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O processo penal é regido por uma série de princípios e regras que outra coisa não representam senão postulados fundamentais, da política processual penal de um Estado, e “que informam o conteúdo das normas que regem o processo em seu conjunto”, dizendo respeito, pois, ao seu conteúdo material, aos poderes jurídicos de seus sujeitos e à sua finalidade imediata. Princípio do Contraditório e da ampla defesa (art. 5º) • O devido processo legal tem como corolários a ampla defesa e o contraditório, que deverão ser assegurados aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral. • Ampla defesa: entende-se o asseguramento que é dado ao réu de condições que lhe possibilitem trazer para o processo todos os e0lementos tendentes a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário. - Deve ser assegurada a ampla possibilidade de defesa, lançando-se mão dos meios e recursos disponíveis e a ela inerentes. - São duas as possibilidades: * Técnica: efetuada por profissional e obrigatória. * Autodefesa: realizada pelo próprio imputado e dependente da sua conveniência. - Direito de presença: Significa que o réu possui direito de estar presente nos autos processuais. • Contraditório: é a própria exteriorização da ampla defesa, impondo a condução dialética do processo; tem intima ligação com o da igualdade das partes e o direito de ação. - Impõe que às partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do magistrado, oportunizando-se a participação e manifestação sobre os atos que constituem a evolução processual. Princípio da não autoincriminação • É o princípio consubstanciado no fato de que o acusado não pode produzir prova contra si mesmo. • Abrange o direito ao silêncio. • Decorre do desdobramento da autodefesa (parcela da ampla defesa) em positiva e negativa: • Autodefesa positiva: compreende a possibilidade de o acusado resistir pessoalmente à pretensão acusatória deduzida em juízo. • Autodefesa negativa: compreende a possibilidade de o acusado deixar de oferecer tal resistência, quer comparecendo em Juízo e ficando em silêncio (art. 5º, inciso LXII, da CEFB/SS), quer deixando de atender ao chamado judicial. Evidente descompasso entre este princípio e a condução coercitiva (não recepção e inconvencionalidade do art. 260 do CPP). • Impossibilidade de decretação da prisão com base na revelia. Principiologia constitucional processual penal Princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade • Em decorrência desse princípio tem se que: - O ônus de provar a culpa é da acusação; - O acusado não é obrigado a colaborar com a produção dessa prova; - Não se admite a majoração da pena com base em inquérito ou ação penal não transitados em julgado; - Em regra, o cidadão responderá ao processo penal em liberdade. Toda e qualquer prisão de natureza cautelar só será imposta ao cidadão em caráter excepcional e desde que haja fundamento suficiente. Princípio do Juiz Natural • Os processos ingressados na Justiça devem ser distribuídos dentro de sua competência; • Consagra o direito de ser processado pelo magistrado competente e a vedação constitucional à criação de juízos ou tribunais de exceção. • O juiz natural é aquele investido regularmente na jurisdição (investidura) e com competência constitucional para julgamento do conflito de interesses a ele submetido (art. 5º, LII, Cf/88) • Vedação ao tribunal de exceção: o órgão jurisdicional tem de ser criado previamente aos fatos que geraram a lide submetida ao seu crivo e com competência prevista de modo expresso na CF. Princípio do Promotor Natural • Idêntico ao juiz natural; • Concurso público, investidura, posse; • Cidadão tem direito de ser processado julgado e sentenciado pela autoridade competente; • Essencial à função jurisdicional do Estado; • Sentença nula sem o parecer do MP, em casos previstos na leu processual; • “Nenhuma afronta ao princípio do promotor natural há no pedido de arquivamento dos autos do inquérito policial por um promotor de justiça e na oferta da denúncia por outro, indicado pelo Procurador-Geral de Justiça, após o Juízo local ter considerado improcedente o pedido de arquivamento.” Princípio da Imparcialidade do Juiz • A pessoa do magistrado não pode ter qualquer vínculo com as partes, sejam objetivos (casos de impedimento) ou subjetivos (casos de suspeição), pois ele é o fiel da balança, ele conhece das provas que são produzidas no processo pela acusação ou defesa, deverá agir de maneira isenta e aplicar a lei no caso concreto. • Significa que o magistrado, situando-se no vértice da relação processual triangulada entre ele, a acusação e a defesa, deve possuir capacidade objetiva e subjetiva para solucionar a demanda, vale dizer, julgar de forma absolutamente neutra, vinculando-se apenas às regras legais e ao resultado da análise das provas do processo. • Visando garantir essa imparcialidade, a CF estabelece ao magistrado as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (art.95), proibindo, ainda, juízo ou tribunais de exceção (art. 5º, xxxvii). Princípio da Verdade Real • No processo se busca a verdade real, isto é, o que de fato aconteceu, assim o juiz, busca a reconstrução da verdade. • Todos os meios de prova, principalmente o exame de corpo de delito. • Verdade real ou material: está relacionada com a estrutura do sistema inquisitivo; com “interesse público” (cláusula geral que serviu de argumento para as maiores atrocidades); com sistemas políticos autoritários; com a busca de uma “verdade” a qualquer custo (até por tortura); com a figura de juiz-ator (inquisidor); - Origem: nasce