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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

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17/06/2021 Livro Digital - AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/as_fontes_e_os_principios_do_direito_do_trabalho/conteudo.html?capitulo=2 1/40
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Adentrar o universo dos Princípios Gerais do Direito e especiais do Direito do
Trabalho.
Entender os preceitos essenciais que embasam o ordenamento jurídico
trabalhista.
Averiguar a força normativa dos princípios trabalhistas e entender como
funciona sua aplicação na prática.
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
CONTEXTUALIZAÇÃO
Capítulo 2 
17/06/2021 Livro Digital - AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
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Antes de se examinar os princípios propriamente ditos do Direito do Trabalho,
cabe dar uma noção sobre o conceito de princípio. Diz-se que a norma é gênero,
dos quais as regras e princípios são espécies.
Inicialmente, é possível a�rmar que princípio é onde começa algo, pode até
parecer simplista tal de�nição, contudo, ela se mostra bastante útil para
desenvolver-se um raciocínio que resulte em um bom entendimento da matéria.
Logo, princípio seria um ponto de partida para a compreensão da norma jurídica.
Sendo que, às vezes, ele parece se confundir com ela. Celso Antônio Bandeira de
Mello (1997, p. 573) bem os de�ne:
É, por de�nição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele,
disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o
espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência,
exatamente por de�nir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.
O princípio é o primeiro passo na consecução de uma regulação, passo ao qual
devem seguir-se outros. O princípio alberga uma diretriz ou norte magnético, muito
mais abrangente que uma simples regra; além de estabelecer certas limitações,
fornece diretrizes que embasam uma ciência e visam à sua correta compreensão e
interpretação. Violar um princípio é muito mais grave do que violar uma regra. A não
observância de um princípio implica ofensa não apenas a especí�co mandamento
obrigatório, mas a todo sistema de comando.
Entretanto, não é toda Ciência que considera parte de seu fundamento os
princípios. Em verdade, sua validade cientí�ca é questionada no campo de
algumas delas. 
Principalmente Ciências como as Físicas, Biológicas e Sociais que têm a
necessidade de se apoiarem em volta de fenômenos concretos e empíricos para
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formarem seu objeto fundamental, sendo que estudos empíricos são baseados na
experiência e na observação. Nessa ordem, observa Delgado (2012, p. 182):
Os princípios, realmente, não conseguem se harmonizar a essa dinâmica de atuação
e construção de ciências. Ao contrário, a assunção de posições preestabelecidas
acerca do objeto a ser investigado (assunção inerente à ideia de princípios) limitaria
o próprio potencial investigativo sobre a realidade, conformando o resultado a ser
alcançado ao �nal do processo de investigação. Desse modo, a submissão a
princípios (isto é, conceitos preestabelecidos), pelo cientista, no processo de exame
da realidade, pelo investigador, já estaria gravemente condicionada na orientação
investigativa, em função do princípio utilizado.
É claro que tal posicionamento não vale para a Ciência do Direito. Pelo contrário,
seu objeto de estudo é diferente dos objetos das ciências e geral.
A problemática da ciência do Direito reside justamente na questão do seu
método e de seu objeto de conhecimento, pois, para alguns juristas, a
ciência do Direito é uma atividade intelectual que tem por objeto o
conhecimento racional e sistemático dos fenômenos jurídicos, enquadrando-
se então em um conhecimento unívoco.
É este, portanto, o conceito de ciência do Direito que se encontra nos mais
variados manuais estudados, ou seja, de uma ciência dogmática, estática, chamada
dogmática jurídica. Por possuir essas características, seu papel é avaliar o que está
contido basicamente nas leis e nos códigos.
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Nesse contexto, os princípios vão sempre possuir um papel de grande importância
para a Ciência Jurídica. Sobre o assunto Delgado (2012, p. 183) assevera:
A Ciência Jurídica, portanto, tem objeto singular, consistente em realidades
essencialmente conceituais, realidades ideais e normativas, que se desdobram em
proposições ou modelos de comportamento ou de organização. Seu dado central e
basilar consiste no dever-ser (elemento nitidamente ideal, em suma), e não no ser
(elemento nitidamente concreto- empírico). Nesse sentido, a direção emergente da
noção de princípio – isto é, proposição diretora à compreensão de uma certa
realidade – surge como um condutor importante à compreensão do sentido da
norma e do instituto jurídico, do sentido do dever-ser jurídico. Noutras palavras, a
premissa orientativa consubstanciada no princípio favorece a correta percepção do
sentido do instituto e da norma do conjunto do sistema normativo em que se
integra. Por essa razão, os princípios, na Ciência Jurídica, não somente preservam
irrefutável validade, como se destacam pela qualidade de importantes contributos à
compreensão global e integrada de qualquer universo normativo.
Todavia, é necessário salientar que ao mesmo tempo que os princípios são
utilizados com intuito de dinamizar, essa dogmática da Ciência Jurídica,
concedendo-os uma característica teleológica, é preciso ponderar para que não
sejam transformados em axiomas absolutos e imutáveis.
Nessa ordem, as regras, os princípios especiais e os princípios gerais seguem a
mesma linha de raciocínio, com coerência lógica entre si. Além da coerência lógica,
deve haver uma coerência teleológica entre os princípios que compõem o sistema,
consentânea com determinados �ns políticos, �losó�cos, éticos e sociológicos.
Com isso, as normas assumem, no sistema, um caráter instrumental na busca de
determinados valores idealizados pela sociedade, sendo que a harmonização
desse sistema ocorre porque os princípios especiais ou estão de acordo com os
princípios gerais ou funcionam como exceção.   
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PRINCÍPIOS DO DIREITO: FUNÇÕES E CLASSIFICAÇÃO
Como regras mestras dentro do sistema positivo, os princípios devem ser
identi�cados na Constituição de cada Estado, como estruturas básicas,
fundamentos e alicerces desse sistema.
Existem princípios que são comuns ao Direito em geral e princípios que são
pertencentes a cada ramo especí�co do Direito, como o direito do trabalho.
Possuindo inúmeras funções por exemplo: informadora, normativa e
interpretativa, determinando a regra que deverá ser aplicada pelo intérprete, ou
seja, um caminho a seguir.
A doutrina considera duas fases distintas de atuação dos princípios. A fase pré-
jurídica ou política, e a fase jurídica.
Conforme será estudado a seguir, é possível adiantar que os princípios atuantes
na fase política, ou seja, os que são concebidos na fase pré jurídica, são os
formados por decisões políticas fundamentais concretizadas em normas
conformadoras do sistema positivo, as chamadas normas-princípios.
Já os princípios jurídicos, concebidos na fase jurídica, são princípios gerais
informadores da ordem jurídica nacional, sendo princípiosderivados dos
princípios políticos, provenientes da fase pré-jurídica. Assim, esses conceitos serão
desenvolvidos mais detalhadamente nos tópicos seguintes.
a) Fase pré-jurídica ou política
Os princípios determinam a regra que deverá ser aplicada pelo intérprete,
demonstrando o caminho a seguir. Na sua fase pré-jurídica, esses princípios
orientarão o legislador no momento da construção das regras e institutos do
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Direito. Tal fase é considerada política, e representa o processo de construção das
normas jurídicas.
Porém, a in�uência política dos princípios não pode ocorrer de maneira ilimitada.
Como explica Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 184): “É que as principais fontes
materiais do Direito situam-se fora do sistema jurídico, consubstanciando-se,
fundamentalmente, nos movimentos sociopolíticos e correntes político-�losó�cas
e econômicas que provocam e condicionam a elaboração normativa”.
