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Fotografia e sua relação com a arte e documentação

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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Publicidade e Propaganda 
Linguagem Visual 
 
Aula 6 
 
 
Professora Sionelly Leite da Silva Lucena 
 
 
 
 
 
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Conversa Inicial 
Olá! Esta é a última aula desta disciplina. Por isso, vamos finalizar 
observando alguns trabalhos em fotografia, a partir de temas e conceitos 
importantes: 
 Primeiro, veremos a relação entre a fotografia e o espaço urbano; 
 Depois entre a fotografia e a identidade, à medida que representa um 
sujeito; 
 Por fim, a relação da fotografia com a arte e a documentação, a fim de 
entendê-la como meio de expressão da linguagem visual. 
Bons estudos! 
Antes de começar, acesse o material on-line e confira o vídeo com os 
comentários iniciais da professora Sionelly. 
Contextualizando 
Uma fotografia pode ser objeto de estudo de um período, de um povo ou 
de uma identidade. Ela possui relações sincréticas1 entre seu assunto e sua 
reprodução. 
Assim, num contexto de propagação, a fotografia pode gerar diferentes 
efeitos, entre sua recepção enquanto apreciação artística ou documentação 
histórica. Por isso, é importante entender seus contextos, a fim de utilizá-la 
dentro de sua própria linguagem. 
Problematização 
Oliviero Toscanni é um dos mais famosos nomes da fotografia 
publicitária. Inclusive por suas polêmicas campanhas para a Benetton. Com o 
intuito de chocar e de suscitar discussões sobre temas como racismo, 
desigualdade social e AIDS, as campanhas de Toscani para a marca italiana já 
repercutiram inúmeras críticas e elogios. A seguir você confere dois exemplos: 
 
1 Sincrético é um adjetivo que indica o “produto da fusão de diferentes religiões, seitas, filosofias ou 
visões do mundo” (HOUAISS, 2009). 
 
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A célebre imagem de três corações, cada um com um selo: white, black 
e yellow, em referência à igualdade entre as raças: 
 
Disponível em: <http://revistarara.com/images/illustraciones/toscani/toscani5a.jpg>. 
Acesso em: 6 abr. 2016. 
 A imagem de uma mulher negra amamentando uma criança branca. Ela 
causou polêmica em vários lugares do mundo, principalmente nos Estados 
Unidos, país segregado pelo racismo. Com a intenção de promover a igualdade 
entre raças, essa campanha da Benetton é a mais premiada de toda história da 
marca. 
 
Disponível em: <http://revistarara.com/images/illustraciones/toscani/toscani7.jpg>. 
Acesso em: 6 abr. 2016. 
Pesquise 
Tema 1 – Fotografia urbana 
Um dos temas fotográficos mais recorrentes, a street photo ou fotografia 
de rua, proporciona uma visão da cidade por meio de registros que mais se 
assemelham a flagrantes. O dia a dia, a rotina, a correria, o senhor sentado no 
banco da praça, a criança que corre, o andarilho que anda no centro da cidade 
a noite, a espera na fila do ônibus. Cenas do cotidiano que, quando 
 
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registradas, desaceleram até se tornarem estáticas. A seguir, conheceremos 
alguns importantes nomes dessa área: 
Elliott Erwitt 
“Para mim, a fotografia é uma arte de observação. É sobre encontrar 
algo interessante em um lugar comum… Eu acho que isso tem pouco a ver 
com as coisas que você vê e tudo a ver com a maneira como você as vê”. 
Esse fotógrafo é responsável por vários retratos, que incluem Marilyn 
Monroe e Jackie Kennedy, e é um dos grandes nomes que possuem esse olhar 
sensível ao momento, já que captura a vida cotidiana e a transforma em algo 
extraordinário. Erwitt, como podemos ver na imagem a seguir, demonstra 
grande capacidade em enquadrar com preciosismo a cena, brincando com a 
realidade. Seus flagrantes são a união entre o momento decisivo e o olhar que 
mira certo. 
 
