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Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 1 APOSTILA EXTENSÃO Ed iç ão x /2 01 7 PORTUGUÊS MATEMÁTICA Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 2 PORTUGUÊS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 7 Introdução ................................................................................................................................ 8 O que é comunicação?............................................................................................................. 8 Vamos saber mais sobre os tipos de linguagem? .................................................................. 10 LÍNGUA OU LINGUAGEM? ................................................................................................ 11 O que é uma Língua? ............................................................................................................. 12 As línguas no Brasil ................................................................................................................ 14 TIPOS DE LINGUAGEM ..................................................................................................... 16 Introdução .............................................................................................................................. 16 Linguagem Verbal .................................................................................................................. 17 Linguagem Não-Verbal ........................................................................................................... 17 Linguagem Sonora ................................................................................................................. 18 Linguagens Híbridas............................................................................................................... 18 Linguagens da Hipermídia ...................................................................................................... 18 FUNÇÕES DA LINGUAGEM .............................................................................................. 19 Funções da Linguagem .......................................................................................................... 20 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ............................................................................................. 22 Variações Linguísticas............................................................................................................ 23 A VIDA EM UMA SOCIEDADE LETRADA ......................................................................... 25 Introdução .............................................................................................................................. 26 Mas, afinal, o que é um texto ................................................................................................. 26 Contexto ................................................................................................................................. 27 Tipos Textuais ........................................................................................................................ 29 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 3 FUNÇÃO NARRATIVA ........................................................................................................ 30 Introdução .............................................................................................................................. 31 Elementos da Narrativa .......................................................................................................... 32 Discurso ................................................................................................................................. 33 Analisando uma narrativa ....................................................................................................... 33 Crônicas e Relatos ................................................................................................................. 34 FUNÇÃO EXPOSITIVA ....................................................................................................... 35 Introdução .............................................................................................................................. 36 Dissertação ............................................................................................................................ 36 Analisando uma dissertação .................................................................................................. 37 O texto jornalístico .................................................................................................................. 39 O texto instrucional ................................................................................................................. 39 FUNÇÃO PERSUASIVA ..................................................................................................... 41 Introdução .............................................................................................................................. 42 A propaganda ......................................................................................................................... 42 A carta argumentativa ............................................................................................................ 44 Recapitulando .................................................................................................................... 