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Atualizações de Direito - Clube de Autores 2020

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Atualizações de Direito 
[1] 
 
Atualizações de 
Direito 
 
 
 
Atualizações de Direito 
[2] 
 
 Prefácio 
 NOSSA AMIZADE PODERIA TER 
OFUSCADO MINHA VISÃO CRÍTICA, 
TORNANDO-A COMPLASCENTE COM 
QUAISQUER LINHAS QUE VOCÊ 
ESCREVESSE. 
 MAS A CLAREZA E A OBJETIVIDADE 
DE SUAS LIÇÕES (POIS É EXATAMENTE ISTO 
- LIÇÕES) TORNARAM INÓCUA TAL 
COMPLASCÊNCIA, POIS A LINGUAGEM 
COLOQUIAL, PRECISA, CONSTRUIU UM 
LIVRO MAIS DO QUE NECESSÁRIO PARA 
AQUELES QUE PROCURAM A 
ATUALIZAÇÃO NOS ESTUDOS JURÍDICOS, 
MAS UM LIVRO QUE, POR SER RICO EM 
COMENTÁRIOS DOUTRINÁRIOS, JULGADOS 
RELEVANTES CONSEGUE SER ÚNICO, A 
COROAR COM LOUVOR ESTE SEU COMEÇO 
NA ÁRDUA ESTRADA DA EXTENSA 
BIBLIOGRAFIA JURÍDICA. 
Atualizações de Direito 
[3] 
 
 OBRIGADA PELA PRESENTE OBRA 
QUE VOCÊ OFERECE A TODOS QUE AMAM A 
CIÊNCIA JURÍDICA. 
MARIA ALICE DA FONSECA LOPES. 
Servidora Pública pelo Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizações de Direito 
[4] 
 
 Agradecimentos: 
 Aos meus pais Paulo Brigagão e Maria 
Aparecida Naves Brigagão, in memoriam, por todo 
amor ofertado, ao longo de anos, minha eterna 
gratidão, amor e saudade. Devo a vocês tudo o que 
sou! 
 Aos meus professores dos bancos de 
Faculdade: Marcus Quaresma e Claúdia Márcia 
Gonçalves Vidal, que começaram meus professores, 
se tornaram meus amigos e hoje são vivos em minha 
lembrança, como expressão máxima de afeto. 
Aos meus professores dos bancos da Escola 
da Magistratura do Rio de Janeiro, Luís Roberto 
Barroso e Luiz Fux, hoje Ministros do Supremo 
Tribunal Federal e fontes da minha inspiração no 
estudo de casos concretos. 
Ao Claidson Gonçalves Silva, esposo, 
parceiro de caminhada, sempre ao meu lado, me 
presenteando com o nosso filho, minha maior 
riqueza! Gratidão! Amamos você! 
Atualizações de Direito 
[5] 
 
Ao Brunno e Brenno, meus enteados, meus 
amigos! Com o carinho de sempre! 
Ao Carlos Alberto, sogro e avô de carisma, 
alegria e amor inigualáveis. 
Ao Bernardo Queiroz Naves Brigagão, meu 
filho, o maior amor da minha vida! Significante e 
significado de todas as coisas. 
Ao Espírito Santo, pelas iluminações 
extraídas de cada julgado. 
A todos os leitores que vão construir, junto 
comigo, cada linha deste livro. Obrigada por 
existirem! Sem vocês, não haveria sentido! 
 Inverno, 21 de junho de 2020. 
 Paula Naves Brigagão. 
 
 
 
 
 
Atualizações de Direito 
[6] 
 
Notas da Autora 
Escrever um livro de atualizações de Direito, 
com base na jurisprudência, sob a forma de questões, 
foi um grande desafio para mim, pois isso consistiu 
em, praticamente, revisitar, vários institutos 
jurídicos, nem todos eles vistos de forma harmônica, 
no sistema como um todo. 
O Direito não precisa ser difícil para ser 
compreendido. É o meu, é o seu, é o nosso dia a dia. 
É vivo. É pulsante. Costumo dizer: É a vida como 
ela é, em suas múltiplas e variadas facetas. 
Com esse livro, através de casos concretos, 
personagens caricatos, alguma dose de humor e 
muita leveza, vamos juntos procurar apreender as 
riquezas de algumas disciplinas, sob a luz da 
jurisprudência, ao abrigo do método tópico-
problemático. E assim, no ir e vir das letras, das 
propostas desse livro, a ideia é formarmos a nossa 
base para avançarmos rumo ao Conhecimento. 
Estudar com amor também é um momento de 
prazer. Que eu possa colocar sentido à sua 
Atualizações de Direito 
[7] 
 
caminhada no estudo da jurisprudência de forma 
rica, aprazível e gratificante. Seguiremos juntos! 
Inverno, 07 de julho de 2020. 
Paula Naves Brigagão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizações de Direito 
[8] 
 
 Sumário. 
Informativos do STF e STJ sob a forma de 
questões de múltipla-escolha 
9 
Informativos do STF e STJ sob a forma de 
questões discursivas 
115 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizações de Direito 
[9] 
 
MÚLTIPLA-ESCOLHA 
QUESTÃO 1 
Manoel Cupim possui uma Chácara de Lazer 
em que reside (Sítio de Recreio) no Município de 
Varre e Sai. Cria galinhas no local, mas não 
sobrevive com a renda dessa cultura. Eis que o 
Município está lhe cobrando IPTU sobre o bem 
imóvel, mas Cupim se insurgiu com a cobrança, 
alegando que, na região, não há meio fio, sistema de 
esgoto sanitário, tampouco escola primária ou posto 
de saúde. Além de restar ausente o abastecimento de 
água. Logo, para ele, se o Município não preenche 
dois dos requisitos mínimos elencados no ART. .32, 
§1°do CTN não poderia, agora, cobrar o IPTU. 
Diante de tal situação: 
a) É plenamente possível a cobrança de 
IPTU, tendo em vista que não se trata de zona 
urbana, mas zona de expansão urbana, em que não 
se exigem os melhoramentos do ART.32, §1°do 
Código Tributário Nacional, contentando-se o 
legislador no ART. 32, § 2° com a destinação do 
imóvel à habitação, à indústria ou ao comércio. 
(Súmula 626 do STJ); 
b) É plenamente possível a cobrança de 
IPTU, por se tratar de zona urbana, sendo exigido, 
para tanto, apenas um dos requisitos do ART. 32, § 
1° do CTN, de acordo com o teor da Súmula 626 do 
STF; 
Atualizações de Direito 
[10] 
 
c) Não se revela possível a cobrança do IPTU 
por restarem ausentes na zona urbana, pelo menos, 
dois dos melhoramentos do ART 32, § 1° do CTN; 
d) É incabível a cobrança do IPTU por 
restarem ausentes, na zona de extensão urbana, pelo 
menos dois dos melhoramentos do ART 32, § 1° do 
CTN, de acordo com o teor da Súmula 626 do STJ; 
e) Não se afigura possível a cobrança do 
IPTU tendo em vista que zona urbana recebe o 
mesmo tratamento normativo de zona de expansão 
urbana. 
Resposta: Alternativa A. A zona urbana não 
se confunde com zona de expansão urbana, 
recebendo do CTN tratamentos distintos. Na zona de 
expansão urbana, como o próprio nome indica, são 
áreas para onde a cidade está crescendo. O 
Município precisa arrecadar, justamente para 
realizar os melhoramentos (fornecimento de água, 
saneamento básico, educação, etc). Aqui, o fator 
preponderante não se traduz em melhoramentos, e, 
sim, na destinação do imóvel à habitação, à indústria 
ou ao comércio (ART. 32, § 2° do CTN). Esse é o 
teor da Súmula 626 do STJ: A incidência do IPTU 
sobre imóvel situado em área considerada pela lei 
local como urbanizável ou de expansão urbana não 
está condicionada à existência dos melhoramentos 
elencados no art. 32, § 1º, do CTN. (STJ. 1ª Seção. 
Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018). 
Atualizações de Direito 
[11] 
 
Confira o leitor o enunciado da Súmula 626 
do Superior Tribunal de Justiça: 
Súmula 626/STJ - 17/12/2018. Tributário. 
IPTU. Imóvel situado em área considerada pela lei 
local como urbanizável ou de expansão urbana não 
está condicionada à existência dos melhoramentos 
elencados no CTN, art. 32, § 1º. Grifos nossos! 
QUESTÃO 2 
Pedro Guaraná era homem de muitas posses 
e rendimentos. Porém não gostava de distribuir sua 
riqueza com ninguém, muito menos com o Fisco. 
Ocorre que, ao sonegar imposto de renda para a 
Fazenda, prestando declarações falsas, Pedro incidiu 
no crime do ART. 1°, l da Lei 8.137/90. Tal se deu 
no ano de 1998. O processo administrativo fiscal se 
arrastou por anos. O crédito tributário foi constituído 
no ano de 2010. Pedro foi condenado no ano de 
2011, por fatos praticados no ano de 1998 (as ditas 
informações falsas ao Fisco), aplicando -se, a ele, o 
teor da Súmula Vinculante n°24, editada no ano de 
2009, que reitera que o crime material contra a 
ordem tributária só se consuma com o lançamento 
definitivo do tributo. Diante de tais premissas: 
a) A decisão do magistrado foi incorreta, pois 
ocorreu a prescrição; 
https://www.legjur.com/sumula/busca?tri=stj&num=626#topo
https://www.legjur.com/legislacao/art/lei_00051721966-32Atualizações de Direito 
[12] 
 
b) A decisão do magistrado foi incorreta, 
pois houve retroatividade maléfica, em desfavor de 
Pedro Guaraná; 
c) A decisão do magistrado foi incorreta, pois 
entendimento jurisprudencial não pode ser 
veiculado como forma de prejudicar o contribuinte; 
d) A decisão do magistrado foi correta 
porque a Súmula recebe o mesmo tratamento da lei; 
e) A decisão do magistrado foi correta. 
Súmula não se confunde com a lei, podendo 
retroagir e alcançar fatos ocorridos em momentos 
pretéritos à sua edição. 
Resposta: Alternativa E. Se o crime só se 
consuma com o lançamento definitivo do tributo, 
sua, irmã gêmea, a prescrição só começará a incidir 
na mesma circunstância, ou seja, com o lançamento 
definitivo do tributo. Dessa forma, ainda que a 
sonegação fiscal tenha se dado no ano de 1998, o 
prazo prescricional tem o seu lapso inicial no ano de 
2010, ocasião em que o crédito tributário foi 
constituído. Não há que se falar em retroatividade 
maléfica pela aplicação retroativa, da Súmula 
Vinculante n° 24, haja vista que não estamos diante 
de uma norma penal incriminadora e, sim, de uma 
Súmula Vinculante, sem qualquer caráter 
normativo, que apenas retrata uma interpretação 
jurisprudencial pretérita e já consolidada em nossos 
Tribunais. Esse foi o entendimento do Superior 
Atualizações de Direito 
[13] 
 
