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DISCIPLINA: GESTÃO DA QUALIDADE - AULA 01 - Prof. Vander Evolução da Qualidade A evolução da Qualidade passou por três grandes frases: Era da Inspeção, Era do Controle Estatístico e Era da Qualidade Total. Figura 1 Eras da Qualidade Fonte: Maximiniano (2000) Analisando o passado de uma perspectiva histórica, percebemos que existiram cinco grandes preocupações que nortearam a forma como as empresas enfocavam a qualidade e tentavam, por meio de suas ações e ênfases, adaptar-se a esses novos mercados: a) Foco no Padrão (1950): a qualidade buscava fazer com que o produto final seguisse o padrão estabelecido no projeto. Surgem as padronizações, as normas, que atendem aos interesses do produtor. A ênfase está no controle do produto. b) Foco no Uso (1960): a qualidade buscava satisfazer ao uso que o consumidor desejava fazer do produto. Surgem as pesquisas de mercado, de opinião, que mapeiam os interesses do consumidor. A ênfase segue no controle do produto. c) Foco no Custo (1970): a qualidade procurava associar a adequação do produto, conseguida nas fases anteriores, a custos cada vez mais baixos, que proporcionassem preços finais de venda mais competitivos. Surge a espionagem industrial, inverte-se a pirâmide hierárquica, centra-se a preocupação no controle do processo e não mais só ao final, no produto. d) Foco no Desejo: a qualidade buscava descobrir os desejos do mercado consumidor, antes que eles fossem verbalizados e explicitados pelas pesquisas. Ocorre um ERA DA INSPEÇÃO - Produtos são verificados um a um - Cliente participa da inspeção - Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade ERA DO CONTROLE ESTATÍSTICO - Produtos são verificados por amostragem - Departamento especializado faz inspeção da qualidade - Ênfase na localização de defeitos ERA DA QUALIDADE TOTAL - Processo produtivo é controlado - Toda a empresa é responsável - Ênfase na prevenção de defeitos - Qualidade assegurada deslocamento importante do centro de atenção das empresas: voltam-se para o consumidor, aproximam-se dele, convivem com ele, esperando assim conhecer seus anseios antes que os concorrentes. e) Foco no Investidor: a qualidade passa a ter uma visão do cliente muito mais abrangente e global. Investidores, acionistas, fornecedores, consumidores passam a ser vistos como parceiros e auxiliares importantes na conquista dos mercados, por meio do reconhecimento do valor do produto oferecido. Outro deslocamento importante ocorre: a qualidade passa a ser estratégica e incorporada às questões de planejamento e de gestão empresarial. Para que a Qualidade Total seja desenvolvida e implantada com sucesso em organizações empresariais, é necessário desenvolver os seguintes princípios: 1) Total Satisfação do Cliente O cliente é a figura principal de todo o processo organizacional. É necessário que as decisões empresariais e tarefas operacionais levem em consideração as necessidades e expectativas do consumidor e tentem superá-las, para atender ao requisito de satisfazer completamente o cliente. 2) Gerência Participativa Não há uma cultura, principalmente nas organizações brasileiras, de se considerar a opinião dos funcionários nas decisões gerenciais, atitude que traz sérias consequências para o desempenho dos processos e produtos, pois quem é encarregado de determinada tarefa tem mais condições de identificar as principais dificuldades na sua execução e até de propor soluções locais para sua melhoria, o que certamente aumentaria sua eficiência e eficácia. 3) Desenvolvimento de Recursos Humanos Os funcionários são a alma da empresa e deles depende o sucesso de toda a organização. Deve haver uma preocupação constante com capacitação, a fim de possibilitar ao quadro de pessoal o contínuo desenvolvimento e aprimoramento. Devem-se praticar remunerações justas, que motivem os funcionários a buscarem melhora pessoal e profissional, dando-lhes condições de contribuir para os propósitos do Sistema da Qualidade implantado. 4) Constância de Propósitos Uma das maiores dificuldades encontradas na introdução dos conceitos da qualidade em uma organização é a resistência de seus funcionários, que agem em conformidade com a cultura da empresa. Para que a implantação e manutenção de um Sistema de Gestão da Qualidade tenha sucesso, é necessário que a organização, pelo compromisso da alta direção, despenda grande esforço no sentido de modificar a cultura organizacional de maneira que haja persistência, continuidade e convergência de atitudes para a conquista de objetivos previamente traçados. 