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Antropologia Brasileira

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Rio, 18 de Abril de 2016
 
 
Estudo Dirigido
 
 
 
Aluna: Laryssa Barboza Galdino de Oliveira
Curso: Ciências Sociais
Disciplina: Antropologia Brasileira
Professora: Simone Vassalo
Considerando a introdução e os capítulos IV e VIII de Os Africanos no Brasil e a apresentação de O Animismo Fetichista dos Negros Baianos ambos de Nina Rodrigues observa-se que o autor, principal fundador dos estudos Antropológicos e Etnográficos no Brasil, através de suas abordagens com fortes influências e críticas aos levantamentos realizados por Cesare Lombroso e com um caráter teoricamente determinista, desenvolveu relevantes pesquisas e reflexões essenciais para o respectivo recorte histórico e cenário brasileiro. O médico maranhense, ao lecionar na Faculdade de Medicina na Bahia, desenvolveu investigações minuciosas a respeito da anatomia dos negros, sobre a religião afro-brasileira e também formou campos de estudo sobre a religiosidade de matrizes africanas.
Embora, sua área de estudo fosse voltada para o público negro, de modo geral, Nina Rodrigues não deixa de expor no decorrer do livro sua posição a respeito da questão racial, o que pode ser exemplificado de acordo com o destaque da citação abaixo: “ (...) que fala da “incapacidade psíquica das raças inferiores para as elevadas abstrações do monoteísmo” (...) do “estado mental da raça negra” (p.84); do fraco desenvolvimento intelectual dos negros africanos” (p.90); e do fundo supersticioso da raça branca” (p.10)” ( RODRIGUES, Nina. 2006. p.10). Neste período, o negro na perspectiva brasileira era considerado objeto de estudo no campo da ciência, visto que, estes “causavam males” morais e sociais, caracterizando o Brasil como uma nação doente, sendo o papel dos médicos buscar a “cura” para essa “doença”. Já o aspecto da religião, além de ter despertado o interesse de romanticistas e ter influenciado a literatura brasileira, foi o cenário propício para que Nina Rodrigues executasse pesquisas de campo em terreiros Baianos (o de Gantois, foi o mais frequentado, portanto, o que cooperou para uma apuração mais detalhada do mesmo.), distinção entre terreiros africanos e nacionais e o reconhecimento de outras religiões com base na origem africana, como a dos iorubanos e a dos “negros convertidos ao islamismo”, mais conhecidos como malês que por sua vez, os integrantes desta eram considerados como negros superiores. É notória que, contudo, a vinda do negro ao Brasil, a pesar de tratarem-se de terras diferentes foram preservadas sua cultura nascente, pensamento que pode ser afirmado no seguinte trecho: “Conservam zelosamente a sua língua, as suas tradições, as suas crenças e sobretudo alimentam até a morte a suprema aspiração de ver ainda uma vez a terra dos seus maiores. ( RODRIGUES, Nina. 1998. p. 98). Desta forma, os relatos demonstram o quanto as contribuições do autor foram importantes para a construção da identidade da sociedade brasileira, conceituando os traços mais evidente e presentes nos tempos atuais. 
Apoiando-se no massacre ocorrido em Canudos, Euclides da Cunha escreve os primeiros esboços de Os Sertões, exemplificando através de comparações dentro de uma ótica sociológica, aspectos culturais e identitários da nação brasileira. Destacando o capítulo O Homem, é possível encontrar neste inicialmente traços relacionados aos conceitos raciais como um problema, o que claramente dialoga e contextualiza com as obras listadas a cima de Nina Rodrigues, porém o autor utiliza a macro-sociologia e uma perspectiva antropológica como ferramenta de estudo. Pode-se perceber que existe a utilização da psicologia para se entender as principais diferenças entre a pré-modernidade e a modernidade, que são avaliadas com a utilização de variavéis temporais e ambientais (ressaltando que o autor encontra-se em uma região afastada do litoral). A passagem a seguir, consegue esclarecer esse pensamento: “No considerar, porém, todas as alternativas e todas as fases intermédias desse entrelaçamento de tipos antropológicos de graus díspares nos atributos físicos e psíquicos, sob os influxos de um meio variável, capaz de diversos climas, tendo discordantes aspectos e apostas condições de vida, pode afirmar-se que pouco nos temos avantajado.” (CUNHA, Euclides. 1984. p. 40)
O autor busca na figura do jagunço e do vaqueiro, perfis que caracterizam de forma adequada os “tipos brasileiros”, valendo-se da noção de que o isolamento regional também é um fator colaborador para a representação, levantando também, que quanto mais longe do litoral menos acesso a cultura os indivíduos terão, ocorrendo probabilidades destes serem naturalizados como incivilizados. Nesta concepção o sertão possui atributos que simbolicamente entrelaçam-se a uma terra esquecida, tanto pela monarquia quanto sucessivamente pela república. Além, da percepção destes perfis, encontram-se explicitas também uma visão de evolucionismo social, onde seguindo uma ideologia pautada na civilização europeia, a raça branca era superior a qualquer outra e deste modo, identifica-se neste âmbito um país incivilizado e mestiço.
