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Infecções em feridas

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2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 
 
PRÁTICAS INTEGRADORAS III 
AULA 6 
Infecções em Feridas 
 INTRODUÇÃO 
• Pele íntegra: Epiderme e derme, alguns autores 
consideram o tecido sub-cutâneo. 
→ Barreira física com sua camada mais externa 
queratinizada; 
→ Barreira química formada por um manto 
hidrolipídico, com pH mais ácido, produzido 
pelas glândulas sebáceas e sudoríparas; 
→ Barreira imunológica composta por um sistema 
imune cutâneo (SALT), rico em células 
apresentadoras de antígenos; 
→ Barreira biológica composta pela microbiota da 
pele, que age competindo com outros 
microrganismos. 
• Pele lesionada: Perda da integridade da pele, ocorre 
uma perturbação morfofucional da pele. Sofrerá 
cicatrização e terá apenas um tecido de 
preenchimento. 
→ Leito; 
→ Borda; 
→ Pele perilesional. 
 
 
 CLASSIFICAÇÃO 
QUANTO A ETIOLOGIA 
• Ferida patológica: Secundária a uma doença de 
base, como diabetes ou hipertensão arterial. 
• Ferida intencional: Feridas cirúrgicas, feitas com 
técnicas assépticas. Bordas regulares e pequena 
perda de tecido. 
• Ferida iatrogênica: Causada de forma não 
intencional por um tratamento médico. Por exemplo, 
caso de síndrome compartimental caracterizada por 
um inchaço do tecido muscular, o qual fica retida na 
fáscia podendo sofrer necrose, nesse caso faz-se um 
corte dos tecidos até atingir a fáscia (fasciotomia). 
• Feridas não intencionais: Feridas traumáticas. 
• Feridas causadas por fatores externos: 
Queimaduras, lesões por pressão etc. 
 
QUANTO A PROFUNDIDADE 
• Superficial: Perda da epiderme e ainda tem derme 
viável, pode se recuperar. 
• Profunda superficial: Perde epiderme, derme e 
comprometimento do tecido subcutâneo, não há 
regeneração. 
• Profunda total: Perda de toda espessura da pele e 
acomete estruturas profundas, tendões, músculos, 
ossos etc. 
• Não classificável: Não determinamos a 
profundidade. Caso tenha tecido necrosado deve ser 
feita a sua retirada para avaliação. 
 
QUANTO AO EXSUDATO 
• Exsudato é um fluido inflamatório extravascular que 
possui alta concentração de proteínas e fragmentos 
celulares. 
• A inflamação é fundamental para recuperação da 
ferida e combate de microrganismos na região. 
→ Dilatação do vaso com aumento do fluxo 
sanguíneo. 
→ Aumento da permeabilidade permitindo a 
passagem das células para a ferida. 
→ Ferida para cicatrização precisa de um ambiente 
quente e úmido. 
• Avaliar a presença e quantidade de exsudato; 
→ Regular com o curativo. 
• Avaliar o tipo de exsudato: 
→ Seroso; 
→ Purulento; 
→ Serosanguinolento; 
→ Sanguinolento. 
• Avaliar a coloração; 
• Avaliar o odor. 
 
QUANTO A CARGA MICROBIANA 
• Feridas limpas: Fizeram uso de técnicas assépticas 
que visa evitar a colonização de microrganismos. Faz 
uso de instrumental cortante e afiado, possuem 
bordas próximas. 
• Feridas colonizadas: Microorganismos comensais 
tendo um equilíbrio do hospedeiro e do crescimento 
bacteriano, não causam danos. Com isso, não 
retarda o processo cicatricial. 
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• Feridas infectada: Há um desequilíbrio do 
hospedeiro e do crescimento bacteriano. Devido a 
isso, as bactérias presentes no leito levam ao dano 
tissular, indicado pelos sinais flogísticos (inflamação) 
exacerbados e tecido necrótico. 
 
QUANTO AO LEITO 
• Necrose de coagulação/Escara: Tecido enegrecido, 
ressecado, sem metabolismo. Deve ser avaliado se 
pode ser feita a retirada. 
• Esfacelo/Necrose de liquefação: Tecido 
amarelado, amolecido ou aderido a ferida, rico em 
fibrina. 
• Granulação: Preenchimento de leitos, vascularizado, 
avermelhado, muito sensível e edemaciado. 
• Epitelização: Reposição da epiderme que foi 
perdida, os queratinócitos presentes nas bordas 
fazem o processo de reposição do epitélio perdido 
promovendo o fechamento. 
 
 CICATRIZAÇÃO 
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO 
• Fases se sobrepõem. 
• Fase inflamatória: 
→ Se inicia no momento da lesão. 
→ Hemostasia contendo o sangramento e retem as 
células no espaço do coágulo. As plaquetas 
fazem a quimiotaxia de células do sistema 
imune para essa região. 
→ Células do sistema imune (macrófagos e 
neutrófilos) fazem a limpeza da ferida. 
Macrófagos fagocitam e secretam fatores para a 
fase proliferativa. 
→ Sinais flogísticos. 
• Fase proliferativa: 
→ 24 a 72 horas. 
→ Arcabouço de colágeno, fibras muito finas para 
preenchimento, constituindo uma matriz 
provisória, formada pelos fibroblastos 
mobilizados por fatores de crescimento que o 
macrófago secreta. 
→ Neoangiogênese (formação de novos vasos), 
conferindo um aspecto granular. 
• Fase de maturação: 
→ Início da 3ª semana. 
→ Remodelamento da matriz através da 
organização e substituição das fibrilas por fibras 
de colágeno. 
→ Aumento da força tênsil (resistência). 
→ Contração da ferida com aproximação das 
bordas. 
 
