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A TITULAÇÃO DE TERRAS OCUPADAS POR COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UMA ANÁLISE DA ADI 3239 SOB O PRISMA DO DIREITO AMBIENTAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS
DIREITO 
LAURA TARDELLI CORREA DA SILVA 
A TITULAÇÃO DE TERRAS OCUPADAS POR COMUNIDADES
QUILOMBOLAS: UMA ANÁLISE DA ADI 3239 SOB O PRISMA DO
DIREITO AMBIENTAL 
ARTIGO CIENTIFICO
TERESÓPOLIS
2021
SUMÁRIO:
1- Introdução.
2- O que é “quilombo”?
3- A importância dos quilombos para a sociedade brasileira
4- A titulação das terras quilombolas e a problemática do interesse capitalista.
5- A legislação ambiental e as limitações ao direito de propriedade dos remanescentes das 
comunidades quilombolas:
5.1- A legislação ambiental;
5.2- As limitações dos remanescentes das comunidades quilombolas no prisma ambiental;
5.3- A necessidade da legislação ambiental para com as práticas tradicionais das 
comunidades quilombolas.
6- A ADI 3239.
7- Conclusão. 
1- INTRODUÇÃO:
Este trabalho acadêmico tem como objetivo a elaboração de um artigo científico que visa o 
estudo e análise da importância da comunidade quilombola para o Brasil, assim como, a 
importância do reconhecimento do direito à propriedade das terras remanescentes quilombolas.
Através deste trabalho acadêmico estudaremos desde o conceito e chegada dos quilombos ao
Brasil, fazendo menção a sua luta para a conquista do reconhecimento do direito à propriedade das 
terras quilombolas, assim como, o estudo sobre as divergências e convergências da legislação 
ambiental quanto à forma de cuidado e hábitos das comunidades quilombolas com as terras a eles 
pertencentes.
Este artigo científico ainda tem como objetivo o debate dos interesses capitalista nas terras 
quilombolas e como isso deve ser enfrentado nos dias atuais.
 
2- O QUE É “QUILOMBO”?
Quilombo é o nome dado às comunidades formadas majoritariamente por remanescentes 
de fugitivos da escravidão no Brasil e que remontam ao Período Colonial.
 Era uma das formas de resistência ao sistema escravocrata que essas populações 
encontraram, muitas vezes após fugas individuais e coletivas de senzalas e plantações. Sabe-se que, 
mesmo após abolição da escravidão, em 1888, essas comunidades continuaram existindo e foram 
completamente ignoradas e esquecidas pelo poder público.
O nome quilombo começou a ganhar mais uso no Brasil na segunda metade do século XVII,
com destaque para o surgimento do Quilombo dos Palmares na região do Capitão Pernambuco 
naquela época.
Os quilombos chegaram ao Brasil por meio do tráfico negreiro, vindos de diversos lugares 
do continente africano. Essas pessoas chegaram ao Brasil trazendo diversos conhecimentos em 
áreas como: mineração, plantação, construção.
Os quilombos eram submetidos a situações degradantes e a trabalhos escravos, por conta 
dessa realidade, muitos deles se revoltaram e lideram rebeliões e fugas em massa; dessas fugas 
surgiam diversas comunidades, umas temporárias, outras permanentes, assim começaram as 
primeiras comunidades quilombolas, primeiramente chamadas de mocambos.
O surgimento dessas comunidades ocorreu pela primeira vez no Nordeste do país, no início 
do ciclo do açúcar em meados do século 16. Vale lembrar que, entre os séculos 16 e 19, o Brasil 
acolheu cerca de 4,9 milhões de escravos africanos, sendo este o maior destino do tráfico negreiro 
no continente americano.
3- A IMPORTÂNCIA DOS QUILOMBOS PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA:
Segundo pensamento de Ubiratan Castro, diretor da Fundação Pedro Calmon da Secretaria 
de Cultura do Estado da Bahia e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP) as 
comunidades remanescentes de quilombos são “o testemunho vivo da resistência centenária das 
populações descendentes de africanos contra a escravidão. Elas são um patrimônio cultural de todo 
o povo brasileiro e para os afrodescendentes representam uma referência positiva para a luta de 
todos nós pela cidadania brasileira plena.”
A diversificação cultural trazida ao Brasil através dos quilombos é uma das mais 
importantes, a qual torna nossa cultura muito mais rica e diferenciada. Em favor disto o Poder 
Público brasileiro adotou algumas medidas para a conservação desta cultura, como por exemplo as 
ações conjuntas às escolas públicas que tornaram obrigatório o estudo da cultura afrodescendente, e 
a criação da lei de cota que visa facilitar o acesso de membro destas comunidades ao ensino 
superior. 