Tribunal de Justiça, em seu Informativo 639, ao qual 
remetemos o leitor para uma análise mais 
aprofundada do tema! Confira logo abaixo o teor da 
ementa do julgado acima versado: 
A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos 
anteriormente à sua edição. Como a SV 24 representa a 
mera consolidação da interpretação judicial que já era 
adotada pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, 
entende-se que é possível a aplicação do enunciado para 
fatos ocorridos anteriormente à sua publicação. STF. 1ª 
Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 
em 19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.318.662-
PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/11/2018 (Info 
639). 
QUESTÃO 3 
Antônio Apimentado, contribuinte - 
empregador, proprietário de uma indústria 
automobilística, estava apurrinhado com uma 
contribuição social, que julgou pagar a maior para o 
Fisco. Sabedor que o destino da arrecadação será 
destinado ao SENAI, acredita que quem detém o 
bônus suporta o ônus. Ajuizou uma ação de 
repetição de indébito em face da União e do SENAI. 
Em sua visão, o SENAI, por deter interesse quanto 
ao repasse das verbas, se afigura como parte legítima 
a compor pólo passivo da demanda. Assinale a 
opção correta: 
a) Por deter interesse quanto ao repasse das 
verbas, se afigura legítima a inclusão do SENAI no 
pólo passivo da demanda; 
Atualizações de Direito 
[14] 
 
b) Por deter interesse jurídico, o SENAI é 
parte legítima para figurar no pólo passivo; 
c) O SENAI é parte ilegítima para figurar no 
pólo passivo, por receber meros repasses, 
subvenções do Poder Público, detendo tão somente 
interesse econômico; 
d) O SENAI é parte legítima para figurar no 
pólo passivo porque faz parte da Administração 
Indireta do Estado; 
e) O SENAI é parte legítima para figurar 
como litisconsórcio necessário porque a relação 
travada com o Poder Público assim impõe. 
Resposta: Alternativa C. O SENAI 
qualifica-se como parte ilegítima para figurar no 
pólo passivo de tal demanda. Não há que se falar em 
litisconsórcio com a União, já que a relação travada 
entre a União e Os Serviços Sociais Autônomos 
(dentre os quais se incluem o SENAI) é de mera 
subvenção, de modo que o SENAI é detentor da 
posição de mero recebedor do repasse financeiro. 
Tal posição, por si só, é insuficiente para qualificar 
o seu interesse como jurídico. O interesse, aqui, é 
meramente econômico e, por conseguinte, não se 
mostra legítima a sua qualificação de parte na 
relação travada entre o Fisco e o contribuinte. Há 
que se destacar que os Serviços Sociais Autônomos 
não são partes integrantes da Administração 
Indireta, tampouco existe imposição legal de 
Atualizações de Direito 
[15] 
 
solidariedade a justificar um litisconsórcio 
necessário. A solidariedade não se presume. 
(Questão baseada no Informativo 646 do Superior 
Tribunal de Justiça). Confira o leitor a ementa do 
julgado abaixo: 
As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem 
legitimidade passiva nas ações judiciais em que se discute a 
relação jurídico-tributária entre o contribuinte e a União e 
a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. 
Os serviços sociais são meros destinatários de subvenção 
econômica e, como pessoas jurídicas de direito privado, não 
participam diretamente da relação jurídico-tributária 
entre contribuinte e ente federado. O direito que tais 
entidades possuem à receita decorrente da subvenção não 
gera interesse jurídico a ponto de justificar a ocorrência de 
litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais 
autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.619.954-SC, Rel. Min. Gurgel de 
Faria, julgado em 10/04/2019 (Info 646). 
 
QUESTÃO 4 
Aparício Barriga era homem sistemático. 
Pagava os seus tributos com pontualidade. Contudo, 
fato é que, na conjectura em que se encontrava, 
devia e era, ao mesmo tempo, credor da Fazenda 
Municipal. Ocorre que, por erro, efetuou um 
pagamento a maior do IPTU ao Fisco, no ano de 
2008. Ficou com o crédito de lambuja. Em 2010, ao 
ser cobrado pelo Fisco acerca de um débito de IPTU 
de um outro bem imóvel que possuía, lembrou-se do 
Atualizações de Direito 
[16] 
 
crédito e disse: "Veja bem Fisco. Estou 
descapitalizado. Desejo que você compense o 
crédito que tenho com você acerca daquele IPTU 
antigo, que paguei a mais, no ano de 2008 com o 
débito atual, pois tenho crédito com você!". Assim 
agindo, formalizou, administrativamente, o pedido 
de compensação junto ao Município. Todavia, o 
Fisco Municipal, que não é bobo nem nada, enrolou 
o quanto pôde (dois anos) para fornecer a resposta 
negativa no tocante a compensação tributária. 
Inconformado, no ano de 2014, Barriga ajuizou uma 
ação de repetição de indébito no que se refere a 
segunda cobrança do IPTU, ao argumento de 
ostentar a qualidade de credor da Fazenda. Contudo, 
ao prolatar a sentença, no ano de 2015, o magistrado 
reconheceu a prescrição da pretensão autoral, 
julgando o pedido improcedente. Diante de tais 
premissas: 
a) A decisão do magistrado foi incorreta, pois 
não incidiu a prescrição; 
b) A decisão do magistrado foi incorreta, já 
que a compensação se revela um instrumento 
adequado na extinção do crédito tributário; 
c) A decisão do magistrado foi incorreta, pois 
o pedido administrativo de compensação interrompe 
a contagem; 
Atualizações de Direito 
[17] 
 
d) Não se revela possível o instituto da 
compensação em seara tributária, já que afeto ao 
Direito Privado; 
e) A decisão do magistrado foi correta. O 
pedido administrativo de compensação não 
interrompe o fluxo do prazo prescricional no que 
toca ao ajuizamento da ação de repetição de 
indébito. Resposta por nós ofertada. 
Resposta: Alternativa E. A questão versa 
sobre o Verbete Sumular 625 do STJ. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça editou o Enunciado Sumular 625: "O pedido 
administrativo de compensação ou de restituição não 
interrompe o prazo prescricional para a ação de 
repetição de indébito tributário de que trata o CTN, 
art. 168 nem o da execução de título judicial contra 
a Fazenda Pública". Logo, Barriga desperdiçou o seu 
precioso tempo discutindo a compensação do crédito 
tributário em seara administrativa, enquanto corria 
contra ele o prazo prescricional de cinco anos para a 
propositura da ação de repetição de indébito, prazo 
esse ignorado por sua pessoa. Gritou no deserto! 
Perdeu tempo demaissem judicializar a questão! 
Sua inércia em tal procedimento deu ensejo a 
prescrição. Ele ficou mais pobre e o Fisco mais rico. 
E, aqui, aplica-se o brocardo: " o Direito não socorre 
aos que dormem". Dura lex sed lex! Confira o leitor 
o teor da súmula ora comentada: 
Atualizações de Direito 
[18] 
 
Súmula 625-STJ: O pedido administrativo de 
compensação ou de restituição não interrompe o 
prazo prescricional para a ação de repetição de 
indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN 
nem o da execução de título judicial contra a 
FazendaPública. . 
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 
17/12/2018. 
 
QUESTÃO 5 
A Distribuidora de Combustíveis S.A, 
estabelecida no Rio de Janeiro, vende combustível 
ao Posto Triângulo LTDA, situado em São José dos 
Campos. Contudo, ao encaminhar o produto ao 
estabelecimento adquirente, assim o faz, sem emitir 
nota fiscal. Ferro nela! Por conta disso, sofre auto de 
infração lavrado pela Secretaria de Fazenda do Rio 
de Janeiro, que faz o favor de aplicar multa à conduta 
negligente da empresa. Sendo a venda em questão 
imune ao ICMS, a empresa usa o argumento 
defensivo de que a obrigação acessória segue a sorte 
da principal, razão pela qual a não emissão de nota 
fiscal não implicaria em multa. Diante de tais 
premissas: 
a) Assiste razão à Distribuidora. Se a 
obrigação principal é isenta, igualmente isenta a 
obrigação acessória; 
Atualizações de Direito 
[19] 
 
b) Em Direito Tributário os conceitos de 
obrigação principal e obrigação acessória 
confundem-se; 
c) Não assiste razão à Distribuidora porque 
os conceitos de obrigação principal e obrigação 
acessória confundem-se; 
d) Não assiste razão à Distribuidora, haja 
vista que a extinção da obrigação principal não 
acarreta a automática extinção da obrigação 
acessória; 
e) Não assiste razão à Distribuidora porque a 
isenção afastou a obrigação acessória. 
Resposta: Alternativa D. No Direito Privado 
diz-se que o acessório segue o destino do principal 
(princípio da gravitação jurídica). Tal fenômeno não 
se aplica ao Direito Tributário. O que ocorre, com 
absoluta precisão, é que o descumprimento de uma 
obrigação acessória configura uma infração 
tributária, constituindo, outrossim, um fato gerador 
de uma multa. Descumprida uma obrigação 
acessória, ela não desaparece. Dá lugar a uma 
obrigação principal, qual seja, o pagamento de uma 
multa. 
 
