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Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel A sensibilidade é uma função do sistema nervoso, dos neurônios. Eles são responsáveis pela percepção e interpretação dos sinais, mandando uma resposta via motora, além da realização das sinapses (arcos reflexos). A sensibilidade é tudo que se consegue perceber no meio em que se encontra, além de um mecanismo de defesa. Temperatura, se algo está te tocando, posição dos órgãos e músculos, das articulações. A sensibilidade influencia do ato motor. A todo momento em que o indivíduo está andando, se locomovendo, há uma resposta do meio em que ele se encontra (meio externo), gerando uma percepção para conseguir manipular ou corrigir seus movimentos. Exemplo: imagine que você está andando na rua, com o celular na mão, distraído. Há uma pedra na sua frente e você não a viu e, assim, tropeça e cai. A princípio, você não cai diretamente no chão, mas tenta se equilibrar automaticamente. Isso ocorre pela sensibilidade, que detectou uma mudança brusca da velocidade, da direção, e vai fazer com que você faça algum movimento automático para a correção disso, sem ser necessário pensar. Uma pessoa que perdeu a sensibilidade tem queixas de tontura, de sensação de estar flutuando, sem equilíbrio. Muitas vezes essa perda da sensibilidade é por uma neuropatia, e não apenas uma labirintite. A Sensibilidade Correlação: a sensibilidade, ao contrário das vias motoras, começa nos receptores presentes na derme e músculos, que mudam o estimulo recebido para um estímulo elétrico, que corre para os neurônios até chegar ao cérebro, onde ocorre a interpretação dessas informações (via ascendente). Ocorre através de: Vias ascendentes: começa perifericamente e vai até o cérebro/SNC, que é o destino final. Via de 3 neurônios: para perceber qualquer ação sensitiva do corpo, são necessários 3 neurônios. O primeiro neurônio é periférico e o último neurônio é sempre do SNC (é o destino final). OBS: Sempre que houver uma interrupção de uma das vias da sensibilidade, perde-se a sensibilidade daquele ponto em que houve a interrupção para trás. Do ponto para cima, a sensibilidade permanece normal. Quadro clínico: apresenta sintomas negativos e positivos. Sintomas negativos: o paciente não sente dor, não sente os toques. Pacientes com esses sintomas se machucam com mais facilidade. O quadro se inicia com a diminuição da sensibilidade e com o agravamento, o paciente para se sentir a sensibilidade. Pode-se pensar em polineuropatia diabética (pé diabético), em que o paciente não sente as lesões nos pés, e, consequentemente, gera uma porta de entrada para infecções mais graves. Sintomas positivos: o paciente apresenta parestesia (formigamento/dormência) e pode ter uma dor neuropática. A dor neuropática ocorre por uma lesão de um nervo sensitivo, gerando uma dor em queimação exacerbada ou em choque, e respeita o território dos nervos acometidos, não melhorando com analgésicos simples (geralmente melhora com remédios antiepiléticos e com alguns antidepressivos) e tendo piora na parte da noite, porque há uma diminuição da temperatura. Além disso, o paciente pode ter tonteiras, devido ao acometimento da sensibilidade superficial. Exemplo: se há uma lesão do nervo mediano, pode haver uma dor neuropática nesse território, ou seja, na palma da mão e na ponta dos dedos. Transcrição – Aula 4 (P1) Parte 2 Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Todo estímulo se inicia nos receptores, sendo alguns para terminações dolorosas, para terminações nervosas livres, para dor, tato, temperatura etc. O receptor recebe o estímulo, traduz/transforma o estímulo em um estímulo elétrico, que começa a correr no neurônio (é ligado diretamente no receptor). OBS: Um agrupamento de neurônios forma um nervo. Há receptores não só na pele, mas também em regiões mais profundas, como nos músculos, nas articulações. Na