5) Aperfeiçoamento Contínuo do Sistema Empresas de sucesso têm, obrigatoriamente, de estar acompanhando as mudanças do mercado e da sociedade como um todo. Essa postura possibilita o monitoramento das tendências do comportamento do consumidor, que deve ser o centro de suas atenções e permite que os objetivos e atitudes das organizações estejam alinhados com os anseios dos clientes. Para que isso possa acontecer, as empresas têm de aperfeiçoar continuamente seu Sistema da Qualidade. Isso exige que se institua um sistema de medição por parâmetros, caso contrário, não será possível verificar se as mudanças implementadas de fato estão possibilitando a evolução desejada. Figura 2 Ciclo PDCA Fonte: Oliveira (2008) 6) Gestão e Controle de Processos A Gestão da Qualidade prevê a eliminação ou a simplificação de processos que não adicionam valor ao produto. Muitas tarefas nas empresas são mal dimensionadas, podendo, muitas vezes, ser definitivamente eliminadas por um rearranjo no mecanismo de execução do processo maior a que pertencem. Existem diversas ferramentas na Administração da Produção que podem auxiliar na otimização e análise dos processos: Fluxograma, Carta de Análise de Tempos e Movimentos, Carta de Controle Estatístico de Processo, etc. Esses instrumentos possibilitam gerir, controlar e otimizar os processos executados tanto nas empresas industriais como nas de serviços. 4 3 2 1 PLAN (Planejar) Estudar um processo e planejar seu aprimoramento DO (Fazer) Implementar a mudança CONTROL (Controlar) Observar os efeitos CONTROL (Controlar) Observar os efeitos Figura 3 Atividades que Não Agregam Valor Fonte: www.faccin.com.br 7) Disseminação de Informações A disponibilização eficiente e sistematizada de informações nas organizações que se propõem a adotar um Sistema de Gestão da Qualidade é condição fundamental para o alcance dos resultados preestabelecidos. Os funcionários devem saber e entender qual o negócio da empresa, bem como a sua missão, objetivos e grandes propósitos, assegurando, dessa forma, seu compromisso com a busca constante da qualidade. Também deve ser considerada a comunicação externa à empresa, com seus fornecedores e clientes, para que se estabeleça um processo de retroalimentação do desempenho dos produtos junto a esses agentes que são importantes componentes da cadeia produtiva, e se efetive a melhoria contínua do processo de concepção e fabricação do produto. 8) Delegação A aplicação de um estilo gerencial que privilegie a transferência consciente e planejada de decisões para escalões inferiores possibilita inúmeros benefícios às organizações: tomada de decisões por pessoal que possua maior conhecimento do problema; incentivo ao real envolvimento com os problemas da empresa; desenvolvimento de liderança e responsabilidade em funcionários que ficariam às margens das decisões administrativas, etc. 9) Assistência Técnica Mesmo utilizando todas as técnicas e ferramentas disponíveis na teoria da qualidade, é possível que alguns produtos apresentem problemas na sua utilização, em razão de imprevisibilidades que fogem ao controle dos gerentes. Este fato, se não considerado de forma séria, pode trazer sérios prejuízos à imagem da organização,pois um cliente divulga com muito mais intensidade sua insatisfação do que sua boa impressão sobre o produto e a empresa. Portanto, é necessário que as organizações desenvolvam uma metodologia para lidar com essas situações, criando um setor exclusivo para atender ao consumidor nas dúvidas e solicitações de serviços pós-venda (período de garantia), retroalimentando todo o sistema de forma que a origem do problema seja eliminada. http://www.faccin.com.br/ 10) Gestão das Interfaces com Agentes Externos Uma das maiores dificuldades encontradas no gerenciamento de Sistemas da Qualidade é a gestão da relação de interesses, objetivos e visões distintas dos muitos agentes que intervêm na cadeia produtiva, como os fornecedores, os órgãos públicos de aprovação dos produtos, os distribuidores, os intermediários, etc. um bom produto é aquele que proporciona benefícios para todos os envolvidos nessa cadeia. Portanto, deve-se pensar multidisciplinarmente na sua concepção e produção, de modo que esses agentes participem de todas as etapas de decisões sobre a criação do produto e de seus processos de fabricação, proporcionando ganhos para todos os envolvidos. 