QUESTÃO 6 
Atualizações de Direito 
[20] 
 
O Governo Federal, com fins arrecadatórios, 
através de Decreto aumentou a taxa de embarque nos 
aeroportos pelos passageiros com destino ao 
exterior. O contribuinte questionou a legalidade de 
tal conduta. 
Mediante o exposto na questão, conclui-se: 
a) O Governo Federal não poderia adotar tal 
medida, haja vista que as taxas não são da 
competência da União; 
b) O Governo Federal poderia ter adotado tal 
medida, pois a criação de taxa é da competência 
comum entre os entes federativos; 
c) O Governo Federal não violou o princípio 
da legalidade, já que a taxa já havia sido criada por 
lei; 
d) O Governo Federal ofendeu o princípio da 
legalidade tributária, haja vista que não só a criação, 
mas o aumento das taxas são temas afetos à lei; 
e) O Governo Federal não poderia ter 
aumentado o valor de taxa já existente, sob pena de 
ofensa ao princípio da anterioridade. 
Resposta: Alternativa D. Pela ocupação dos 
terrenos, edificações, bem como pelo exercício de 
qualquer atividade na área dos aeroportos e 
aeródromos públicos, pela sua utilização ou dos 
Atualizações de Direito 
[21] 
 
respectivos serviços e equipamentos são devidas as 
cobranças de taxas. As taxas, de fato, são de 
competência comum, ou seja, qualquer ente da 
federação poderá efetuar a cobrança. No caso 
concreto por nós idealizado, o decreto não está 
criando a taxa, posto que essa já foi criada por lei. 
Todavia, o decreto tem o condão de ofender, sim, o 
princípio da legalidade, pois a taxa, sendo um 
tributo, só pode ser aumentada por lei, e não por 
decreto - que guarda a natureza jurídica de ato 
infralegal. Trata-se da aplicação concreta do 
paralelismo de formas. O leitor deve se atentar que 
aqui não é um mero reajuste no valor da taxa de 
embarque. O reajuste, com base nos índices oficiais 
de correção monetária, é plenamente cabível e 
chancelado pelo Supremo Tribunal Federal. 
Reajuste, contudo, não se confunde com aumento do 
valor do tributo. 
O Supremo Tribunal Federal aplicou o 
raciocínio acima em um caso concreto envolvendo 
uma empresa têxtil catarinense, que questionou a 
legalidade de uma taxa (Siscomex), reajustada em 
percentual que exorbitava aquele definido no INPC 
(500%), com emblemática excessividade da base de 
cálculo, por portaria do Ministério da Fazenda. 
Trata-se da taxa de utilização do sistema integrado 
do comércio exterior. Índice de reajuste 
notoriamente superior à inflação. Nesta 
oportunidade o Supremo voltou a enfatizar que o 
reajuste da taxa por ato infralegal é possível, mas 
não pode ser um reajuste mascarado de aumento. 
Atualizações de Direito 
[22] 
 
Deve-se, pois, obedecer aos índices oficiais (INPC), 
de correção monetária já existentes. Confira o leitor 
trecho da decisão que foi analisada em tema de 
repercussão geral pela Suprema Corte, em maio de 
2020: 
 
1085 - Majoração de taxa tributária realizada por ato 
infralegal a partir de delegação legislativa e viabilidade de 
o Poder Executivo atualizar os valores fixados em lei, de 
acordo com percentual não superior aos índices oficiais de 
correção monetária. 
Relator: MINISTRO PRESIDENTE 
No mérito, sustenta que não discute a inconstitucionalidade 
da taxa, mas sim a majoração implementada mediante a 
Portaria MF nº 257/2011. Assim, argumenta que qualquer 
acréscimo de base de cálculo desse tributo estará pautado 
no aumento das despesas públicas que justificam as 
receitas auferidas. 
Afirma que o ato infralegal foi além das balizas legais, o 
que independe da fixação de critérios objetivos pela 
legislação ou do referido aumento ter ocorrido por ato 
normativo. 
Pugna, portanto, pelo afastamento por completo da 
majoração da taxa SISCOMEX levada a efeito pela 
portaria referida. 
Observo que o acórdão recorrido assentou a 
ilegalidade do reajuste da taxa de utilização do 
SISCOMEX promovido pela Portaria MF nº 257/2011 em 
variação superior à inflação, ficando restrita a legalidade 
da exigência ao reajuste de 131,60%, por sua vez 
correspondente à variação de preços, medida pelo INPC, 
entre janeiro de 1999 e abril de 2011. Observo que o 
acórdão recorrido assentou a ilegalidade do reajuste da 
Atualizações de Direito 
[23] 
 
taxa de utilização do SISCOMEX promovido pela Portaria 
MF nº 257/2011 em variação superior à inflação, ficando 
restrita a legalidade da exigência ao reajuste de 131,60%, 
por sua vez correspondente à variação de preços, medida 
pelo INPC, entre janeiro de 1999 e abril de 2011. Por 
conseguinte, o entendimento de que é possível o reajuste da 
base de cálculo da taxa SISCOMEX por índices oficiais de 
correção monetária tem sido aplicado em diversos julgados 
do STF: RE nº 1.226.823/RS-AgR, Segunda Turma, 
Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 10/12/19; RE nº 
1.199.014/RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Edson Fachin, DJe de 12/12/2019. 
QUESTÃO 7 
Juca Galinha propôs ação ordinária em face 
do Município de Bem Me Quer pleiteando a 
anulação do lançamento de contribuição de melhoria 
incidente sob o imóvel de sua propriedade, ao 
argumento de que o tributo foi instituído por medida 
provisória. Contestou a Fazenda Pública no sentido 
de que a Lei Orgânica do Município admite 
expressamente a edição de medida provisória pelo 
Chefe do Executivo local. 
Diante de tais premissas: 
a) O auto de lançamento deve ser anulado, 
pois é vedado ao Poder Executivo dispor, através de 
medidaprovisória, acerca da contribuição de 
melhoria, pois não estão presentes os requisitos 
configuradores da medida provisória, quais seja, a 
relevância e urgência; 
Atualizações de Direito 
[24] 
 
b) É vedada a edição de medida provisória 
pelo Chefe do Executivo local; 
c) O lançamento é ato administrativo 
insuscetível de anulação; 
d) O não pagamento da contribuição de 
melhoria implicaria enriquecimento ilícito ao 
contribuinte, visto que beneficiou-se da obra 
pública; 
e) A contribuição de melhoria não se revela 
possível, mas o contribuinte deve pagar imposto ao 
Fisco pela referida obra. 
Resposta: Alternativa A. É plenamente 
possível a cobrança de tributo por medida 
provisória, muito embora, no caso concreto, restou 
incabível a edição de medida provisória, a fim de 
criar o respectivo tributo. Isso porque os requisitos 
de relevância e urgência são, por si mesmos, 
incompatíveis com a demora de uma obra pública. 
Tal entendimento restou consagrado pelo Supremo 
Tribunal Federal, no bojo da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 162, a qual remetemos o leitor 
para uma análise mais aprofundada do tema. Confira 
o leitor abaixo: 
 
Medida Provisória: Requisito de Urgência 
Por unanimidade, o Tribunal deferiu medida cautelar em ação 
direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil - OAB, para suspender a eficácia do art. 
Atualizações de Direito 
[25] 
 
4º e seu parágrafo único, da MP nº 1.632-11/98 ("O direito de 
propor ação rescisória por parte da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios, bem como das autarquias e 
das fundações instituídas pelo Poder Público extingue-se em 
cinco anos, contados do trânsito em julgado da decisão. 
Parágrafo único - Além das hipóteses referidas no art. 485 do 
Código de Processo Civil, será cabível ação rescisória quando 
a indenização fixada em ação de desapropriação, em ação 
ordinária de indenização por apossamento administrativo ou 
desapropriação indireta, e também em ação que vise a 
indenização por restrições decorrentes de atos do Poder 
Público, em especial aqueles destinados à proteção ambiental, 
for flagrantemente superior ao preço de mercado do bem objeto 
da ação judicial."). O Tribunal reconheceu, excepcionalmente, 
a ofensa aparente ao art. 62, caput, da CF, ("Em caso de 
relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar 
medidas provisórias, ..."), pela falta de urgência necessária à 
edição da Medida Provisória impugnada. Considerou-se 
também relevante a tese de ofensa aos princípios da isonomia 
e do devido processo legal, pela disparidade entre o prazo de 5 
anos de que dispõe o Estado para o ajuizamento de ação 
rescisória em face do prazo decadencial de 2 anos previsto para 
o particular (CPC, art. 495). Precedente citado: ADInMC 162-
DF (DJU de 19.9.97) . 
ADInMC 1.753-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 16.4.98. 
 
QUESTÃO 8 
Ribamar Goiaba é homem letrado. Gosta de ler 
e difundir a cultura. Montou faz pouco tempo um 
negócio próprio, qual, seja, uma editora de livros e 
fascículos. Em sua atividade, Goiaba comercializa 
livros impressos e digitais (e-books). Ao final do 
mês, quando do momento de prestação de contas 
Atualizações de Direito 
[26] 
 
com o “amigo” Leão (Fisco), o editor deparou-se 
com a cobrança, por parte do Fico Estadual de 
ICMS, no tocante a comercialização dos livros 
eletrônicos pela editora. Resolveu pagar para depois 
discutir. Desta feita, judicializou a questão. Em peça 
vestibular da ação de repetição de indébito, Goiaba 
argumentou que o conceito de livro deve ser 
entendido em sentido amplo, com suportes diversos, 
como um mecanismo e incentivo a difusão da 
cultura. Citou que, inclusive, no passado, 
utilizavam-se lascas de madeira da árvore como 
exteriorizações do pensamento. Em contrapartida, o 
Fisco Estadual usou como argumento defensivo a 
interpretação literal da norma insculpida no artigo 
150, VI, d da CRFB/88, que, ao fazer menção a 
imunidade no tocante ao livro, não contempla o livro 
eletrônico, mas tão somente o suporte em papel. 
Diante de tal contexto analise as assertivas abaixo: 
A) Não assiste razão ao postulante, pois as 
normas que disciplinam a imunidade 
tributária devem ser interpretadas 
restritivamente; 
B) O legislador constituinte ao não especificar o 
tipo de imunidade incidiu em silêncio 
eloquente e, portanto, incabível 
interpretação ampliativa sobre o tema; 
C) Sob o prisma dos métodos hermenêuticos 
sistemático e finalista, o Supremo Tribunal 
Federal, apregoou que as imunidades estão 
revestidas sob o manto de valores e 
princípios que exigem do interpreto um olhar 
Atualizações de Direito 
[27] 
 
mais detalhado acerca da finalidade da 
norma, o que, por si só, abarca o livro em 
suporte físico ou não, sendo, pois, extensivas 
aos livros eletrônicos e acessórios; 
D) A imunidade é tema afeto ao legislador 
constituinte, não podendo tal tema ser 
decidido pelo poder judiciário, sob pena de 
afronta ao princípio da separação de poderes; 
E) Tal imunidade não poderá ser concedida, 
pois não fora prevista em lei complementar. 
 