Comumente aos intelectuais do período, Gilberto Freyre , com sustentação nas ideias trazidas pela biologia desenvolveu também importantes análises que inauguraram a sociologia brasileira, apontando investigações voltadas para a diferenciação entre raça e cultura. A construção da família patriarcal é um assunto elaboradamente progredido em suas obras Casa-Grande e Senzala e Sobrados e Mucambos. Na leitura do capítulo: Características gerais da colonização portuguesa, faz-se presente inicialmente a circunstancia do trabalho escravo e consequentemente a questão racial, porém neste, compreende-se que quando o indivíduo muda de cenário a visão de outros perante a este alteram-se também. Entretanto, a sociedade brasileira desenvolve-se independente a este fato, considerando que existem relações contraditórias entre as diferentes raças. Uma passagem essencial para um processo de compreensão pode ser construída de acordo com a seguinte citação: 
“Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurí- dico que aqui. como em Portugal.¹ foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas: senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens; donos de terras e de escravos que dos senados de Câmara falaram sempre grosso aos representantes del-Rei e pela voz liberal dos filhos padres ou doutores clamaram contra toda espécie de abusos da metrópole e da própria Madre Igreja.” ( FREYRE, Gilberto. 2003. p. 66). A idealização da diversidade das raças, consiste no “cruzamento” entre índios, africanos e portugueses e nas suas reproduções, frutos das relações afetivas entre ambos o que defende o pensamento de hibridez e não o de mestiçagem, rompendo com a corrente da época. Conjecturando que, por falta de mulheres brancas a relação sexual consentida ou não, entre senhores e escravos, cooperou para uma análise micro-sociológica no contexto nacional. Acentuando-se que, os escravos que trabalhavam na Casa-Grande geralmente eram frutos de incestos ou relações entre senhores e escravos.
Outro ponto de suma essencialidade no processo de construção da nação brasileira presentes na obra, é um engendramento “positivo” para o autor ao qual este classifica como, antagonismo em equilíbrio que pode ser entendido através dos opostos possuírem elementos mediadores, ou seja, uma hierarquia com intimidade em que a mediação é realizada por possíveis afetos. Sendo assim, por conta dessas misturas, que originam-se as famílias patriarcais, ambas são entendidas por Freyre como o eixo da formação da sociedade brasileira, focando o mundo doméstico e o cotidiano destas famílias e sua propriedade patriarcal. 
Em Sobrados e Mucambos, os levantamentos podem ser realizados, ao reconhecer-se que o período temporal é constituído de acordo com o processo de urbanizaçãoe modernização. Em vista disso, é possível elaborar a reflexão a cerca de que, a passagem dessas famílias patriarcais do espaço rural para o urbano, resultando em relevantes mudanças sociais, econômicas e políticas na sociedade brasileira.Já no aspecto organizacional o novo enquadramento, resulta a partir do escravismo, de atividades monoculturais latifundiárias caracterizadas por um materialismo histórico e do patriarcalismo polígamo. Constata-se nesta perspectiva que o “tipo brasileiro” descrito em Casa-Grande e Senzala se molda as novas conjunturas culturais quando migra para a/o cidade/ mocambo, deixando nítido também que a figura do mulato foi essencial a estruturação de uma materialidade ao processo de acomodação dos antagonismos.
Referências:
1- NINA RODRIGUES, Raimundo. “Introdução” e “Valor social das raças e povos negros que colonizaram o Brasil e dos seus descendentes”. In: Os africanos no Brasil. Brasília, Ed. UnB, 1988.
2- MAGGIE, Yvonne e FRY, Peter. “Apresentação”. In: NINA RODRIGUES, Raimundo. O animismo fetichista dos negros baianos. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2006.
3- DA CUNHA, Euclides. “O homem” in: Os sertões. Rio de Janeiro: Editora Três, 1973.
4- LIMA, Nísia Trindade. “Missões civilizatórias da República e interpretação do Brasil”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 5, jul.1998.
5- FREYRE, G. [1933]. “Prefácio à primeira edição” & “Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida”. In: Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006, pp. 29-63; 64-155.
 
6- FREYRE, Gilberto. “Prefácio” e “O sobrado e o mucambo” in: Sobrados e Mucambos. São Paulo: Editora Global, 2003.

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