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Resenha crítica do capítulo Em defesa de uma abordagem racionalista do livro Para conhecer aquisição da linguagem (2014)

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Resenha crítica do capítulo: Em defesa de uma abordagem racionalista do livro Para conhecer aquisição da linguagem (2014)
GROLLA, Elaine; SILVA, Maria Cristina Figueiredo. Em defesa de uma abordagem racionalista. Para conhecer: Aquisição da linguagem. 1. Ed. São Paulo: Contexto, 2014. P: 59-92. 
A obra Para conhecer aquisição da linguagem, publicada no ano de 2014 pela editora Contexto, faz parte da coleção de livros Para conhecer e constituísse de grande valor para os estudiosos da área referente ao Gerativismo, já que a obra traz a teoria enquanto eixo norteador de desenvolvimento. Assim, o livro propõe reflexões didáticas e claras referentes aos fatores que determinam a aquisição da língua materna por indivíduos. Dessa forma, o livro encontra-se disposto de 176 páginas distribuídas em cinco capítulos que versam a respeito da aprendizagem dos processos linguísticos. Logo, na presente resenha iremos nos deter ao capitulo dois: em defesa de uma abordagem racionalista. 
O livro foi escrito por duas professoras, sendo elas Eliane Grolla e Maria Cristina Figueiredo Silva. Eliane Grolla é professora associada do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (USP), possui mestrado e doutorado em Linguística e Pós-doutorado pela Universidade de Maryland. Sua linha de pesquisa está focada nos estudos do processo de aquisição e aprendizagem de línguas. Eliane possui dois livros e diversos artigos publicados em sua área de atuação. Ao passo que Maria Cristina Figueiredo Silva é professora da Universidade Federal do Paraná, possui mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado pela Universidade de Genève. Sua linha de pesquisa está focada em Teoria e Análise Linguística, dentro do quatro da Gramática Gerativa. Maria Cristina é autora, também, dos livros Novo Manual de Sintaxe, Para Conhecer Morfologia e coautora da obra Chomsky, todas publicadas pela editora Contexto. 
No primeiro ponto do capítulo são elaboradas explanações referentes aos processos de aquisição da linguagem por crianças, isto é, o fato das crianças adquirirem uma língua natural, aparentemente, sem maiores esforços e treinamentos complexos; a obra denomina este acontecimento como a universalidade da linguagem. Nesse contexto, o livro desenvolve, referente às características da aquisição da linguagem, outro conceito importante: a uniformidade, que consiste na obtenção da linguagem pelas crianças independentemente do grau de instrução dos indivíduos adultos que as rodeiam. Assim, ressalta-se, também, o caso de crianças que aprendem várias línguas de acordo com o ambiente em que estão inseridas. Nesse sentido, as autoras enfatizam que o processo de aquisição da linguagem além de ser universal e uniforme, é bastante rápido, já que a maior parte da complexidade de uma língua encontra-se adquirida por volta dos cinco anos de idade de uma criança.
No segundo ponto do capitulo em questão é realizada uma elucidação acerca dos estágios da aquisição da linguagem pelas crianças, isto é, de suas fases de desenvolvimento linguístico. No primeiro estágio, chamado de primeiros meses de vida, o bebê chora e começa a balbuciar, porém demonstra uma sensibilidade com relação às estruturas fonológicas das línguas naturais. No segundo estágio, em torno dos seis meses, o bebê já é capaz de reproduzir uma variedade de sílabas; para as autoras, nessa idade, o balbucio constituísse enquanto um comportamento guiado internamente. No terceiro estágio, ao redor de um ano, o bebê começa a realizar combinações isoladas de palavras. Segundo as autoras, nessa idade, o vocabulário aumenta gradativamente, haja vista que dia após dia eles aprendem novas palavras. Posteriormente, a criança passa a combinar mais de uma palavra em apenas um único contorno entoacional. No quarto estágio, entre dois e três anos, segundo as autoras, aos dois anos de idade a criança já possui um vocabulário em torno de quatrocentas palavras e entre dois anos e meio e três anos, de novecentas palavras. Logo, é nessa idade que começam a serem apresentados erros referentes aos tempos verbais das palavras, o que representa que a criança já tem intimidade com as regras de formação do passado em português. No quinto estágio, mais de três anos, as autoras enfatizam que o vocabulário das crianças giram em torno de aproximadamente mil e duzentas palavras e que, também, começam a adquirir preposições e outras sentenças gramaticais em seu léxico. Assim, entre três anos e meio e quatro anos, a criança passa a fazer o uso de frases com diversificadas formas oracionais. Desse modo, entre quatro e cinco anos, a criança possui um vocabulário de cerca de mil e novecentas palavras.
