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Samantha Lopes Nutrição 51 Obesidade Definição Doença metabólica crônica e multifatorial. - não é um diagnóstico simples, pois são inúmeros fatores envolvidos em um só indivíduo. - no brasil, houve um aumento na sua prevalência nos últimos anos, passando de 18,9% em 2016 para 20,3% em 2019; Etiologia Não existe causa específica, e sim vários fatores envolvidos, como: - genética - paladar, saciedade e tamanho das porções - sono, estresse - atividade física - uso de medicamentos - microbiota e dieta - inflamação - uso de medicamentos - ambiente obesogênico A obesidade é precursora de outras doenças, como doenças cardiovascular, DM, síndrome metabólica. Entendendo sobre a composição corporal A massa corporal não é somente a gordura, ela compõe ossos, músculos, tecido adiposo e fluidos corporais. Essa massa corporal é sujeita a alterações e orquestrada por fatores externos. Sujeitos a alterações - reflexos do crescimento; - condição reprodutiva; - variação da AF; - efeitos do envelhecimento Orquestrado por - genética, medicamentos neurais, hormônios e químicos Massa livre de gordura – água, proteínas e sais minerais - tudo menos a gordura; Massa gorda – gordura de todas as fontes do corpo Massa magra – músculos Massa livre de gordura Massa magra Gordura Corporal Gordura essencial - necessária para o funcionamento fisiológico normal; - homens 3%; - mulheres 12%. Gordura de armazenamento - reserva de energia, principalmente triglicerídeos. Gênero % gordura corporal total Masculino 18 - 24% Feminino 25 – 31% Composição do Tecido Adiposo Tecido adiposo visceral - tecido adiposo entre os órgãos para a proteção; Tecido adiposo branco (proteção dos órgãos, reservatório de triglicerídeos e preservação de calor) Tecido adiposo marrom (produção de calor e dissipação do excesso de energia) – presente em lactentes - pode ser desenvolvido com estímulos do frio; Samantha Lopes Nutrição 51 Tamanho e números de adipócitos Esse tecido adiposo é formado pelos adipócitos, que são as células adiposas. As células adiposas são muito ativas, produz citocinas pro inflamatórias. Com o aumento da massa corporal essas células podem se diferenciar das seguintes formas: Hiperplasia – se multiplicando; A partir do momento que ocorre a hiperplasia ela não irá diminuir. Hipertrofia – aumentando de tamanho. Os depósitos de gordura serão formados de triglicerídeos da alimentação: - excesso de carboidratos e proteínas; - lipogênese – formação de gordura; - convertidos em AGL no fígado; Armazenamento de Gordura Os triglicerídeos ingeridos serão absorvidos no intestino e transportados pela corrente sanguínea através dos quilomícrons. Serão quebradas em AGL e glicerol, esses AGL serão direcionados ao tecido adiposo para armazenamento. A partir dessa alimentação ocorrerá o direcionamento a partir desse excesso de triglicerídeos, direcionando AGL na corrente sanguínea e armazenando o excesso na forma de gordura. Regulação da massa corporal - regulação a partir da neuroquímica, passagem de proteínas, hormônios e fatores após a ingestão de alimentos. - ocorre a curto e longo prazo. Diante da situação de fome e saciedade, curto prazo. A longo prazo, quando há uma sensação de fome e não faço nada por isso, o organismo então vai começar a liberar hormônios para mobilizar reservar a fim de gerar energia. Taxa metabólica basal e atividade física TMR – taxa metabólica de repouso – 60 a 70% do gasto energético total; (diminui com a idade e com a restrição energética) TA – taxa de atividade - mais variável; menor em um indivíduo que não pratica exercícios físicos. - 15 – 30% do gasto energético Efeito térmico dos alimentos - há um gasto maior de energia em digerir proteínas do que na digestão de carboidratos; Desequilíbrio de Massa Corporal Ingestão x consumo - consumo maior que o gasto – ocorrerá o aumento do peso; - consumo igual ao gasto – terá uma manutenção de peso; - consumo é menor que o gasto – ocorrerá uma perda de peso; Geralmente indivíduos obesos estão com um consumo maior do que o gasto, mas não somente isso. A obesidade envolve questões ambientais, genéticas e de estilo de vida. Regulação