Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Parvovirose Canina Definição Enfermidade infectocontagiosa aguda. Etiologia viral. Acomete cães jovens. Caracterizada por manifestações clínicas gastroentéricas de vômito e diarreia sanguinolenta, além de comprometimento de medula óssea e tecido linfoide, e efeito imunossupressor. Etiologia: gênero Parvovirus Conhecido como parvovírus canino 2 (PVC-2) Vírus-DNA de fita simples. Vírus pequeno: 22 nm de diâmetro Morfologia icosaédrica -> 5000 nucleotídeos em uma fita simples de DNA genoma. Sem envelope e fita simples de DNA. DNA genoma muito pequeno -> não codifica a enzima DNA-polimerase (fundamental para replicação viral) -> PVC-2 só consegue se replicar nas células com altas taxas de multiplicação, na fase S do ciclo mitótico da síntese de DNA -> replicação viral acontece em tecidos com grande número de células em divisão celular. Tropismo por tecidos embrionários e linfoide, medula óssea, miocárdio de neonatos e epitélio intestinal. Variações genéticas: taxa de substituição genômica similar aos RNA vírus. Epidemiologia Doença endêmica. Acomete toda família Canidae -> cães selvagens e domésticos, raposas, lobos e coiotes. Atualmente, faixa etária acometida é animais com menos de 1 ano de idade, com maior incidência do desmame até os 6 meses. Animais adultos podem não manifestar forma clínica, mas eliminam o vírus para o ambiente pelas fezes -> transmissão do vírus. Reservatório e fonte de infecção: Cães doentes-> excreção viral após 3 dias do início do caso clínico. Pico máximo de eliminação viral entre o 7° e 8° dia Portadores inaparentes-> excreção viral menor que cães com sinais clínicos. Susceptibilidade e gravidade do caso clínico tem grande interferência do fator racial. Sendo as raças com maior predisposição: Rottweiler, Doberman Pinscher, Labrador Retriever, Pastor-alemão, Springer Spaniel, American Pit Bull Terrier e Yorkshire Terrier. Transmissão: meio ambiente contaminado com fezes de animais doentes e portadores inaparentes -> ingressa no hospedeiro por via oral -> por ingestão de água e alimentos contaminados, pelo contato com cobertores, forros e fômites (objetos inanimdos qu espalham o agente infeccioso) de cães doentes, ou lambedura de animais com o vírus. @cacielli Patogenia Ingressa no hospedeiro por via oral. Se replica no tecido linfoide da orofaringe e no timo. Ocorre a viremia (presença do vírus no sangue circulante) entre o 3° a 4° dia pós-infecção, e persiste até o 7° dia pós-infecção. A multiplicação do PVC-2 causa colapso das vilosidades, necrose do epitélio germinativo e lesões na lâmina própria. Colapso das vilosidades e necrose do epitélio germinativo-> perda da capacidade absortiva e estabelecimento de grave diarreia. Comprometimento da lâmina própria -> diarreia hemorrágica. PVC-2 na medula óssea -> replica-se intensamente nas células percussoras mieloides -> provocando necrose e destruição dessas células. Após a viremia -> alcança linfonodos do mesentério, placas de Peyer, baço e demais tecidos linfoides -> onde se replica intensamente -> destrói essas células de defesa -> linfopenia grave. Lesões na medula óssea + lesão no tecido linfoide = imunossupressão -> facilitando a invasão de enterobactérias. @cacielli TROPISMO E MECANISMO DE INVASÃO CELULAR Tropismo do vírus por células do epitélio intestinal, medula óssea, tecido linfoide e de tecido cardíaco de neonatos. Inicia a infecção -> PVC-2 se liga aos receptores transferrina na superfície celular -> invade a célula por endocitose -> transportada até o núcleo da célula -> PVC-2 replica o DNA e ocorre a expressão gênica -> esses mecanismos destroem as células-alvos. Clínica FORMA ENTÉRICA População canina de risco: filhotes de cadelas não vacinadas, filhotes não vacinados ou filhotes vacinados sem adoção de protocolos vacinais ou de vacinas de boa qualidade. Primeiras manifestações clínicas -> apatia e quadros de vômito. Quadro de diarreia líquida, escura e fétida -> diarreia sanguinolenta -> desidratação. Piora da sintomatologia-> perda de elasticidade da pele, conjuntivas profundas, mucosas secas, tempo de preenchimento capilar aumentado e sensibilidade dolorosa à palpação das alças intestinais. Quadro clínico se agrava ao extremo -> sepse. Morte ocorre rapidamente -> 1 a 2 dias após início da fase clínica -> resulta de choque hipovolêmico e sepse causada por bactérias gram-negativas ou coagulação intravascular disseminada. FORMA CARDÍACA Ocorrência rara na atualidade -> em virtude do desenvolvimento de imunidade de massa na população canina. Miocardite pode se desenvolver por infecção intrauterina ou contaminação fecal-oral em filhotes entre 3 e 12 semanas de idade. MORTE SÚBITA Primeira e mais dramática manifestação clínica da doença. Acomete filhotes com cerca de 4 semanas em episódios de estresse. Sofrem colapso e morrem em poucos minutos. Apresentando unicamente palidez das mucosas, extremidades frias e convulsões terminais -> caracterizando como miocardite necrosante superagudo. Diagnóstico Vômito + diarreia fracamente sanguinolenta em cães jovens, de início súbito, com ausência ou esquema vacinal incompleta -> sugere parvovirose. @cacielli MÉTODOS DIRETOS Isolamento viral -> cultura de tecidos de células renais de cães -> laboratório especiais -> primeiros 10 dias dos sinais clínicos. Imuno-histoquímico -> fezes e tecidos nos primeiros 10 dias dos sinais clínicos. Teste de ELISA direto -> deve ser confirmado por PCR. PCR. MÉTODOS INDIRETOS Observação de lesões anatomopatológicas macroscópicas Forma entérica: Desidratação. Sinais de diarreia sanguinolenta. Congestão da serosa intestinal. Enterite catarro-hemorrágico. Pneumonia bilateral causado por enterobactérias. Necrose de segmentos intestinais. Linfonodos do mesentério com aumento de volume, edematoso e hemorrágicos. Tratamento Reposição hidroeletrolítica e energética -> fluidoterapia que induz o balanço positivo de fluidos. Antieméticos e protetores gástricos -> combatem os quadros de vômitos. Polivitamínicos -> vitaminas do complexo B e vitamina C. Antimicrobianos-> proteger o animal contra infecções bacterianas secundária e prevenir a ocorrência de sepse. Vacina Vacinas com agente atenuados -> não ocorre risco de reversão de virulência. Vacina administrada precocemente -> falha vacinal -> interferência dos anticorpos colostrais. Primeira dose: 45 dias de vida para filhotes cuja mães não foram vacinadas. 60 dias de vida para filhotes que a mãe foi vacinada. @cacielli Recomenda-se 3 doses da vacina com intervalo de 30 dias As vacinas que estão no mercado atualmente são as polivalentes -> contendo 8 (V8) ou 10 (V10) antígenos diferentes. Após o protocolo vacinal inicial, recomenda-se a vacinação anualmente. Referência: MEGID, J.; RIBEIRO, M. G.; PAES, A. C.; Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. In: ______. Parvovirose Canina. 1°Ed. Rio de Janeiro:Roca, 2016, p. 768-785. @cacielli
Compartilhar