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UniRitter Laureate International Universities
Débora Cardoso de Andrade
Jéferson Rasiel Santos
Saul Saldanha Junior
APS Ciência Política e do Estado
Canoas
2021
Resumo Boletim e Live
Na live temos a dra. Deisy Ventura como convidada do infectologista e disseminador de conteúdo científico Átila Lamarino dissecando em uma análise crítica o enfrentamento da pandemia por parte da gestão pública. Ela esmiuça demonstrando que apesar do impacto surpresa que a doença causada pelo vírus causou desmobilizando quase que a totalidade de nações o Brasil no começo tinha uma vantagem graças à qualidade do nossos Sistema Único de Saúde e nossa capacidade de contenção de propagação de moléstias com modelos de enfrentamento como o Programa Nacional de Imunização, Vigilância em Saúde, a Atenção Primária em Saúde e tivemos no passado bons momentos de resoluções de surtos como foi o caso do vírus Zika onde tivemos o epicentro em nosso país. Isso mostra que apesar dos problemas estruturais o Brasil tem um potencial enorme na área da saúde e de políticas públicas eficazes. 
Só que o governo, e isso é dito posteriormente pelo ex-ministro da Saúde Mandetta, que o executivo passa a se afastar da área científica e da gestão do SUS e passa a se apoiar em teorias sem embasamento como a da Imunidade Coletiva por Contágio que se popularizou pelo termo de Imunidade de Rebanho. Alguns poucos países até chegaram a aventar essa ideia, porém rapidamente identificaram seu erro e corrigiram sua trajetória ouvindo especialistas e até mesmo quando o número de contágios e mortes começava a acentuar um crescimento. Óbitos que poderiam ser evitados, claro. O diretor da OMS chegou a afirmar que nunca se enfrentou uma pandemia com uma doença que desconhecíamos os efeitos com essa tática que acaba por ser nefasta, uma atitude eticamente inaceitável e cientificamente perigoso já que essa exposição à um vírus dessa magnitude de contágio em grande escala acaba por trazer variações muito rápidas e o micro-organismo pode sofrer mutações e conseguir fugir de qualquer remédio ou vacina que tenhamos desenvolvido e sair fora de qualquer controle de enfrentamento. Sequelas, sofrimento e custo para o sistema de saúde. Inicialmente também, cumpre lembrar na fala da especialista, havia uma tentativa de balancear restrições X economia, tentava-se evitar ações a serem tomadas que pudesse causar fome, miséria, desemprego e que fosse atentado contra os Direitos Humanos. Porém conforme a pandemia foi se tornando um acontecimento rotineiro para o mundo e tínhamos um tempo suficiente para avaliarmos melhor a situação foi se notando que o Brasil vinha por um trilho um tanto tortuoso e praticamente ineficaz em suas estratégias. Muito se falou sobre a incompetência do governo, porém com estudos sistemáticos de suas ações foi se chegando a uma conclusão de que não havia uma falta de habilidade e gerência, mas sim um plano proposital de realmente continuar expondo cidadãos brasileiros à doença mesmo de conhecimento do caminho de morte necessário. Para isso, cita a dra. Deisy, foi estudado três polos de conhecimento:As normas jurídicas editadas (bastante, e sempre ignorando o perigo real de transmissão como tentativa de tornar qualquer atividade em essencial), a obstrução do trabalho de quem realmente tentava evitar o colapso como, por exemplo, governadores e prefeitos tentando desatolar os hospitais, e por último uma disseminação grandiosa de propaganda contra a Saúde Pública que vai muito além de apenas declarações infelizes, e nesse último pesa um dos maiores pontos de crítica da pesquisadora. 
Átila e Deisy então comentam sobre o Boletim dos Direitos da Pandemia (até janeiro de 2021), que é um estudo do Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Conectas e traz uma muito bem elaborada linha do tempo com todos os atos normativos, declarações, obstruções e propagandas erráticas de convencimento popular. Ou seja, é uma fonte escrita e registrada que demonstra com apuração cientifica que não houve uma tentativa de barrar os contágios e nem mesmo de se aproximar de uma solução em prol das vidas dos brasileiros, mas sim um negacionismo adotado pelo governo brasileiro em cima da ciência dos óbitos que viriam pela frente. Inclusive, na fala da própria pesquisadora há um receio das pessoas da comunidade científica ou mesmo do grande público em se falar em genocídio com medo de banalizar a expressão, mas que essas pessoas não fizeram esse estudo sistematizado de falas a atos do governo e cita, por exemplo, o caso das comunidades indígenas que não tiveram proteção alguma e até mesmo foram excluídas de uma legislação que as protegessem. Há sim indícios muito fortes de extermínio de grupos e a expressão é cabível. Há inclusive a citação de possível o caso ser discutido no Tribunal Internacional. E de toda forma há claramente a comprovação de crimes contra a humanidade. É errado achar que isso só se justificaria em violência física. Átila por fim cita que é um retrocesso o caso no Brasil e aponta a falta de coerência e até mesmo hipocrisia no fato de que muita gente que critica os avanços científicos e impulsiona o negacionismo são as mesmas pessoas que estão se vacinando, apesar de incentivarem as pessoas a fazerem o contrário. E que muito se insiste em medicações mesmo sabendo que não são eficazes, nem testadas e contribuem para outros tipos de doenças por sua ingestão não prescrita.
