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cuidadores de idosos

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Introdução 
 
• Longevidade + cronicidade dos problemas de 
saúde = idosos com capacidade funcional 
limitada → isso leva à necessidade de um 
cuidador; 
 
• De quem é a responsabilidade pelo cuidado 
dos idosos mais dependentes? De acordo 
com a Constituição Federal de 1988, com a 
Política Nacional do Idoso de 2003, com o 
Estatuto do Idoso de 2003 e com a Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa de 2006, 
essa responsabilidade é da família, da 
sociedade e do Estado. 
 
Família 
 
• A família vem passando por grandes 
modificações, uma delas é a menor 
quantidade de filhos que os casais vem tendo, 
o que interfere nas opções de cuidadores, 
pois antigamente os casais tinham mais filhos 
e, ao envelhecer, o idoso tinha vários filhos 
que poderiam cuidar dele; 
 
• Muitos idosos morando sozinhos; 
 
• Mulheres eram a opção de cuidadoras, mas 
elas estão, cada vez mais, se inserindo no 
mercado de trabalho, então o cuidado deve 
ser mais distribuído entre os irmãos; 
• Se a família 
não conseguir 
mais cuidar 
sozinha, existe 
a opção de 
contratar um 
cuidador. 
 
 
Cuidador: conceitos básicos 
 
 
 
• Cuidadores: “Pessoas que proveem cuidado 
para aqueles que precisam de supervisão ou 
assistência no estado de doença ou 
incapacidade”. 
 
 
Cuidadores de 
Idosos 
 
• Outras literaturas definem cuidado como uma 
pessoa da família ou da comunidade que 
presta cuidados à outra pessoa, com ou sem 
remuneração. 
 
Esses cuidadores podem ser: 
• Familiar ou não familiar; 
• Formal ou Informal. 
 
Cuidador formal 
 
• É remunerado: recebe para desempenhar a 
função; 
 
• Profissional ou não: pode ser profissional ou 
não, depende se o cuidador recebeu ou não 
treinamento específico para tal função; 
 
• Pode exercer sua função: na residência de 
uma família, em ILPIs, ou acompanhar o idoso 
em sua permanência em Unidades de Saúde 
(hospitais, clínicas, etc.). 
 
OBS.: se o cuidador for familiar, mas receber para 
exercer tal função, ele é um cuidador familiar e formal. 
Se esta pessoa tiver algum curso, é familiar, formal e 
profissional, se não tiver, é familiar, formal e não 
profissional. 
 
Cuidador informal 
 
• Normalmente pode ser um membro familiar, 
um amigo/amiga, vizinho/vizinha; 
 
• É um cuidado voluntário → NÃO recebe por 
tal atividade. 
 
Tipos de cuidadores quanto ao tipo 
de cuidado 
 
Primário 
 
• Realiza a maior parte das tarefas e assume 
responsabilidade integral de cuidar 
diretamente do idoso. 
 
Secundário 
 
• Substitui ou auxilia o cuidador primário em 
situações de emergência. Não tem o mesmo 
grau de envolvimento e responsabilidade pelo 
cuidado. 
Terciário 
 
• Auxilia esporadicamente em atividades mais 
pontuais, sem assumir a responsabilidade 
pelo cuidado. 
 
Resumindo... 
 
As informações se entrelaçam. Ex.: um cuidador pode 
ser formal, 
não familiar, 
primário e 
não 
profissional, 
mas também 
pode ser 
secundário, 
informal, não 
familiar e 
profissional, 
ou seja, as combinações podem ser diferentes 
dependendo de cada caso. 
 
Reconhecimento da ocupação do 
cuidador formal 
 
• Ocupação reconhecida pelo Ministério do 
Trabalho; 
 
• Presente na Classificação Brasileira de 
Ocupações (CBO); 
 
• Cuidador de idoso: código na CBO 5162-10 
 
• Existe o reconhecimento desta ocupação, 
entretanto, o trabalho de cuidador não é 
reconhecido como uma profissão, ou seja, não 
existe uma legislação especifica que rege a 
contratação desses profissionais para garantir 
o direito deles. 
 