Resposta. Alternativa C. Instado a pronunciar-
se sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal não só 
apreciou, como sumulou o tema. Analisando as 
razões do julgado extraímos as seguintes premissas: 
Já se foi o tempo em que o medo de exteriorização 
do pensamento era punido com prisões e mortes. 
Com o fim do Estado Novo e da censura, o ser 
humano experimentou o processo de formação 
cultural indene de manipulações. O corpo físico da 
obra é de somenos importância, desde que haja a 
difusão do valor nela refletido. Com tal pensar o 
Supremo Tribunal Federal, em meados de abril do 
ano de 2020, editou a seguinte Súmula Vinculante: 
 
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da 
CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no 
mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes 
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de 
livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam 
funcionalidades acessórias. 
STF. Plenário. Aprovada em 15/04/2020. 
 
Atualizações de Direito 
[28] 
 
 
QUESTÃO 9 
Vicente Carrancudo parecia homem 
sistemático. Muito bravo com a esposa e filhos, no 
fundo, escondia o seu lado devasso. Professor de 
matemática, por vinte e cinco anos, não conseguia 
disfarçar a satisfação quando se deparava com um 
decote mais ousado de uma aluna da faculdade, em 
que ministrava aulas. Eis que, dia desses, não se 
conteve mesmo. Aproveitou-se da inocência de 
Kátia Pureza. No dia da entrega das provas e 
lançamento das notas no diário, o professor, sem que 
ninguém visse, passou a mão sobre os seios da aluna, 
por fora e dentro da roupa da moça, com a seguinte 
fala: "sua nota comigo pode melhorar!" Como se 
matemática já não fosse um calo no sapato para 
Kátia, agora ainda tinha que conviver com as 
investidas e olhar pidão do mestre "tarado". Levando 
a questão ao reitor, que fez " vista grossa" e nada 
adiantou, Kátia judicializou a questão. Diante de tal 
cenário: 
a) Carrancudo foi condenado pelo crime de 
assédio sexual, nos termos do art. 216, A do C; 
b) o crime de assédio sexual exige 
ascendência funcional, derivada de uma relação 
empregatícia, o que não se revela no presente caso; 
Atualizações de Direito 
[29] 
 
c) Não há previsão legal acerca do assédio 
sexual cometido por professor, razão pela qual 
eventual condenação ofenderia o princípio da 
reserva legal; 
d) O tipo legal pertinente ao assédio sexual 
é tipo aberto, abarcando qualquer relação 
hierárquica, de qualquer nível; 
e) Não há que se falar em assédio sexual, 
tendo em vista que a aluna usou decote provocativo. 
Resposta: Alternativa A. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça, no Informativo 658, no ensinou o seguinte: 
É preciso dar aoART. 216, A do Código Penal uma 
interpretação teleológica, no sentido de considerar 
que a relação aluno-mestre alcança a autoridade 
fraternal. O professor, presente na vida dos alunos 
de todas as idades, é exemplo de conduta, guia para 
a formação cidadã e profissional do ser humano, 
razão pela qual a expressão "ascendência" contida 
no tipo, ART. 216, A do Código Penal não se limita 
a relação empregatícia. Observe o leitor que, aqui, 
não há ofensa ao princípio da reserva legal, mas 
interpretação, quanto ao modo, de um tipo penal já 
existente! Confira o leitor o teor da ementa referente 
ao julgado acima versado: 
EMENTA 
RECURSO ESPECIAL1759.135. ASSÉDIO SEXUAL. 
ART. 216-A, § 2º, DO CP. SÚMULA N. 7 DO STJ. NÃO 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003933/artigo-216a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
Atualizações de Direito 
[30] 
 
APLICAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA. HARMONIA 
COM DEMAIS PROVAS. RELAÇÃO PROFESSOR-
ALUNO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL 
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Insere-se no tipo penal 
de assédio sexual a conduta de professor que, em ambiente 
de sala de aula, aproxima-se de aluna e, com intuito de 
obter vantagem ou favorecimento sexual, toca partes de 
seu corpo (barriga e seios), por ser propósito do legislador 
penal punir aquele que se prevalece de sua autoridade 
moral e intelectual – dado que o docente naturalmente 
suscita reverência e vulnerabilidade e, não raro, alcança 
autoridade paternal – para auferir a vantagem de 
natureza sexual, pois o vínculo de confiança e admiração 
criado entre aluno e mestre implica inegável 
superioridade, capaz de alterar o ânimo da pessoa 
constrangida. 4. É patente a aludida "ascendência", em 
virtude da "função" desempenhada pelo recorrente – 
também elemento normativo do tipo –, devido à 
atribuição que tem o professor de interferir diretamente 
na avaliação e no desempenho acadêmico do discente, 
contexto que lhe gera, inclusive, o receio da reprovação. 
Logo, a "ascendência" constante do tipo penal objeto 
deste recurso não deve se limitar à ideia de relação 
empregatícia entre as partes. Interpretação teleológica 
que se dá ao texto legal. 
QUESTÃO 10 
Zé Pimenta não se emendava. Namorador 
como ele só, vivia entrando em "gelada" para bancar 
o galanteador. Eis que furtou um perfume 
importado para Josefina, e fora, por conta disso, 
condenado por furto. Após a condenação, meses 
depois, resolveu namorar Lindalva, e, dessa vez, 
selando o amor com um beijo de cinema, furtou uma 
bala de caramelo, que, romanticamente, dividiu 
Atualizações de Direito 
[31] 
 
entre os lábios de sua amada. Levando-se em 
consideração que Zé Pimenta já havia sido 
condenado por furto, e já configurada a reincidência, 
conclui-se: 
a) que a reincidência, por si mesma, é 
incompatível com princípio da insignificância, ante 
a reprovabilidade social da conduta; 
b) reincidência implica em personalidade 
voltada ao crime, incompatível com o princípio da 
insignificância; 
c) A reincidência afasta a tipicidade da 
conduta; 
d) A reincidência, por si só, não impede o 
reconhecimento do princípio da insignificância, mas 
quando a conduta social se revelar desfavorável, o 
juiz pode substituir a pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos; 
e) A reincidência é incompatível com as 
penas restritivas de direitos, em qualquer situação. 
Resposta: Alternativa D. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Supremo Tribunal 
Federal, no Informativo 938, nos ensinou o seguinte: 
A reincidência, por si só, não é causa obstativa ao 
reconhecimento do princípio da insignificância, mas 
cabe ao magistrado avaliar se a aplicação do 
princípio é socialmente adequada e, não o sendo, 
Atualizações de Direito 
[32] 
 
substituir a pena de prisão por restritivas de direitos. 
No caso concreto levado à apreciação da Corte 
Superior, essa não aplicou o princípio da 
insignificância para fins de excluir a tipicidade 
material da conduta e, sim, para alterar o regime de 
cumprimento da pena. Dessa forma, criou uma 
exceção jurisprudencial à regra do Art. 33, § 2°, c do 
Código Penal, de maneira a permitir o cumprimento 
da pena em regime aberto aos condenados 
reincidentes, quando os fatos objeto de julgamento 
revelarem a incidência, no caso concreto, do 
princípio da insignificância. 
Confira o leitor a ementa do julgado acima relatado: 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa 
reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos 
elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso 
concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base 
nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta 
hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a 
circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins 
de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não 
absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma 
exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, 
com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª 
Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ 
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 
938). 
QUESTÃO 11 
Ricardo Gambá, Lucas Formiga, Joaquim 
Barriga e Apolinário Boquinha são quatro amigos, 
Atualizações de Direito 
[33] 
 
no tráfico e na vida. Presos em flagrante delito por 
tráfico de drogas, integram uma organização 
criminosa famosa, na localidade em que residem. O 
grande problema (e, para eles, a solução!) é que, 
todos, são pessoas muito bem relacionadas, fato esse 
que facilita e muito a difusão dos entorpecentes. 
Nem a cadeia foi capaz de segregar o quesito 
comunicação. A imobilidade física, reduzida em 
grades, em nada afetou a mobilidade informacional. 
São aqueles bolos com recheio de celulares, é o 
presidiário amigo mais antigo que sempre tem um 
celular guardado para oferecer, ou mesmo aquele 
agente penitenciário que recebe um "agrado" e 
agrada, fornecendo, para tanto, um celular. Não se 
sabe ao certo como os celulares chegam às 
penitenciárias. Mas... Que chegam, chegam! Pois 
bem! Um dia o telhado penitenciário caiu. Eis que o 
diretor do presídio surpreendeu o quarteto 
realizando grandes negociações de venda de droga 
para o mundo a fora, justo por tais aparelhos 
celulares, que chegaram, sem procedência de 
destino. E fato: Os quatro organizavam toda a 
dinâmica da associação pelo telefone. A 
consequência jurídico-penal desse cenário foi o 
aumento da pena de cada qual em 2/3, na forma do 
ART. 40, III da Lei 11.343/06. Irresignados, 
apresentaram resistência, ao argumento de que as 
drogas, objeto do crime, não passaram por dentro do 
presídio, lugar a que se visa dar proteção. Diante de 
tal cenário: 
Atualizações de Direito 
[34] 
 
a) O aumento da pena não se justifica, já que 
a droga não circulou pelo estabelecimento; 
b) O aumento só se justificaria se alguém 
dentro do presídio tivesse adquirido a droga; 
c) O aumento se justifica tendo em vista que 
o crime de tráfico foi praticado dentro do presídio, 
através de contato telefônico, produzindo efeitos 
externos; 
d) O aumento não se justifica porque não foi 
colocado em risco a segurança dos detentos; 
e) O aumento não se justifica porque não foi 
colocado em risco a segurança do Estado. 
Resposta: Alternativa C. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça, no Informativo 659 nos revelou o seguinte: 
O art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006 dispõe que as 
penas previstas nos arts. 33 a 37 da Lei (e, aqui, 
incluso o crime de tráfico) são aumentadas de um 
sexto a dois terços se a infração tiver sido cometida 
nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais. Havendo a inclusão dos 
autores do crime no sistema penitenciário, não pode 
afastar a conclusão queos seus atos foram praticados 
no interior do presídio: relação de causa e efeito, 
pouco importando se a droga circulou lá dentro, já 
que o reflexo de seus atos projetaram-se por 
quilômetros de distância. Logo, por ser crime de 
Atualizações de Direito 
[35] 
 