É possível dizer que, nessa fase, os princípios atuam como verdadeiras fontes
materiais do Direito, quando decisões políticas fundamentais serão concretizadas
em normas conformadoras do sistema positivo.
b) Fase jurídica
Na fase jurídica, os princípios adquirem outro emprego. Assumirão funções
diversas, mas concorrentes e serão classi�cados conforme seu papel singular. Por
isso, terão uma subclassi�cação, segundo Mauricio Godinho Delgado (2012, p.
184):
[...] princípios descritivos (ou informativos), princípios normativos subsidiários
(normas supletivas) e princípios normativos concorrentes.
Os princípios descritivos ou informadores cooperam de forma saliente na
interpretação do Direito, permitem o alcance da verdadeira �nalidade da lei no
momento da sua aplicação.
Os princípios normativos subsidiários realizam a tarefa de integração do
ordenamento ou das normas jurídicas. Por último, os princípios normativos
concorrentes atuam com natureza de norma jurídica, estabelecendo regras práticas
de todo um sistema de normas.
Capítulo 2 
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Ressalte-se que não há um grupo de princípios, exclusivamente, descritivos
contraposto a outro grupo – ainda que mais restrito – de princípios exclusivamente
normativos. Qualquer princípio geral de Direito, ou os especí�cos a ramo jurídico
especial, cumprem os papéis interpretativos, normativos subsidiários e normativos
concorrentes. As funções desempenhadas é que se diferenciam, sem que impliquem
a existência de categorias incomunicáveis de princípios gerais do Direito.
Assim, colocando-se como fontes materiais e formais do direito, os princípios
denunciam os valores que devem imperar na ordem jurídica e revestem-se de
características normativas, pois inspiram o legislador e suprem as lacunas
deixadas pela atividade legislativa.
Pode-se até a�rmar que, assumindo sua função diretiva, os princípios alcançam
maior abrangência que as próprias regras, perseguem o objetivo de alcançar a
correta compreensão, integração e interpretação das regras jurídicas existentes no
ordenamento jurídico.
ATIVIDADE DE ESTUDOS: 
1) Aponte as principais diferenças existentes entre as fases pré-jurídica e a
fase jurídica dos princípios.
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Responder
Princípios descritivos (ou informativos): o professor Delgado (2012, p. 184)
esclarece que, nesse tipo, os princípios exercem “sua função mais clássica e
recorrente, como veículo de auxílio à interpretação jurídica”.
Servirão de critério orientador para os intérpretes e aplicadores da lei, atuando
como instrumento de interpretação e não fonte formal do Direito. Literalmente,
determinam a regra que deverá ser aplicada pelo intérprete, demonstrando um
caminho a seguir.
Assim, Carlos Ari Sundfeld (2008 apud ARAUJO; NUNES JUNIOR, 2008, 73) ensina
que “A enunciação dos princípios de um sistema tem, portanto, uma primeira
utilidade evidente: ajuda no ato de conhecimento”.
Conclui-se, então, que a importância desse tipo de princípio está no seu caráter
orientador e diretivo, balizando os operadores do direito à essência do conjunto
do sistema de Direito.
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Princípios normativos subsidiários (ou supletivos): aqui se revestem da função de
fontes formais supletivas do direito, quando se está diante de uma lacuna ou
omissão do ordenamento jurídico.   
Esta função é prevista no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil e no art. 8º da
CLT, como já mencionado anteriormente.
Atuam na qualidade de fonte subsidiária do direito, servindo como elemento
integrador ou forma de colmatação de lacunas do ordenamento jurídico, na
hipótese de ausência da lei aplicável à espécie típica, ou, ao caso concreto. De tal
modo, “a proposição ideal consubstanciada no princípio incide sobre o caso
concreto, como se fosse regra jurídica especí�ca” (DELGADO, 2012, p. 185).
Princípios normativos concorrentes: alguns autores os denominam como
princípios fundamentadores, por abarcarem regras fundamentais do sistema
jurídico. A partir da metade do século XX, são reconhecidos pela maior parte da
doutrina contemporânea ocidental, na verdade �lósofos do Direito e
constitucionalistas, tais como Norberto Bobbio, Robert Alexy, Ronald Dworkin, José
Joaquim Gomes Canotilho, entre outros.
No Brasil, o autor que difundiu esse pensamento foi o constitucionalista Paulo
Bonavides, que a respeito do assunto aponta com maestria: “os princípios são o
oxigênio das Constituições na época do pós-positivismo”. Brevemente, vale dizer
que o pós- positivismo aparece como uma nova conjectura no que concerne à
normatividade dos princípios, após o fracasso da teoria jusnaturalista e do
positivismo jurídico.
O pensamento pretende dotar os princípios jurídicos de caráter normativo,
devendo atuar como uma espécie de norma jurídica vinculante. Frise-se que os
autores anteriormente mencionados são os representantes dessa corrente de
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pensamento que nasceu no século XX, com o intuito de quebrar as teorias vigentes
à época (jusnaturalismo e positivismo).
Eles alcançam o patamar de fonte material básica e primária, dotados de força
su�ciente para gerar lei ou costume, transformá-los ou invalidá-los, podendo até
serem considerados fontes sustentadoras de outros princípios. Para o tema atenta
Delgado (2012, p. 186):
Esta nova compreensão doutrinária passou a se valer da expressão norma como
referência geral aos dispositivos gerais, abstratos, impessoais e obrigatórios que
regulam a vida social. Assim, na ideia de norma (em sentido amplo) estariam
abrangidas, pois, as noções de regras (ou norma, em sentido estrito) e de princípios
jurídicos (e também a noção de institutos jurídicos, acrescentamos nós). A “distinção
entre regras e princípios é pois uma distinção entre dois tipos de normas”, diz Robert
Alexy, sintetizando essa compreensão teórica sobre o problema.
Todavia, existe dúvida sobre a prevalência dos princípios sobre as regras legais
como defendem tais autores, o que se teme é a geração de “insegurança na ordem
jurídica e meio social regulado”. Para Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 187),
seria “mais adequado sustentar que, em vez de função normativaprópria,
especí�ca, autônoma, veri�ca-se que os princípios atuam como comandos
jurídicos instigadores, tendo, no fundo, uma função normativa concorrente”.
No presente estudo, não se pode esquecer que o cerne é o direito do trabalho, e
que se trata de um ramo especialíssimo do Direito. Não sendo plausível que se
importe sem reservas o posicionamento constitucionalista da �exibilização dos
princípios, situação que não funcionaria de forma adequada para o ordenamento
justrabalhista.
Desse modo, se uma regra legal traduz o comando genérico contido em
determinado princípio, mas se mostra incompatível com outro, poderá prevalecer,
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em face do peso do princípio concretizado. O que não quer dizer que o princípio
desprezado não possua in�uência no entendimento da norma.
Para o direito do trabalho essa última função dos princípios funciona melhor em
conjunto com a função interpretativa abordada anteriormente. O ideal é que as
duas funções sejam aplicadas juntamente, com o intuito de ajustar as regras do
Direito ao sentido fundamental do ordenamento jurídico. E é por isso inclusive que
no direito do trabalho se fala em função normativa concorrente dos princípios. 
PRINCÍPIOS JURÍDICOS GERAIS APLICÁVEIS AO DIREITO DO
TRABALHO – ADEQUAÇÕES
A coerência interna de um sistema jurídico decorre dos princípios sobre os quais
se organiza. Para operacionalizar o funcionamento desse sistema, torna-se
necessária a subdivisão dos princípios jurídicos. Extraem-se, assim, os princípios
gerais e os princípios especiais, conforme a natureza de cada subdivisão. A
harmonização desse sistema acontece porque os princípios especiais ou estão de
acordo com os princípios gerais ou funcionam como exceção.