 
 
 
 
As competências pessoais do cuidador listadas pela 
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) são: 
 
1. Demonstrar preparo físico; 
 
2. Demonstrar capacidade de acolhimento; 
 
3. Demonstrar capacidade de adaptação; 
 
4. Demonstrar empatia; 
 
5. Respeitar a privacidade da cjai (sigla que 
significa criança, jovem, adulto ou idoso); 
 
6. Demonstrar paciência; 
 
7. Demonstrar capacidade de escuta; 
 
8. Demonstrar capacidade de percepção; 
 
9. Manter a calma em situações críticas; 
 
10. Demonstrar discrição; 
 
11. Demonstrar capacidade de tomar decisões; 
 
12. Demonstrar capacidade de reconhecer limites 
pessoais; 
 
13. Demonstrar criatividade; 
 
14. Demonstrar capacidade de buscar 
informações e orientações técnicas; 
 
15. Demonstrar iniciativa; 
 
16. Demonstrar preparo emocional; 
 
17. Transmitir valores a partir do próprio exemplo 
e pela fala; 
 
18. Demonstrar capacidade de administrar o 
tempo; 
 
19. Demonstrar honestidade. 
 
Classificação Brasileira de 
Ocupações (CBO) 
 
Condições gerais de exercício 
 
O trabalho é exercido em domicílios ou instituições 
cuidadoras de crianças, jovens, adultos e idosos. As 
atividades são exercidas com alguma forma de 
supervisão, na condição de trabalho autônomo ou 
assalariado. Os horários são variados: tempo integral, 
revezamento de turno ou períodos determinados. No 
caso de cuidadores de indivíduos com alteração de 
comportamento, estão sujeitos a lidar com situações 
de agressividade. 
 
Formação e experiência 
 
• Essas ocupações são acessíveis a pessoas 
formadas em cursos livres com carga horária 
de 80/160 horas com idade mínima de 18 
anos e ensino fundamental completo; 
 
• O acesso ao emprego também ocorre por 
meio de cursos e treinamentos de formação 
profissional básicos. 
 
CBO 
 
Atividades 
Cuidar da pessoa 
Aparência e higiene, atividades e informações do 
diaa-dia 
Cuidar da saúde da 
pessoa 
Observar temperatura e eliminações, sono, 
comportamento, medicamentos, observar e relatar 
alterações 
Promover o bem-estar da 
pessoa 
Escuta, apoio emocional, respeito 
Cuidar da alimentação da 
pessoa 
Fazer compras, ajudar na alimentação 
Cuidar do ambiente 
domiciliar e institucional 
Manter ambiente limpo e organizado, prevenir 
acidentes, cuidar da roupa e dos objetos pessoais 
Incentivar a cultura e 
educação 
Estimular música, dança e esporte. Escolher 
livros, jornais, etc. 
Acompanhar pessoa em 
atividades externas 
(passeios, viagens e 
férias) 
Planejar e preparar saídas e viagens, arrumar 
bagagem e medicamentos, Acompanhar pessoa 
em atividades sociais, culturais, lazer e religiosas 
 
Direitos do cuidador 
 
• Cuidador que trabalha em hospital, clínica ou 
ILPI: contrato de acordo com a CLT; 
 
• Cuidador que trabalha em residência: segue 
legislação de empregado doméstico. O 
registro na carteira profissional é feito na 
ocupação de serviço doméstico: cuidador de 
idoso (regido pela PEC das domésticas) → 
OBS.: Lei especifica de cuidador foi vetada 
pelo presidente em 2019 
 
• Projeto de Lei - PL 3022/2020 – Câmara dos 
deputados 
- Cria o auxílio-cuidador no valor de um salário 
mínimo para a pessoa idosa ou com 
deficiência que necessite de terceiros para 
realização das atividades de vida diária; 
- Deverão receber o auxílio-cuidador mesmo 
as pessoas com deficiência ou idosas 
carentes que já recebem o Benefício da 
Prestação Continuada (BPC) ou as pessoas 
aposentadas por invalidez que recebam 
adicional de 25% sobre o valor da 
aposentadoria, desde que esta seja de até 
quatro salários mínimos. 
 
• Se o cuidador trabalha mais do que 3 dias por 
semana na casa do idoso, ele tem direitos 
assim como uma empregada doméstica: 
- Pagamento mensal até o 5º dia útil do mês 
seguinte ao mês trabalhado 
- Garantia de férias 
- Abono de 1/3 de férias para cada ano 
trabalhado 
- 13º salário (pago em duas parcelas) 
- Descansar domingos e feriados (ou pelo 
menos um dia na semana) 
- Vale transporte (quando o cuidador usa 
ônibus para ir e vir do trabalho) 
- Aposentadoria por tempo de trabalho, idade 
ou invalidez 
- Aviso prévio de 30 dias, em caso de 
demissão sem justa causa 
- Licença paternidade de 5 dias para cuidador 
homem 
- Licença maternidade sem prejuízo de salário, 
por no mínimo120 dias 
- Estabilidade no emprego até o 5º mês após 
o parto 
- Jornada de trabalho de 8 horas/dia e 44 
horas/semana 
- Horas extras (máximo de 2 horas/dia). 
 