46 Vamos revisar? ...................................................................................................................... 47 O QUE É E COMO SE FORMA UM PONTO DE VISTA? ................................................... 51 Introdução .............................................................................................................................. 52 O que é um ponto de vista? ................................................................................................... 52 ALGUNS TIPOS DE ARGUMENTOS ................................................................................. 54 Com quem estamos falando? ................................................................................................. 55 Alguns tipos de argumento ..................................................................................................... 56 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 4 TESE, COMPROVAÇÃO E CONCLUSÃO ......................................................................... 61 Introdução .............................................................................................................................. 62 Estratégia para convencer ...................................................................................................... 62 PARA CONVENCER, É PRECISO FALAR E ESCREVER BEM ....................................... 64 Introdução .............................................................................................................................. 65 Conectivos ou Conjunções ..................................................................................................... 65 Tabela dos Conectivos ou Conjunções .................................................................................. 66 Exercitando a Escrita.............................................................................................................. 67 Ortografia ............................................................................................................................... 70 Por que – Porque – Por quê – Porquê ................................................................................... 70 Mal - Mau ...............................................................................................................................71 Atividades ............................................................................................................................... 74 TEXTOS, SIGNIFICADOS E INTERPRETAÇÕES ............................................................. 79 Introdução .............................................................................................................................. 80 Compreensão e Interpretação de texto .................................................................................. 80 A prosa ................................................................................................................................... 81 AS CHARGES NO MUNDO ................................................................................................ 89 O que é uma charge? ............................................................................................................. 90 PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E DIVISÃO SILÁBICA ...................................................... 95 Introdução .............................................................................................................................. 96 Pontuação .............................................................................................................................. 96 Desenvolvendo competências ................................................................................................ 97 Divisão Silábica ...................................................................................................................... 98 Acentuação .......................................................................................................................... 100 RECAPITULANDO ............................................................................................................ 103 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 5 Vamos revisar? .................................................................................................................... 104 MATEMÁTICA A MATEMÁTICA POR TRÁS DOS FATOS ...................................................................... 108 A Matemática por trás dos fatos ........................................................................................... 109 A Matemática como construção da humanidade .................................................................. 110 Matemática no cotidiano ....................................................................................................... 110 OS NÚMEROS NATURAIS E AS OPERAÇÕES BÁSICAS ............................................. 112 Conjunto de números naturais ............................................................................................. 113 Desenvolvendo Competências ............................................................................................. 114 Operações básicas da matemática – Adição ....................................................................... 115 Desenvolvendo Competências ............................................................................................. 115 Operações básicas da matemática – Subtração .................................................................. 117 Operações inversas.............................................................................................................. 