Há princípios que são comuns ao Direito em geral, tendo aplicação, também, no
Direito do Trabalho. São conceitos nucleares da própria constituição do Direito. É
de se destacar, por exemplo, que ninguém poderá alegar a ignorância do Direito,
deve-se respeitar a dignidade da pessoa humana, é proibido o abuso de direito, o
enriquecimento sem causa, entre outros. Nessa linha aduz o professor:
Qualquer dos princípios gerais que se aplique ao Direito do Trabalho sofrerá,
evidentemente, uma adequada compatibilização com os princípios e regras próprias
a este ramo jurídico especializado, de modo que a inserção da diretriz geral não se
choque com a especialidade inerente ao ramo justrabalhista (DELGADO, 2012, p.
188).
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É forçoso concluir que tais princípios gerais irradiarão sobre todo ordenamento
jurídico. Cada ramo especializado recebe sua in�uência, mas a adequa conforme
suas peculiaridades. Não se trata, porém, de uma alteração desse princípio, pelo
contrário, sua função é preservar a unidade da ordem jurídica, ou seja, conservar o
Direito como um sistema formado por partes coordenadas.
a) Princípios gerais – adequações
Os princípios advindos do Direito Civil e aplicados aos contratos são usados no
Direito do Trabalho. Especialmente, o que prevê a inalterabilidade dos contratos,
ou como é conhecido o pacta sunt servanda. Tal premissa dispõe sobre a força
obrigatória dos contratos, ou seja, que o contrato faz lei entre as partes, devendo
ser cumprido.
A adequação desse princípio ao Direito do Trabalho foi excessiva, des�gurando a
matriz civilista e gerando uma direção própria, denominado como princípio da
inalterabilidade contratual lesiva. Sendo assim, é mais exato analisar a alusão
histórica ao princípio geral do Direito Civil inserido no estudo sobre o princípio
especial do ramo justrabalhista, que será desenvolvido em tópico próprio.
Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 1, teoria geral do direito civil, Maria
Helena Diniz.
Ainda, existem três princípios gerais do Direito que são correlatos e possuem
grande importância para a área justrabalhista. São eles: o princípio da lealdade e
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boa-fé, a não alegação da própria torpeza (ou não alegação da ignorância do
Direito) e o princípio da proibição do abuso de direito.
Vale ressaltar que os três princípios oferecem in�uência tanto para a área do
Direito Material do Trabalho, como para a área do Direito Processual do Trabalho:
“Em tal sentido, esses princípios não somente iluminam a compreensão da ordem
jurídica como também, ao mesmo tempo, fornecem poderoso instrumento à
aferição valorativa dos fatos trazidos a exame do intérprete e aplicador concreto
do Direito” (DELGADO, 2012, p. 188).
Ao observar as leis trabalhistas, percebe-se que os princípios da lealdade e da boa-
fé têm sua essência inserida em uma porção delas. Por exemplo, dentro da justa
causa obreira: incontinência de conduta, mau procedimento, desídia e negociação
habitual desleal são casos em que há a quebra dessa lealdade e boa-fé exigida
numa relação contratual, aqui, especi�camente, na de trabalho.
Em virtude desses princípios que são basilares, todo contrato deve ter por
fundamento esses conceitos, o empregado precisa cumprir sua parte no contrato,
desempenhando normalmente suas atividades, enquanto o empregador também
deve cumprir com suas obrigações, formando uma lealdade reciproca, sendo que
a quebra por qualquer uma das partes incorrerá num desequilíbrio dessa relação
jurídica.
Quanto ao princípio da não alegação da própria torpeza, é concretizado, também,
no Direito Civil através do art. 150 do Código Civil, que impõe que “se ambas as
partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou
reclamar indenização” (BRASIL, 1988). Aqui, ninguém pode alegar a ignorância do
Direito.
Todavia, esse princípio possui uma adequação única no Direito do Trabalho, por
causa da imperatividade das normas trabalhistas e do princípio protetivo aplicado
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imperante, como menciona Delgado (2012, p. 187): “a bilateralidade da conduta
irregular não inviabiliza, necessariamente, a alegação judicial do ilícito perpetrado”.
Com isso, na seara trabalhista quando há uma simulação bilateral de contrato de
trabalho, por exemplo, não impedirá que haja a tentativa de desconstituição
judicial da relação civil formalizada, em favor de um possível vínculo empregatício
encoberto. É claro que isso se deve ao caráter protetivo da Justiça Trabalhista.
Mesmo que o princípio da não alegação da própria torpeza possua uma aplicação
justrabalhista diferente da do Direito Comum, é preciso asseverar que deverá ser
feita com parcimônia, não sendo ilimitada. Se �car claro que a simulação ocorreu
em prol do próprio empregado (demissão forjada para saque de FGTS), o princípio
aparecerá para problematizar ocasionais questionamentos, pelo mesmo
empregado, de outros efeitos decorrentes do mesmo ato irregular.
Outro princípio bastante utilizado em todo o ordenamento jurídico é o princípio da
razoabilidade. É basicamente considerado como um princípio de interpretação
constitucional, mas, tem sido aplicado a todos os ramos do Direito. É de�nido
como: “Aquele que orienta o intérprete na busca da justa medida de cada instituto
jurídico. Objetiva a ponderação entre os meios utilizados e os �ns perseguidos,
indicando que a interpretação deve pautar o menor sacrifício ao cidadão ao
escolher dentre vários possíveis signi�cados da norma” (ARAUJO; NUNES JUNIOR,
2008, p. 89).
A respeitodo tema, Delgado (2012, p. 189) aponta: “dispõe o princípio da
razoabilidade que as condutas humanas devem ser avaliadas segundo um critério
associativo de verossimilhança, sensatez e ponderação”.
O princípio geral da legalidade também é outro princípio importante ao Direito do
Trabalho. Tal princípio é representado pela expressão latina “nullum crimen nulla
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poena sine preve lege”, signi�cando que não existe crime ou ilícito sem lei anterior
que o de�na, ou, nem há pena sem prévia cominação legal.
Como exemplo da aplicação de tal premissa no Direito do Trabalho na �xação dos
institutos de justas causas obreiras e empresariais (arts. 482 e 483 da CLT) e
através de penalidades existentes na lei, temos a rescisão contratual indireta e a
dispensa por justa causa. É por isso que seu emprego não ocorre de forma
absoluta. Quando se refere à advertência, sabe-se que mesmo se tratando de uma
penalidade imposta ao trabalhador, ela não possui previsão legal expressa, mas é
advinda de um costume, ou seja, uma fonte autônoma de Direito do Trabalho.
Por �m, existem outros princípios gerais de Direito que irradiam no ramo
justrabalhista. Como o da dignidade da pessoa humana, o da não discriminação
entre outros. Contudo, a partir de agora será realizada uma análise dos princípios
especí�cos do Direito do Trabalho.
ATIVIDADE DE ESTUDOS: 
1) De�na o pacta sunt servanda?
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Responder
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO DO TRABALHO
O Direito Material do Trabalho subdivide-se em um ramo individual e um ramo
coletivo, cada qual com suas especi�cidades e princípios competentes.
A estrutura normativa do Direito Individual do Trabalho é constituída a partir da
premissa da diferença e desiquilíbrio entre as partes dessa relação jurídica, ou
seja, entre empregado e empregador. Este último atua como uma �gura coletiva,
isto é, um sujeito socioeconômico e político cujas ações, mesmo que internas, têm
aptidão de produzir efeitos numa comunidade mais ampla (sociedade).