imagem, por exemplo, há os fusos musculares, os receptores mecânicos das articulações, o órgão tendinoso de Golgia. Isso quer dizer uma posição segmentar, se o músculo está contraído ou relaxado, se está sofrendo uma pressão ou não, se ele percebeu uma mudança brusca de posição. RELEMBRANDO: Na mão, há 3 nervos importantes: nervo mediano, nervo radial e nervo ulnar. - Nervo mediano: região palmar; 1º, 2º, 3º e metade do 4º dedos. - Nervo ulnar: metade do 4º dedo, 5º dedo, região palmar e dorsal da mão. - Nervo radial: região dorsal da mão; 1º, 2º, 3° e metade do 4º dedos. Esses nervos sobem e formam o plexo braquial, passando por baixo da clavícula e, próximo de entrar na medula, se divide em raízes. Após isso, entram no forame intervertebral, e sobem pela medula para entrar no cérebro. OBS: O nome da raiz é de acordo com o forame da vértebra mais próxima em que o nervo está entrando. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Os dermátomos são as áreas corpóreas correspondentes a uma raiz nervosa. Se houver uma compressão de uma raiz, será gerada uma alteração sensitiva em uma faixa específica do corpo, ou seja, na faixa do dermátomo. Exemplo: se houver uma compressão de C5, como uma hérnia de disco (unilateral), o paciente irá se queixar de uma perda de sensibilidade da área determinada (em amarelo na 1º imagem). Se o paciente tem uma perda de sensibilidade em faixa em uma região, sabe-se que é devido à lesão de uma raiz. Lembre-se: há uma raiz para a direita e para a esquerda, que vão inervar uma parte específica do corpo. É necessário saber: Próximo à crista ilíaca, em direção à região púbica, tem-se as raízes de T2. Próximo à cicatriz umbilical tem-se as raízes de T10. Próximo aos mamilos tem-se as raízes de T4. Próximo à fúrcula esternal tem-se as raízes de T1. Próximo aos ombros tem-se as raízes de C4 e C5. IMPORTANTE: Se um paciente chega com uma perda de sensibilidade em uma faixa apenas em um dos lados do corpo, sabe-se que isso é uma compressão de uma raiz. Pode ser uma hérnia de disco, uma metástase tumoral. O lado acometido é o que se tem a compressão. Se um paciente que sofreu um acidente de carro queixa-se de perda de sensibilidade a partir da faixa do umbigo em ambos os lados, sabe-se que isso é uma lesão no centro da medula (canal medular). Daquele ponto da medula para trás, houve uma interrupção dos nervos. - Uma lesão no canal medular gera um quadro clínico bilateral, em que há perda de toda a sensibilidade daquele ponto do dermátomo para baixo. - Uma lesão da raiz nervosa (compressão) gera um quadro clínico unilateral, ocorrendo devido ao acometimento naquele determinado lado. É um território em faixa, e o paciente não perde toda a sensibilidade, apenas perde a sensibilidade do lado em que se tem a compressão. Quando se fala de raiz, é uma compressão externa à medula. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Toda a sensibilidade chegará ao cérebro para ser interpretada. A parte do cérebro responsável pela percepção e interpretação da sensibilidade é o lobo parietal (chamado de lobo sensitivo), no giro pós-central, em que há as áreas primárias sensitivas (áreas 1, 2 e 3 de Brodmann). No giro pós-central há a representação das partes do corpo. A sensibilidade sobe como se fosse um nervo só, representando toda a sensibilidade de uma região. Quando esse nervo entra na medula, ele se divide: tudo o que for de sensibilidade superficial irá subir por um caminho específico, e tudo o que for de sensibilidade profunda irá subir por um outro caminho. Então, na medula, há caminhos separados para os dois tipos de sensibilidade. Sensibilidade Superficial o Dor, o tato grosseiro(protopático) e temperatura. o A sensibilidade superficial ocorre por vias “lentas”: são por neurônios que têm pouca ou nenhuma bainha de mielina. Isso explica o porquê de alguns pacientes perderem primeiro a sensibilidade superficial (a dor, o tato e a temperatura), para