Disponível em: <http://rua33.tumblr.com/post/128843683650/elliott-erwitt-sob-a-luz-do-
riso-por-stess>. Acesso em: 6 abr. 2016. 
Como comenta Erwitt, saber olhar no dia a dia além da paisagem é 
saber desvendar nossos arredores, sair do superficial. A fotografia de cidade 
nos permite ver além, ao observar e perceber de outra maneira lugares 
desconhecidos ou, até mesmo, o quintal de nossa própria casa. A fotografia, 
assim, participa da interlocução entre estilo, cultura, sociedade e a sua 
documentação histórica, tendo em vista que servirá como “constatação” de 
uma época. 
 
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Para mais informações sobre esse fotógrafo e para ver mais algumas 
imagens, acesse o link a seguir: 
http://www.ideafixa.com/o-momento-decisivo/ 
Robert Doisneau 
“As maravilhas da vida cotidiana são tão emocionantes. Nenhum diretor 
de cinema pode realizar o inesperado que você encontra na rua”. 
Nascido em Gentilly em 1912, o parisiense Robert Doisneau é outro 
grande nome da fotografia de rua. Em 1934, decidiu atuar como fotojornalista 
independente, mas foi convocado a se alistar para a Segunda Guerra Mundial, 
servindo pelo exército francês de 1939 até o fim dos embates. 
 Depois, ainda com o sonho de trabalhar como fotógrafo, começou a 
vender postais. O tema que mais interessava ao seu olhar eram as ruas de 
Paris e as crianças. Doisneau documentou com uma pitada de senso de humor 
a vida suburbana parisiense com sua câmera Leica na década de 1930 e 
chegou a ser designado Cavaleiro pela Ordem Nacional da Legião da Honra 
em 1984. 
Foi um dos mais importantes fotógrafos franceses e morreu em 1994 na 
cidade onde nasceu, Paris. Seu registro mais famoso é “Le baiser de l’Hôtel de 
Ville”, em que aparece um casal se beijando em uma movimentada rua de 
Paris. A foto foi posada pelo casal que Doisneau encontrou quando tomava 
café em um bar, ou seja, não foi espontânea. 
 
Disponível em: <http://historiasdeimagens.blogspot.com.br/2011/06/le-baiser-de-lhotel-
de-ville.html>. Acesso em: 6 abr. 2016. 
http://www.ideafixa.com/o-momento-decisivo/
 
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A fotografia de rua capta o comum, o banal nos pequenos momentos, 
aqueles detalhes que quase ninguém vê ou que não se importa, os quais são 
flagrados pelo olhar e pela câmera e eternizados em um clique. Fotografias de 
rua exigem espontaneidade, combinada com a agilidade do equipamento. 
Na escolha do quadro, é importante ficar atento a alguns pontos: 
 Perceba tudo que tem a sua volta, para não deixar de lado aquele 
elemento que faz da imagem uma poesia, uma ironia, uma contradição, 
uma música ou um motivo de humor; 
 Não inclua itens que não favoreça a construção da imagem; 
 Valorize as cenas urbanas: as formas geométricas, as luzes e a 
liberdade, assim é possível transformar o banal das cenas cotidianas em 
poesia. 
Acessando os links a seguir você confere duas interessantes galerias 
com fotografias de rua: 
http://www.street-photographers.com/ 
http://www.fotografiaderua.com/page/2 
Acesse o material on-line e confira um vídeo com mais informações 
sobre a fotografia urbana. 
Tema 2 – Fotografia e identidade 
A fotografia é um campo que vem crescendo e atraindo uma porção de 
curiosos. Mas capturar imagens de uma forma profissional e atraente exige 
muito estudo, conhecimento das técnicas, do equipamento etc. Além disso, é 
necessário que se tenha algum tipo de referência na área, a fim de acrescentar 
conhecimento e inspiração ao seu olhar. 
Com o retrato não seria diferente. Para se produzir um belo retrato, é 
preciso entender quem está diante e por trás das lentes. Respeito e afinidade 
fazem parte dos materiais necessários na construção desta categoria 
fotográfica, considerada um dos tipos mais difíceis. Vamos começar vendo 
http://www.street-photographers.com/
http://www.fotografiaderua.com/page/2
 
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alguns dos retratos mais famosos do mundo: 
Sharbat Gula ou, comoficou conhecida, A Menina Afegã (The Afghan 
Girl) foi fotografada em dezembro de 1984, por Steve McCurry, fotógrafo 
nascido em um subúrbio da Filadélfia, nos Estados Unidos. A menina ilustra a 
capa mais famosa da revista “National Geographic” (v. 167, n. 6) lançada em 
1965, sobre a guerra no Afeganistão, que arrasava o país. 
 