Do lado oposto dessa relação, está o sujeito individual, representado pelo
trabalhador, que ocupa uma posição de vulnerabilidade em relação ao
empregador (sujeito coletivo). O trabalhador sozinho não consegue gerar ações de
impacto na coletividade. E esse desiquilíbrio entre as partes origina o Direito
Capítulo 2 
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Individual do Trabalho, dotado de mecanismos que visam à proteção desse sujeito
individual e o reestabelecimento do equilíbrio dessa relação.
Enquanto o Direito Individual advém de uma relação desigual de seus sujeitos, o
Direito Coletivo surge de uma relação de sujeitos teoricamente equivalentes. De
um lado o empregador e de outro o “ser coletivo obreiro” representado pelas
organizações sindicais. Tal ramo é marcado por regras, institutos e princípios
próprios. Adentrando esse assunto, preleciona Delgado (2012, p. 191):
A compreensão global do Direito do Trabalho impõe, é claro, a compreensão acerca
dos princípios especí�cos de seu segmento juscoletivo. É que o Direito Coletivo atua
sobre o ramo do Direito Individual, produzindo-lhe importante universo de regras
jurídicas, consubstanciando no conjunto de diplomas autônomos que compõem sua
estrutura normativa (notadamente, Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho).
Desse modo, o Direito Coletivo pode alterar o conteúdo do Direito Individual do
Trabalho, ao menos naqueles setores socioeconômicos em que incidem seus
especí�cos diplomas. Desde a Carta de 1988, a propósito, ampliou-se o potencial
criativo do Direito Coletivo, lançando ao estudioso a necessidade de pesquisar os
critérios objetivos de convivência e assimilação entre as normas autônomas
negociadas e as heterônomas tradicionais da ordem jurídica do país.
Portanto, para o presente estudo será feita uma sedimentação de conteúdo. O
estudo dos princípios especiais do Direito do Trabalho não dispensará a análise
posterior dos princípios especiais do Direito Coletivo do Trabalho.
a) Princípios de direito individual do trabalho
São muitos os princípios especiais do Direito individual do Trabalho, pois conforme
haja a evolução desse ramo ou dos acontecimentos, novos princípios vão se
inserindo nesse rol.
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Dentre estes, os mais importantes e que formam o denominado núcleo basilar dos
princípios especiais do Direito do Trabalho são: a) o princípio da proteção; b) o
princípio da norma mais favorável; c) o princípio da imperatividade das normas
trabalhistas; d) o princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas; e) o
princípio da condição mais bené�ca; f) o princípio da inalterabilidade contratual; g)
o princípio da integralidade salarial; h) o princípio da primazia da realidade sobre a
forma e i) o princípio da continuidade da relação de emprego.
Para se aprofundar melhor no tema dos Princípios do Direito do Trabalho,
sugere-se a leitura da obra de Mauricio Godinho Delgado, Princípios de
direito individual e coletivo do trabalho, da editora LTR, e, o artigo jurídico,
Os princípios do direito do trabalho e os direitos fundamentais do
trabalhador, publicado na revista eletrônica do site Âmbito Jurídico cujo link
segue: Disponível em: <https://bit.ly/2GMBgKw>. Acesso em: 2 abr. 2018.
Tais princípios representam o alicerce do Direito Individual do Trabalho, eles
incorporam a essência da função teleológica do Direito do Trabalho, ou seja, sua
função �nalística e, ao mesmo tempo, possuem abrangência a todo seu conjunto.
Frise-se que exercem essas funções sem se confrontarem com os princípios gerais
do Direito. Destarte, aponta Delgado (2012, p. 193): “Sem a presença e observância
cultural e normativa desse núcleo basilar de princípios especiais, ou mediante a
descaracterização acentuada de suas diretrizes indutoras, compromete-se a
própria noção de Direito do Trabalho em certa sociedade histórica concreta”.
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Princípio da proteção: Através dele tem-se como regra que se deve
proporcionar uma maneira de compensar a superioridade econômica do
empregador em relação ao empregado, dando a este superioridade jurídica.
Tal superioridade é conferida ao empregado quando se concede ao obreiro a
proteção por meio da lei.
Existem alguns princípios justrabalhistas controvertidos que serão aprofundados,
oportunamente, em separado. Como o princípio do in dubio pro operário e a
análise da prova no processo do trabalho, e o princípio do maior rendimento.
O princípio se irradiará por todas as partes do Direito Individual do Trabalho, e isso
pode ser observado na presença de regras basicamente protetivas, tutelares da
vontade e interesses do trabalhador. Suas premissas são fundamentalmente
favoráveis ao trabalhador, sendo certo a�rmar que esse caráter protetivo legitima
a existência do Direito do Trabalho.
Uma parcela da doutrina diz que ele é o principal princípio orientador do Direito
do Trabalho, exatamente pelo fato de in�uenciar toda a estrutura justrabalhista.
Sobre ele, Delgado (2012, p. 193) tece algumas considerações:
O princípio tutelar in�ui em todos os segmentosdo Direito Individual do Trabalho,
in�uindo na própria perspectiva desse ramo ao construir-se, desenvolver-se e atuar
como direito. Efetivamente, há ampla predominância nesse ramo jurídico
especializado de regras essencialmente protetivas, tutelares da vontade e interesses
obreiros; seus princípios são fundamentalmente favoráveis ao trabalhador; suas
presunções são elaboradas em vista do alcance da mesma vantagem jurídica
reti�cadora da diferenciação social prática. Na verdade, pode-se a�rmar que sem a
ideia protetivo-reti�cadora, o Direito Individual do Trabalho não se justi�caria
histórica e cienti�camente.
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Princípio da norma mais favorável: ele está originariamente presente no art.
7º, caput, combinado com o art. 5º, § 2º da Constituição Federal. A Carta
Magna prevê um catálogo mínimo de direitos fundamentais sociais
trabalhistas, autorizando a aplicação de outros direitos previstos em fontes
normativas diversas, desde que propiciem melhoria na condição social,
jurídica e econômica do trabalhador.
Alguns autores, in�uenciados pelo jurista uruguaio Américo Plá Rodriguez, o
desmembram em três outros princípios: o in dubio pro operário, o princípio da
norma mais favorável e o princípio da condição mais bené�ca. Entretanto,
acredita-se que ele está presente em muito mais regras e institutos que nestes três
outros princípios. Como já dito anteriormente, ele norteia todo o sentido da
criação do Direito do Trabalho, não podendo restringi-lo a apenas três institutos.
A aplicação da norma mais favorável pode ser realizada de três formas:
No momento da elaboração da norma, a nova lei deverá dispor de um jeito mais
bené�co ao trabalhador, ou seja, a nova lei deve tratar de criar regras objetivando
a melhoria da condição do trabalhador.
O outro desdobramento desse princípio pode ocorrer no momento de resolução
de con�itos entre regras confrontantes ou concorrentes. Assim, havendo normas a
serem aplicadas numa escala hierárquica, deve-se observar a que for mais
favorável ao trabalhador.
Por último, através da interpretação da norma mais favorável, quando houver
várias normas a serem aplicadas ao caso concreto, adota-se a norma mais
bené�ca ao obreiro. Assim, “O princípio ora focalizado pode ser utilizado tanto na
interpretação como na aplicação de determinada norma jurídica. Além disso, pode
ser manejado para a solução de antinomias entre normas infraconstitucionais e na
hipótese de colisão entre direitos fundamentais” (BRANCO, 2007, p. 37).
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Em sua função informadora, no momento da elaboração da lei (fase pré jurídica),
ou como diz Delgado (2012, p. 189), essa é uma “fase essencialmente política”,
servirá como orientação de política legislativa, funcionando como fonte material
do direito trabalhista.