depois perderem a sensibilidade profunda. Imagine um neurônio com uma espessa capa de mielina e um neurônio pouco mielinizado. Os dois estão no corpo e sofrem ao mesmo tempo um processo patológico. O neurônio que tem muita mielina sofre antes ou depois do neurônio que tem pouca mielina? A primeira coisa que ocorre é uma desmielinização, então, o neurônio com menos mielina irá ser afetado primeiro. É por isso que os pacientes com polineuropatia diabética, por exemplo, começam perdendo a sensibilidade para dor, tato, temperatura. Por fim, começam a perder a sensibilidade profunda, que é a propriocepção, vibração e o tato fino. A perda inicial da sensibilidade superficial, e uma consequente perda da sensibilidade profunda, é um processo global (pode ser metabólico, tóxico) e não localizado. o Não são muito precisas. o A via que passa pela medula é a via chamada trato espinotalâmico. Sensibilidade Profunda o Vibração, tato fino (epicrítico), propriocepção (noção de posição segmentar) e pressão. o Ocorre pelas vias “rápidas”: os neurônios têm bastante mielina envolvendo-os. o É precisa. o A via que passa pela medula é a via chamada trato lemniscal ou cordão posterior. É uma via que precisa ser muito rápida para gerar uma resposta rápida à mudança de posição/velocidade. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel OBS: Tato grosseiro: sente que está tocando algo, ou que algo o tocou, mas não sabe especificar o que. Tato fino: sabe especificar/definir o que está tocando ou o que o tocou. Vias Sensitivas São vias na medula. São elas: Trato espinotalâmico lateral / anterior. Sistema Lemniscal – Coluna Dorsal (fascículo grácil e cuneiforme). Trato Espinotalâmico Lateral o É a via mais lenta, da sensibilidade superficial. o O primeiro neurônio sensitivo é periférico, é um neurônio direto do SNP. Esse neurônio percorre pela ponta do dedo e por todo o braço, até chegar à medula, onde entra por trás para chegar na raiz, fazendo uma sinapse. É nesse ponto da raiz, onde acontece a primeira sinapse, em que termina o primeiro neurônio e se inicia o segundo neurônio sensitivo. o O segundo neurônio sensitivo faz uma decussação (cruza para o outro lado) na medula. Ele sobe pelo trato espinotalâmico contralateral até chegar ao lobo parietal no giro pós-central para ser interpretado. Tudo o que for sentido de sensibilidade superficial (dor, tato grosseiro, temperatura) de um lado, será percebido no hemisfério cerebral contralateral (do outro lado). o Logo acima do mesencéfalo há o tálamo. O tálamo é como se fosse uma central telefônica, em que recebe e distribui informações (tudo passa pelo tálamo). Ao chegar no tálamo, o segundo neurônio sensitivo faz a segunda sinapse. Nesse ponto, termina o segundo neurônio e se inicia o terceiro neurônio sensitivo. o O terceiro neurônio sensitivo vai do tálamo ao giro pós-central. OBS: A via espinotalâmica lateral recebe esse nome pois vai da medula espinal para o tálamo e se situa na parte lateral da medula. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Coluna Dorsal / Sistema Lemniscal o É a via mais rápida, da sensibilidade profunda. o Como é apenas um neurônio, a sensibilidade profunda irá subir junto com a sensibilidade superficial perifericamente. Ao chegar na medula, elas se separam: tudo o que for da sensibilidade profunda vai para um caminho diferente. o O caminho da sensibilidade profunda vai pela via periférica, no primeiro neurônio, e entra por trás da medula, mas não faz sinapse. Ele sobe pela parte posterior da medula do mesmo lado (não há decussação, não cruza). o Ao chegar no tronco cerebral, na parte mais inferior do bulbo, o primeiro neurônio termina, iniciando o segundo neurônio. o O segundo neurônio faz a primeira sinapse e ocorre a decussação na medula (cruzamento), na parte inferior do bulbo, subindo contralateral por todo o tronco cerebral. o Ao chegar no tálamo, ocorre a segunda sinapse, terminando