perigo abstrato, a saúde pública foi exposta da 
mesma forma! Confira o leitor a ementa do julgado 
acima narrado: 
Tráfico de drogas. Crime praticado em presídio por meio 
de telefone. Art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006. 
Majorante. Incidência. Tráfico de drogas. Crime praticado 
em presídio por meio de telefone. Art. 40, inciso III, da Lei 
n. 11.343/2006. Majorante. Incidência. Não é necessário 
que a droga passe por dentro do presídio para que incida a 
majorante prevista no art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006. O 
art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006 dispõe que as penas 
previstas nos arts. 33 a 37 da Lei são aumentadas de um 
sexto a dois terços se a infração tiver sido cometida nas 
dependências ou imediações de estabelecimentos 
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades 
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou 
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos 
onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer 
natureza, de serviços de tratamento de dependentes de 
drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou 
policiais ou em transportes públicos. No caso, parte dos 
acusados de integrar associação criminosa que 
movimentava grandes volumes de entorpecentes entre 
estados diversos da federação estavam presos e 
organizavam a dinâmica da quadrilha por meio de 
telefones celulares possuídos clandestinamente. Assim, em 
estando os autores dos crimes incluídos no sistema 
penitenciário, não se pode afastar a conclusão de que seus 
atos foram praticados no interior do presídio, ainda que os 
efeitos destes atos tenham se manifestado a quilômetros de 
distância. O inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 não 
faz a exigência de que as drogas, objeto do crime, 
efetivamente passem por dentro dos locais que se busca dar 
maior proteção, mas apenas que o cometimento dos crimes 
tenha ocorrido em seu interior. 
Atualizações de Direito 
[36] 
 
QUESTÃO 12 
Anastácio Azedo é servidor público 
municipal da prefeitura de Xodó do Leste faz mais 
de trinta anos. Nutre o desejo e a ambição de tornar-
se prefeito. Sabedor que o Sr. Serafim do Anjos, 
atual prefeito pretende candidatar-se nas próximas 
eleições, o servidor "fura olho" planta na prefeitura, 
entre os colegas servidores, a notícia que o prefeito 
comete fraudes na merenda escolar e irregularidades 
nas licitações. Seu desejo mesmo é jogar o nome do 
Prefeito na lama e, com isso, impedir o 
administrador municipal de concorrer nas próximas 
eleições. Não se contentando em espalhar a fofoca 
na prefeitura, Anastácio leva a conversa fiada para a 
rádio comunitária. Ato contínuo, Anastácio divulga 
em seu perfil das redes sociais que para moralizar o 
município irá se candidatar nas próximas eleições. 
Concluídas as investigações, realizadas com 
autorização do Tribunal de Justiça, o parquet conclui 
que não havia justa causa para o oferecimento da 
denúncia e, de imediato, verificou a 
responsabilidade do Sr. Anastácio, o invejoso, que 
movimentou desnecessariamente a máquina estatal. 
Diante de tal cenário: 
a) O MP denunciará Anastácio pelo crime de 
denunciação caluniosa do CP, já que inexistente tipo 
penal similar na legislação eleitoral; 
Atualizações de Direito 
[37] 
 
b) No caso, aplica-se o princípio da 
insignificância, já que não adveio nenhum prejuízo 
efetivo ao prefeito; 
c) No caso, aplica-se o princípio da 
insignificância, já que não adveio nenhum prejuízo 
efetivo ao Erário; 
d) Anastácio poderá ser denunciado pelo 
crime de denunciação caluniosa eleitoral devido ao 
dolo específico que demonstrou com a sua conduta; 
e) O crime de denunciação caluniosa 
eleitoral possui penas superiores ao crime de 
denunciação caluniosa do CP. 
Resposta: Alternativa D. O "língua de trapo" 
é denunciado pelo crime de denunciação caluniosa 
eleitoral. Não se sustenta a alegação de não estava " 
de olho" no cargo do Prefeito, que só repetiu o que 
ouviu dizer (com isso querendo afastar o dolo 
específico de finalidade eleitoral. A sua mídia social 
fala por si só. Atente o leitor para um detalhe de 
suma importância: Aqui, de acordo com a Lei 
13.834/19, o fofoqueiro não é punido tão só pelo " 
leva e traz", mas por ter sido o protagonista de 
violação direta de um bem jurídico eleitoral, qual 
seja, a liberdade do exercício de voto. Pune-se o 
"boca de Matilde" para assegurar a preservação do 
modelo democrático e, assim, garantir ao cidadão o 
seu direito fundamental de quarta dimensão. A 
questão não revela nenhum julgado estampado nos 
Atualizações de Direito 
[38] 
 
informativos, mas traz ao leitor o conhecimento de 
uma lei recente, qual seja, a lei 13.834/19, de suma 
importância para fins de atualizações. 
QUESTÃO 13 
Joaquim das Nuvens era o rei da pirataria. 
Empresário do comércio informal era conhecido por 
não deixar " ninguém na mão". Só não vendia a sua 
falecida mãezinha porque Deus a levou antes. 
Dentre as suas atividades, a principal, era vender 
internet pirata. Em outras palavras, comercializava 
ilegalmente internet via rádio. Preso em flagrante 
pelo delito do ART. 183 da Lei 9.472/97, no 
momento em que instalava a torre a um dos seus 
clientes, Joaquim impetrou habeas corpus, ao 
argumento de que a sua conduta seria atípica tendo 
em vista que o equipamento de rádio comercializado 
era de utilização restrita, de modo que não realizava, 
por si só, atividade de telecomunicação 
propriamente dita. Invocou, ainda, o princípio da 
insignificância, já que possuía poucos clientes. Em 
contrapartida, o Ministério Público Federal 
denunciou Joaquim pelo crime do ART. 183 da Lei 
9.472/97 - haja vista que o provedor de acesso à 
internet desenvolve dois serviços, quais sejam, um 
serviço de telecomunicações (comunicação 
multimídia) e um serviço adicionado (conexão com 
a internet). Diante de tal cenário: 
a) O fato é típico porque o valor adicionado 
está agregado ao serviço de telecomunicação; 
Atualizações de Direito 
[39] 
 
b) O fato é típico devido ao fato de se 
criminalizar uma atividade clandestina; 
c) O valor adicionado prevalece sobre a 
atividade de telecomunicações, razão pela qual deve 
ser reconhecida a atipicidade da conduta; 
d) A atividade de telecomunicações 
prepondera sobre o valor adicionado, razão pela qual 
a conduta é atípica; 
e) A atividade de telecomunicações 
prepondera sobre o valor adicionado, razão pela qual 
a conduta é típica. 
Resposta por nós ofertada: Alternativa C. 
Instado a pronunciar-se sobre o tema o Supremo 
Tribunal Federal, em sede de habeas corpus, nos 
revelou o seguinte: A discussão cinge-se a 
preponderância da atividade exercida e, se o valor 
adicionado, por si só excluiria a atividade de 
telecomunicação, bem como a lesão ao bem jurídico 
decorrente de tal atividade. A matéria não é pacífica 
dentro do próprio STF. Para parte dos Ministros, o 
ART. 183 da Lei 9472/97 engloba tanto o valor 
adicionado como a telecomunicação. Denota crime 
formal, o que prescinde do efetivo prejuízo. De outra 
banda, outros Ministros entendem que a oferta de 
serviço de internet não pode ser considerada 
atividade clandestina, já que revestida de valor 
adicionado. O que houve foi um empate na votação 
no caso concreto e, sabemos, quando há empate na 
Atualizações de Direito 
[40] 
 
votação prevalece a decisão mais favorável ao 
paciente. Nas palavras do Ministro Marco Aurélio: " 
O serviço de internet é serviço de valor adicionado, 
não constituindo serviço de telecomunicação, 
classificando-se o provedor como usuário do serviço 
que lhe dá suporte, com os direitose deveres 
inerentes a essa condição. O artigo 183 da lei define 
o crime de atividade clandestina jungindo-o às 
telecomunicações". Logo, o STF deu uma 
interpretação restritiva ao dispositivo legal acima 
citado, prevalecendo, assim, o valor adicionado 
(conduta atípica) sobre a atividade de 
telecomunicação por ser aquele a atividade fim. 
Confira o leitor a ementa do julgado acima versado: 
Decisão : HC 127978. 
Submete-se ao princípio da legalidade estrita. 
SERVIÇO DE INTERNET – ARTIGO 183 DA LEI Nº 
9.472/1997. A oferta de serviço de internet não é passível de 
ser enquadrada como atividade clandestina de 
telecomunicações – inteligência do artigo 183 da Lei nº 
9.472/1997. 
QUESTÃO 14 
A escola de samba As Virgens do 
Formigueiro é tida, por muitos, como sendo de puro 
glamour. Não economiza em suas alegorias. 
Guardando em si a natureza jurídica de associação 
civil, sem fins lucrativos, através de contrato de 
gestão, firmou um termo de parceria com o Poder 
Público, com dupla troca, ou seja, recebe subsídio 
Atualizações de Direito 
[41] 
 
do Poder Público e patrocínio de empresas. Em 
contrapartida, fomenta o turismo, viabilizando uma 
das maiores festas culturais do planeta: o carnaval. 
Pois bem... Assim é... Contudo, as Virgens do 
Formigueiro gostam de arrecadar, mas não são fãs 
em pagar as contas. Eis que a escola de samba se 
aproveitou da prestação de serviços do Carnavalesco 
Sr. Manoel Espada, mas não o remunerou pelos 
serviços prestados. Ele investiu o seu tempo e mão 
de obra. Acabou o carnaval e ele saiu de mãos 
vazias. Inconformado, Espada judicializou a 
questão. O resultado foi a penhora da verba pública 
recebida pela escola de samba. Inconformada, a 
escola de samba bateu às portas do STJ, ao 
argumento de que o carnaval é manifestação cultural 
e símbolo da educação no Brasil. Invocou o ART. 
833, I e IX do CPC - no que toca a 
impenhorabilidade dos recursos públicos para 
instituições privadas, no que diz respeito a educação; 
bem como o ART. 35 da Lei 13.019/14 - que prevê 
que os materiais e equipamentos adquiridos com os 
recursos provenientes da parceria são inalienáveis. 
Diante de tais considerações: 
a) A penhora foi ilícita, pois o carnaval, 
como bem cultural, é patrimônio impenhorável; 
b) A penhora foi ilícita, pois a cultura faz 
parte da educação do povo brasileiro; 
c) A penhora foi ilícita, pois a escola de 
samba mantém-se com verba pública; 
Atualizações de Direito 
[42] 
 
