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Direito do Consumidor: princípios do Código de Defesa do Consumidor (CDC)

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DIREITO DO CONSUMIDOR
Princípios do Código de Defesa do Consumidor1
Introdução:
O Código de Defesa do Consumidor é uma lei de função social. Ou seja, suas2
normas, embora estejam situadas no ramo do direito privado, podem ser consideradas
normas de ordem pública.
As normas que são consideradas de ordem pública não podem ser afastadas pela
vontade das partes.
Em regra geral, o direito civil é composto por normas de caráter dispositivo. Ou seja,
normas que podem ser afastadas por disposição das partes. Ou seja, prevalece a
autonomia da vontade.
Por isso, no direito do consumidor as normas são consideradas de ordem pública.
Afinal, não são passíveis de disposição pelas partes. Seu cumprimento é obrigatório.
Cláusulas contratuais que disponham de forma contrária ao CDC, na relação de consumo,
são nulas por serem consideradas cláusulas abusivas.
Importância e funcionamento dos princípios:
Os princípios geram obrigações vinculantes. Ou seja, constituem uma modalidade
normativa que também estabelece como as coisas devem ser.
Enquanto que as regras seguem uma lógica de ser aplicável ou não ao caso
concreto, os princípios configuram mandamentos que devem ser realizados no maior grau
2 Código de Defesa do Consumidor, lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990
1 Texto normativo consultado em 10 de junho de 2021
Daniel Silva Napoleão Filho
possível, dentro das possibilidades do caso concreto. Ou seja, os princípios devem sempre
ser aplicados, mas se realizam em graus diferentes.
A colisão ou conflito entre princípios é solucionada por meio da ponderação,
segundo a qual o aplicador deve decidir qual princípio prevalecerá sobre o outro. Embora
sempre seja assegurado um grau mínimo de realização dos princípios.
Princípios constitucionais expressos no CDC:
1. Princípio da dignidade da pessoa humana: é assegurado pelos artigos 4º,
caput, do CDC; e 6º, inciso I, do CDC.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade
de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios: [...]
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
2. Princípio da solidariedade social: assegurado pelos artigos 17 e 29 do CDC.
Garante um tratamento diferenciado ao sujeito que se encontra em situação de
desigualdade no mercado de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
3. Princípio da isonomia: assegurado pelos artigos 6º, inciso II e 39, inciso IX,
ambos do CDC. Veda a discriminação e promove a equidade contratual.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: [...]
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais;
Daniel Silva Napoleão Filho
Princípios da teoria dos contratos expressos no CDC:
1. Autonomia privada: artigo 6º, inciso II do CDC.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Deve-se diferenciar a liberdade de contratar e a liberdade contratual.
Liberdade de contratar: liberdade de escolher seu parceiro contratual. Tem
aplicação ampla como um direito do consumidor.
Liberdade contratual: refere-se ao conteúdo do negócio jurídico. Não há liberdade
quanto a isso no direito do consumidor. No campo do direito do consumidor, há o padrão
da contratação em massa por meio de contrato de adesão, no qual há impossibilidade de
discutir suas cláusulas contratuais (desde que não haja abusividade por parte do
fornecedor). Cabe ao consumidor a liberdade de aderir ou não ao contrato de adesão,
conforme sua liberdade de escolher seu parceiro contratual.
2. Função social dos contratos: o contrato deve ser concebido conforme o
contexto sócio-cultural em que está inserido. Ou seja, extrapolando os interesses privados
das partes. Assim, deve evitar onerosidade excessiva às partes, respeitar a igualdade,
promover uma proteção da parte vulnerável e um equilíbrio da relação.
Proteção do vulnerável: a interpretação contratual deve ocorrer de forma mais
benéfica ao consumidor, por ser a parte vulnerável da relação. Não há vinculação de
cláusulas incompreensíveis, ininteligíveis ou desconhecidas por parte do consumidor, pois
são consideradas abusivas.
3. Boa-fé objetiva: a boa-fé objetiva se refere ao comportamento das partes nas
relações negociais e contratuais, conforme exigência de conduta leal dos contratantes. Ou
seja, um padrão objetivo de condutas que devem ser observados pelas partes em todas as
fases do contrato. Esse conceito é construído doutrinariamente.
Deveres anexos ou laterais são os deveres que informam o conteúdo da boa-fé
objetiva, conforme descreve-se a seguir:
Daniel Silva Napoleão Filho
Dever de probidade e lealdade entre as partes: as partes devem agir com ética e
respeito, inclusive na fase pós-contratual.
Dever de informação: as partes devem trocar informações que sejam necessárias
para um bom cumprimento da relação contratual.
Dever de cooperação: as partes devem colaborar e atuar de maneira conjunta
para um bom cumprimento contratual. Disso decorre o dever de mitigar os danos. O
credor sempre deve agir de forma a minimizar situações desfavoráveis ao devedor. Ou
seja, o credor não pode se abster quando puder minimizar danos do devedor.
Dever de proteção e segurança: é a vedação do comportamento contraditório. Ou
seja, se houver expectativa legítima ou acordo de que as partes irão agir de uma
determinada maneira, não podem mudar seu comportamento e a sua forma de realização
do contrato em detrimento da outra parte.
A quebra do princípio da boa-fé objetiva caracteriza violação objetiva do contrato.
Ou seja, configura abuso de direito, o que enseja responsabilidade civil objetiva, conforme
o artigo 187 do Código Civil.
4. Princípio do equilíbrio contratual: cláusulas que coloquem o consumidor em
posição de desvantagem caracterizam cláusula abusiva.
5. Princípio da vulnerabilidade: diante da vulnerabilidade do consumidor, que
pode ocorrer em diversos âmbitos (econômico, social, técnico, informacional, jurídico) a
legislação lhe trata de forma diferenciada e protetiva.
6. Princípio da informação: cumpre a função de atenuar os desequilíbrios que
existem na sociedade de consumo. A informação é um direito do consumidor e um dever
do fornecedor. É assegurado pelos seguintes dispositivos: Art. 5º, XXXIII da CF; Art. 5º, XXXIV
da CF; Art. 6º, II, III, IV do CDC; Art. 4º, IV do CDC; Artigos 9º, 31 e 52 do CDC.
7. Princípio da responsabilização: Todas as modalidades de danos produzidos
devem sofrer reparação (princípio da reparação integral). O dano das relações de
consumo podem ser individuais ou coletivos; materiais ou morais.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]
Daniel Silva Napoleão Filho
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
Portanto, são as possibilidades de danos: individual material, individual moral,
coletivo material, coletivo moral.
Dano moral: lesão à dignidade humana ou a direitos da personalidade.
Daniel Silva NapoleãoFilho

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