• Além disso, o patrão pode descontar da folha 
de pagamento: 
- Atrasos e faltas não justificados; 
- Contribuição previdenciária; 
- Gastos efetuados sem a prévia autorização 
do patrão (ex: telefonemas); 
- Pensão alimentícia. 
 
 
 
 
• Nem todas as famílias brasileiras têm 
condições de contratar um cuidador, então, 
esses cuidadores normalmente não filhas, 
filhos, esposa, marido, moram na mesma 
casa... 
 
 
 
• 45% dos cuidadores primários: têm 65 anos 
ou mais → existe um risco de um idoso não 
dependente cuidar de um idoso dependente 
pois, apesar dele ainda possuir autonomia e 
independência, há uma possibilidade dele ser 
um idoso pré-frágil ou frágil; 
 
• 47% dos cuidadores primários: possuem 
vínculo matrimonial. 
 
Cuidadores: sexo feminino 
 
• Papel sociocultural historicamente construído 
da mulher, o que está mudando, mas ainda 
assim há uma prevalência de cuidadoras 
mulheres. 
 
Cuidadores: adultos mais velhos e idosos 
mais jovens 
 
• Adultos mais velhos e idosos mais jovens 
possuem mais energia para realizar o cuidado, 
e quando ficam mais velhos e mais 
dependentes outros atores assumem o papel 
de cuidadores. Às vezes, a sobrecarga do 
cuidar é tão grande que acaba prejudicando a 
própria saúde dos cuidadores. 
 
Cuidadores: casados 
 
• Cônjuges/ filhos são a primeira opção! 
 
Cuidadores: baixa renda e alta 
vulnerabilidade 
 
• Impossibilitados de exercer atividade 
extradomiciliar remunerada → Não há outra 
pessoa disponível para assumir o cuidado; 
 
• Aposentadoria: única fonte de renda dessas 
famílias; 
 
• Existem famílias que perderam o familiar idoso 
por causa da Covid-19 e estão indo para a 
extrema pobreza porque a aposentadoria dele 
quem sustentava toda a família. 
 
• Pessoas em condições de alta vulnerabilidade 
social normalmente: 
- Tem piores hábitos de vida; 
- São mais excluídas socialmente; 
- Tem menor nível de informação; 
- Estão em piores condições 
socioeconômicas; 
- Tem menor conscientização para 
necessidades de cuidado. 
 
Isso acaba impedindo o livre acesso aos serviços de 
saúde precocemente (promoção da saúde e 
prevenção de agravos). 
 
• Pouco acesso aos serviços de saúde → 
Exposição ao risco de adoecimento ou 
agravamento de doenças pré existentes 
 
Cuidadores: baixa escolaridade 
 
• Na época em que esses cuidadores nasceram 
e cresceram a educação formal não era 
valorizada, as condições socioeconômicas 
precárias dificultavam o acesso à escola e não 
havia incentivo por parte dos progenitores; 
 
• A baixa escolaridade pode influenciar 
diretamente o ato de cuidar, pois o cuidador 
pode ter dificuldades na compreensão do 
processo de adoecimento, o que pode levar a 
dificuldades para com o cuidado, resultando, 
assim, em estresse e tensão emocional, além 
da queda na qualidade da assistência 
prestada; 
 
• Então, a baixa escolaridade pode representar 
uma barreira no processo de educação em 
saúde e os profissionais da saúde devem 
apresentar atenção redobrada nas 
orientações, além de utilizar diversos recursos 
a fim de evitar equívocos. Outro ponto 
importante para ficar atento é que a bixa 
escolaridade está associada ao déficit 
cognitivo. 
 
Cuidando do cuidador 
 
Esse cenário nos faz pensar que o cuidador também 
precisa de cuidado, por isso, pensando no cuidado do 
cuidador na perspectiva do médico: 
 
• Saúde: a avaliação do idoso deve sempre 
estar atrelada à avaliação do cuidador, ou 
seja, deve-se incluir o cuidador no plano de 
cuidados → ele também pode ser um paciente 
 
 
 
 
Avaliação dos cuidadores 
 
Cuidador – dados iniciais: 
• Dados de caracterização: 
- Nome, sexo, idade, estado civil, 
escolaridade, religião, trabalha (além de 
cuidar), fonte(s) de renda (se necessário 
perguntar valor), endereço, com quem mora. 
 
• Saúde: 
- Doenças e medicamentos. 
 