O Relatório dos Direitos na Pandemia traz documentado com metodologia científica os dados coletados desde o início do grande surto documentando e transformando em uma grande timeline cada posicionamento do governo federal, principalmente na voz de seu comandante: o presidente, separado pelo tipo de informação. Há também tabulações de quanto cada órgão produziu de legislação a respeito, o tipo de normas que foram editadas, gráficos demonstrando visualmente essas ações e a demonstração de que todos esses pareces e declarações são propositadamente fragmentados com o intuito de provocar confusão afastando a tese de incompetência ou negligência por parte do governo federal encabeçado pelo seu Chefe de Estado. 
Considerações sobre os impactos jurídicos
Primeiramente há que se falar sobre uma excessiva criação de normas. Há tantas leis, decretos, medidas provisórias e portarias (outros atos normativos também inclusos) que se torna quase impossível organizá-las. Isso sempre foi historicamente um contratempo no Brasil, o excesso de leis, porém em um curto período esse problema foi agravado de forma totalmente impensada.
Isso nos leva a outro ponto importante: A falta de apoio técnico para edição de legislação. Muitas normas foram criadas sem qualquer estudo ou mesmo uma lógica que a sustente. Para exemplificar cito o aumento paulatino da consideração de identificação de trabalhos essenciais que chegou ao cúmulo de tornar atividades estéticas e barbearias partes integrantes desse rol. 
Também houve uma divergência total entre as normas da União frente às dos Estados e Municípios. Tais regramentos nasceram exclusivamente de uma falta de comunicação e de total oposição de ideias entre governo federal versus outros entes federativos. Tanto que se fez necessário o STF dirimir e enfrentar o choque dessas leis e declarar que todos são responsáveis pela saúde. 
Para o futuro pós-pandemia provavelmente teremos pensamentos de tornar mais fortes os demais entes federativos assim como acontece, por exemplo, nos EUA que conferem um poder muito maior para seus Estados que podem editar regramentos muito diferentes entre si. Mais timidamente se pensará em existir mais proximidade entre as leis e as produções científicas e a vontade soberana do povo que por essência é o titular. Espera-se que os políticos se cerquem cada vez mais de técnicos e nomes conceituados de doutrinadores e juristas, bem como especialistas das diversas áreas da sociedade brasileira para poderemcriar normas mais profícuas e menos vazias em seu conteúdo e em sua finalidade. Assim se espera que o Congresso, as Assembleias e as câmaras possam criar mais relações com universidades e especialistas de áreas afins criando comissões de debates permanentes e que disso possa nascer normas mais focadas na prevenção do que em um apagar de incêndio. 
Por fim vale citar que esperamos que haja uma pressão para que no futuro a lei seja menos motivada nas relações políticas e mais instruídas para o interesse público. E isso vai de encontro de abandonar protecionismos de classes (como a autorização de vacinas privadas), bem como distanciar o Estado de uma religiosidade que não deve integrar o campo de valores de um Estado laico e um Estado Democrático de Direito.
 Estado Democrático de Direito e dos mecanismos de freios e contrapesos
Durante a pandemia muito se discutiu sobre se Poderes da República estavam exorbitando suas prerrogativas e invadindo competências alheias. Fato é que houve desde o início da crise até os dias atuais muita manipulação de discursos e narrativas falsas a respeito da situação. Apenas para exemplificação vale lembrar de dois casos mais explorados e difundidos na imprensa. Um deles o posicionamento do STF sobre competência de todos os entes federativos na elaboração de normas da saúde (concorrente) que fez o presidente da república afirmar que estava sendo travado de poder governar. Outro caso famoso foi quando o STF decidiu que o Senado deveria abrir CPI contra o chefe do executivo. Novamente muitas narrativas queria dar a entender que o judiciário estava “mandando” no legislativo obrigando o órgão responsável pela criação de normas a fazer a vontade dos ministros do Supremo. Para quebrar esses discursos falsos de ambos os casos é importante lembrar como funcionam os mecanismos dos Pesos e Contrapesos. Primeiro que existem as funções típicas e atípicas. Sendo assim todos os três poderes tem suas prerrogativas essenciais como, por exemplo, o legislativo tem o poder para elaborar e votar normas, mas também possuem o resquício de terem funções que pertencem a outros vide, por exemplo novamente, súmulas vinculantes do STF para legislar via judiciário em caso de ineficiência do legislativo. Então os órgãos têm uma maleabilidade para poder contornar as falhas e omissões de outros desde que para fins de interesse público e que devem ser bem delimitados pela Constituição para não haver abusos. Outro ponto importantíssimo é que os contrapesos funcionam justamente para que não haja excessos de um dos três poderes dando condições de que se um deles perca o controle ou destoe de suas funções os outros possam controlá-lo não havendo assim um poder ilimitado sendo salutar uma eterna concentração de esforços em se investigar a permanência do interesse público. O STF ao contrário do que se acredita nas redes sociais agiu corretamente. Não mandou o senado a criar uma CPI, obrigou-o a respeitar os regramentos constitucionais que criam requisitos para criação de um inquérito parlamentar. Havia um criado por ⅓ de senadores que estava sendo ignorado, então o STF como guardião da Constituição Federal e representante inclusive das minorias resguardou o direito de oposição e sentenciou à abertura da CPI como manda a carta magna.
O Estado de Direito é feito de uma repartição de competências e de direitos e garantias fundamentais a todos. Não se pode dar um poder tirano para alguém e deve se observar a Dignidade da Pessoa Humana como norteador dos esforços jurídicos empregados. Não há mais espaço para absolutismo ou para governos inertes que não representam o povo. Temos que respeitar todas as formas de vida e criar um espaço para discussões e crescimento. Quem está no poder não é dono dele, apenas um representante e como tal deve se portar guardando a responsabilidade dada por seus eleitores e pelo real dono do poder: O povo.

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