 
 
TEMPO DE CICATRIZAÇÃO 
• Feridas agudas: Não há atraso na cicatrização, sem 
interferências interna ou externas, o processo dura 
em média 3 semanas. 
• Feridas crônicas: 
→ Atraso no processo de cicatrização, 
provavelmente pelo retardo do processo 
inflamatório. 
→ Feridas patológicas. 
→ Perdas extensas de tecidos, suscetível a infecções 
perpetuando a resposta inflamatória. 
→ Presença de biofilmes (70% das cronificações de 
feridas). 
• Fatores que retardam a cicatrização: 
→ Nutrição pela necessidade de proteínas. 
→ Perfusão tecidual, vascularização adequada do 
local para chegada de células e substâncias. 
→ Doenças de base, que afeta a vascularização, 
inervação e resposta inflamatória. 
→ Tabagismo, pois, faz vasoconstrição. 
→ Obesidade devido a grande quantidade de tecido 
subcutâneo, o que dificulta a perfusão de 
substâncias, vascularização. Além disso, por ser 
um distúrbio metabólico afetando a parte 
nutricional e endócrina. 
→ Uso de determinados medicamentos. 
▪ Tratamento tópico inadequado: Uso de 
sabões tensoativos e soluções antissépticas 
convencionais, tais como clorexidina, PVPI 
(citotóxico) e álcool (desnatura proteínas). 
▪ Tratamento sistêmico: Uso de 
corticoesteroides (imunossuprime) e 
medicamentos antineoplásicos (afetam todas 
as células). 
 
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
• Primeira intenção: Ocorre em feridas limpas, com 
bordas próximas, onde é possível reaproximas as 
bordas. 
• Segunda intenção: Ocorre em feridas profundas e 
extensas, com bordas irregulares e distantes. São 
mantidas abertas, tendo cicatrização mais lenta que 
a anterior. 
• Terceira intenção ou primeira intenção retardada: 
Feridas de segunda intenção corrigidas 
cirurgicamente após formação de tecido de 
granulação para fins de controle de infecção, 
estéticos e funcionais. Em geral, essa coaptação das 
bordas é feita por meio de enxerto. 
 
ENXERTO DE PELE 
• Consiste em um pedaço de pele retirado de uma 
área doadora que é aplicado em área receptora. 
• Autoenxerto: Retirado do próprio paciente. 
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• Homoenxerto: Advir de outra pessoa. 
• Xenoenxerto ou curativo biológico: Proceder de 
um ser de outra espécie. 
→ Pele de tilápia, rico em colágeno e barato. 
• As áreas doadoras de tecido devem compartilhar 
características semelhantes com a área receptora. 
→ Face interna da coxa; 
→ Região hipogástrica são comumente áreas 
doadoras. 
 
 INFECÇÕES EM FERIDAS 
• Staphylococcus aureus: Exsudato purulento, 
amarelado e espesso. A ferida infectada apresenta 
sinais flogísticos exacerbados e a presença de 
secreção.• Pseudomonas aeruginosa: Exsudato esverdeado 
com odor característico de uva (aminoacetofenona). 
 
BIOFILME 
• Principal fator de cronificação. 
→ Pouco oxigênio devido a competição e 
proliferação de bactérias aneróbias; 
→ Bactérias protegidas de agentes tópicos; 
→ Bactérias protegidas de antibióticos sistêmicos; 
→ Defesas do hospedeiro incapazes de eliminar 
infecção. 
• Comunidade de microrganismos protegidos por 
uma matriz polimérica. 
• A ferida não cicatriza e nem responde aos 
tratamento convencionais; 
• Pode ser polimicrobiano com S. aureus e P. 
aeruginosa, podendo conter bactérias anaeróbicas. 
• Normalmente, apresenta uma película brilhante no 
leito da ferida, mas não é característica exclusiva. 
• Tratamento: Desbridamento e agentes antibiofilme 
(betaína+PHMB). 
→ PHMB é uma solução pronta para uso em feridas; 
→ Betaína tem ação surfactante afetando a 
constituição da matriz. 
 
 OUTRAS FERIDAS 
• Ferida tumoral: Vegetativa, aspecto de couve-flor. 
• Ostomia (Colostomia): Feridas intencionais com 
cuidados específicos. 
• Queimadura: Cuidado com os diferentes graus. 
 
 TRATAMENTO DE FERIDAS 
• Curativo: Confere ambientes homeostático, quente 
e úmido. 
→ Remoção de tecidos inviáveis (desbridamento); 
→ Granulação dos tecidos; 
→ Impede aderência das coberturas; 
→ Alívio de dores. 
• Feridas cirúrgicas: São exceções, limpeza dos 
pontos com álcool e curativo oclusivo. 
 
DESBRIDAMENTO 
• Seletivo: Remove o tecido morto. 
→ Métodos físicos: 
▪ Square; 
▪ Instrumental; 
▪ Cirúrgico; 
→ Bioterapia (terapia larval); 
→ Enzimático (químico). 
• Não seletivo: Remove o tecido morto e pode afetar 
tecido saudável. 
→ Mecânico (fricção de gaze); 
→ Cirúrgico. 
 
 
 
 
PAF 
Os ferimentos causados por projéteis de arma de 
fogo (PAF) são lesões traumáticas perfuro-
contundentes. 
Por desprenderem grande quantidade de 
energia durante seu trajeto, causam extenso dano 
nas estruturas internas da área acometida, levando, 
dentre outras complicações, à Síndrome 
compartimental, principalmente quando há fraturas 
associadas.

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