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TEORIA DO CRIME Aula 8 - TEORIA DA NORMA JURÍDICO-PENAL Situação-problema: ameaça exercida por palavras de ordem e pelo emprego de um facão, subtraiu, em proveito próprio, coisa alheia móvel, consistente em bens de propriedade de Júlio, dentre os quais um veículo GM Tracker, cor prata, placa XYZ 0000, um aparelho de telefone celular e documentos pessoais. Dos fatos, Agnaldo restou denunciado como incurso nas penas do art. 157, caput, do Código Penal, todavia a sentença julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal e, em março de 2020, condenou o denunciado pela prática da conduta típica prevista no artigo 157, § 2º, VII, do Código Penal por força da alteração legislativa ocorrida no referido dispositivo pela Lei n.13.964, de 24 de dezembro, de 2019. CP, Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 2º. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: [...] VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Pergunta-se: ante o exposto e relacionando as regras de Direito Penal no tempo e no espaço com problemas práticos sobre conflito de normas, avalie se a decisão do magistrado ao adotar a nova lei quando da aplicação da sentença está correta? VALIDADE X VIGÊNCIA X EFICÁCIA X VIGOR Não podemos confundir os conceitos, portanto: validade significa que a norma é jurídica, pertence ao ordenamento; vigência é a qualidade da norma que indica a possibilidade de ela, em tese, produzir efeitos; eficácia é a qualidade da norma que indica a possibilidade concreta de seus efeitos ocorrerem; vigor, por fim, é a qualidade da norma indicativa de sua força vinculante, sendo suscetível de obrigar as pessoas e/ou as autoridades. LEITURA OBRIGATÓRIA Art.1º a 11, do Código Penal. Art.5º, XXXIX e XL, da CRFB/1988. Verbete de Súmula n.711, do Supremo Tribunal Federal. A LEI PENAL NO TEMPO: VIGÊNCIA E VALIDADE O direito de punir do Estado nasce com o advento da lei penal. Concluídas as etapas do processo legislativo, com a aprovação do texto, e a sanção presidencial, seguem-se a promulgação, a publicação e a entrada em vigor, surgindo assim a lei penal. Vigência: Uma lei somente entra em vigor quando se esvai o seu período de vacância ou vacatio legis, ou seja o intervalo de tempo que separa a publicação e a entrada em vigor. Durante a vacância não há lei nova, mas mera expectativa de lei. Validade: a norma penal há que ser constitucional (não pode infringir a CRFB). Atividade e Extra-atividade da Lei Penal Atividade (regra): uma lei penal se aplica a fatos ocorridos durante sua vigência. Extra-atividade (exceção): uma lei penal é aplicada fora do seu período de vigência, somente quando for para beneficiar o réu, podendo ser: Retroatividade: aplicação da lei a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor. Ex. art. 28, Lei 11.343/2006. Ultra-atividade: aplicação de uma lei depois de sua revogação. Ex.: prazo prescricional de 2 anos para crimes cometidos antes da alteração do art. 107, VI, CP, que elevou o prazo para 3 anos em 06/05/2010. Conflito de Leis Penais no Tempo Abolitio criminis: nova lei penal que descriminaliza condutas. É causa extintiva de punibilidade. Novatio Legis in mellius: nova lei penal, que mantendo a incriminação, dá ao fato tratamento mais brando, ampliando a esfera de liberdade individual. Novatio Legis Incriminadora: é que passa a definir o fato como penalmente ilícito. Novatio Legis in Pejus: corresponde à lei que, mantendo a incriminação, dá ao fato tratamento mais rigoroso. Tempo do Crime Art. 4° CP Teoria da atividade (teoria adotada pelo CP) Relevância da delimitação do tempo do crime: a) delimitação da responsabilidade penal:o tempo do crime é necessário de ser delimitado para a fixação da responsabilidade penal do agente a saber se possui 18 anos; b) delimitação da lei penal aplicável: bem como para delimitar as circunstâncias do crime, como por exemplo, idade da vítima. A Lei Penal no Espaço Art. 6° CP Teoria do lugar do crime: teoria da ubiquidade ou teoria mista. Basta que o crime tenha “tocado” o território nacional para que a lei penal brasileira seja aplicável (Nelson Hungria). Territorialidade e Extraterritorialidade da Lei Penal Territorialidade: 5°, caput, CP: (regra) a lei penal brasileira é aplicada a todos os fatos ocorridos dentro do território brasileiro. Brasil adotou o princípio da territorialidade relativa, porque admite exceções. Extraterritorialidade: a lei penal brasileira é aplicável a fatos ocorridos fora do território nacional. Incondicionada: a lei se aplica aos fatos praticados no exterior, independentemente de qualquer condição, art. 7° , I e §1°, CP. Condicionada: a aplicação da lei penal brasileira será aplicada caso ocorra condições, art. 7°, II e §§ 2° e 3°, CP. • . Atividade Autônoma Aura Olá, seja bem-vindo! Sabemos que você quer aprender mais, por isso, selecionamos duas questões que revisam o tema/tópico ministrado nesta aula. Você deve resolvê-las, completando, assim, sua jornada de aprendizagem do dia. Acesse o Plano de Aula da disciplina e encontre-as no campo Aprenda +! TEORIA DO CRIME 1) Relacionando as regras de Direito Penal no tempo e no espaço com problemas práticos sobre conflito de normas, é exemplo de extraterritorialidade incondicionada a seguinte situação: a) crimes praticados por brasileiro no estrangeiro. b) aqueles que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. c) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. d) praticados em aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. e) praticados em embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 2) Relacionando as regras de Direito Penal no tempo e no espaço com problemas práticos sobre conflito de normas, assinale a alternativa correta. a) A lei excepcional ou temporária não se aplica quando o sujeito for maior de setenta anos. b) Considera-se praticado o crime no momento do resultado, ainda que outro seja o momento da ação ou omissão, conforme narra a teoria da ubiquidade. c) Lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, desde que ainda não julgados por sentença condenatória transitada em julgado. d) Não há crime sem lei anterior que o defina, porém, pode haver agravamento de pena a depender do clamor popular. e) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Leia mais no artigo Princípios da aplicabilidade da lei penal no tempo: leis temporárias e excepcionais. (BORGES; FOGAÇA, p.1-16), disponível em: http://www.publicadireito.com.br/ar tigos/?cod=201d546992726352 http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=201d546992726352 PARA PRÓXIMA AULA: Aula 9– A Infração Penal: Conceitos e classificações. Sujeitos do delito. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica. Estrutura do crime a partir do conceito analítico de crime. ASSISTA: https://www.youtube.com/watch?v=6 5Ab38kWFhE https://www.youtube.com/watch?v=65Ab38kWFhE OBRIGADA! Prof.ª Ana Paula Pimenta
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