d) A penhora foi lícita, haja vista que o 
carnaval não é abarcado pela educação e o que não 
se pode penhorar são equipamentos adquiridos com 
a verba pública, e não a verba pública em si; 
e) A penhora foi válida porque a educação é 
bem penhorável. 
Resposta: Letra D. Instado a pronunciar-se 
sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça, no 
Informativo 660, nos ensinou o seguinte: A 
interpretação quanto a impenhorabilidade é 
restritiva. Se o produto do investimento dos recursos 
públicos é impenhorável, não se pode dizer o mesmo 
dos recursos em si. A lei não veda a 
impenhorabilidade quanto as verbas recebidas. É 
inquestionável o valor social, cultural, histórico e 
turístico do carnaval brasileiro. Contudo, tal 
reconhecimento, por si só, não conduz ao fomento à 
educação e assistência social. Nas palavras da 
Ministra Nancy Andrighi : "As escolas de sambas 
devem sim, como todo brasileiro, pagar as suas 
contas", classificando de terrorista o argumento de 
que a penhora inviabilizaria o Carnaval. Confira o 
leitor a ementa do julgado acima citado: 
São penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a 
título de parceria público-privada com a administração 
pública. A situação NÃO se enquadra na hipótese do art. 
833, IX, do CPC: Art. 833. São impenhoráveis: (...) IX - os 
recursos públicos recebidos por instituições privadas para 
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência 
social; STJ. 3ª Turma. REsp 1.816.095-SC, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660). São 
Atualizações de Direito 
[43] 
 
penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a 
título de parceria público-privada com a administração 
pública. A situação NÃO se enquadra na hipótese do art. 
833, IX, do CPC: Art. 833. São impenhoráveis: (...) IX - os 
recursos públicos recebidos por instituições privadas para 
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência 
social; STJ. 3ª Turma. REsp 1.816.095-SC, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660). 
 
QUESTÃO 15 
Alírio Perninha era latifundiário famoso lá 
pelas bandas do Mato Grosso. Estava apurrinhado 
porque uma de suas propriedades fora invadida 
pelos agricultores rurais sem terra, integrantes do 
MST. As famílias estavam se reproduzindo entre si 
no local, e o mesmo acontecendo com a plantação. 
Pois bem... Como se não bastasse, o Estado instalou 
uma escola e um posto de saúde no local. Aquilo era 
demais para ele: agora o Poder Público, ao não coibir 
o esbulho possessório, apoia os "sem terra", dizia 
ele. E, na sua visão, como quem cala consente, o 
Poder Público também figurava como esbulhador. 
Judicializou a questão. Perninha propôs uma 
demanda indenizatória em face do Poder Público por 
desapropriação indireta, ao argumento de que o 
Poder Público estaria praticando um ato ilícito ao 
apossar-se do seu imóvel, sem pagar-lhe qualquer 
tipo de indenização por isso. Analisando o contexto 
acima, podemos afirmar: 
Atualizações de Direito 
[44] 
 
a) O Poder Público, ao não coibir o esbulho, 
praticou ato ilícito consubstanciado na 
desapropriação indireta; 
b) O Poder Público não agiu corretamente, 
pois os serviços públicos não se compatibilizam com 
atos ilícitos; 
c) O Poder Público está ratificando atos 
ilícitos de terceiros; 
d) O Poder Público está impedido de prestar 
saúde e educação, pois deve respeito ao princípio da 
reserva do possível; 
e) O Poder Público não desapropriou a 
propriedade do particular. Os atos ilícitos praticados 
por terceiros não impede o Poder Público de garantir 
o mínimo existencial. 
Resposta: Alternativa E. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça, no Informativo 660, nos revelou o seguinte: 
Não vamos aqui nos comportar como camaleões 
normativos, fingindo que não estamos vendo o 
déficit de concretização dos direitos fundamentais 
de segunda dimensão, os direitos prestacionais. O 
local não apresenta qualquer infraestrutura de saúde, 
educação, higiene e urbanização. Como deixar a 
população a míngua de direitos básicos? O esbulho, 
por si só, não tem o condão de obrigar o Poder 
Público a fingir-se de morto para a realidade fática, 
Atualizações de Direito 
[45] 
 
de uma situação já consolidada e irreversível. Mas 
com isso não se quer dizer que Poder Público seja 
um esbulhador ao quadrado. O esbulho foi 
ocasionado exclusivamente por particulares. A 
prestação de serviços públicos pelo Poder Público, 
diversamente da desapropriação indireta, é baseada 
em ato lícito, amparado por um mandamento 
constitucional de oferta de saúde pública, ensino e 
urbanização local. Em outras palavras, o Estado 
concretiza direitos de segunda dimensão como 
forma de garantir o mínimo existencial para as 
famílias e para os agricultores sem terra, e, pouco 
importa se possuem ou não razão por terem 
esbulhado a propriedade de Perninha. Primeiro o ser. 
É essa a essência! Para sermos fiéis ao julgado 
exarado pela Corte Cidadã reproduzimos o teor de 
sua ementa. Confira o leitor: 
Não se imputa ao Poder Público a responsabilidade 
integral por alegada desapropriação indireta quando, em 
gleba cuja ocupação por terceiros apresenta situação 
consolidada e irreversível, limita-se a realizar serviços 
públicos de infraestrutura, sem que tenha concorrido para 
o esbulho ocasionado exclusivamente por particulares. 
Assim, na medida emque o Poder Público não pratica o ato 
ilícito denominado “apossamento administrativo” nem, 
portanto, toma a propriedade do bem para si, não deve 
responder pela perda da propriedade em desfavor do 
particular, ainda que realize obras e serviços públicos 
essenciais para a comunidade instalada no local. STJ. 2ª 
Turma.REsp 1.770.001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell 
Marques, julgado em 05/11/2019 (Info 660) Não se imputa 
ao Poder Público a responsabilidade integral por alegada 
desapropriação indireta quando, em gleba cuja ocupação 
Atualizações de Direito 
[46] 
 
por terceiros apresenta situação consolidada e irreversível, 
limita-se a realizar serviços públicos de infraestrutura, sem 
que tenha concorrido para o esbulho ocasionado 
exclusivamente por particulares. Assim, na medida em que 
o Poder Público não pratica o ato ilícito denominado 
“apossamento administrativo” nem, portanto, toma a 
propriedade do bem para si, não deve responder pela 
perda da propriedade em desfavor do particular, ainda 
que realize obras e serviços públicos essenciais para a 
comunidade instalada no local. STJ. 2ª Turma.REsp 
1.770.001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
julgado em 05/11/2019 (Info 660). Grifos nossos! 
 
QUESTÃO 16 
Aline Envertebrada era mulher de bandido, 
literalmente falando! Casada com André Tomate já 
tinha o complexo penitenciário Frei Caneca, como 
segunda casa. Eis que seu digníssimo esposo estava 
preso por tráfico de drogas. Em suas visitas íntimas, 
além do amor, Aline ainda levava drogas para o 
marido. Assim o fazia escondendo o entorpecente, 
em seus órgãos genitais. Mas Aline era moça bonita. 
De muitos fãs, alguns até ressentidos. Um deles, 
Serafim Maligno, a fim de vingar-se pelo desprezo 
da amada, denunciou a entrega de drogas de Aline 
ao marido, e, assim o fez através de telefonema 
anônimo para a polícia. Afinal, dizia Serafim:" se 
não for minha não será de mais ninguém"! E, assim, 
antes mesmo que a droga fosse entregue, a polícia, 
Atualizações de Direito 
[47] 
 
já aguardando a sua chegada, efetuou a sua prisão 
em flagrante. Diante de tais fatos: 
a) A prisão em flagrante de Aline foi válida, 
pois as visitas íntimas são constitucionais; 
b) A prisão de Aline foi válida, pois a visita 
íntima visa a segurança de quem está dentro e fora 
do presídio; 
c) A prisão em flagrante foi válida, embora 
baseada em denúncia anônima, pois as 
irregularidades do inquérito não contaminam a ação 
penal; 
d) A prisão em flagrante de Aline foi ilegal e 
deve ser relaxada, pois baseada em denúncia 
anônima; 
e) A prisão em flagrante de Aline foi 
inválida, pois violou o contraditório. 
Resposta: Alternativa D. Instado a 
manifestar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça, no Informativo 659 nos revelou o seguinte: 
A prova obtida através de denúncia anônima, 
oriunda de visita íntima, sem que fossem realizadas 
investigações preliminares, é revestida de ilicitude. 
Deixando de lado a questão de saber se a visita 
íntima viola a dignidade humana, fato é que existe 
sim a necessidade de se controlar a entrada de 
produtos proibidos nos presídios, para a segurança 
Atualizações de Direito 
[48] 
 
de quem está lá e de quem está fora. Contudo, no 
caso em apreço a denúncia anônima não embasa as 
fundadas suspeitas para a realização daquela revista 
íntima em específico. Entendeu o STJ que o ato da 
acusada expor a sua cavidade vaginal violou a sua 
imagem e honra, ainda que levada em consideração 
a boa fé dos policiais. Deveriam, sim, antes de expor 
o corpo da acusada, efetuarem investigações 
preliminares, a fim de colherem as fundadas 
suspeitas. Se tal não ocorreu, os fins não justificam 
os meios. No juízo de ponderação entre a segurança 
pública e o direito à intimidade, o STJ optou pelo 
segundo valor. Para sermos fiéis ao julgado do 
Superior Tribunal de Justiça reproduzimos, aqui, o 
teor de sua ementa. Confira o leitor: 
Não é necessário que a droga passe por dentro do presídio 
para que incida a majorante prevista no art. 40, III, da Lei 
nº 11.343/2006. Esse dispositivo não faz a exigência de que 
as drogas efetivamente passem por dentro dos locais que se 
busca dar maior proteção, mas apenas que o cometimento 
dos crimes tenha ocorrido em seu interior. STJ. 5ª Turma. 
HC 440.888-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
15/10/2019 (Info 659) Não é necessário que a droga passe 
por dentro do presídio para que incida a majorante 
prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006. Esse 
dispositivo não faz a exigência de que as drogas 
efetivamente passem por dentro dos locais que se busca dar 
maior proteção, mas apenas que o cometimento dos crimes 
tenha ocorrido em seu interior. STJ. 5ª Turma. HC 
440.888-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
15/10/2019 (Info 659). 
 