Porém, infelizmente ainda há muito interesse capitalista ameaçando os quilombos no Brasil, 
portanto aprofundaremos nosso conhecimento sobre esse assunto no próximo tópico.
4- A TITULAÇÃO DAS TERRAS QUILOMBOLAS E A PROBLEMÁTICA DO 
INTERESSE CAPITALISTA:
Como visto anteriormente, as comunidades quilombolas iniciaram-se em contextos 
escravocratas. Algumas comunidades foram iniciadas após fugas individuais, outras após fugas 
coletivas e outras, após a abolição da escravatura em XVI. 
Portanto, desde seu princípio, as comunidades quilombolas sofriam com a falta de direitos 
básicos, como o acesso à saúde, moradia digna, educação, entre outros, sendo assim, toda conquista 
quilombola foi tardia e fruto de uma luta incessante. 
Em 1934 os índios conseguiram o direito à posse de suas terras, direitos esses garantidos em 
todas as Constituições brasileiras desde então, porém, apenas na Constituição de 1988 os 
quilombolas tiveram esse direito assegurado. O direito à propriedade das terras quilombolas nada 
mais é que uma tentativa, pode-se dizer até tardia, de reparar uma série de injustiças cometidas a 
esses povos.
A proposta inicial de que fosse reconhecido o direito à terra para “as comunidades 
remanescentes dos quilombos”, foi apresentada pelo Movimento Negro (MN) à Assembléia 
Nacional Constituinte, através de uma emenda de origem popular. Embora não tenha atingido a 
quantidade necessária de assinaturas, foi apresentada em igual teor pelo Deputado Carlos Alberto 
Caó, e após algumas modificações foi finalmente incluída ao texto Constitucional de 1988, “a 
inclusão deste direito, portanto, sendo fruto de uma ampla mobilização social, que conseguiu 
sensibilizar os constituintes”.
A posse quilombola é uma posse étnica, sendo também uma modalidade de posse 
agroecológica porque há a apropriação familiar da terra ou dos recursos naturais, dentro de um 
contexto comunitário.
Esta linha da abordagem a partir do regime da posse é fundamental para entender a 
importância de se viabilizar a máxima eficiência ao processo de regularização fundiária das 
comunidades de quilombos, como um instituto do direito positivo para a expressão do domínio, 
como resposta incorporada pelas comunidades no processo de sua luta, na defesa da sua terra, para a
proteção de sua posse, na compreensão do seu direito a terra.
O Decreto que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de 
que trata o artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias só foi criado em 2003.
O Decreto supramencionado recebeu o número 4.887 e visa a manutenção dos direitos 
mínimos aos remanescentes de quilombos, dando-lhes a necessária dignidade, bem como a manter 
protegido um traço histórico que tanto contribuiu para a construção da identidade brasileira. 
Como exposto anteriormente, a titulação das terras quilombolas chegou de forma tardia, 
porém, ainda assim são questionadas e descumpridas. O setor agropecuário é um dos maiores 
setores que são contrários a referida titulação, pois eles possuem um interesse capitalista nas 
referidas terras.
Podemos verificar que atualmente houve um avanço significativo das fronteiras agrícolas, 
avanço este que resulta na expropriação de propriedades alheias através de disputas violentas de 
latifundiários com pessoa que dependem e possuem o direito daquele lugar, e isto infelizmente 
acontece cada vez mais com as terras de propriedades quilombolas. 
Exemplificando com um caso real, podemos considerar o avanço das fronteiras agrícolas 
sobre a região que é conhecida como Matopiba, que se destaca por ter um alto número de áreas 
quilombolas eterras indígenas. Em Matopiba, há um conflito constante entre representantes dos 
latifundiários e a população quilombola, pois, mesmo com a prerrogativa constitucional de 
propriedade definitiva aos remanescentes de quilombo, há um interesse financeiro enorme por parte 
dos latifundiários, interesse este que leva-os a invadir e desapropriar estas terras a base da violência.
O artigo “A proteção dos povos indígenas e tradicionais em casos de temática ambiental: 
uma ponte ao fortalecimento do sistema interamericano de Direitos Humanos” escrito por Gustavo 
de Faria Moreira Teixeira expõe que ao construirmos uma jurisprudência favorável a proteção de 
povos tradicionais, adentraremos em um cenário de tensão em relações que envolve o homem e o 
meio ambiente, pois, na sociedade atual, a disputa entre interesse financeiro e interesse 
ambiental/cultural é incessante. 