Disponível em: <http://stevemccurry.com/galleries/portraits>. Acesso em: 6 abr. 2016. 
Para ver outras imagens desse fotógrafo, acesse o link a seguir: 
http://stevemccurry.com/galleries/portraits 
O retrato a seguir é da cantora Madona e foi fotografado por um dos 
principais fotógrafos de retrato modernos, Herb Ritts, conhecido por ter 
registrado celebridades, campanhas publicitárias e editoriais de moda. 
 
Disponível em: <http://www.areaofdesign.com/americanicons/ritts.htm>. Acesso em: 6 
abr. 2016. 
 
http://stevemccurry.com/galleries/portraits
http://www.areaofdesign.com/americanicons/ritts.htm
 
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Ritts trabalhou para revistas como “Vogue”, “Vanity Fair”, “Interview” e 
“Rolling Stone”, além de participar de campanhas publicitárias para Pirelli, 
Donna Karan, Ralph Lauren, Valentino e Chanel. O corpo, a diversidade e a 
identidade eram temas recorrentes em seu trabalho. 
Acesse o link a seguir e assista a um interessante documentário sobre 
Herb Ritts. 
https://www.youtube.com/watch?v=jvhdWwJRytY 
Outro grande registro de pessoas que precisa ser visto é o de David 
Lazar, em viagem a Myanmar. Confira alguns retratos dessa viagem e de 
outros trabalhos nos links a seguir: 
http://www.ideafixa.com/myanmar-nas-lentes-de-david-lazar/ 
http://davidlazarphoto.com/ 
Um nome brasileiro que precisa ser conhecido pelos amantes da 
fotografia e dos retratos é o de Luiz Garrido. Mestre nos retratos, Garrido 
produziu o livro “Retratos — Técnica, composição e direção”. Na primeira parte, 
intitulada “Retratos de Personagens”, Garrido conta em detalhes a técnica e a 
emoção de retratar 25 figuras importantes para a sua carreira, tais como 
Ziraldo, Betinho, Faustão e Tom Jobim. 
No retrato de Ziraldo, o fotógrafo Luiz Garrido ressalta o personagem 
principal do cartunista, o Menino Maluquinho, por meio: 
 Do símbolo que melhor o representa: a panela na cabeça; 
 Da composição do cenário, uma estante repleta de livros e ao lado 
fotografias e outras imagens; 
 Da técnica, já que utiliza traços na diagonal, dando a ideia de bagunça e 
traquinagem, que também são traços do personagem. 
https://www.youtube.com/watch?v=jvhdWwJRytY
http://www.ideafixa.com/myanmar-nas-lentes-de-david-lazar/
http://davidlazarphoto.com/
 