Outras questões pertinentes 
 
• Contexto do cuidado: 
- Formal/ Informal (se recebe, quanto?) 
- Familiar/Não familiar (grau de parentesco) 
- Capacitado/Não capacitado (Fez curso? 
Qual? Quando? Carga horária?) 
- Há quanto tempo é cuidador? Quantas 
horas/dia se decida ao cuidado e quantos 
dias/semana? 
- O que ajuda o idoso a fazer? 
- Recebe ajuda de outras pessoas? Quem? 
 
Outras informações pertinentes 
 
Cuidador – avaliação: 
• Pode ser feita por: 
- Questões abertas; 
- Uso de instrumentos padronizados. 
 
• Questões abertas 
- Queixa principal 
- Como é a sua vida social? Tem tempo para 
relaxar? 
- Pratica atividades físicas? 
- Tem dificuldade para dormir? 
- Se sente bem psicologicamente? 
- É ansioso? 
- Se sente sobrecarregado? E estressado? 
- Sente dores? 
- Como é a sua alimentação? 
Entre outras... 
 
• IMPORTANTE 
- Estabelecer vínculo 
- Identificar as “dicas do cuidador”/ Atenção 
aos sinais não verbais 
- Deixar ele falar 
- Não julgar 
- Aprofundar o máximo possível 
- Privacidade 
 
CUIDADO com o registro das informações! 
 
Cuidador: instrumentos de Avaliação dos 
cuidadores 
 
Instrumentos de avaliação: 
 
• Muitos disponíveis; 
• Podem ser avaliadas várias esferas; 
• Foco: sobrecarga 
 
Sobrecarga: 
• Utilizar o Inventário de Sobrecarga de Zarit 
(ZBI) 
- Avalia o impacto do cuidado sobre a saúde 
física e emocional, atividades sociais e 
condição financeira do cuidador; 
- Tentar aplicar longe do idoso, pois algumas 
questões podem gerar desconforto. 
 
A 
pontuação 
obtida 
varia de 0 
a 88 
pontos 
sendo: 
 
• 0 a 20 pontos: pequena sobrecarga 
• 21 a 40: moderada sobrecarga 
• 41 a 60: de moderada a severa sobrecarga 
• 61 a 88: sobrecarga severa 
OBS.: CUIDADO COM RESULTADOS QUE SÃO 
IMCOMPATÍVEIS COM O QUE É OBSERVADO 
**subentende-se que este inventário é mais para 
cuidadores informais. 
 
Sobrecarga cuidadores formais: 
• Utilizar Maslasch Burnout Inventory – 
Human Services (MBI-HSS) 
- Avalia três aspectos do burnout: 
esgotamento emocional (EE), 
despersonalização (DE) e realização pessoal 
(RP); 
- Avalia-se as três subsescalas 
separadamente, dividindo a amostra em tercis 
para gerar as 
notas de corte: 
o Tercil inferior 
= intensidade 
leve 
o Tercil médio = 
moderada 
o Tercil superior 
= grave 
 
 
 
• Outros instrumentos de avaliação: 
- Qualidade de vida; 
- Cognição; 
- Isolamento Social; 
- Violência; 
- Nutrição; 
- Sono; 
- Depressão; 
- Esperança e espiritualidade. 
 
• O que fazer se eu encontrar algum resultado 
alterado? 
- Avaliar o quanto de impacto causa no idoso; 
- Incluir no plano de cuidados; 
- Oferecer/ sugerir/ encaminhar para 
atendimento individualizado. 
 
***Nunca subestime um problema/angústia relatada 
pelo cuidador! 
 
 
Médico na área do ensino 
 
• Os profissionais da saúde devem orientar 
e acompanhar os cuidadores, 
estabelecendo, assim, uma parceria; 
 
• Orientar os profissionais que lidam com 
cuidadores de idosos; 
 
• Atualizar os profissionais que lidam com 
cuidadores de idosos. 
 
 
Formação de cuidadores 
 
• Segundo o manual do cuidador: a carga 
horária prevista para os cursos é de no 
mínimo 160 horas, integrando conteúdos 
presenciais, não presenciais e atividades 
práticas → não acontece na prática, 
normalmente esses cursos duram bem menos 
que o exigido; 
 
• Apenas experiencia anterior não deve ser 
considerada qualificação que exclua a 
capacitação. 
 
 
 
 
Médico na área de pesquisa 
 
• Identificar demandas emergentes dos 
cuidadores de idosos para produzir 
conhecimento a fim de fornecer evidencias e 
subsidiar as ações profissionais.

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