A problemática do interesse financeiro desenfreado por essas terras deve ser combatida pelo 
Governo Federal, através da Polícia Federal, enviando tropas para regiões onde há o avanço das 
fronteiras agrícolas sobre os quilombos, visando coibir este conflito e buscando manter a 
perpetuação física e cultural desta prezada comunidade.
5- A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E AS LIMITAÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE 
DOS REMANESCENTES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS:
 5.1- A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: 
Observa-se que, nas últimas décadas, houve uma crescente inclusão de normas que visam 
proteger o meio ambiente, essas normas são o reflexo da preocupação constante e necessária com as
consequências advindas da exploração desenfreada dos recursos naturais. 
As normas de direito ambiental surgiram como limitadoras do direito à propriedade privada, 
porque o seu titular, enquanto proprietário de área merecedora de especial tutela, adquire obrigações
no sentido de preservar e proteger seu equilíbrio ecológico.
Desta forma, toda a comunidade quilombola possui deveres quanto às terras a elas 
apropriadas, devendo zelar pela mesma.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombolas
 5.2- AS LIMITAÇÕES DOS REMANESCENTES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS 
NO PRISMA AMBIENTAL:
A comunidade quilombola receberá o ônus de proteger o equilíbrio ecológico de suas terras, 
assim como resguardar seus recursos naturais, visando perpetuá-los.
A perpetuação dos recursos naturais não é benéfica apenas para os quilombos proprietários 
das respectivas terras, e sim, para a coletividade geral titular do direito a um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado de que fala o art. 225, caput da Constituição Federal. 
É importante ter em vista que a comunidade quilombola possui uma forma particular de 
habitar essas terras, cultivando-as através de hábitos próprios que diferem daqueles tidos como 
ideais pelas normas ambientais, porém, essas formas de ocupações desenvolvidas pela referida 
comunidade, em regra, não são prejudiciais ao meio ambiente e devem ser respeitadas, mas, o que 
se observou, a partir de 1950, e principalmente após 1988, com o desenvolvimento da legislação 
ambiental e a criação de unidades de conservação foi que, em grande parte, a imposição de regras e 
proibições que não consideraram a forma de vida das populações tradicionais ocupantes de tais 
espaços. 
A proteção ambiental sobre o prisma dos direitos humanos as comunidades quilombolas 
também são assegurados na Convenção 169 sobre povos indígenas e Tribais da Organização 
Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil e por diversos países da América Latina .
A posse quilombola também está sendo protegida pelo greening da Comissão e Corte
Interamericanas, o artigo “O direito internacional do meio ambiente e o greening da Convenção 
Americana sobre os Direitos Humanos”, escrito por Valerio de Oliveira Mazzuoli e Gustavo de 
Faria Moreira Teixeira, expõe que a principal temática ambiental no sistema interamericano “são 
relativos a violações ao fundamental direito à vida das populações mais vulneráveis à expansão 
econômica sobre os recursos naturais”, incluindo assim a comunidade quilombola em seu rol de 
população vulnerável, tornando assim a referida comunidade uma prioridade na hora das defesas de 
questões ambientais/humanitárias.
 5.2.1- A NECESSIDADE DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA COM AS PRÁTICAS 
TRADICIONAIS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS:
Observa-se que apesar de serem necessárias certas limitações à maneira como a comunidade
disporá das suas terras, quando estas forem julgadas merecedoras de especial proteção, essas 
limitações devem ser precedidas de um estudo prévio sobre sua possível compatibilidade com o 
modo de vida das populações tradicionais. 
Porém, caso se decida pela sua incompatibilidade, cabe ao Estado orientar as comunidades 
sobre as mudanças necessárias para que suas atividades deixem de ser prejudiciais ao ambiente, ou 
deslocá-las a um espaço no qual elas não serão prejudiciais. 
Em outras palavras, a proteção ambiental deve caminhar junto com a cultural, especialmente
a cultura de quem depende da natureza para sobreviver e conservar suas tradições. 
6- A ADI 3239:
A ação direta de inconstitucionalidade 3239 foi ajuizada pelo Partido Democratas contra o 
Decreto nº 4.887, de 20 de novembro 2003, e trata, resumidamente, do direito à terra e território das
comunidades quilombolas.
Na petição inicial o Partido Democratas sustenta que o Decreto possui vícios de 
inconstitucionalidade formal e material.
• Inconstitucionalidade formal: Porque invade a esfera da reservada à lei ao regulamentar 
diretamente o dispositivo constitucional, configura-se como Decreto autônomo pelo que 
incorre em manifesta inconstitucionalidade, pois não se enquadra nas hipóteses do art. 84, 
inciso VI, da Constituição. 