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Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2013-10-10/ziraldo-sofre-
arritmia-e-e-hospitalizado-durante-feira-do-livro-de-frankfurt.html>. Acesso em: 6 abr. 2016. 
Acesse o link a seguir e tenha mais informações sobre a jornada 
profissional de Luiz Garrido. 
http://galeriazoom.com/exposicao/retratos/ 
A seguir, você confere algumas dicas importantes para tirar fotos com 
qualidade. Acompanhe com atenção: 
 Cuidado com as lentes: as lentes grande-angulares, quando muito 
próximas do assunto, podem tornar maior o assunto que está no 
primeiro plano e lentes teleobjetivas podem distorcer em alguns pontos 
da imagem. 
 Foco nos olhos: ao fotografar com grandes aberturas, e, portanto, com 
baixa profundidade de campo, áreas do rosto podem ficar desfocadas. 
Tente não deixar o desfoque atingir os olhos, pois são nosso primeiro 
ponto de atenção ao olhar para um retrato. 
 Distrações no fundo: olhe sempre os arredores do fotografado, pois 
um erro muito comum ao se fazer retratos é não prestar atenção ao 
fundo. Mesmo desfocado, é importante que ele não chame mais atenção 
que o assunto fotografado. Caso isso aconteça, a sugestão é mudar o 
ângulo. 
 Olhos vermelhos: eles destroem qualquer retrato, por isso evite usar o 
flash na direção dos olhos do modelo. 
 Evite o CROP: um erro muito comum dos iniciantes é fotografar 
http://galeriazoom.com/exposicao/retratos/
 
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algo/alguém a certa distância sem usar o zoom, esperando consertar a 
imagem em softwares de edição. Tente fazer o máximo possível com 
seu equipamento fotográfico, evitando assim ajustes posteriores. 
 Tomada baixa x tomada alta: é importante fotografar ao nível dos olhos 
do modelo e não abaixo, isso porque essa postura inadequada pode 
realçar o queixo e as narinas, distorcendo até mesmo o rosto do 
fotografado. Se necessário, use um banquinho! 
 Aplicação de regras simples: ângulos e planos de enquadramento, 
regra dos terços, ponto de ouro, sentido de leitura e regras de 
composição. 
Acesse o material on-line e tenha acesso a um vídeo com mais 
informações sobre fotografia e identidade. 
Tema 3 – Arte e informação 
Vamos começar com uma questão clássica e ontológica: fotografia é 
arte? Essa negação e posterior prenuncia da fotografia sempre acaba voltando 
à discussão, e encontrar uma resposta não é algo tão simples. 
Resumindo brevemente o contexto: quando a fotografia foi apresentada 
por Daguerre, em 1839, para a Academia Francesa de Ciências, um grande 
burburinho tomou os ouvidos do mundo da arte: seria a fotografia uma forma 
de arte? Até mesmo o Vaticano se reuniu para decidir se a recém-inventada 
fotografia era ou não uma forma de pecado. 
E quanto ao seu processo, não era necessário possuir nenhuma 
habilidade manual, ao contrário da pintura ou da escultura, que exigiam a mão 
na massa, o fazer e a tomada de decisão de quem produz. Quando a fotografia 
nasceu, havia uma divisão clara: 
 Os que defendiam que se tratava de um processo mecânico, em que 
bastava apertar um botão; 
 Os que tentavam unir a fotografia à arte tradicional, a partir da 
 
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manipulação no material negativo e dos efeitos que geravam imagens 
únicas. 
Acessando o link a seguir você lê um interessante texto que investiga se 
a fotografia é o não arte. 
http://lounge.obviousmag.org/olho_sobre_tela/2012/06/fotografia-e-arte.html 
Arte ou documento, durante muito tempo, as revistas ilustradas eram a 
TV daquela sua época. A Guerra do Vietnã2, uma das mais sangrentas do 
século XX, foi um marco em termos de cobertura em relação à informação, 
textual e visual. 
Acessando o link a seguir você confere várias imagens fortes do 
período, nas quais são indicadas informações como ano, fotógrafo e descrição 
da situação retratada na fotografia. Não deixe de conferir: 
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-do-vietna-imagens-do-
horror/ 
A televisão trazia diariamente cenas de horror, e a mídia impressa 
precisou readaptar sua linguagem, para se adaptar ao avanço e à distribuição 
de informações divulgadas pela TV. 
De um lado, as fotografias jornalística e documental encontram novas 
formas de expressão, respondendo pela informação visual (estática). Com o 
trabalho das agências de notícias, acontece a banalização dessas imagens e a 
produção “em série” de fotos de fait-divers (SOUZA, 2000). A partir de então, 
registros de horror foram massificados, e uma vitrine diária da violência foi 
aberta nos meios de comunicação de massa. 
A guerra “aberta” do Vietnã, eventualmente devido à influência da 
televisão, levou a uma grande procura de imagens, acentuada pela 
concorrência. A UPI [United Press International], a AP [The 
Associated Press], jornais, revistas, rádios e televisões, todos 
enviaram correspondentes para o país, que se juntaram a dezenas de 
freelances. Os editores pediam cada vez mais mortos. Por isso, a 
 
