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astrobiologia

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Essas moléculas forneceram a matéria-prima para que 
a química prebiótica ocorresse em nosso planeta e a vida surgisse.
Figura 1.2. A história de nosso Universo, do Big Bang até o surgimento da vida. 
Fonte: Latin Stock
Formação planetária
Essa é uma área da astronomia em grande expansão, pois até 
pouco tempo atrás conhecíamos muito pouco sobre o processo de 
formação planetária. Será que toda estrela possui planetas? 
Nas últimas duas décadas, o número de exoplanetas descober-
tos tem aumentado rapidamente graças aos avanços tecnológicos; 
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ESTUDANDO A VIDA NO UNIVERSO
agora já podemos comparar os resultados de nossos modelos teó-
ricos e computacionais com casos reais para sabermos se planetas 
parecidos com a Terra são comuns no Universo. Atualmente, os 
dados parecem indicar que praticamente toda estrela é formada 
junto com um sistema planetário, o que aumenta muito a chance 
de existirem corpos celestes com condições de habitabilidade.
Química prebiótica e origem da vida
Após a formação dos elementos químicos e de algumas mo-
léculas no meio interestelar, o passo seguinte foi a formação das 
moléculas-base para a vida: as proteínas, lipídeos, ácidos nuclei-
cos entre outros. Entretanto, esse processo de formação de mo-
léculas complexas, com funções biológicas como armazenamen-
to de informação química e de energia, estrutura etc., não está 
completamente compreendido. E como essas moléculas se or-
ganizaram em sistemas químicos autossuficientes, capazes de se 
multiplicarem e evoluírem (o que já podemos chamar de vida, 
segundo algumas definições), é um dos temas mais desafiadores 
na pesquisa sobre a origem da vida. Acredita-se que minerais pre-
sentes na superfície da Terra catalisaram essas reações e que exis-
tem diversos ambientes no planeta onde a vida poderia ter surgido. 
Certamente esse processo teve diversas etapas que ainda não fo-
ram bem elucidadas pela ciência.
Evolução
Todas as formas de vida que conhecemos no planeta têm 
uma propriedade em comum: são capazes de se reproduzir (ao 
menos como população), gerando descendentes com caracterís-
ticas ligeiramente diferentes das da geração parental (devido, por 
exemplo, às mutações espontâneas ou induzidas), o que leva a 
um sucesso reprodutivo diferencial, ou seja, alguns indivíduos 
dessa geração conseguirão deixar mais descendentes que outros, 
fixando, assim, as características na população. Essa é a base para 
o processo de evolução darwiniana – descendência com modifi-
cação –, que levou a vida do primeiro ser vivo à biodiversidade 
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ASTROBIOLOGIA – Uma Ciência Emergente
que vemos atualmente. Hoje discutimos a universalidade desse 
processo: toda forma de vida deve passar por um processo de evo-
lução darwiniana? Mesmo em outros planetas, talvez com condi-
ções muito diferentes e até com sistemas “vivos” muito diferentes 
do que conhecemos?
Fósseis: a história da vida em nosso planeta
Entender a vida passada na Terra é fundamental para compre-
endermos quais foram os primeiros seres vivos que habitaram o 
planeta, que nos dão pistas sobre a origem da vida e sobre como 
a evolução na Terra de fato ocorreu (Figura 1.3). Descobrir sinais 
de vida passada é igualmente importante para a busca de sinais de 
vida fora da Terra, principalmente se for uma vida extinta – nossas 
sondas em Marte, como a Curiosity, têm uma chance muito maior 
de encontrar os sinais de uma vida antiga no planeta, quando es-
teve em condições mais amenas do que as atuais.
Figura 1.3. Alguns dos fósseis mais antigos da Terra, encontrados na região 
de Pilbara, no oeste da Austrália, de bactérias que viviam em uma época na 
qual não existia oxigênio na atmosfera (cerca de 3,4 bilhões de anos atrás). 