Superada a fase pré jurídica, o princípio continua atuando só que em uma
perspectiva diferente. Agora a regra já foi construída, portanto, ele terá função
interpretativa/normativa, que permite a escolha da interpretação mais favorável
ao trabalhador quando há duas ou mais opções de interpretação em relação à
regra jurídica analisada. É válido expor que tal interpretação deve ser feita de
forma objetiva e ordenada. Nesse sentido aduz Delgado (2012, p. 195):
Na pesquisa e eleição da regra mais favorável, o intérprete e aplicador do Direito
obviamente deverá se submeter a algumas condutas objetivas, que permitam
preservar o caráter cientí�co da compreensão e apropriação do fenômeno jurídico.
Assim, haverá de ter, em certo caso concreto, não o trabalhador especí�co, objeto da
incidência da norma em certo caso concreto, mas o trabalhador como ser
componente de um universo mais amplo (categoria pro�ssional, por exemplo).
Na sua função hierarquizante, o operador do direito, diante de uma situação de
con�ito de normas, terá a condição de optar pela norma mais favorável ao
trabalhador. Entretanto, o uso do princípio não pode comprometer a sistemática
da ordem jurídica.
Conforme já estudado anteriormente, ao fazer a escolha dessa norma mais
favorável, o aplicador deverá se valer, também, da teoria do conglobamento. O
que signi�ca que a procura da regra mais favorável tem que ser feita com enfoque
no conjunto de regras existentes no sistema, o enfoque tem que ser global,
levando-se em conta o caráter teleológico do Direito do Trabalho.
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Princípio da imperatividade das normas trabalhistas: tal princípio tem o
objetivo de informar que o Direito do Trabalho é composto basicamente por
regras imperativas.
Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas: também chamado de
princípio da irrenunciabilidade de direitos, tem como regra que os direitos
trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador.
Dentre muitas classi�cações, as regras podem ser divididas em imperativas (ou
cogentes) e dispositivas. São imperativas quando têm aplicação obrigatória e não
podem ser afastadas pela vontade das partes. Já as dispositivas apresentam um
caráter permissivo e podem ser afastadas pela vontade do agente.
No Direito do trabalho, prevalecem as normas imperativas e poucos são os
exemplos de regras dispositivas existentes na CLT. Para este princípio, prevalece a
restrição à autonomia da vontade no contrato trabalhista, em contraponto à
diretriz civil de soberania das partes no ajuste das condições contratuais. Esta
restrição é tida como instrumento assecuratório e�caz de garantias fundamentais
ao trabalhador, em face do desiquilíbrio de poderes inerente ao contrato de
emprego.
É possível dizer que tal princípio é consequência do princípio anterior que
determina a obrigatoriedade das normas justrabalhistas. A indisponibilidade dos
direitos trabalhistas advém do fato de o direito do trabalho objetivar equilibrar
essa relação jurídica através da proteção que coloca para a parte hipossu�ciente
do contrato de trabalho, o trabalhador.
Não teria sentido se ao mesmo tempo em que o Direito do Trabalho cria essa
cadeia de proteção ao trabalhador, permita que ele disponha dessa proteção.
Lembrando que muito dos direitos trabalhistas são considerados fundamentais
pela CF/88, ou seja, direitos naturalmente indisponíveis.
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Princípio da condição mais bené�ca: este princípio determina a proibição da
alteração contratual se ela o tornar menos favorável ao empregado. Caso a
alteração ocorra, não irá produzir efeitos, tendo em vista que o trabalhador
possui direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF, 1988) a norma mais favorável.
Também, no contraponto entre cláusulas contratuais concorrentes, será
aproveitada a que for mais favorável ao obreiro.
Alguns autores também advertem que existem direitos de indisponibilidade
absoluta, como os relativos à segurança e à medicina do trabalho, por exemplo, e
direitos de indisponibilidade relativa, que podem ser alterados desde que não
causem prejuízo ao empregado (art. 468 CLT), ou, haja expressa autorização
constitucional e legal.
Portanto, desde que respeitadas as condições legalmente impostas, poderá o
trabalhador transigir, fazendo concessões recíprocas, o que importa em um ato
bilateral.
Não diz respeito à comparação de normas (regras), e sim cláusulas contratuais, ou
qualquer dispositivo que tenha essa natureza. Ainda, elas podem ser expressasou
tácitas, e advindas do próprio pacto laboral ou do regulamento de empresa.
Incorporada pela legislação (art. 468 CLT) e jurisprudência trabalhistas (Súmulas
51, I, e 288, TST), o princípio informa que cláusulas contratuais bené�cas somente
poderão ser suprimidas caso suplantadas por cláusula posterior ainda mais
favorável, mantendo-se intocadas (direito adquirido) em face de qualquer
subsequente alteração menos vantajosa do contrato ou regulamento de empresa
(evidentemente que a alteração implementada por norma jurídica submeter-se-ia
a critério analítico distinto) (DELGADO, 2012, p. 197).
Simpli�cando, o princípio da condição mais bené�ca proporcionará ao trabalhador
que lhe prevaleça a condição mais vantajosa ajustada no contrato de trabalho ou
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Princípio da inalterabilidade contratual lesiva: inspirado no princípio geral do
Direito Civil, da inalterabilidade dos contratos (ou pacta sunt servanda), o
princípio da inalterabilidade contratual lesiva, é exclusivo do Direito do
Trabalho. Diz-se exclusivo após ter sofrido profundas adequações à seara
justrabalhista.
resultante do regulamento de empresa; ainda, que vigore ou sobrevenha norma
jurídica imperativa, prescrevendo menor nível de proteção e que com esta não
sejam elas incompatíveis.
É considerado um dos mais relevantes princípios importados pelo Direito do
Trabalho do Direito Civil. Sua importância é atribuída ao fato de se colocar como
mais um mecanismo de proteção ao trabalhador hipossu�ciente.
Na forma civilista, o princípio traduz a premissa de que o acordo de vontades faz
lei entre as partes, ou seja, ele ressalva a força obrigatória dos contratos, que
devem ser rigorosamente observados e cumpridos. Decorrendo dele também o
princípio da intangibilidade dos contratos.
Mesmo no Direito Civil, houve atenuação desse princípio através da fórmula rebus
sic stantibus, que signi�ca “voltar as coisas como eram antes”. A partir dela se
permitiu a emenda de cláusulas do contrato ao longo de sua vigência, no caso de
haver um posterior desequilíbrio contratual, alheio à vontade das partes. A
inalterabilidade unilateral do contrato deixou de ser absoluta.
Ao ingressar no ramo justrabalhista ele sofreu signi�cativas adaptações, inclusive a
alteração no seu nome (princípio da inalterabilidade contratual lesiva).
A princípio, o signi�cado genérico de inalterabilidade esvai-se no ramo do Direito
do Trabalho. Contrariando a matriz originária do princípio, o ramo justrabalhista
incentiva alterações contratuais que forem favoráveis ao trabalhador. Isso é o que
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�ca evidenciado no art. 468 da CLT, que autoriza alterações nos contratos
individuais de trabalho, por mútuo consentimento e desde que não resultem, de
maneira nenhuma, em prejuízo ao empregado.
Em um segundo aspecto, caso a alteração surja desfavorável ao trabalhador, o
conceito de inalterabilidade torna-se extremamente rigoroso. Seguindo esse
raciocínio, no art. 444 da CLT foi acrescentado um parágrafo único pela reforma
trabalhista, verbis:
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação
das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de
proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões
das autoridades competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às
hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma e�cácia legal e
preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de
diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas
vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)
Em um terceiro aspecto, no Direito do Trabalho, há a tendência em se rejeitar a
atenuação civilista da fórmula rebus sic stantibus.