da inquisição e da lógica que “os fins justificam os meios”; - A verdade real é impossível de se obter, o crime é fato passado, como reconstruí-lo? - O que realmente aconteceu; • Verdade formal: é uma presunção de veracidade; • O direito processual penal se utiliza da verdade real, pois ele é um direito dogmático estrito; • O direito processual civil aceita a verdade formal. • No direito processual civil existe a revelia, que é uma presunção de veracidade; Proibição da prova ilícita • Prova ilícita: aquela que vem de fora para dentro do processo e foi obtida violando a CF; - Meios probatórios que, não obstantes produzidos validamente em momento posterior encontra-se afetados pelos meios ilícitos originários. Não são admitidas no direito brasileiro. • Duas hipóteses, fixadas pelo STF, que permitem a utilização de prova proibida: - Para proteger um bebê; - Para proteger um idoso; Princípio da Proporcionalidade • Princípio dos princípios; • Requer o perpassar do intérprete por três etapas: - Necessidade; - Adequação; - Proporcionalidade; • Deve ser visto, ainda, na vertente da proibição do excesso e da proteção deficiente. Princípio da Oficialidade • Os órgãos incumbidos da persecução criminal são órgãos oficiais por excelência. - A atuação oficial na persecução criminal, como regra, ocorre sem necessidade de autorização. - Excepcionalmente, o início da persecução penal pressupõe autorização do legítimo interessado, como se dá na ação penal pública condicionada à representação da vítima ou à requisição do Ministro da Justiça. Princípio da Legalidade • Dirige-se à autoridade policial, obrigando-a a instaurar inquérito policial sempre que souber da ocorrência de crime apurável mediante ação penal pública. • Dirige-se ao Ministério Público, obrigando- o a promover a ação penal em crime de ação pública incondicionada; Princípio da identidade física do juiz • Garante que o juiz que atuouna instrução criminal deve ser o mesmo que deverá proferir a sentença, garantindo o livre convencimento motivado. • Entretanto, face as peculiaridades da justiça o artigo 132 do CPC, pode e deve ser aplicado de forma subsidiaria ao CPP. • Exemplo: em casos em que o juiz se aposentou ou foi promovido para outra comarca. Princípio da Oralidade • Prevalência da palavra falada em detrimento da escrita: ajuizamento da demanda pode ser oral, assim como a resposta do réu, os embargos de declaração e a execução da sentença; • Concentração dos atos processuais em audiência: ajuizada a demanda, tudo o mais deve acontecer em audiência; • Imediatidade entre o juiz e a fonte da prova oral: deve ocorrer contato direto entre o juiz e as pessoas que vão prestar depoimento no processo (partes, testemunhas etc.) Princípio da duração razoável do processo • Convenção americana de Direitos Humanos – Pacto São José da Costa Rica, art. 8º, I. • CF, artigo 5°, inciso LXXVII. • É a garantia do exercício da cidadania na medida em que se permite que todos possam ter acesso à justiça, sem que isso signifique demora na prestação jurisdicional; Princípio da Paridade de armas • É a igual distribuição, durante o processo penal aos envolvidos que defendem interesses contrapostos, de oportunidades para apresentação de argumentos orais ou escritos e de provas com vistas a fazer prevalecer suas respectivas teses perante a autoridade judicial. • Os litigantes devem receber tratamento processual idêntico; devem estar em combate com as mesmas armas de modo que possam litigar em pé de igualdade. Princípio da Publicidade • Característico do sistema acusatório; • Art. 5º, XXXIII e LX, CF; • A publicidade dos autos processuais é regra; • É a permissibilidade de acesso aos autos processuais conferida a todos os interessados. • Os limites à publicidade devem estar formalmente delimitados por fonte formal do direito; • O sigilo é, nos termos supracitados, admitido, notadamente quando a defesa ou da intimidade ou o interesse social o exigirem. • O inquérito processual, por se tratar de fase pré-processual é regido pelo princípio da sigilação. Contudo é assegurado ao advogado a consulta aos autos. Princípio da obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais • Art. 93, IX, da CF e art. 381 do CPP; • Possibilita às partes a impugnação das decisões tomadas no âmbito do poder judiciário, conferindo, ainda, à sociedade a garantia de que essas deliberações não resultam de posturas arbitrárias, mas sim de um julgamento imparcial, realizado de acordo com a lei. Princípio da iniciativa das partes • Justifica o da inércia da jurisdição; • Sistema acusatório; • O juiz não pode dar início ao processo sem a provocação da parte; • Cabe ao MP a iniciativa da ação penal pública (art. 129, CF); • Cabe ao ofendido a iniciativa da ação penal privada, inclusive a subsidiária (Arts. 29 e 30, CPP, art. 5°, LIX, CF); • Também ratifica o princípio do duplo grau de jurisdição; Princípio do duplo grau de jurisdição • Entende-se que uma decisão revista é uma decisão melhor elaborada, assim, esse princípio assegura a possibilidade das revisões das decisões judiciais, por intermédio do sistema recursal, onde as decisões do juízo a quo, poderão ser reapreciados pelo juízo ad quem, ou seja, pelo tribunal respectivo. • Há exceção, como no caso de processo de competência originária do STF. • Trata-se de variação do princípio da ampla defesa. Princípios aplicáveis à jurisdição • Princípio da indelegabilidade; • Princípio da territorialidade; • Princípio da inevitabilidade; • Princípio da inafastabilidade; • Princípio do juiz natural; • Princípio da investidura;
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