2 A guerra do Vietnã, o mais longo conflito após a II Guerra Mundial, aconteceu em dois períodos: entre 
1946 e 1954, quando a liga vietnamita lutou contraos franceses; e entre 1964 e 1975, contra as tropas de 
intervenção norte-americanas. O caso citado é referente ao segundo momento. 
http://lounge.obviousmag.org/olho_sobre_tela/2012/06/fotografia-e-arte.html
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-do-vietna-imagens-do-horror/
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-do-vietna-imagens-do-horror/
 
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utilização das foto-choque foi frequente, até porque se tratava de um 
conflito relativamente pouco censurado durante os cerca de trinta 
anos que decorreu (SOUZA, 2000, p. 169-170). 
Ao serem trazidas a público, as imagens informativas podem atender a 
diversas necessidades, desde informar aspectos positivos quanto transmitir 
tragédias, mesmo a distância e sem causar perturbação com o choque da 
realidade ou causar comoção pela dor alheia. 
 As imagens podem representar a banalização do contexto ao 
documentar a fúria e o lado violento do homem, sendo capaz de causar um 
efeito anestésico no leitor. Segundo Sontag (2003, p. 88), o bombardeio de 
imagens pela mídia tornou as pessoas insensíveis aos acontecimentos e um 
pouco menos capazes de sentir e de ter a consciência instigada. 
Entre elementos que nos fazem sentir o atroz e a encará-lo diretamente, 
ver a dor alheia transfigurada em uma imagem é se chocar não apenas pelo 
que ela carrega em si, mas também pelo fato dela ter conseguido capturar uma 
cena em que o fotógrafo é a testemunha que convida a sociedade a enxergar a 
realidade através do fato capturado por seu aparelho técnico. A fotografia, 
possuindo, assim, a “arte” de flagrar, desenvolve-se inicialmente como 
documento em um processo tecnicista. 
E quando surge, a fotografia é encarada como espelho do real, como 
aponta Philippe Dubois. Sem dar conta do “caos do mundo”, a fotografia, 
principalmente a partir da década de 1980, concede mais atenção à foto como 
expressão, passando a encará-la de forma mais subjetiva. Afinal, a expressão 
fotográfica compõe sua linguagem. 
Sobre expressão, fotografia e arte, vamos conhecer ao menos alguns 
trabalhos em fotografia que mesclam a realidade com a subjetividade: 
Klauss Mitteldorf 
É um adepto da fotografia como arte e nasceu em São Paulo em 23 de 
junho de 1953. O fotógrafo brasileiro tem seu trabalho voltado para moda e 
publicidade. Nessa área, colabora com as revistas “Vogue”, “Elle” e “Playboy” 
 
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na Europa e no Brasil, além de grandes agências de publicidade brasileiras e 
europeias, como DPZ, Almap BBDO, Lew Lara, J. W. Thompson, Lowe 
Worldwide e Mc Cann Ericsson, entre outras. 
Reconhecido mundialmente por trabalhar sempre com cores chamativas 
e composições delirantes, Mitteldorf ressignifica a cor com o máximo da 
saturação e do contraste, usando fotocopiadoras computadorizadas para 
reforçar a sensação visual das cores. Em seu processo fotográfico, os registros 
fotocopiados sobre papel comum são manipulados, partindo sempre do 
aspecto da cor. 
 