Isso se deve ao fato de o ramo trabalhista colocar sob o ônus do empregador os
riscos da atividade econômica por ele exercida, tal pensamento vem materializado
no art. 2º da CLT, artigo esse que �xa o conceito legal de empregador. Lembre-se
de que, independentemente de se obter sucesso com o negócio desenvolvido,
esse empregador tem por obrigação arcar com as verbas trabalhistas de seus
empregados.
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Cabe transcrever, neste passo, citação literal de Mauricio Godinho Delgado (2012,
p. 199): “A esse propósito, aliás, a jurisprudência tem reiteradamente esclarecido
que no conceito de riscos assumidos pelo empregador, inscreve-se, sim, a
profusão legislativa que sempre caracterizou a tradição jurídica e administrativa
brasileira, com as modi�cações monetárias daí advindas”.
Portanto, visualiza-se que não há justi�cativa que afaste a obrigação que o
empregador possui de adimplir as verbas trabalhistas inerentes ao seu ramo de
atividade econômica.
Neste sentido, tem-se no princípio da inalterabilidade contratual lesiva um
instrumento de proteção aos direitos do trabalhador e de concretização do
equilíbrio no campo fático das relações trabalhistas do país, no que toca aos
contratos de trabalho e às partes nele envolvidas.
O professor Mauricio Godinho Delgado (2012) faz menção a uma particularização
do princípio da inalterabilidade contratual lesiva, como se fosse um subprincípio
dentro dele, e o denomina de princípio da intangibilidade objetiva do contrato de
trabalho.
Tal preceito informa que o conteúdo do contrato empregatício não pode ser
modi�cado mesmo que ocorra efetiva mudança no plano empresarial, referindo-
se, mais precisamente, a uma mudança subjetiva do contrato, do sujeito-
empregador. Fato que ocorre na sucessão trabalhista ou alteração subjetiva do
contrato de trabalho, portanto o contrato de trabalho seria intangível, mas
podendo ser alterado do ponto de vista subjetivo, ou seja, desde que a alteração
aconteça apenas em relação ao empregador.
Traduzindo-se no conceito de que a mudança no polo passivo do contrato de
trabalho, de forma alguma pode lesar o trabalhador pela perda de toda a história
do contrato em andamento. Em virtude disso há a sucessão de empregadores, o
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Princípio da intangibilidade salarial: o salário é a principal contraprestação do
empregador para o empregado, e é responsável pela subsistência do
trabalhador e sua família. Em virtude disso, merece do Direito do Trabalho
formas de resguardo, como irredutibilidade, intangibilidade e estabilidade.
Esta proteção está em consonância com a Convenção nº 95 da Organização
Mundial do Trabalho e com o art. 7º da CF/88. Sobre o assunto, analisa
Delgado (2012, p. 201):
novo integrante do polo passivo arcará com toda a obrigação advinda do contrato
estabelecido entre empregado e antigo empregador. Pode-se dizer que tal
“subprincípio” nada mais é do que mais uma faceta do princípio da inalterabilidade
contratual lesiva que se materializa em mais uma garantia ao trabalhador.
Estabelece o princípio da intangibilidade dos salários que esta parcela justrabalhista
merece garantias diversi�cadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor,
montante e disponibilidade em benefício do empregado. Este merecimento deriva
do fato de considerar-se ter o salário caráter alimentar, atendendo,pois a
necessidades do ser humano.
O princípio parte da premissa de que a pessoa física depende do dinheiro do seu
trabalho para viver e suprir suas necessidades básicas (alimentação, moradia,
educação, saúde e transporte). É o salário que irá dar condições para o
trabalhador manter sua dignidade e a de sua família, ou seja, o salário,
geralmente, é destinado a bens de natureza essencial, sendo correto a�rmar que é
corolário ao princípio da dignidade da pessoa humana.
A proteção conferida ao salário por esse princípio se dá em mais de um aspecto. A
garantia do valor do salário, coibindo mudanças contratuais e normativas que
provoquem sua redução (princípio da irredutibilidade salarial); garantia contra
práticas que prejudiquem seu efetivo montante, são as questões envolvendo os
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descontos no salário do empregado e, por �m, a garantia contra interesses
contrapostos de credores diversos, tanto do empregador como do empregado.
Por isso, o Código de Processo Civil em seu art. 833, IV, determina que as verbas de
natureza alimentar são impenhoráveis.
Todavia, o art. 7º da CF, que dispõe sobre a irredutibilidade salarial, autoriza sua
�exibilização em caso especí�co:
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
A CF expressamente autoriza a �exibilização salarial em caso de Convenção ou
Acordo Coletivo. Frisando-se que o entendimento predominante é o de que tal
�exibilização poderá abranger todas as parcelas de natureza salarial, e não apenas
o salário em sentido estrito.
O art. 462 da CLT, “ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos
salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de
dispositivos de lei ou de contrato coletivo”, também incorpora essa �exibilização e
abre exceção ao princípio quanto à intangibilidade do salário do trabalhador.
Por �m, é necessário lembrar que a estabilidade salarial dá nome à garantia do
trabalhador de não perder o valor salarial relativo à grati�cação por exercício de
função a partir de dez anos contados do início das atividades especí�cas, exceto se
a reversão ao cargo efetivo se operou por justo motivo.
Essa regra quanto à estabilidade é um desdobramento desse princípio da proteção
salarial que surge de uma criação jurisprudencial que foi consolidada na Súmula
372 do TST que apresenta: “percebida a grati�cação de função por dez ou mais
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Princípio da primazia da realidade sobre a forma: esse princípio também é
denominado por alguns autores como apenas princípio da primazia da
realidade. Através de tal princípio sedimenta-se que, para o Direito do
Trabalho, os fatos podem ser mais importantes que outros meios de prova
como o documental. Privilegia-se a realidade sobre a forma ou a estrutura
empregada.
Princípio da continuidade da relação de emprego: presume esse princípio
que o Direito do Trabalho preza pela permanência do vínculo empregatício,
anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo
efetivo, não poderá retirar-lhe a grati�cação tendo em vista o princípio da
estabilidade �nanceira”.
Caberá ao operador do direito pesquisar a prática concreta efetivada ao longo da
prestação de serviço. Nem sempre o que está disposto no contrato formal é
exatamente o que ocorre na prática. Por isso, ao contrário do que é costume no
ramo do Direito Civil, o aplicador do Direito ao examinar as declarações volitivas,
precisa se atentar à intenção das partes e não se delimitar ao envoltório formal
pelo qual transpareceu à vontade.
Por exemplo, se um empregado é rotulado de autônomo pelo empregador,
possuindo contrato escrito de representação comercial, o que deve ser observado,
realmente, são as condições fáticas que demonstrem a existência do contrato de
trabalho.
Entretanto, ao se utilizar desse princípio, o operador precisa ter parcimônia, e não
o aplicar de maneira unilateral. O intérprete deve se atentar e aferir se a
substância da regra protetiva trabalhista foi atendida na prática concreta efetivada
entre as partes, ainda que não seguida estritamente à conduta especi�cada pela
lei.
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sendo importante que o trabalhador esteja integrado à estrutura e dinâmica
empresariais. Vale frisar que essa integração do trabalhador no mercado de
trabalho é de suma importância não apenas para o Direito do Trabalho, mas
para a economia e a sociedade em geral.