Atualizações de Direito 
[49] 
 
QUESTÃO 17 
Juca Açafrão era fazendeiro influente na 
região sul do Brasil. Candidatou-se no ano de 2009 
a Prefeito de Não - Me - Toque. Eis que durante a 
sua campanha política valeu-se da presença de 
policiais militares e de viaturas policiais para a 
segurança dos eventos políticos que realizava. 
Detectada a utilização de bem público em 
campanha, tal uso irregular de veículos, por 
conseguinte, ensejou a sua condenação por abuso do 
poder econômico ou político, em Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral. Pois bem...Na época, 
ainda não vigorava a Lei da Ficha Limpa, e, assim, 
o "castigo" de Açafrão foi dado pelo ART.1°, I, d da 
LC 64/90, qual seja, a inelegibilidade pelo prazo de 
três anos. No ano de 2010 houve o trânsito em 
julgado de tal decisão e, ato contínuo, o 
cumprimento do prazo de três anos de 
inelegibilidade. Eis que no ano de 2016 Açafrão 
volta com a corda toda. Tentou concorrer novamente 
ao cargo de Prefeito, mas deu com os burros n'água. 
Teve o seu registro de candidatura cassado por 
aplicação da Lei da Ficha Limpa. Diante de tal 
situação: 
a) o prazo da Lei Complementar 64/90 - três 
anos - não pode ser estendido pelo prazo da Lei da 
Ficha Limpa - oito anos, por fatos anteriores 
cometidos antes da vigência da Lei da Ficha Limpa, 
sob pena de retroatividade maléfica; 
Atualizações de Direito 
[50] 
 
b) Caso fosse admitida a retroatividade 
haveria burla à autoridade da coisa julgada, o que 
acarretaria em grave insegurança jurídica; 
c) Tal prazo de inelegibilidade teria natureza 
sancionatória; 
d) A Lei da Ficha Limpa não é aplicada, pois 
tem natureza puramente administrativa e não penal; 
 e) A Lei da Ficha Limpa poderá retroagir, 
pois a inelegibilidade não é uma sanção, mas apenas 
uma restrição da capacidade eleitoral passiva. 
Resposta: Gabarito. Alternativa: Letra E. 
Instado a pronunciar-se sobre o tema, o STF, no 
Informativo 951, nos revelou o seguinte: As medidas 
eleitorais da Lei da Ficha Limpa, que estendem o 
prazo de inelegibilidade para oito anos, poderão ser 
aplicadas de forma retroativa, sem que se fale em 
ofensa à coisa julgada. A inelegibilidade não seria 
uma imposição de pena (sanção), mas apenas uma 
restrição da capacidade eleitoral passiva do 
indivíduo - requisito negativo de adequação do 
indivíduo ao regime jurídico do processo eleitoral. 
Ademais, a imposição do prazo de inelegibilidade 
configura uma relação jurídica continuativa, sujeita 
a cláusula "rebus sic stantibus", ou seja, as situações 
terão validade enquanto a situação que deu origem a 
elas se mantiver, razão pela qual não há que se falar 
em ofensa à coisa julgada. Para sermos fiéis ao que 
Atualizações de Direito 
[51] 
 
ditou a Suprema Corte reproduzimos, aqui, a ementa 
do julgado esposada pela Corte. Confira o leitor: 
É possível aplicar o prazo de 8 anos de inelegibilidade, 
introduzido pela LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), às 
condenações por abuso de poder, mesmo nos casos em que 
o processo já tinha transitado em julgadoquando a Lei da 
Ficha Limpa entrou em vigor. O fato de a condenação nos 
autos de representação por abuso de poder econômico ou 
político haver transitado em julgado, ou mesmo haver 
transcorrido o prazo da sanção de três anos, imposta por 
força de condenação pela Justiça Eleitoral, não afasta a 
incidência da inelegibilidade constante da alínea “d” do 
inciso I do art. 1º da LC 64/90, cujo prazo passou a ser de 8 
anos. Exemplo: em 2009, João, político, foi condenado em 
Ação de Investigação Judicial Eleitoral, pela prática de 
abuso de poder político. Naquela época não havia ainda a 
Lei da Ficha Limpa. Vigorava a redação originária do art. 
1º, I, “d”, da LC 64/90. Logo, a Justiça Eleitoral 
determinou que João ficasse inelegível por 3 anos. O 
processo transitou em julgado em 10/09/2010 e João 
cumpriu os 3 anos de inelegibilidade, conforme havia sido 
determinado. Nas eleições de 2016, já imaginando que 
estaria livre da inelegibilidade, ele tentou concorrer ao 
cargo de Prefeito, apresentando requerimento de registro 
de candidatura. Ele não pode concorrer. Isso porque, em 
2010, a Lei da Ficha Limpa aumentou a punição prevista 
no art. 1º, I, “d”, da LC 64/90 de 3 para 8 anos. Mesmo a 
Lei da Ficha Limpa tendo entrado em vigor após o fato 
praticado por João, este novo diploma deve ser aplicado ao 
caso concreto. Logo, a inelegibilidade de João, que era de 3 
anos (e que acabou em 2012 = 3 + 2009), subiria para 8 anos 
(e a inelegibilidade perduraria até 2017 = 8 + 2009). STF. 
Plenário. ARE 1180658 AgR/RN, rel. orig. Min. Alexandre 
de Moraes, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 
10/9/2019 (Info 951). É possível aplicar o prazo de 8 anos 
de inelegibilidade, introduzido pela LC 135/2010 (Lei da 
Ficha Limpa), às condenações por abuso de poder, mesmo 
Atualizações de Direito 
[52] 
 
nos casos em que o processo já tinha transitado em julgado 
quando a Lei da Ficha Limpa entrou em vigor. O fato de a 
condenação nos autos de representação por abuso de poder 
econômico ou político haver transitado em julgado, ou 
mesmo haver transcorrido o prazo da sanção de três anos, 
imposta por força de condenação pela Justiça Eleitoral, não 
afasta a incidência da inelegibilidade constante da alínea 
“d” do inciso I do art. 1º da LC 64/90, cujo prazo passou a 
ser de 8 anos. Exemplo: em 2009, João, político, foi 
condenado em Ação de Investigação Judicial Eleitoral, pela 
prática de abuso de poder político. Naquela época não 
havia ainda a Lei da Ficha Limpa. Vigorava a redação 
originária do art. 1º, I, “d”, da LC 64/90. Logo, a Justiça 
Eleitoral determinou que João ficasse inelegível por 3 anos. 
O processo transitou em julgado em 10/09/2010 e João 
cumpriu os 3 anos de inelegibilidade, conforme havia sido 
determinado. Nas eleições de 2016, já imaginando que 
estaria livre da inelegibilidade, ele tentou concorrer ao 
cargo de Prefeito, apresentando requerimento de registro 
de candidatura. Ele não pode concorrer. Isso porque, em 
2010, a Lei da Ficha Limpa aumentou a punição prevista 
no art. 1º, I, “d”, da LC 64/90 de 3 para 8 anos. Mesmo a 
Lei da Ficha Limpa tendo entrado em vigor após o fato 
praticado por João, este novo diploma deve ser aplicado ao 
caso concreto. Logo, a inelegibilidade de João, que era de 3 
anos (e que acabou em 2012 = 3 + 2009), subiria para 8 anos 
(e a inelegibilidade perduraria até 2017 = 8 + 2009). STF. 
Plenário. ARE 1180658 AgR/RN, rel. orig. Min. Alexandre 
de Moraes, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 
10/9/2019 (Info 951). 
QUESTÃO 18 
Não se pode dizer que José do Açude não 
tenha desfrutado a vida durante o tempo em atuou 
como Vereador no Município de Passa e Fica. Era 
churrasco e cervejada com os amigos todos os finais 
Atualizações de Direito 
[53] 
 
de semana. Agora que o mandato acabou, a fonte 
secou, e a boca também. A fim de conseguir um 
"extra," ingressou em juízo em face do Município, 
pleiteando do ente público férias e décimo terceiro 
salário, pelo período em que atuou, afinal, dizia ele, 
o direito ao décimo terceiro salário é estendido aos 
ocupantes de cargos públicos. Diante de tal situação: 
a) O pagamento de férias e décimo terceiro 
salário é automático tendo em vista que os cargos 
eletivos também são considerados cargos públicos, 
com a peculiaridade de serem ocupados por agentes 
com voto popular; 
b) A gratificação natalina e as férias são 
direitos de todo e qualquer trabalhador e são pagas 
em qualquer situação; 
c) O ART. 39 § 4º da CR contempla tão só a 
remuneração por subsídio, incompatível com 
qualquer gratificação; 
d) Por ser inexistente lei Municipal acerca do 
pagamento de tais verbas remuneratórias, tais verbas 
poderão ser exigidas, pois constituem direitos de 
segunda dimensão, previstos constitucionalmente; 
e) Tal direito poderá ser exercido, desde que 
exista previsão legal - o que não se revela no caso 
concreto. 
Atualizações de Direito 
[54] 
 