o segundo neurônio e iniciando o terceiro neurônio. o O terceiro neurônio vai do tálamo ao giro pós- central. OBS 1: o cruzamento (decussação) do segundo neurônio sensitivo ocorre no mesmo ponto onde há as pirâmides bulbares (via piramidal). Então, no mesmo nível que cruza a via motora, é onde vai cruzar a sensibilidade profunda. OBS 2: O AVC ocorre no cérebro e geralmente é unilateral. Se houver um AVC do lado esquerdo, toda a sensibilidade de braço e perna é contralateral. - Toda a sensibilidade cruza em algum momento, sendo esse cruzamento na medula (sensibilidade superficial) ou no bulbo (sensibilidade profunda). A partir do bulbo, se houver uma lesão em uma das metades, em qualquer uma das sensibilidades já ocorreu o cruzamento. Em um AVC unilateral, de hemisfério esquerdo por exemplo, o paciente irá perder toda a sensibilidade de braço e perna do lado direito. Isso ocorre em qualquer tipo de lesão a partir do inicio do tronco cerebral, na parte inferior do bulbo. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel O Exame Neurológico da Sensibilidade É a parte do exame neurológico mais subjetiva. Requer mais tempo do que as outras partes. É necessária a atenção e cooperação do paciente. Pode dar alterações inespecíficas ou definir um diagnóstico. Caso clínico clássico: um paciente com diagnóstico de ELA, que é uma doença motora (não afeta a sensibilidade). O paciente queixava-se se estar fraco, perdendo os movimentos e a fala, com dificuldade para se alimentar e com atrofias. Ele não queixava-se de problemas na sensibilidade, pois não era o que chamava sua atenção. Ao procurar outra opinião médica e realizar os exames, notou-se que esse paciente tinha perda de toda a sensibilidade de mais ou menos da altura do pescoço para baixo. O diagnóstico correto desse paciente era uma estenose, um fechamento por fibrose do canal medular na cervical. SENSIBILIDADE SUPERFICIAL Testa-se: Dor. Temperatura. Tato protopático (tato grosseiro). Perguntar somente se o paciente sente o tato ou não. SENSIBILIDADE PROFUNDA Testa-se: Pressão (barestesia). Vibração (palestesia). Noção de posição segmentar / propriocepção (batiestesia). Como fazer? o Primeiramente deve-se orientar o paciente de todo o procedimento que será feito. o Em todo exame de sensibilidade é necessário que ao começá-lo, o paciente esteja com os olhos fechados. Isso porque, com os olhos abertos, o paciente pode apenas estar olhando e dizendo ao médico o que é. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel » SENSIBILIDADE SUPERFICIAL Sensibilidade tátil: pode-se utilizar algodão, pincel ou o próprio dedo. Encosta-se no paciente levemente. É necessário iniciar o exame de uma parte distal, podendo ser das mãos ou dos pés. Depois, segue-se de forma proximal. Testa-se bilateralmente; no mesmo ponto que tocou de um lado, toca do outro. Espera-se que o paciente responda qual é a sensibilidade (o que ele está sentindo, se sente o toque ou não) e o local em que ele está sentindo. Sensibilidade dolorosa: utiliza-se um alfinete. Faz-se uma leve pressão no determinado local. Inicia-se também da parte distal para a parte proximal. Testa-se bilateralmente. Espera-se que o paciente respondase sente um incomodo/dor ao sentir a pressão exercida (ele irá sentir que está sendo espetado), e o local em que está sentindo. Sensibilidade térmica: utiliza-se dois tubos de ensaio. Um dos tubos com água gelada (próximo a 5°C) e o outro tubo com água quente (próximo a 40-45°C). Não podem ser utilizadas temperaturas muito baixas e nem muito altas para que a sensibilidade dolorosa não seja estimulada também. Alterna-se entre esses tubos, uma hora testa o quente, uma hora testa o frio. Inicia-se da parte distal para a parte proximal. Testa-se bilateralmente. Espera-se que o paciente responda se a água está quente ou fria e o local em que está sentindo. OBS: o exame é feito da parte distal para a proximal porque é necessário testar as faixas dos dermátomos, já que uma alteração pode ser da raiz nervosa. » SENSIBILIDADE PROFUNDA Noção de Posição Segmentar / Propriocepção: Sinal de Romberg: se o paciente fechar os olhos e cair, ele tem uma propriocepção alterada (sinal de Romberg proprioceptivo). O paciente cai para qualquer um dos lados, e cai imediatamente após fechar os olhos. O sinal avalia também alterações vestibulares. O paciente cai sempre pro mesmo lado, e há uma latência para cair após fechar os olhos (sinal de Romberg vestibular). Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Outra manobra para propriocepção das articulações: Com o paciente de olhos fechados, segura-se nos dedos do pé (na parte mais distal), na lateral, e irá balançar o dedo para cima e para baixo (extensão e flexão) e uma hora irá parar de realizar o movimento. Quando o paciente sentir o dedo parar, ele terá que dizer se o dedo está apontando para cima ou para baixo. Se houver uma boa propriocepção, o paciente irá conseguir dizer adequadamente a posição do dedo (para cima ou para baixo). Vibração (Palestesia): utiliza-se um instrumento chamado diapasão. Bate-se no diapasão para gerar uma vibração. Coloca-se a ponta da base do instrumento em uma superfície óssea, e o paciente irá perceber a vibração. No caso da posição distal, coloca-se bem abaixo do leito ungueal (na parte mais rígida). Espera-se que o paciente sinta essa vibração. Pressão (barestesia): segura-se as duas pernas do paciente e em uma delas aperta-se mais do que na outra. O paciente precisa dizer qual dos lados ele está sentindo uma maior pressão. OBS IMPORTANTE: Toda sensibilidade profunda testa-se da parte distal, bilateralmente. Se o paciente responder bem inicialmente, não é preciso subir o exame, ou seja, realizá-lo na parte proximal, porque é bem pouco provável de que haja alguma lesão. Se houver alguma alteração na parte distal, é necessário realiza-lo nas partes proximais. Termos Médicos Alodinia = Hiperalgesia: dor exacerbada. Por conta de uma lesão nervosa, os receptores desses neurônios podem ficar mais sensíveis, causando uma dor mais forte do que deveria. Analgesia: ausência da dor. Hipoalgesia: diminuição da dor. Anestesia: perda de toda a modalidade sensitiva. Hipoestesia: diminuição da sensibilidade. Abatiestesia: ausência da propriocepção. Hipobatiestesia: diminuição da propriocepção. Apalestesia: ausência completa da sensibilidade vibratória. Hipopalestesia: diminuição da sensibilidade vibratória. Disestesia: é por estímulo. O paciente sente um formigamento na região em que se estimula naquele momento. Parestesia: é espontânea. O paciente sente um formigamento, uma dormência. Disestesia e Parestesia são perversões da sensibilidade, ou seja, há a provocação de um certo estímulo e o paciente responde outro. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Sensações Especiais: Funções Sensitivas Complexas São as agnosias. O paciente sente, mas não percebe. Exemplo: o médico dá na mão do paciente um objeto, ele sente o formato do objeto, mas não consegue perceber que objeto é esse. Ele não consegue ligar aquela sensação à memória daquele objeto. O paciente com demência às vezes não consegue perceber quando tem dois pontos simultâneos tocando nele. Quando pacientes percebem como um toque só, pode ser patológico. Estereognosia: capacidade que se tem de perceber um objeto na palma da mão. De olhos fechados, se der ao paciente um objeto, ao palpá-lo ele saberá dizer qual objeto é aquele. Ele consegue ligar aquela sensação à memoria daquele objeto. Grafestesia: testagem da linguagem. É a capacidade que se tem de perceber uma letra ou número na palma da mão e conseguir distinguir qual letra ou número é aquele, de olhos fechados. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Interpretar e Localizar Onde está a lesão? Mais importante do que examinar o paciente é tentar saber localizar onde está o problema. Se está nos nervos periféricos, se é uma lesão de raiz, se é uma lesão medular, se é um AVC... É importante saber o padrão da alteração sensitiva. Diante da anamnese e do exame físico, tenta-se localizar a lesão. PADRÕES DAS LESÕES: Nervo único (mononeuropatia): hanseníase, síndrome do túnel do carpo, lesão por esforço repetitivo, lesão traumática. Raízes nervosas: hérnia de disco. Nervos periféricos e simétricos (polineuropatia periférica): doenças que começam de baixo para cima, ou seja, de forma distal. Polineuropatia diabética, polineuropatia alcóolica. Medula: pode ser uma lesão completa ou parcial. Daquele ponto para baixo perde-se totalmente a sensibilidade. Tronco cerebral: padrão dimidiado, ou seja, na metade do corpo. Tálamo e Córtex sensitivo: AVC. Lembrar que a perda de sensibilidade é contralateral ao local da lesão. OBS: os padrões de lesões no tronco cerebral e tálamo são muito parecidos. Para diferenciá-las, testa-se a sensibilidade do rosto do paciente (será discutido na aula de nervos cranianos). O paciente tem perda de sensibilidade nas regiões pintadas na imagem. A: lesão do tálamo ou córtex. O paciente tem um padrão dimidiado, do mesmo lado (é uma lesão mais alta). B: lesão de tronco cerebral. O paciente tem um padrão dimidiado e cruzado. C: lesão medular, na região próxima ao umbigo, a nível de T10. D: lesão medular parcial, é uma lesão medular parcial da região cervical. O paciente tem um padrão em xale. Padrão medular incompleto. E: lesão de nervos periféricos, é uma polineuropatia periférica. O paciente tem um padrão de botas de cano alto e luvas, acometendo a região distal dos membros. F: lesão medular parcial. O paciente tem uma lesão de determinado ponto para baixo, bilateralmente, perdendo toda a sensibilidade. Padrão medular incompleto. G: lesão de raiz. O paciente tem uma perna de sensibilidade fina, em faixa, até mais ou menos a linha média posterior. H: lesão do nervo fibular. É uma lesão de nervo único, uma mononeuropatia. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel » LESÕES PARCIAIS DA MEDULA (PADRÃO INCOMPLETO) SIRINGOMIELIA: Na siringomielia, o paciente tem perda de sensibilidade em xale, na região cervical. É uma lesão no meio da medula, no canal central. Forma-se uma cavidade no meio da medula, gerando um canal de líquor. A sensibilidade que cruza no meio da medula é a sensibilidade superficial, da via espinotalâmica. Nessa região cervical afetada (braços e parte do tórax), o paciente perde a sensibilidade tátil, dolorosa e térmica. A sensibilidade profunda é preservada, já que sua via não cruza no meio da medula. É mais comum a região cervical ser afetada devido a sua alta mobilidade. TABES DORSALIS (SÍFILIS MEDULAR), DEFICIÊNCIA DE VIT B12E HIV: São doenças que têm uma lesão na região posterior da medula. É nessa região posterior da medula em que há a sensibilidade profunda. O paciente tem perda da sensibilidade profunda de um determinado ponto para baixo. A sensibilidade superficial é preservada. O paciente apresenta uma perda de sensibilidade bilateral. SÍNDROME DE BROWN – SÉQUARD: É uma hemisecção medular, ou seja, uma lesão de metade da medula. Toda a sensibilidade superficial que entrar na medula irá precisar cruzar, e ela cruza dois níveis acima de onde entrou. Então, na metade à esquerda, o paciente preserva a sensibilidade superficial. Entretanto, a sensibilidade profunda é perdida, pois quando a via entrar na medula, ela precisará subir do mesmo lado e não é possível que isso ocorra mais. Do lado direito, o paciente perde a sensibilidade superficial, porque a via não conseguirá subir ao cruzar na medula, já que o lado da medula em que isso ocorreria está prejudicado. A sensibilidade profunda, nesse caso, ficará preservada. O paciente perde a sensibilidade superficial contralateral à lesão e perde a sensibilidade profunda do mesmo lado em que ocorreu a lesão.
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