Por conseguinte, a legislação instituiu como regra o contrato de trabalho por
tempo indeterminado. A CLT, em seu art. 443, traz as formas do contrato individual
de trabalho, sendo necessário apontar que tal dispositivo legal foi alterado pela
reforma trabalhista de 2017, pois antes dela �gurava o contrato por tempo
indeterminado e determinado. Com a reforma acrescentou-se a �gura do contra
intermitente.
Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou
indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 13.7.2017).
§ 1º Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência
dependa de termo pre�xado ou da execução de serviços especi�cados ou ainda da
realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. 
§ 2º O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: 
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justi�que a predeterminação do
prazo; 
b) de atividades empresariais de caráter transitório; 
c) de contrato de experiência. 
§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de
serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos
de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,
independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto
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para os aeronautas, regidos por legislação própria” (Incluído pela Lei nº 13.467, de
13.7.2017).
No plano dogmático, a principal consequência do princípio consiste na
determinação de que, em regra, o contrato de trabalho deve ser �rmado por prazo
indeterminado. Os contratos de trabalho por prazo determinado são permitidos
de forma excepcional, o que signi�ca que o ordenamento juslaboral guia-se em
prol da manutenção da relação de emprego.
Mauricio Godinho Delgado (2012) aponta que a permanência da relação de
emprego gera três correntes de repercussão favorável ao empregado envolvido.
Primeiramente, incorre numa tendencial elevação dos direitos trabalhistas, em
decorrência do avanço da legislação e da negociação coletiva, e das conquistas
contratuais adquiridas pelo trabalhador em vista de promoções recebidas ou
vantagens agregadas ao desenvolvimento de seu tempo de serviço no contrato.
Um contrato de trabalho permanente também impulsiona o empregador a investir
em educação e pro�ssionalização de seus empregados vinculados a contratos
duradouros. “Esse investimento na formação do indivíduo cumpre a fundamental
faceta do papel social da propriedade e da função educativa dos vínculos de labor,
potenciando, individual e socialmente,o ser humano que trabalha” (DELGADO,
2012, p. 204).
Por último, o autor destaca que um contrato de trabalho permanente causa a
a�rmação social do indivíduo nele envolvido. Nesse sentido ele argumenta:
“aquele que vive apenas de seu trabalho tem neste, e na renda dele decorrente,
um decisivo instrumento de sua a�rmação no plano da sociedade” (DELGADO,
2012, p. 204).
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Ainda o autor acrescenta que com a introdução de lei do FGTS (Lei nº 5.107/66)
ocorreu um desprestígio do sistema estabilitário e indenizatório vigorante na CLT.
A nova lei passou a admitir que, no momento da admissão, o trabalhador optasse
pelo sistema do Fundo, situação que se tornou na prática dominante.
Com o implemento da Constituição Federal em 1988, esta generaliza o sistema do
FGTS revogando a antiga opção existente na CLT. Contudo, a Lei Magna, com o
intuito de inserir o princípio da continuidade da relação empregatícia, afasta a
anterior incompatibilidade do instituto do FGTS com qualquer eventual sistema de
garantias jurídicas de permanência do trabalhador no emprego, estendeu o fundo
a todo empregado. Assim ilustra-se: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: III -
fundo de garantia do tempo de serviço”.
É importante salientar que à época, havia uma única exceção, o instituto do FGTS
não se estendia aos empregados domésticos. Essa não é a realidade de hoje, a Lei
complementar nº 150/2015 altera essa situação e corrige a desigualdade a que
essa enorme gama de trabalhadores era colocada.
Comentando o dispositivo retrotranscrito, Luiz Alberto David de Araujo e Vidal
Serrano Nunes Junior (2008, p. 69) comentam:
No mais, os direitos sociais são atribuídos, em igualdade, aos trabalhadores rurais e
urbanos, sendo certo, no entanto, que o rol de direitos constante do art. 7º do texto
constitucional não é exauriente dos direitos trabalhistas, pois o caput do dispositivo
é literal ao consignar a existência daqueles, “além de outros que visem à melhoria de
sua condição social.
Ainda o mesmo dispositivo constitucional instituiu a regra que resguarda a relação
de emprego em face da despedida arbitrária ou sem justa causa e criou a ideia de
aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço. Apesar de a jurisprudência
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trabalhista, por décadas, ter negado aplicação imediata ao preceito constitucional,
não se pode negar que por conta de sua vigência, mudou-se a cultura jurídica
rescisória dominante no país.
No cenário jurisprudencial da atualidade, vê-se a in�uência do princípio, entre
outras, na Súmula 212 do Tribunal Superior do Trabalho. Ela impõe que o ônus de
provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço
e o despedimento, �ca a cargo do empregador. Porque o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
Analisando o enunciado jurisprudencial, percebe-se que para a Corte Superior
Trabalhista, esse princípio além de fundamentar a preservação dos contratos de
trabalho, também repercute na esfera processual trabalhista, uma vez que
estabelece presunção favorável ao obreiro quanto ao término do vínculo de
trabalho, distribuindo o encargo do ônus probandi a quem tem melhor condição
de fazê-lo, o empregador.
Finalmente, conclui-se que em consequência da regra geral que advém do
princípio, os contratos a termo possuem caráter excepcional e a criação do
instituto da sucessão de empregadores (arts. 10 e 448 da CLT), formam uma rede
de garantias ao trabalhador quanto a sua manutenção no mercado de trabalho.
b) Princípios justrabalhistas especiais controvertidos
Depois de bastante abordar o tema, já se sabe que princípios são ideias
fundamentais e informadoras da organização jurídica, representando grandes
fachos normativos que servem para iluminar a compreensão do Direito.
Entretanto, seria contraditória a existência de um princípio impreciso que entrasse
em choque com o conjunto sistemático geral do Direito, ou com os seus princípios
gerais. Assim explica Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 206), “na verdade, o
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próprio fato de haver forte dissensão acerca de determinado princípio – sua
existência, ou pelo menos, validade – já compromete, em boa medida, seus status
no mundo do Direito”.
Pelo fato de serem dotados de certa contradição quanto a sua existência e
validade, é que os princípios in dubio pro operario e princípio do maior
rendimento são estudados de forma separada em tópico especí�co.
Princípio in dubio pro operario – é possível a�rmar que tal princípio consiste em
uma transposição adaptada do princípio indubio pro reo, advindo do Direito Penal.
Ele deve auxiliar a interpretação da norma trabalhista em prol do trabalhador, em
caso de dúvida deve-se optar pela norma mais favorável ao obreiro.
Todavia, existem dois problemas que envolvem a aplicação de tal princípio.
Primeiramente, e menos grave, o problema reside em uma questão prática,
técnica, ou seja, o seu conteúdo básico já é abordado por outros princípios
especí�cos do Direito do Trabalho, o princípio da norma mais favorável ou o
princípio da proteção. Inclusive alguns autores, como Sérgio Pinto Martins (2008),
considera-o como um dos desmembramentos do princípio da proteção.
Na verdade, o problema grave que o envolve é que no tocante a sua outra
dimensão temática, ele choca-se com o princípio jurídico geral da essência da
civilização ocidental e do Estado Democrático de Direito, o famoso princípio do juiz
natural.
O princípio do juiz natural é o princípio constitucional que encontra respaldo em
dois dispositivos legais: art. 5º, XXXVII e art. 5º, LIII da CF/88:
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
[...].............................................................................................
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LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
O conteúdo jurídico do princípio pode ser resumido na necessidade de
predeterminação do juízo competente, quer para o processo, quer para o
julgamento, proibindo-se qualquer forma de designação de tribunais e juízos para
casos determinados.