Talvez, se encontrarmos sinais de vida em Marte, eles sejam parecidos com 
esses microfósseis. Fonte: D. Wacey/uwa
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ESTUDANDO A VIDA NO UNIVERSO
Vida em ambientes extremos da Terra
O Universo é um lugar de extremos – muito frio ou muito quente, 
ausência de água, forte incidência de radiação, condições químicas 
adversas, como pH alto ou baixo ou mesmo a presença de elemen-
tos tóxicos (Figura 1.4). Para compreender os tipos de organismo 
Frio Seco
Ácido Alcalino
Radiação Alta Pressão
Figura 1.4. Alguns dos ambientes extremos de nosso planeta hoje – 
praticamente toda a superfície (até alguns quilômetros de profundidade) da 
Terra é habitada por micro-organismos, alguns fazendo uso de estratégias 
de sobrevivência muito peculiares. Fonte: Shutterstock / Getty Images / 
Wikimedia Commons
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ASTROBIOLOGIA – Uma Ciência Emergente
capazes de sobreviver e mesmo crescer sob essas condições (e 
quais seus mecanismos biológicos adaptados para isso), os astro-
biólogos estudam na Terra ambientes análogos aos extraterrestres, 
usando-os como modelo, por meio da microbiologia ambiental e de 
experimentos em laboratório, levando os micro-organismos terres-
tres a condições simuladas, por exemplo, da superfície marciana. 
O mesmo é válido para compreendermos as condições de vida da 
Terra primitiva, muito diferentes de nosso planeta atualmente.
Busca de vida fora da Terra: no Sistema Solar e além
Uma das grandes curiosidades da humanidade diz respeito 
à possibilidade de vida fora da Terra, e a astrobiologia utiliza fer-
ramentas e métodos da ciência moderna para tentar não apenas 
detectar a presença de vida extraterrestre, mas também para en-
tender seu funcionamento, sua origem e evolução. Será que toda 
forma de vida deve ser parecida com a de nosso planeta? Para 
isso, tenta-se entender como os planetas funcionam, procurando 
bons candidatos para abrigar vida, planetas com condições de 
habitabilidade. Da mesma maneira, o estudo da vida em ambien-
tes extremos da Terra e o estudo da paleobiologia – a vida na Terra 
primitiva – fornece informações sobre qual a melhor forma de 
procurar sinais da presença de organismos vivos. E programas de 
busca de vida estão em andamento, seja em nosso Sistema Solar 
ou em exoplanetas.
Vida extraterrestre inteligente?
Se a existência de vida extraterrestre, de forma geral, já é um 
tema bastante intrigante à humanidade, a possibilidade de vida 
inteligente e com tecnologia para se comunicar tem ainda maior 
impacto. Apesar de a astrobiologia usar micro-organismos como 
seus principais modelos, diversos grupos procuram sinais de co-
municação vindos do espaço, como, por exemplo, o projeto seti 
(Busca por Inteligência Extraterrestre, na tradução para o portu-
guês), que esquadrinha o Universo procurando sinais transmitidos 
por outras civilizações em rádio ou pulsos laser. Diferentemente 
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ESTUDANDO A VIDA NO UNIVERSO
da ufologia, esses grupos fazem uso do método e rigor científicos 
na tentativa de responder a essa intrigante pergunta. Apesar de 
ser menos provável a existência de vida inteligente, tecnológica 
e comunicante do que a de micro-organismos, essas civilizações 
poderiam mandar sinais mais claros de sua existência e, portanto, 
seriam mais facilmente encontradas. Essa discussão normalmente 
vem acompanhada de implicações sociais, políticas e religiosas 
(Dick, 2007).
O futuro da vida
Atualmente, discute-se muito sobre mudança climática, aque-
cimento global e como a humanidade está alterando o planeta e 
quais as implicações em longo prazo (Figura 1.5). Em uma pers-
pectiva mais ampla, a astrobiologia se propõe a entender como 
a vida se adapta às alterações do planeta com o tempo, seja em 
consequência das alterações produzidas pela própria vida, pelos 
fenômenos planetários (tectonismo, vulcanismo etc.), pela evolu-
ção da estrela hospedeira ou por outros fenômenos astrofísicos. 
Entender quais são esses possíveis fenômenos, quais suas interco-
nexões, quais as consequências para o planeta e para a vida é de 
extremo interesse da ciência, mas também tem aplicações práti-
cas, pois
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