117 CONHECENDO A MULTIPLICAÇÃO ............................................................................... 120 Operações básicas da matemática - Multiplicação .............................................................. 121 A Tabela Pitagórica .............................................................................................................. 125 APRENDER A DIVISÃO É MAIS QUE DIVIDIR ............................................................... 129 A divisão nas situações do dia a dia .................................................................................... 130 A divisão no dia a dia ........................................................................................................... 130 Elementos que compõem a divisão ...................................................................................... 132 Operações inversas.............................................................................................................. 133 APRENDENDO SOBRE OS NÚMEROS INTEIROS ........................................................ 136 Subconjunto dos números inteiros ....................................................................................... 138 Soma e Subtração com números inteiros ............................................................................. 139 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 6 Cálculos com adição e subtração de inteiros: ...................................................................... 139 Operações de números inteiros com multiplicação .............................................................. 141 Operações de números inteiros com divisão ........................................................................ 143 Aprendendo sobre potenciação ............................................................................................ 144 FRAÇÕES: DIVIDINDO O TODO PARA OBTER AS PARTES ........................................ 147 Conceito de fração ............................................................................................................... 149 Tipos de frações ................................................................................................................... 149 Simplificação de frações ....................................................................................................... 150 Desenvolvendo competências .............................................................................................. 151 Multiplicação com frações .................................................................................................... 156 Divisão com frações ............................................................................................................. 156 Número Misto ....................................................................................................................... 157 Potenciação em frações ....................................................................................................... 160 Desenvolvendo competências .............................................................................................. 161 CONHECENDO OS NÚMEROS DECIMAIS ..................................................................... 162 Propriedades dos números decimais ................................................................................... 164 Comparação entre números decimais .................................................................................. 164 Adição e subtração com decimais ........................................................................................ 164 Multiplicação de decimais ..................................................................................................... 165 Divisão de decimais.............................................................................................................. 165 Zeros e Vírgulas ................................................................................................................... 165 Dízima Periódica: Simples e Composta ............................................................................... 168 GRANDEZAS E REGRA DE TRÊS: EXPLORANDO NOVAS IDEIAS............................. 174 As grandezas no dia a dia .................................................................................................... 175 REGRA DE TRÊS COMPOSTA: AMPLIANDO OS HORIZONTES ................................. 181 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 7 Regra de Três Composta .....................................................................................................182 MERCADO E PÚBLICO ALVO: AUMENTOS E DESCONTOS ....................................... 186 Porcentagem ........................................................................................................................ 187 Porcentagem em quantias .................................................................................................... 189 BANCOS E OS JUROS: INVESTIMENTO, TAXAS E IMPOSTOS .................................. 198 Tipos de bancos ................................................................................................................... 199 Juros..................................................................................................................................... 199 Tipos de taxas ...................................................................................................................... 