Essa garantia constitucional tem dois destinatários: o cidadão, que deve submeter-
se ao juízo aleatório do Estado, sem romper a regra da livre distribuição e, ao
Estado, que não pode de�nir o juiz para determinado cidadão ou caso. Mas, vale
frisar que isso não impede a existência de juízos especializados.
E mais, é esse princípio que irá garantir a independência e imparcialidade do órgão
julgador. Por isso, é considerado um dos desdobramentos do princípio, também
fundamental, da igualdade.
Após rápida explicação sobre no que consiste o princípio constitucional
mencionado anteriormente, enfrenta-se onde está o choque entre os dois
princípios. O choque não está na dimensão da interpretação normativa do
princípio (atualmente, referenciada pelo princípio da norma mais favorável), mas
sim na dimensão de aferição e valoração dos fatos trazidos a exame do intérprete
e aplicador do Direito.
Há divergência doutrinária e jurisprudencial acerca da aplicação do princípio in
dubio pro operario no campo do processo trabalhista, quanto ao examede fatos e
provas. Nesse sentido, assevera Sergio Pinto Martins (2008, p. 61): “O in dubio pro
operario não se aplica integralmente ao processo do trabalho, pois, havendo
dúvida, à primeira vista, não se poderia decidir a favor do trabalhador, mas
veri�car quem tem o ônus da prova no caso concreto”.
Ademais, Carlos Henrique Bezerra Leite ensina (2014, p. 56):
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Per�lhamos o entendimento segundo o qual o princípio in dubio pro operaria não
deve ser estendido ao campo do processo no que respeita à instrução probatória17,
pois a moderna ciência processual possui metodologia própria (CLT, art. 818; CPC,
art. 331) acerca da divisão do ônus da prova, conferindo ao juiz, inclusive, o poder de
inverter o ônus da prova, tal como prevê o art. 6Q, VIII, do CDC.
O art. 818 da CLT, apesar de ter sofrido algumas alterações com a reforma
trabalhista, traça as diretrizes de produção probatória para o processo trabalhista.
Art. 818 - O ônus da prova incumbe: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 13.7.2017)
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modi�cativo ou extintivo do
direito do reclamante (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
§1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva di�culdade de cumprir o encargo nos termos deste
artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da
instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e
possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 13.7.2017)
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente
difícil (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017).
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Conforme demonstrado anteriormente, além de o Código Trabalhista ter sua
própria regra de produção de provas nos autos de um processo, aplicar o princípio
do in dubio pro operario nesse sentido destituiria o juiz ou órgão julgador de toda
a independência e imparcialidade que lhe é obrigatoriamente inerente, privando
os cidadãos de suas garantias fundamentais relacionadas ao princípio do juiz
natural.
Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 207) menciona que a diretriz do princípio na
dimensão processual trabalhista causaria um “desiquilíbrio atávico ao processo de
exame de valoração dos fatos trazidos à análise do intérprete e aplicador do
Direito”, situação que não passaria pelo crivo da cienti�cidade do fenômeno
jurídico da atualidade.
É relevante apontar que tal pensamento correspondia a uma fase embrionária do
Direito do Trabalho, com pouca base técnico-cientí�ca. Contemporaneamente, a
teoria do ônus da prova sedimentada no Direito Processual do Trabalho anula a
ótica apresentada por esse princípio, deixando a questão da interpretação
normativa para o princípio da norma mais favorável ao trabalhador.
Princípio do maior rendimento: também de validade controvertida é o princípio do
maior rendimento. Basicamente, determina em seu conceito que o empregado
deve agir com boa-fé e lealdade na execução do contrato, exercendo suas funções
sempre de modo a não prejudicar os interesses do empregador (é claro que se
trata aqui dos interesses lícitos).
Foi difundido pelo jurista espanhol e professor de Direito do Trabalho Eugenio
Perez Botija (1910-1966), na década de 1940.
Nas palavras de Mauricio Godinho Delgado (2012, p.175), o princípio: “Seria a
diretriz subjacente a todo o poder disciplinar empregatício, conferindo
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fundamento a algumas �guras típicas de justa causa, como, ilustrativamente, a
desídia e a negociação concorrencial ao empregador (art. 482, CLT)”.
Insta salientar que o art. 482 da CLT elenca as treze situações que podem ensejar a
rescisão do contrato de trabalho por justa causa. Dentre elas estão: incontinência
de conduta ou mau procedimento, desídia no desempenho das respectivas
funções, ato de indisciplina ou de insubordinação etc.
Em algumas decisões dos Tribunais é possível visualizar sua aplicação na prática:
TRT-9-632008670902 PR 63-2008-670-9-0-2 (TRT-9)
Data de publicação: 26/11/2010
Ementa: TRT-PR-26-11-2010 Assédio moral – necessidade de prova
robusta para sua con�guração – cobrança de cumprimento de metas sem
abusos por parte do empregador – amparo no princípio do maior
rendimento – inexistência de ilicitude.
O assédio moral, como espécie de gênero de dano moral, tal como este
demanda, para seu reconhecimento, robusta prova do dano imaterial
efetivamente sofrido pelo trabalhador, não se sustentando somente na
impressão subjetiva do empregado acerca de lesão a direito ínsito de sua
personalidade. Assim, mera alegação de cobranças de metas e perseguições,
não enseja dever de indenização. E, ainda que provado o estabelecimento de
metas a serem cumpridas e sua respectiva cobrança, a ré, ao assim
proceder, não incorre em qualquer ilicitude. A hipótese encontra suporte até
mesmo no princípio do maior rendimento (ou princípio do rendimento), que
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também fundamenta o Direito do Trabalho, em contraposição aos demais
princípios trabalhistas com enfoque na proteção do trabalhador. Recurso
obreiro a que se nega provimento.
Fonte: Disponível em: <https://bit.ly/34zkl6u>. Acesso em: 2 abr. 2018.
Apesar de a peculiaridade desse princípio estar em uma tutela especí�ca para
empregador em contraposição aos tantos princípios de aplicação especí�ca para o
empregado, ele acaba sendo abarcado pelo conteúdo existente no princípio da
lealdade de da boa-fé dos contratos, podendo incorrer numa situação de
redundância.
Se for analisado sob o prisma de que como o empregador tem a obrigação de agir
com boa-fé e lealdade para com o empregado, esse, em contraprestação, deve
agir, também, com boa-fé e lealdade para com aquele.
E é nesse sentido que reside o ponto controvertido, não desmerecendo a essência
de seu conteúdo, mas, apenas o fato de que se admitida a acepção mencionada,
ele perde sua particularidade, sendo abrangido pelo princípio da boa-fé e lealdade
contratual.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Após a realização de todo o estudo a respeito dos princípios do Direito e princípios
do Direito do trabalho, entende-se que toda ciência funda-se em princípios, e o
Direito, como ciência, não foge dessa premissa.
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Capítulo 1  Capítulo 3
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Sendo assim, o Direito embasa-se em princípios universais ou restritos a seus
ramos especí�cos, os quais são importantes para compreensão, integração e
aplicação normativa aoscasos concretos, dispondo de verdades válidas, próprias
da sua área de saber que compõem seus enunciados lógicos.
O Direito do Trabalho como setor autônomo possui juntamente com os princípios
gerais do direito, seus princípios especiais que compõem as diretrizes e postulados
formadores das normas trabalhistas.
Constituindo o fundamento do ordenamento jurídico trabalhista, tais princípios
especiais se caracterizam como enunciados básicos que englobam inde�nidas
situações. Devendo interagir harmonicamente entre si para conduzir de modo
unido e coeso o ordenamento jurídico justrabalhista.
Todos os direitos reservados © Mariana dos Reis André Cruz Poli
Capítulo 2 

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