDRIAIS INFLUXO DO CÁLCIO 4 O Ca+2 elevado ativa uma série de enzimas com efeitos potencialmente deletérios: fosfolipases (que promovem a lesão da membrana), ATPases (que aceleram a depleção do ATP) proteases (que degradam as proteínas da membrana), e endonucleases (associadas à fragmentação da cromatina). Ainda: induz a apoptose através da ativação das caspases e pelo aumento da permeabilidade mitocondrial. ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES Radicais livres são espécies químicas INSTÁVEIS formadas a partir da redução do O2 molecular. Durante esse processo pequenas quantias de O2 reativo são produzidas, como um subproduto inevitável da respiração celular mitocondrial. Em condições normais, são geradas pelo mecanismo da respiração celular, porém, são degradadas e removidas pelos sistemas celulares de defesa. Um desequilíbrio entre o processo de geração e remoção dos radicais livres resulta em ESTRESSE OXIDATIVO. O E.O. tem sido implicado em vários processos patológicos, entre eles o câncer, lesão celular, envelhecimento, Alzheimer. Os radicais livres, na tentativa de se estabilizarem, reagem com componentes da membrana celular, DNA, proteínas, lipídeos, carboidratos, provocando a lesão dos mesmos e, consequentemente, das células. A perda inicial da permeabilidade seletiva da membrana é uma característica constante de todas as formas de lesão celular. Esse tipo de lesão pode afetar todas as membranas celulares. MECANISMOS: Nas células isquêmicas, os defeitos da MP resultam da depleção do ATP e da ativação de fosfolipases mediada pelo cálcio. ESTRESSE OXIDATIVO E RADICAIS LIVRES DEFEITOS NA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA 5 A MP também pode ser danificada por toxinas microbianas, proteínas virais, agentes químicos e físicos. MECANISMOS: Espécies reativas de O2: peroxidação lipídica. Diminuição da síntese de fosfolipídeos: pode ser reduzida como consequência de um defeito na função mitocondrial ou hipóxia, reduzindo a produção do ATP e afetando as atividades enzimáticas. Aumento da degradação dos fosfolipídeos: a partir da atividade aumentada das fosfolipases por aumento do cálcio intracelular; alteração da permeabilidade da membrana. Danos à membrana mitocondrial; Danos à membrana plasmática: perda do equilíbrio osmótico e aumento do influxo de íons e líquidos, bem como a perda dos conteúdos celulares; Lesão às membranas lisossômicas – extravasamento de enzimas digestivas para o citoplasma e ativação de hidrolases ácidas, RNAses, DNAses, fosfatases, glicosidases, proteases – morte celular por NECROSE. A explicação bioquímica da transição da lesão reversível para a morte celular continua indefinida. Ela está associada morfologicamente com a tumefação intensa das mitocôndrias, lesão extensa das membranas plasmáticas e tumefação dos lisossomos. Densidades amorfas, grandes e floculentas desenvolvem-se na matriz mitocondrial. No miocárdio, estas são indicações de lesão irreversível e podem ser encontradas 30 a 40’ após a isquemia. Depois, ocorre o influxo maciço de cálcio para o interior da célula. Há perda continuadade proteínas, enzimas, coenzimas e ácidos ribonucléicos pelas membranas hiperpermeáveis. CONSEQUÊNCIAS DA LESÃO DA MEMBRANA LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL 6 Nesse estágio, ocorre lesão das membranas lisossômicas e extravasamento de suas enzimas para dentro do citoplasma e ativação de suas hidrolases ácidas. Os lisossomos contêm RNAses, DNAses, proteases, fosfatases e glicosidases. A ativação dessas enzimas acarreta digestão enzimática dos componentes celulares. Após a morte, os componentes celulares são gradativamente degradados. Há extravasamento das enzimas celulares para o espaço extracelular e entrada de macromoléculas extracelulares do espaço intersticial para as células que estão morrendo. Por fim, a célula morta pode ser substituída por grandes massas compostas de fosfolipídeos (gordura). Então, estas são fagocitadas por outras células ou degradadas em ácidos graxos. O extravasamento de enzimas extracelulares e outras proteínas através da membrana plasmática anormalmente permeável, e para o interior do plasma, fornece parâmetros clínicos importantes de morte celular. O miocárdio contém transaminases, desidrogenase láctica, creatinoquinase (CK) e proteínas específicas do coração (troponinas). Níveis séricos destas moléculas, como a creatinoquinase MB – CKMB – são critérios clínicos valiosos de um infarto do miocárdio. Dois fenômenos caracterizam a irreversibilidade de maneira consistente: 1) A incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial que causa a depleção acentuada de ATP; 2) O desenvolvimento de perturbações profundas na função da membrana plasmática.
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