201 Fórmulas especiais............................................................................................................... 201 Conversões de período e/ou taxas ....................................................................................... 202 Resolução de problemas ...................................................................................................... 204 JUROS COMPOSTOS: ESSE É O MOMENTO DE INVESTIR ........................................ 207 Você sabe o que é mercado financeiro? .............................................................................. 208 Juros Compostos ................................................................................................................. 208 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 8 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Identificar os elementos essenciais às situações de comunicação; Reconhecer a função de cada elemento no processo da comunicação; Compreender que todo sistema de comunicação é constituído por esse conjunto de elementos e assegurar a troca de informações. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 9 Introdução Falar e escrever bem sempre foi uma preocupação. Cada vez mais, percebemos a importância de compartilhar com as pessoas ao redor nossos sentimentos, pensamentos e interpretações sobre alguma situação. Somos seres sociais, queremos compreender o outro por meio da troca de mensagens e de participações em relação ao nosso modo de ver o mundo. Com certeza, você já deve ter parado para pensar sobre algo que tenha falado ou tenha ficado em dúvida. Até mesmo se conseguiu repassar de forma clara uma mensagem. Mas, o que pode garantir mais sucesso na comunicação ao nos expressarmos? Pensando na comunicação como o processo de tornar comum a todos a troca e interação entre as pessoas, serão apresentados os elementos essenciais para a comunicação, em quais situações podemos ter uma escrita mais clara e o porquê de estarmos atentos às funções das linguagens usadas no nosso dia a dia. A comunicação também poderá acontecer de forma verbal e não-verbal. Os nossos comportamentos transmitem muitas mensagens e assumem novas formas e novos significados, desde a comunicação interpessoal até a comunicação em massa por meio das mídias eletrônicas e digitais. Assim, podemos dizer que a comunicação tem a ver também com situações e contextos em que ela ocorre, já que depende de uma série de variáveis que podem mudar a forma e a interpretação de quem recebe a mensagem. Explore esse universo e descubra o segredo daqueles que são considerados bons comunicadores e conseguem utilizar a linguagem de modos diferentes, por meio da oralidade, escrita, gestos, cores, símbolos e imagens. Esperamos que aproveitem ao máximo a leitura, pensando mais sobre as situações e os processos de comunicação na sociedade. O que é comunicação? Com a chegada das redes sociais, tão presentes em nossas vidas, e da agilidade de informações disponíveis na internet, ficou ainda mais evidente a circulação diária da comunicação que pode acontecer tanto de forma virtual quanto presencial. Podemos dizer que o ato da comunicação humana é diário, nesse sentido: + SAIBA MAIS Qual é a diferença entre informação e comunicação? Informação É o imprevisível, o inesperado, o inusitado. É o conhecimento daquilo que não se conhecia. Comunicação É a forma conhecida, é o velho, o já sabido, o conhecido, o comum. (GOMES, 2008, p.20) Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 10 Para compreender a importância da clareza ao repassar a mensagem, vamos começar pelo significado e pela origem da palavra comunicação. Ela deriva do latim communicare e significa “tornar comum”, “partilhar”, “repartir”, “associar”, “trocar opiniões” ou “conferenciar”. Comunicar implica participação (communicatio tem sentido de “participação”), em interação, em troca de mensagens, em emissão ou recebimento de informações novas. (RABAÇA e BARBOSA, 1987) A comunicação humana é um processo constante, complexo e ativo e se diferencia da comunicação animal por seu conteúdo simbólico. Isto é, as pessoas são capazes de compreender, interpretar, elaborar e modificar signos e símbolos. A comunicação acontece sempre: é impossível não se comunicar e interagir com o outro. Para acontecer com efetividade, esse processo precisa da presença dos seguintes elementos: "o processo de transmissão e compreensão de informações, sejam ideias, conceitos, dados, instruções, autorizações, recados, histórias ou lições, nos dois sentidos e através do uso de símbolos, cujos significados são comuns aos envolvidos". (GASNIER, 2008, p.12) VOCÊ SABIA? Só conseguimos nos comunicar porque temos um código em comum. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 11 Seguem mais detalhes sobre os elementos da comunicação: Emissor: aquele que transmite a mensagem. Receptor: aquele que recebe a mensagem. Código: consiste no conjunto de sinais pelos quais o emissor transmite a mensagem. Exemplo: a Língua Portuguesa, a Língua Inglesa, um desenho, uma placa de aviso, etc. Contexto: o que representa o assunto contido antes e depois da mensagem. O contexto pode se constituir na situação, nas circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o receptor. Mensagem: sequência lógica dos signos, sendo aquilo que o emissor deseja transmitir ao receptor. Canal: meio pelo qual a mensagem é transmitida. Pode ser um livro que contém um texto escrito, um vídeo na internet, a televisão, entre outros. Os elementos da comunicação como referente e contexto estão presentes em todo momento de troca entre os falantes e, quando as funções da linguagem se relacionam com esses elementos, todos ficam relacionados à função referencial. Vamos saber mais sobre os tipos de linguagem? Além da interação, troca de mensagens e a emissão ou recebimento de informações, a comunicação poderá acontecer por meio de diferentes linguagens, veremos com mais detalhes na próxima unidade. Oralidade; Cores; Gestos; Símbolos; Escrita. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 12 LÍNGUA OU LINGUAGEM? OS OBJETIVOS DESTA AULA SÃO: Diferenciar os conceitos de língua e linguagem; Conhecer os países que utilizam a Língua Portuguesa como idioma oficial; Identificar as duas línguas oficiais no Brasil; Conhecer a Língua Brasileira de Sinais; Identificar os contextos geográfico e histórico que permeiam a Língua Portuguesa. Identificar os tipos de linguagem na produção de sentido; Reconhecer as semelhanças e diferenças dos tipos de linguagem no processo da comunicação; Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para explicar problemas sociais e do mundo do trabalho; Relacionar informações sobre os sistemas de comunicação e informação, considerando sua função social; Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 13 O que é uma Língua? A língua é um instrumento de comunicação utilizado por um grupo social, é a representação de um povo ou nação. Isso quer dizer que uma linguagem verbal que possua regras é classificada como língua. É um código que pretende estabelecer uma comunicação entre emissor e receptor. Um sistema de signos que possuem significados, construídos pela associação de imagens auditivas ou visuais a conceitos determinados. A nossa língua tem uma das histórias mais fascinantes entre as línguas, pois em razão das navegações portuguesas nos séculos XV e XVI, tornou-se um dos poucos idiomas presentes na África, América, Ásia e Europa, sendo falado por mais de 200 milhões de pessoas. É a terceira mais falada entre as línguas ocidentais, perdendo apenas para o inglês e o espanhol. Você sabe quais países têm a Língua Portuguesa como língua oficial? Automaticamente pensamos em Brasil e Portugal, mas outros sete países também são falantes nativos da Língua Portuguesa. Brasil População: 185 milhões de habitantes Angola, na África População: 10,9 milhões de habitantes São Tomé e Príncipe, também na África População: 182 mil habitantes Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 14 Portugal, na Europa População: 10,5 milhões de habitantes Cabo Verde, na África População: 415 mil habitantes Moçambique, também na África População: 18,8 milhões de habitantes Timor Leste, na Ásia e na Oceania População: 800 mil habitantes Guiné Equatorial, na África População: 100 mil habitantes Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 15 Guiné Bissau, também na África População: 1,4 milhão de habitantes As línguas no Brasil Você sabia que o nosso país possui duas línguas oficiais? Além da Língua Portuguesa, que é a primeira língua oficial do Brasil, temos também a LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, cuja utilização se dá na maior parte pela comunidade surda, embora o ideal seria que todos os brasileiros a conhecessem. A LIBRAS é uma língua, pois possui seu próprio conjunto de regras. A principal diferença em relação à Língua Portuguesa se dá no fato de que a LIBRAS não é oral, mas visual-espacial. Ou seja, se utiliza das mãos para elaborar os seus sinais. Voltando à Língua Portuguesa, existem duas áreas principais que a compõem: a Gramática, cujo foco é o conjunto de regras que determinam a sua correta aplicação, e a Linguística, ciência que estuda o seu uso. Como mencionado anteriormente, a Língua Portuguesa possui uma história bonita no Brasil. Veja o infográfico da página a seguir, que apresenta alguns dados acerca do panorama histórico da língua no país: Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 16 Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 17 TIPOS DE LINGUAGEM Introdução Tudo é linguagem! Além da interação, troca de mensagens e a emissão ou recebimento de informações, a comunicação poderá acontecer por meio de diferentes linguagens nos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos. Podemos citar como exemplos, a linguagem escrita e a linguagem mímica. Os tipos de linguagem são usados por diferentes razões para a comunicação, persuasão e arte já que as palavras, imagens, sons e gestos também fazem parte de toda essa diversidade da linguagem. Por meio desses símbolos, conseguimos nos expressar pela fala e escrita no nosso dia a dia, por meio de dois tipos de linguagem, a verbal e a não- verbal: Linguagem verbal: é o uso da fala ou da escrita como meio de comunicação. Linguagem não-verbal: é o uso de gestos, desenhos, figuras, música, literatura, tom de voz como meios para a comunicação. As duas linguagens são muito importantes para manter uma boa comunicação, escolhemos o tipo de linguagem para expressar nossos sentimentos, de acordo com o contexto e o objetivo de comunicação em casa ou no ambiente de trabalho. Pensando na comunicação como uma ferramenta para o ambiente trabalho, poderemos ser ótimos comunicadores se conseguirmos empregar as linguagens verbal e não-verbal de acordo com as situações e os contextos. Iremos conhecer mais detalhes sobre as semelhanças e diferenças dos tipos de linguagem; o impacto desses usos nos ambientes de trabalho e nosso dia a dia e como se posicionar criticamente sobre os usos sociais dessas linguagens se usadas de forma mista: verbal e não-verbal. Explore esse universo e descubra como os profissionais conseguem