No terceiro ponto do capítulo, as autoras apresentam "o argumento da pobreza do estímulo", que seria o input e sua natureza degradada (por haver imperfeições e situações falhas no meio da fala) e pobre por não conter todas as informações que a criança precisa para aprender a língua. Essa discussão vai ser denotada por diversos exemplos, mostrando sentenças raízes e relativas a fim de firmar o raciocínio e defender as características que tornam o input sem garantia de que pode ser completo; como a observação de Avram (2003) que não há nada em sentenças simples, palavras com reduplicações ou tom mais agudo que forneça informações mais precisas à criança sobre que tipos de estruturas são ou não possíveis na sua língua materna. Deixando claro que o input não apresenta o que está errado na língua, criando assim um sistema pobre. Logo após, as autoras acrescentam que nenhum adulto se corrige ou avisa de algum modo que cometeu um erro gramatical (em uma frase dita), o que eles fazem é refazer a estrutura dizendo de outra forma e levando a criança absorver àquilo como certo. Logo, por apresentar lacunas, só o input não pode ser responsável pela aquisição da linguagem da criança. Ele não possui informações gramaticais, apesar de ter a base, mas não toda; o que abrange o léxico (ricamente) e descarta os demais conhecimentos da gramática, necessitando de um conhecimento de mundo para compreender a sintaxe e demais fatores morfológicos. Essa última parte faz jus ao que a hipótese racionalista defende. 
O último ponto do capítulo complementa a ideia racionalista anterior, de os humanos são responsáveis pela aquisição da língua, desde o princípio (fase bebê, criança). É retomado aos processos do input nessa formação, que é justamente os dados primários que a criança tem acesso ao ambiente que vive. As autoras acrescentam as ideias de Chomsky sobre os termos técnicos "intensional" (interna) e "extensional" (externa), categorizando o input como extensional, mas fazendo uso da antítese ao relacionar, também, ao intencional, onde a criança tem a linguagem de dentro pra fora e vice-versa. Nesse sentido, também é apresentada uma teoria chamada Teoria de Princípios e Parâmetros onde os princípios seriam a gramática universal e os parâmetros um conjunto de variações binárias da língua. Em conclusão, são mencionadas as hipóteses de funcionamento da gramática universal, abordando a hipótese maturacionalista (HM) e a hipótese continuísta (HC). A HM, segundo as autoras, defende que nem todos os princípios e parâmetros estão disponíveis paras as crianças quando elas nascem, ou seja, elas absorvem com um tempo, e começam o processo de aquisição da linguagem por fases, como aprendem a andar. Já a HC defende que a criança nasce com todo conhecimento linguístico, e ela só demoraria em fixar os parâmetros da língua e concretizar palavras funcionais do léxico/semântico. Logo, essa discussão ainda não está finalizada, precisando de mais pesquisas e avanços teóricos para ser resolvida.
Como visto, inicialmente são abordadas as propriedades da aquisição da linguagem, onde as autoras apresentam o contexto do input, incitando o leitor a questionar o que seria input linguístico, mas não apresentando uma resposta mais simples, direta. Então, parafraseando os primeiros tópicos, o input linguístico (de que se fala todo o capítulo) é tudoo que a criança ouve no ambiente em que está, ou ver, no caso da linguagem não verbal (sinais). Apesar dessa observação, ao decorrer do capítulo as autoras elucidam suas pesquisas de maneira clara e descritiva, apresentando fontes e exemplos, conseguindo defender sua tese
Desse modo, a obra em questão é indicada a estudantes de Linguística ou àqueles que possuam interesse em obter um conhecimento mais aprofundado acerca do processo de aquisição da linguagem, haja vista que a obra traz diversas abordagens relacionando a obtenção da linguagem a um viés psicolinguístico, proporcionando, dessa maneira, uma série de reflexões e questionamentos referentes ao tema, posto que o livro engloba diferentes tópicos acerca de uma mesma área.

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