Resposta: Alternativa E. Instado a 
manifestar-se sobre o tema, o Supremo Tribunal 
Federal, em sede de Repercussão Geral, no 
Informativo 950, nos ensinou o seguinte: Os direitos 
fundamentais de férias e à gratificação natalina 
devem ser garantidos aos ocupantes de cargos 
eletivos, porquanto a remuneração por parcela única 
(ART. 39 § 4º), por si só, não tem o condão de 
derrogar direitos assegurados pelo ART. 39 § 3º. 
Contudo, tais recebimentos ficam condicionados ao 
campo de discricionariedade legislativa municipal. 
No caso concreto, como não existia norma 
regulamentadora municipal, tal direito não pôde ser 
implementado. Logo, o pagamento de tais verbas 
não constitui um dever, mas uma faculdade, inserida 
no espaço de liberdade de conformação do 
legislador infraconstitucional. 
Para sermos fiéis ao julgado proferido pela 
Suprema Corte reproduzimos, aqui, trecho do 
julgado. Confira o leitor: 
O STF decidiu que o art. 39, § 4º, da Constituição 
Federal não é incompatível com o pagamento de terço de 
férias e décimo terceiro salário (Tema 484 da Repercussão 
Geral). Assim, os Vereadores, mesmo recebendo sua 
remuneração por meio de subsídio (parcela única), podem 
ter direito ao pagamento de terço de férias e de décimo 
terceiro salário. Vale ressaltar, no entanto, que o 
pagamento de décimo terceiro e do terço constitucional de 
férias aos agentes políticos com mandato eletivo não é um 
dever, mas sim uma opção, que depende do legislador 
infraconstitucional. Assim, a definição sobre a adequação 
de percepção dessas verbas está inserida no espaço de 
Atualizações de Direito 
[55] 
 
liberdade de conformação do legislador 
infraconstitucional. Em outras palavras, o legislador 
municipal decide se irá ou não conceder tais verbas aos 
Vereadores. Se não houver lei concedendo, eles não terão 
direito. Desse modo, é possível o pagamento de terço de 
férias e de décimo terceiro salário aos Vereadores, mas 
desde que a percepção de tais verbas esteja prevista em lei 
municipal. STF. 1ª Turma. Rcl 32483 AgR/SP, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
QUESTÃO 19 
Apolinário Pomar era homem de uma 
simplicidade impagável. Apesar de fazendeiro 
muito rico, não perdia a humildade. Eis que foi 
morto, a sangue frio, por um vizinho, Sr. Antônio 
Melhorança, que disputava com ele o marco da cerca 
divisória. Apolinário, além de muito dinheiro, 
deixou dois filhos: Zé Laranja e Zé Limão. Antônio 
Melhorança foi pronunciado e julgado pelo Tribunal 
de Júri. Zé Limão, o filho mais velho da vítima, 
atuou como assistente de acusação. Melhorança foi 
condenado pelo crime de homicídio doloso 
qualificado, por motivo fútil. Inconformado, 
recorreu. O Tribunal de Justiça, em sede de 
apelação, por entender que a condenação dos jurados 
foi contrária a prova dos autos, absolveu 
Melhorança. O Ministério Público, mais 
inconformado ainda, interpôs recurso 
extraordinário. O STFconcordou com o MP e 
entendeu que a condenação deveria ser mantida, em 
respeito à soberania dos veredictos. A Defesa, logo 
em seguida, ajuíza Revisão Criminal. O Tribunal de 
Justiça, teimoso, absolve novamente, ao argumento 
Atualizações de Direito 
[56] 
 
de inexistir prova cabal para o decreto condenatório. 
Cansado do jogo de empurra-empurra, Zé Limão 
"azeda" de vez e sai do jogo. O irmão, Zé Laranja, 
querendo Justiça pela morte do pai, ajuíza 
reclamação perante o STF e faz a fofoca: "Olha STF, 
o TJ não anda respeitando a autoridade das suas 
decisões não!" Melhorança, ao saber disso, dá logo 
o grito: "Isso até pode ser verdade, mas você, Zé 
Laranja, não é parte legítima para ajuizar reclamação 
porque não figurou como assistente de acusação. 
Não se meta onde não é chamado!". Diante de tal 
cenário: 
a) A reclamação não é cabível porque Zé 
Laranja não possui relação jurídica com o processo; 
b) Não cabe reclamação porque a decisão do 
STF foi meramente reflexa; 
c) A reclamação deve ser recebida mesmo 
ausente a legitimidade do reclamante; 
d) Zé Laranja, por buscar proteger os 
interesses da família, é parte legítima para ajuizar 
reclamação; 
e) A condição de não ser herdeiro exclusivo 
afasta a legitimidade de Zé Laranja para ajuizar 
reclamação. 
Resposta: Alternativa D. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Supremo Tribunal 
Atualizações de Direito 
[57] 
 
Federal, no Informativo 945, nos revelou o seguinte: 
A forma não prevalece sobre o fundo. Ainda que o 
outro filho da vítima (Zé Laranja) não tenha atuado 
como assistente de acusação, quando ajuíza 
reclamação, é inegável que está defendendo 
interesse da família. Assim, não se deve, por 
excessivo rigor formal, afastar a pertinência 
subjetiva daquele filho que atua, igualmente, na 
qualidade de representante dos interesses da família. 
Para sermos fiéis ao que decidiu a Suprema 
Corte reproduzimos trecho do julgado que versa 
sobre o caso concreto objeto da questão. Confira o 
leitor: 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e 
por maioria, negou provimento a agravo regimental e 
manteve decisão monocrática que considerou parcialmente 
procedente a reclamação por afronta à autoridade do que 
decidido no Recurso Extraordinário (RE) 594.104. Dessa 
maneira, determinou ao Tribunal de Justiça do Estado de 
Mato Grosso (TJ/MT) que profira novo julgamento à luz 
das demais causas de pedir da revisão criminal (Informativo 
934).Na decisão paradigma, proferida nos autos do RE 
594.104, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu 
provimento ao recurso extraordinário para restaurar o 
veredicto condenatório prolatado pelo tribunal do júri. 
Deste modo, o STF cassou acórdão mediante o qual, na 
análise de apelação interposta, o tribunal de justiça 
trancou a ação penal por entender que o pronunciamento 
do tribunal do júri era manifestamente contrário à prova 
dos autos. Naquela oportunidade, o STF concluiu ter sido 
violada a soberania dos veredictos prevista no art. 5º, 
XXXVIII, c, da Constituição Federal (CF) (1).Após o 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo934.htm#Reclama%C3%A7%C3%A3o%20e%20tribunal%20do%20j%C3%BAri
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo934.htm#Reclama%C3%A7%C3%A3o%20e%20tribunal%20do%20j%C3%BAri
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo934.htm#Reclama%C3%A7%C3%A3o%20e%20tribunal%20do%20j%C3%BAri
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2643249
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Atualizações de Direito 
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trânsito em julgado da condenação, o TJ/MT, ao examinar 
revisão criminal, absolveu o réu, considerada a ausência de 
prova de que ele teria concorrido para a infração penal.A 
Turma afirmou que, na decisão paradigma — confirmada 
no colegiado, após sucessivos recursos da defesa —, ficou 
consignado que a suficiência de um único depoimento para 
a prolação do juízo condenatório é matéria 
constitucionalmente afeta ao tribunal do júri e infensa à 
reforma pelo tribunal de justiça, ao qual não cabe a 
valoração da prova.A despeito disso, a primeira decisão 
proferida, em apelação, pelo TJ/MT, a qual fora anulada 
pelo STF, teve seus fundamentos reiterados no ato 
decisório objeto da presente reclamação, agora em revisão 
criminal. Assim, novamente o TJ/MT desconsiderou o 
veredito condenatório do tribunal do júri para absolver o 
acusado de participação no homicídio ao fundamento – já 
afastado pelo STF no RE 594.104 – de suposta ausência de 
provas. 
A Turma asseverou que a reclamação, por expressa 
determinação constitucional, destina-se a preservar a 
competência do STF e garantir a autoridade de suas 
decisões. 
Na espécie, cuida-se de reclamação ajuizada por um dos 
filhos da vítima do homicídio. A alegação de violação da 
decisão do STF em vista da nova absolvição prolatada pelo 
TJ/MT, pelos mesmos fundamentos anteriormente 
afastados, autoriza o reconhecimento da legitimidade ativa 
do filho da vítima, ainda que não tenha se habilitado como 
assistente de acusação no curso da ação penal. Conforme 
se extrai dos autos do RE 594.104, o patrocínio daquele 
recurso foi produzido pela mesma advogada que atua nos 
autos da presente reclamação, tendo atuado em defesa de 
um dos filhos da vítima. Logo, mostra-se inequívoco o 
interesse da família da vítima no deslinde do caso. Não se 
pode, por excessivo apelo formal, afastar a relação de 
pertinência subjetiva do autor da reclamação em comento, 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2643249
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Atualizações de Direito 
[59] 
 
que, como filho da vítima, atua também na qualidade de 
representante dos interesses da família. Grifos nossos! 
 
QUESTÃO 20 
Maria da Consolação é mulher dinâmica. 
Com dois filhos e dois empregos corrre o dia inteiro 
para dar conta do recado. No mais das vezes seu 
almoço é a barra de cereais adquirida na lojinha do 
português, Sr. Manolo, de frente ao terminal de 
ônibus. Mas eis que a sua última refeição não lhe 
caiu nada bem. Ao ingerir a barrinha notou um gosto 
estranho na boca com a primeira mordida. Resolveu 
partir o alimento ao meio e, para a sua surpresa, 
verificou que a barra era compartilhada, por ela e por 
insetos (baratinhas). Era uma barra de companhia 
coletiva. "Ecooooo! "🕷🕷🕷🕷🕷Gritava ela, 
aos quatro ventos. Por mais que o tempo passasse, 
ela sabia que nunca iria esquecer aquele gosto 
rançoso e aquela cena dos insetos agitados, 
baratinhas voadoras subindo em seu braço. Não 
obtendo um acordo amigável com o português a 
respeito do ressarcimento pelo alimento estragado, 
e, inconsolada com a questão, Consolação bateu às 
portas do Judiciário. Diante de tal cenário: 
a) Não se revela cabível a indenização por 
danos materiais e morais porque Consolação não 
mastigou o inseto, logo, não sofreu dano efetivo; 
Atualizações de Direito 
[60] 
 
b) Comprovado o alimento impróprio para o 
consumo se revela cabível a indenização tão 
somente por danos materiais; 
c) É cabível o dano moral, mas o dano 
material não restou comprovado; 
d) Subsistem os danos materiais e morais. 
Expor a saúde e segurança do consumidor afeta a sua 
dignidade, justificando a incidência do dano moral; 
e) Incabível o dano moral, pois descabe o 
dano moral quando patente o dano material, sob 
pena de bis in idem. 
Resposta: Alternativa D. Instado a 
pronunciar-se sobre o tema, o Superior Tribunal de 
Justiça, no Informativo 656, nos ensinou o seguinte: 
Presentes, no caso, os danos materiais e morais. O 
dano moral subsiste e, pouco importa que o produto 
tenha sido consumido por inteiro, ou pela metade. 
Um produto comercializado com corpo estranho, 
por si só, expõe o consumidor a risco concreto

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