• Inconstitucionalidade material: Porque o art. 13 do Decreto 4.887/03 dispõe que as terras 
ocupadas por remanescentes das comunidades quilombolas que se localizem em área de 
domínio particular devem ser desapropriadas pelo INCRA, assim “não há que se falar em 
propriedade alheia a ser desapropriada para ser transferida aos remanescentes de quilombos, 
muito menos em promover despesas públicas para fazer frente a futuras indenizações.
(Os tópicos acima foram retirados do artigo “ANÁLISE DA ADIn 3239-9: O CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE SOBRE TERRAS QUILOMBOLAS NO ÂMBITO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL”, escrito por Jonas Jesus Belmonte e Ângelo Ricardo Christoffoli.)
Além das questões de informalidade supracitada, o Partido Democratas ainda alega uma 
invasão à esfera reservada à lei e disciplina alguns procedimentos que causarão aumento de despesa
e também afirma que a indicação da área feita pela própria comunidade é inconstitucional.
Ressalta-se que, as comunidades quilombolas têm o direito de se transformar no decurso do 
tempo, passando por novos processos de estabelecimento de relações, sendo assim, torna-se 
importante o direito à autodeterminação edificado pela CF/88 e pela Convenção nº169, visto que a 
comunidade quilombola em si é a única capaz de gerir seu próprio destino e o destino de sua cultura
e hábitos.
O resultado final do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3239 se deu no dia 
08 de fevereiro de 2018, onde a referida ADI foi julgada improcedente, sendo considerada uma 
“vitória quilombola”. 
O resultado do julgado da ADI 3239 foi amplamente comemorado pela comunidade 
quilombola, o Secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, 
destacou que “a declaração de constitucionalidade do decreto n° 4.887/03 traz para o povo negro 
brasileiro historicamente prejudicado pelas injustiças sociais uma reparação no cenário de 
segurança fundiária, com importantes reflexos no plano social e jurídico interno e internacional”.
A improcedência da ADI 3239 favorece a luta pelos direitos fundamentais, em especial, o 
direito à propriedade da comunidade quilombola, dessa forma, faz a manutenção do 
comprometimento social e histórico com essas comunidades.
7- CONCLUSÃO:
Conforme o que foi exposto, compreende-se que a questãodos quilombos no Brasil passou 
pelo degredo pelo qual os quilombolas eram criminalizados e definidos por um conjunto de fatores 
alheios à sua consciência sobre si mesmos, e também, pelo desconhecimento jurídico, já que a 
CF/88, que traz no artigo 68 do ADCT o termo remanescente das comunidades de quilombos, 
atrelando portanto a definição de quilombo ao passado, à elementos pré concebidos, encrustados em
nosso imaginário, sobre o que deve ser o quilombo, aquilo que restou.
Neste trabalho acadêmico verificamos que as Comunidades Quilombolas, ou Comunidades 
Remanescentes de Quilombos, sofrem historicamente com a ação e omissão estatal no que diz 
respeito aos seus direitos humanos. Ação no que concerne à sua criminalização e omissão quando 
não efetiva direitos garantidos nas legislações nacionais e supranacionais. 
Podemos concluir que as conquistas dos povos quilombolas foram tardias, com muitos altos 
e baixos, porém, geraram direitos necessários, frutos de resistência e uma de luta incessante. 
Com certeza ainda não quitamos a dívida história que temos como sociedade para com o 
povo quilombola, porém, creio que estamos em uma caminha extenso de reconhecimentos de 
direitos fundamentais, visando a manutenção do bem-estar deste povo.
No Brasil, o reconhecimento da propriedade das terras de remanescentes quilombolas foi 
um marco importante para as comunidades quilombolas, porém, percebe-se que muitas destas 
comunidades ainda não possuem a titularidade real destas terras.
De forma prática, o processo de titulação das terras remanescentes quilombolas ainda é falho
e extremamente burocrático, não bastando assim, apenas a norma constitucional, sendo necessário, 
desta forma, a intervenção e apoio governamental para a proteção destas referidas terras. Saliento 
que, o apoio social para a manutenção e cuidado das terras de propriedades quilombolas é essencial 
e indispensável, visto que, podemos dessa forma garantir a proteção contra a desapropriação e 
invasão destas referidas terras.
Ressalto ainda que, a legislação ambiental é uma arma poderosa na garantia dos direitos 
fundamentais dos povos quilombolas, visto que, a supramencionada legislação protege áreas que 
atingem diretamente as propriedades resguardadas pelos quilombos, sendo assim, a proteção quanto
à degradação do meio ambiente é favorável à população quilombola.