Neuroendócrina Envolve controle de impulsos inibitórios e estimulantes do sistema nervoso central e de hormônios produzidos perifericamente (intestino, estômago e tecido adiposo). Há o eixo intestino-cérebro que trabalham o tempo inteiro juntos. O hipotálamo é uma peça fundamental pois é responsável no equilíbrio entre Samantha Lopes Nutrição 51 ingestão e gasto energético. Ele é o local de onde sai os sinais da periferia, então os sinais que o intestino está estimulando, vai ser levado para hipófise e a hipófise vai fazer alguma coisa com isso, então, os sinais da periferia a respeito do estado de requerimento de reserva são interpretados, enquadrados pelo hipotálamo e a partir deles mecanismos de regulação são ativados por ondas multissinápticas que possibilitam a restrição de sinais anorexígenos. Saciedade (anorexígenos) Fome (orexígenos) Sinais periféricos Sinais periféricos Colecistoquinina Grelina Bombesina Glucagon GLP-1 Níveis de glicose baixo Peptídeo – Y Controle Central Insulina NPY Leptina Cortisol Oxintomodulona Galanina Apolipoproteina A4 Dopamina Controle Central Serotonina Hormônio liberados de corticotrofina Anorexígenos (diminuem a vontade de comer) Ação Serotonina É um hormônio liberador de corticotrofina. Inibem o consumo alimentar na parte ventromedial do hipotálamo. Intensifica a saciedade. Muito relacionada a ingestão de doce. A banana libera bastante serotonina. CRC Reduz a ingestão alimentar e a massa corpórea. Colecistoquinina Liberados quando gorduras e proteínas atingem o intestino. No cérebro inibe a ingestão alimentar. GLP-1 Diminui a secreção de glucagon, retarda o tempo de esvaziamento gástrico e pode promover a saciedade. Pep-Y Secretados pelas células endócrinas que reveste o intestino e o cólon em resposta ao alimento. Age de forma oposta a grelina, induzindo a saciedade. Orexígenos (aumenta a vontade de comer) Ação Neuropeptídeo Y É o mais potente do SNC: promove atividade lipogênica no TA; reduz atividade do SNC; inibe a lipólise; induz aumento dos níveis de insulina e corticoides; parecem estar envolvidos na hiperfagia da obesidade; compulsão alimentar noturna; aumenta quantidade de alimentos ingeridos Proteína relacionada ao agouti (AgRP) Estimula o apetite no hipotálamo Galanina Não ativa o mecanismo lipogênico Hipocretinas e orexinas O jejum aumenta sua secreção Grelina Estimula a ingestão alimentar e reduz o gasto energético; ativa os hormônios orexígenos; ao contrário do que se espera: obesos tem menor quantidade; obesos tem maior sensibilidade; o NNY estimula a liberação de grelina; o jejum aumenta os níveis de grelina no plasma. Hormônios intestinais Ação Colecistoquinina Liberados quando gorduras e proteínas atingem o intestino. No cérebro inibem a ingestão alimentar. Samantha Lopes Nutrição 51 GLP-1 Diminui a secreção de glucagon, retarda o tempo de esvaziamento gástrico e pode promover a saciedade. Pep-Y Secretados pelas células endócrinas que reveste o intestino e cólon em resposta ao alimento. Age de forma oposta a grelina, induzindo a saciedade. Leptina x Obesidade - hormônio que controla a ingestão alimentar; - aumenta o gasto energético; - obesos apresentam mais leptina, mas possuem defeito na sinalização desse hormônio no hipotálamo; Formas clínicas da obesidade Ginoide - formato de pera; - maior concentração de gordura na região glúteo femoral; - na mulheré naturalmente normal pois o organismo prepara ela para a maternidade; - maior ocorrência em mulheres. Androide - formato de maça; - maior concentração de gordura na região abdominal; - maior ocorrência em homens. Avaliação Antropométrica Ferramentas de avaliação da prática clínica: - IMC; - perímetro do pescoço; - perímetro da cintura; - razão cintura-quadril; - razão cintura-estatura; Gênero Risco de complicação metabólica Circunferência da cintura Masculino 102 cm Feminino 89 cm Relação cintura/quadril Masculino <1,0 Feminino <0,85 Razão cintura-estatura - valor de referencia é 0,5; - fatores de risco cardiometabólico; - a cintura dever ser menor que a metade da estatura. Circunferência abdominal - medida do maior perímetro abdominal; - entre a última costela e a crista ilíaca; - risco