 
Disponível em: 
<http://m.home.faap.br/11_museu_g43.html#PhotoSwipe1459966711135>. Acesso em: 6 abr. 
2016. 
Para mais informações sobre Klauss Mitteldorf, acesse o link a seguir: 
https://www.fotospot.com.br/catalogo/secao/fotos-fine-art/klaus-mitteldorf/ 
Oliviero Toscani 
 Nascido em Milão, o fotógrafo italiano criou campanhas publicitárias 
polêmicas nos anos 1990 para a marca italiana Benetton. Toscani se ocupou 
da publicidade da Benetton entre 1982 e 2000. Em 2005, criou polêmica desta 
vez para a “Ra-Re”, com fotografias de casais masculinos homossexuais 
espalhados nos outdoors de Milão. 
 Jornais italianos repercutiram o caso, com opiniões divididas entre 
aqueles que diziam que se tratava de uma obra-prima e outros que era algo de 
mau gosto. Em 2007, realizou uma campanha para No-l-ita, uma marca de 
https://www.fotospot.com.br/catalogo/secao/fotos-fine-art/klaus-mitteldorf/
 
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roupa italiana que era contra a anorexia. Nela, Toscani utilizou a imagem da 
atriz francesa “Isabelle Caro”, modelo que sofria de anorexia desde os 13 anos 
e que faleceu em 2010, aos 28 anos. 
 Para mais informações sobre Oliviero Toscani, acesse o link a seguir: 
http://plugcitarios.com/2013/03/26/a-genialidade-de-oliviero-toscani/ 
Conheça outros grandes nomes da expressão fotográfica: 
 Miles Aldridge: fotógrafo inglês que se inspira na pop art. 
 Peter Lindbergh: tem retratos espetaculares, nos quais desenvolve a 
percepção da feminilidade. 
 Nick Kight: fotógrafo inglês, suas características são criatividade e 
inovação. 
 Patrick Demarchelier: famoso, também, por ser o fotógrafo oficial da 
Princesa Diana de Gales. 
 Terry Richardson: talento único, registrou vários momentos 
inesperados da realidade. 
Para mais informações, acesse o material on-line e confira o vídeo 
complementar a respeito da relação entre arte e informação. 
Trocando Ideias 
Vale lembrar que nosso cotidiano está repleto de imagens que 
representam nosso ambiente visual. Registrá-lo em fotografias é produzir arte, 
memória e documentação. Por isso, a imagem tem sua magia de 
encantamento, enquanto é construída, pensada e interpretada. 
E você, está atento às imagens que o cercam? Já conseguiu identificar, 
na correria do dia a dia, alguma situação inusitada para registrar? Entre no 
fórum e compartilhe essa experiência com seus colegas! 
Aproveite e veja o que eles têm a dizer! Esse é o momento de trocar 
informações, não deixe de participar! 
http://plugcitarios.com/2013/03/26/a-genialidade-de-oliviero-toscani/
 
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Na Prática 
Produza uma reportagem fotográfica com o tema: relações e vínculos. A 
construção pode ser a partir de sujeitos ou lugares, desde que estejam ligados 
a alguma identidade. Explore a técnica adequada, as escolhas estéticas e não 
se esqueça de investigar o histórico de seus personagens. 
Síntese 
Como vimos, fotografar exige responsabilidades do fotógrafo, como 
escolher o ambiente (se externo ou em estúdio); estabelecer a sintonia com o 
personagem fotografado; ter conhecimento sobre o que se está fotografando e 
conhecer a ciência de sua utilização. 
Tudo isso torna as escolhas do fotógrafo parte de sua linguagem e do 
processo de construção simbólica da imagem. O que separa a arte da 
informação, na fotografia, são as escolhas e as intenções. 
Não finalize essa aula sem antes acessar o material on-line e conferir a 
videoaula da professora Sionelly. 
 
 
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Referências 
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. 12. ed. Campinas, SP: 
Papirus, 2009. 
DICIONÁRIO Houaiss. Versão monousuário 2009.3 on-line, novembro de 2009. 
IMAGENS da fotografia brasileira, volume 1. 2. ed. São Paulo: Estação 
Liberdade: SENAC São Paulo, 2000. 
KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. Cotia, SP: Ateliê 
Editorial, 1999. 
______. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. 
ZUANETTI, Rose. SENAC. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. 2. reimp. 
Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2004 
SOUZA, J. P. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. 
Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2000.

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