Referências bibliográficas:
• CULTURA, TERRITÓRIO E AMBIENTE: UMA ANÁLISE JURÍDICA DA 
SOBREPOSIÇÃO DE TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS POR UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO NO JALAPÃO- escrito por Leonardo Matheus Barnabé Batista;
• TERRITORIALIDADE QUILOMBOLA, DIREITOS SOCIAIS E CRIMINALIZAÇÃO 
ÉTNICA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO- escrito por Wagner Giron; 
• O DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE E O GREENING DA 
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS- escrito por Valerio de 
Oliveira Mazzuoli e Gustavo de Faria Moreira Teixeira;
• A PROTEÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS E TRADICIONAIS EM CASOS DE 
TEMÁTICA AMBIENTAL: UMA PONTE AO FORTALECIMENTO DO SISTEMA 
INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS- escrito por Gustavo de Faria Moreira 
Teixeira;
• A ESCOLHA ÉTICA DO JULGAMENTO DA ADI 3239- escrito por Ibraim Rocha
• ANÁLISE DA ADIn 3239-9: O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE SOBRE 
TERRAS QUILOMBOLAS NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL- escrito
por Jonas Jesus Belmonte e Ângelo Ricardo Christoffoli.
• https://www.gov.br/mdh/pt-br/noticias_seppir/noticias/2018/02-fevereiro-1/vitoria-no-
julgamento-da-adi-3239-se-torna-uma-referencia-historica-dos-direitos-quilombolas-1
• http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/742
• http://www.palmares.gov.br/?p=19174#:~:text=Ascom%2FFCP%20%E2%80%93%20E
%20qual%20import%C3%A2ncia,Quilombos%20para%20a%20sociedade%20brasileira
%3F&text=Elas%20s%C3%A3o%20um%20patrim%C3%B4nio%20cultural,n%C3%B3s
%20pela%20cidadania%20brasileira%20plena
• http://www.global.org.br/blog/direito-a-terra-das-comunidades-remanescentes-de-
quilombos-o-longo-e-tortuoso-caminho-da-titulacao/#:~:text=O%20Estado%20brasileiro
%20reconheceu%20o,dos%20territ%C3%B3rios%20pertencentes%20%C3%A0s
%20comunidades
http://www.global.org.br/blog/direito-a-terra-das-comunidades-remanescentes-de-quilombos-o-longo-e-tortuoso-caminho-da-titulacao/#:~:text=O%20Estado%20brasileiro%20reconheceu%20o,dos%20territ%C3%B3rios%20pertencentes%20%C3%A0s%20comunidades
http://www.global.org.br/blog/direito-a-terra-das-comunidades-remanescentes-de-quilombos-o-longo-e-tortuoso-caminho-da-titulacao/#:~:text=O%20Estado%20brasileiro%20reconheceu%20o,dos%20territ%C3%B3rios%20pertencentes%20%C3%A0s%20comunidades
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http://www.palmares.gov.br/?p=19174#:~:text=Ascom%2FFCP%20%E2%80%93%20E%20qual%20import%C3%A2ncia,Quilombos%20para%20a%20sociedade%20brasileira%3F&text=Elas%20s%C3%A3o%20um%20patrim%C3%B4nio%20cultural,n%C3%B3s%20pela%20cidadania%20brasileira%20plena
http://www.palmares.gov.br/?p=19174#:~:text=Ascom%2FFCP%20%E2%80%93%20E%20qual%20import%C3%A2ncia,Quilombos%20para%20a%20sociedade%20brasileira%3F&text=Elas%20s%C3%A3o%20um%20patrim%C3%B4nio%20cultural,n%C3%B3s%20pela%20cidadania%20brasileira%20plena
http://www.palmares.gov.br/?p=19174#:~:text=Ascom%2FFCP%20%E2%80%93%20E%20qual%20import%C3%A2ncia,Quilombos%20para%20a%20sociedade%20brasileira%3F&text=Elas%20s%C3%A3o%20um%20patrim%C3%B4nio%20cultural,n%C3%B3s%20pela%20cidadania%20brasileira%20plena
http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/742
https://www.gov.br/mdh/pt-br/noticias_seppir/noticias/2018/02-fevereiro-1/vitoria-no-julgamento-da-adi-3239-se-torna-uma-referencia-historica-dos-direitos-quilombolas-1
https://www.gov.br/mdh/pt-br/noticias_seppir/noticias/2018/02-fevereiro-1/vitoria-no-julgamento-da-adi-3239-se-torna-uma-referencia-historica-dos-direitos-quilombolas-1

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