de doença cardiovascular aumentado; - masculino ≥ 94 cm; - feminino = 80 cm. Circunferência do pescoço Homens Mulheres Risco para sobrepeso ou obesidade <37 <34 Não identificável ≥37 ≥34 Investigação adicional ≥39 ≥36,5 Obesidade presente Tratamento da Obesidade Opções de tratamento - plano de baixa energia e ajuste de macronutrientes, aumento da AF e estilo de vida; - plano de baixa energia e ajuste de macronutrientes, aumento da AF, estilo de vida e farmacoterapia; - cirurgia e regime alimentar prescrito individualmente, atividade física e um Samantha Lopes Nutrição 51 programa de modificação de estilo de vida; - prevenção e recuperação de massa corporal por meio de equilíbrio entre ingestão e gasto; - intervenção na mentalidade. Taxa e extensão corporal - a resposta tecidual de alimentos é uma adaptação à previsão de um período de privação; - estudos mostram que durante os 10 primeiros dias de jejum depois do uso das reservas de glicogênio, 8 a 12% do gasto provem de proteínas e o restante provém de lipídios; - conforme a falta de alimentos avança, 97% do gasto provém de triglicerídeos armazenados. Déficit energético na obesidade - o déficit energético que resulta em perda de aproximadamente 230 a 434g/semana em indivíduos com IMC de 27-35kg/m² e de 554 a 907g/semana para IMC superior a 35kg/m²; - há estudos que relacionam déficit energético a longevidade. Restrição energética - método mais amplamente prescrito; - motivo: mobilização de estoque. Nutriente Krause, 2018 Cuppari, 2019 Carboidratos 50-55% 55-60% (20% absorção simples) Proteínas 15-25% 15-20% - não menos que 0,8g/kg Gordura 30% 20-25% (7% saturada, 10% poli e 30% mono) - fibra entre 20 e 30g/dia; - álcool: suspender - colesterol: não mais que 300mg/dia - distribuição: 6 refeições/dia - líquidos: 1500ml para cada 1000kcal E sobre reduções energéticas extremas e jejum? (MAHAN, RAYMOND, 2018) - dietas de muito baixa caloria; - 200 a 800kcal (poucas evidencias sobre vantagens); - geralmente utilizadas por 12-16 semanas, objetivando perda corporal rápida; - em longo prazo não é sustentável. Outras abordagens: o paradigma “não dieta”. Tratamento Medicamentoso Atuam no SNC modulando apetite e comportamento alimentar: - catecolaminérgicos – femporporex, anfepramona, mazondol etc; - serotoninérgicos – fluoxetina e sertralina; - mista – sibutramina; - aumentam termogênese – efedrina, cafeína e aminofilina; - inibem absorção de gordura – orlistat. Cirurgia Bariátrica Indicação - IMC > 40kg/m²; - IMC ≥ 35kg/m² (com comorbidades); Benefícios - melhora de comorbidades associadas; - melhora de parâmetros bioquímicos; - controle da PA e diabetes. Mudanças no perfil nutricional - redução da ingestão calórica total; - diminuição na absorção de macro e micro nutrientes. Apesar disso... - 30% dos pacientes podem desenvolver deficiências nutricionais; Samantha Lopes Nutrição 51 - ferro, cálcio, ácido fólico, vitamina B12, vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos essenciais, cobre e zinco. No Brasil são aprovadas 4 técnicas cirúrgicas - dieta hipocalórica no preparo do paciente para cirurgia; - hipocalórica; - hiperproteica; - Guideline de cirurgia bariátrica – 2016; - dieta pré-operatória de baixa caloria: 1000-1200kcal/dia; - muito baixa em calorias (800kcal/dia); - 2-4 semanas; Evolução da Dieta no Pós-Operatório 1º dia de pós operatório - dieta zero ou líquida de prova; 2º dia de pós operatório - liquida total; - 6 refeições/dia – 200ml 3/3/H (50ml 15/15min); 3º ao 15º dia de pós operatório - liquida total até ao 15º dia; 16º dia de pós operatório - dieta pastosa do 16º até o 30º dia; 30º dia de pós operatório - dieta branda, progredindo conforma tolerância; Após 2 meses – dieta normal. Repercussões Nutricionais Tardias no Pós Operatório Deficiência de proteína Atentar-se as recomendações proteicas! Recomendações de proteínas nas diferentes técnicas cirúrgicas Tipo de Cirurgia Recomendação Sleeve gástrico 60-80g/dia 1 a 1,5g/kg de peso ideal By-pass gástrico em Y de Roux 60 a 80g/dia 1 a 1,5g/kg de peso ideal Derivação biliopancreática 90-120g/dia COPPINI, 2015 Outras Anotações
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