11) Garantia da Qualidade A Garantia da Qualidade se dá pela utilização de todos os princípios anteriores, sendo necessários um processo produtivo controlado, um quadro de pessoal treinado e consciente dos objetivos da organização, a existência de um sistema de informações eficiente, a adoção de procedimentos de assistência técnica que minimizem impactos negativos para a imagem da empresa, advindos de eventuais problemas ocorridos com o produto durante sua utilização e a busca incessante da melhoria em todos os processos que compõem a empresa, para garantir um produto com o nível de qualidade que atenda e, se possível, supere as expectativas do cliente. Ênfase: Enfoque Ocidental Enfoque Japonês - Objetivo - Cumprimento de regulamentações governamentais, códigos e leis - Atendimento das expectativas dos clientes na forma mais econômica possível - Implementação - Manuais, procedimentos E registros de resultados - Cada departamento cumpre as suas obrigações para com a qualidade - motivação, conscientização E capacitação do homem - Forte interação entre os departamentos na busca de objetivos comuns -Aperfeiçoamento tecnológico - Técnicas de inspeção e controle da qualidade - Engenharia do produto e processo de fabricação -Mecanismos de controle - Auditorias técnicas - Acompanhamento do desempenho em serviço TABELA 1 - Comparação entre os enfoques ocidental e japonês Fonte: MACIEL NETO (1991) apud. PICCHI (1993) Gerenciamento da Qualidade De acordo com Juran (1988), o gerenciamento da qualidade é questão de sobrevivência para as empresas na atualidade. O gerenciamento da Qualidade Total deve contemplar, em primeiro lugar, a própria filosofia da qualidade, ou seja, estar orientada para o cliente, visar ao lucro, centrar o funcionário no desempenho de suas atividades, perceber seus fornecedores como parceiros de uma mesma empreitada, ter consciência social e ambiental. Todavia, essa filosofia deve estar concentrada em três grandes frentes de atuação ou três grandes subsistemas: o humano, o tecnológico e o lógico. Em síntese, podemos afirmar que cada um deles preocupa-se e centra-se nos seguintes aspectos: a) humano: em primeiro lugar, por meio da convicção da alta gerencia para a necessidade da qualidade dentro das organizações; em segundo lugar, percebendo e transmitindo essa convicção aos funcionários e fornecedores, vendo-os como parceiros de um mesmo objetivo, proporcionando reforços positivos a ambos e incentivando o aprimoramento contínuo. b) tecnológico: proporcionando, incentivando e explorando o aprimoramento contínuo, por meio de abordagens específicas, levando o conceito de reengenharia às últimas consequências. c) lógico: estabelecendo processos de planejamento, de organização, de direção e de controle coerentes, padronizados, estudados e definidos de acordo com todos os envolvidos e fundamentados em decisões coerentes e logicamente estudadas. Princípios da Qualidade ISHIKAWA 1. Liderança da alta direção; 2. Educação e treinamento; 3. Consolidar a Garantia da Qualidade; 4. Respeito às pessoas; 5. Paciência necessária na condução do TQC. DEMING 1. Crie constância de propósitos para melhoria dos produtos e dos serviços; 2. Anote a nova filosofia (documento formal sobre a nova filosofia); 3. Cesse a dependência de inspeção em massa; 4. Acabe com a pratica de aprovar propostas e compras apenas com base no preço; 5. Melhore constantemente o sistema de produção e serviço; 6. Institua o treinamento; 7. Adote e institua a liderança; 8. Afaste o medo; 9. Rompa a barreira entre os diversos setores e equipes da empresa; 10. Elimine slogans, exortação e metas para a mão-de-obra; 11. Suprima as cotas numéricas para o pessoal da produção e objetivos numéricos para o pessoal da administração; 12. Remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho pelo trabalho executado 13. Estimule a formação e o autoaprimoramento de todos; 14. Tome iniciativas para iniciar a transformação/ crie estrutura que propicie a prática diária dos 13 pontos acima. JURAN 1. Conscientização; 2. Estabelecimento de metas; 3. Organização - Conselho de Melhoria da Qualidade; 4. Liderança da alta administração; 5. Treinamento; 6. Projetos; 7. Relatórios de progresso; 8. Reconhecimento; 9. Comunicação; 10. Medidas da Qualidade; 11. Institucionalização do processo de melhorias anuais.
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