ter sucesso com a comunicação empresarial, ao conseguirem se expressar de diferentes formas. A comunicação é o ponto de partida para oportunidades no mercado de trabalho. Esperamos que aproveitem ao máximo a leitura, pensando mais sobre o impacto de nossos gestos e palavras no processo da comunicação! + SAIBA MAIS Você conhece outras formas de linguagem? Linguagem corporal Nosso corpo fala! Muitos movimentos que usamos podem transmitir mensagens e intenções, é considerada um tipo de linguagem não - verbal. Linguagem artificial Existem linguagens que são criadas para um fim específico. Podemos citar a linguagem de programação de computadores, que é utilizada para a lógica de matemática ou informática. Por exemplo, o ADVPL - Advanced Protheus Language, é uma linguagem de programação que é utilizada para o desenvolvimento do ERP - TOTVS Protheus. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 18 Linguagem Verbal No dia a dia utilizamos as linguagens verbal e não verbal para nos comunicar. A linguagem verbal utiliza a fala e a escrita para a troca de informações. Esse diálogo pode acontecer também de forma virtual, por meio de alguma ferramenta, como chats, e-mails redes sociais, aplicativos nos dispositivos móveis. Tendo em vista a importância do contexto social em que a linguagem é utilizada, podemos nos preocupar com uso correto das regras gramaticais quando estamos no ambiente de trabalho, ao escrever um e-mail para o nosso líder e se, em algum momento, for pedida alguma explicação em uma reunião por meio de linguagem formal. Em outras situações, iremos falar de forma mais descontraída e espontânea, costumamos nos expressar assim com nossos amigos e familiares por meio de uma linguagem mais informal. Também é comum a criação de linguagens para algum fim específico, podemos citar como exemplo de linguagem verbal, as linguagens artificiais criadas para o desenvolvimento da lógica matemática ou a informática por meio da criação de códigos e regras específicas que processam comandos para os computadores. Linguagem Não-Verbal A linguagem não-verbal é bastante utilizada nas situações do dia a dia, já que o nosso corpo e gestos também falam! A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, nossos movimentos corporais podem repassar mensagens e intenções. A linguagem não-verbal foi o ponto de partida para a comunicação do ser humano, o homem antes de falar tentou representar o mundo por meio de desenhos, rabiscos e gestos para mostrar às pessoas ao redor os desejos, as emoções e os sentimentos. Existem elementos em uma imagem que podem dizer muito sobre o artista como o traçado, o ponto, a linha, as figuras escolhidas para a composição docenário e até mesmo as cores. A principal característica da linguagem não-verbal é a forma, ou seja, as interpretações que fazemos dos objetos e expressões. São exemplos de formas visuais: placas, quadros, imagens, figuras, pinturas, esculturas, símbolos matemáticos. Os gestos, as expressões de tristeza, alegria e até mesmo durante uma reunião os braços cruzados também podem dizer se estamos felizes ou não naquela situação e se desejamos iniciar um bate-papo. Podemos ter situações também em que utilizamos as duas linguagens, chamada de linguagem mista que é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 19 Linguagem Sonora A linguagem sonora utiliza também elementos verbais para a composição dos arranjos, combinando sons e durações. Podemos citar os seguintes exemplos: vento, espirro, pandeiro, buzina, ritmo e melodia. Como podemos observar com base nos exemplos mencionados, a linguagem sonora poderá acontecer por acaso (vento), de forma intencional (buzina) ou até mesmo de forma mais complexa com a produção de ritmos (melodia) de acordo com as convenções musicais. Linguagens Híbridas Todas as linguagens podem ser usadas ao mesmo tempo, por isso elas são chamadas de linguagens híbridas. Isso quer dizer que ao analisar alguma figura, conversa ou melodia, poderemos identificar ao mesmo tempo o uso das linguagens: verbal, não-verbal e sonora. Linguagens da Hipermídia As linguagens da hipermídia acontecem por meio da junção de textos (jornais, revistas, livros); o audiovisual (cinema, televisão e vídeo) e informática (programas informáticos). Segundo Vicente Gosciola, a hipermídia é “o conjunto de meios que permite acesso simultâneo a textos, imagens e sons de modo interativo e não linear, possibilitando fazer links entre elementos de mídia, controlar a própria navegação e, até, extrair textos, imagens e sons cuja sequência constituirá uma versão pessoal desenvolvida pelo usuário”. (GOSCIOLA, 2003, p. 34) Isso quer dizer que podemos relacionar os conceitos de hipertexto e multimídia para propiciar mais interatividade entre as pessoas, por meio dos sistemas de comunicação e informação. Conhecida também como multimídia interativa, seguem alguns exemplos: Mídias: cinema mudo, impressos, fotografia, rádio. Multimídias: cinema sonoro, vídeo e tv. Multimídias digitais: animações por computador, cinema digital e vídeo digital. Hipermídia: games de computador, simuladores interativos, ambientes virtuais de aprendizagem, sites da web, TV interativa. Verbal •Descrição; •Narração; •Dissertação. Visual •Expressões visuais e corporais; •Gestos; • Imagens e figuras representativas. Sonora •Por acaso; • Intencional; •De acordo com convenções musicais. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 20 FUNÇÕES DA LINGUAGEM OS OBJETIVOS DESTA AULA SÃO: Conhecer as funções da linguagem; Identificar as diferentes funções da linguagem. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 21 Funções da Linguagem No ato da comunicação sempre apresentamos indícios que deixam transparecer nossos objetivos. O mesmo ocorre quando lemos um texto e percebemos, no decorrer da leitura, qual é o objetivo do autor. É possível afirmar que toda mensagem tem um objetivo e este pode ser informar algo, demonstrar sentimentos, convencer alguém, dentre outros. Com isso, a linguagem passa a ter uma função. É importante ressaltar que em um mesmo texto pode conter duas ou mais funções, mas só uma será predominante. Além disso, cada Função da Linguagem foca em um dos elementos da comunicação estudados anteriormente. Na Língua Portuguesa, essas funções podem ser: Função Referencial ou Denotativa Quando o objetivo do emissor é informar, descrever fatos e circunstâncias da realidade, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa ou informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica. Aqui, o foco se dá no contexto da mensagem. Observe a predominância da função referencial no texto abaixo: “Em reunião na tarde de ontem, os funcionários do banco concordaram em iniciar a greve na próxima segunda-feira.” Função Apelativa ou Conativa Ocorre a função apelativa quando o emissor busca convencer o receptor a praticar determinada ação. Por isso, o foco aqui é no receptor da mensagem. São exemplos as propagandas, os sermões religiosos e os discursos eleitorais. Observe a predominância da função no texto abaixo: “É só amanhã! Não perca essa promoção!” Função Emotiva Acontece quando o emissor demonstra seus sentimentos ou sensações a respeito de algum assunto ou pessoa. Portanto, o foco é no próprio emissor. São exemplos as músicas e as cartas. Observe a predominância da função emotiva no trecho abaixo: “Ontem à noite pensei em você antes de dormir e a saudade bateu de forma tão profunda...” Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 22 Função Fática A função fática ocorre para que o emissor estabeleça contato com o receptor por meio de expressões automáticas e breves, tais como “alô”, “até logo”, conversas de elevador ou de consultórios. O foco dessa função se dá no canal, porque o objetivo do emissor é manter um canal de comunicação com o receptor. Observe o exemplo abaixo, no qual predomina a função fática: “- Alô?” “- Alô!” Função Poética É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares. Com ela, o autor se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O foco dessa função é na mensagem. Observe o poema Livros e Flores, de Machado de Assis, no qual predomina a função poética: “Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, Em que melhor se leia A página do amor? Flores me são teus lábios. Onde há mais bela flor, Em que melhor se beba O bálsamo do amor?” Função Metalinguística É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra. Por isso, o foco é no próprio código. Um exemplo simples é essa própria apostila, que utiliza a Língua Portuguesa para explicar a própria Língua Portuguesa. Outro exemplo, conforme abaixo, é o dicionário, que explica o significado das palavras da Língua Portuguesa por meio da utilização dela própria: Dicionário Di.ci.o.ná.rio sm (lat dictione) Coleção de vocábulos de uma língua, de uma ciência ou arte, dispostos em ordem alfabética, com o seu significado ou equivalente na mesma ou em outra língua. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 23 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Conhecer o conceito das variações linguísticas; Identificar os diferentes tipos de variações linguísticas; Reconhecer as mudanças ocorridas na Língua Portuguesa no decorrer do tempo. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 24 Variações Linguísticas A língua não é usada de modo uniforme por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, de gênero para gênero, idade para idade, assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme: dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma forma da língua. A princípio, a língua pode variar de dois modos, sendo eles o modo padrão (formal) eo coloquial (informal). O modo padrão é o modelo culto utilizado na escrita e segue rigidamente as regras gramaticais. Trata-se de uma linguagem mais elaborada, visto que o autor tem mais tempo para preparar seu discurso, vale lembrar que a escrita é supervalorizada em nossa cultura. É a história do "vale o que está escrito". Já o modo coloquial é a versão oral da língua e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, embora exista, a permissividade com relação às "transgressões" é pequena. Os linguistas reconhecem três tipos de variação na língua. São as chamadas “variações linguísticas”, que nada mais são do que as notáveis transformações que a língua sofre quando a mesma muda de lugar, tempo e espaço. São elas: Variação Geográfica A Língua Portuguesa se modifica de acordo com o lugar em que os falantes estão, seja pelo sotaque ou pelo vocabulário. Por exemplo, a palavra menino pode variar conforme o lugar e assumir outras formas, tais como garoto, guri ou miúdo. Mexerica, bergamota e tangerina são nomes diferentes para a mesma fruta, adotados em regiões diferentes do Brasil. Há, ainda, as diferenças entre os significados de palavras no Brasil e em outros países falantes da Língua Portuguesa, como Angola e Portugal. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 25 Variação Histórica Um idioma depende das pessoas para existir. Evolui junto com a humanidade. Isso faz com que algumas palavras desapareçam e cedam lugar para outras tantas novas. Um exemplo dessa variação é o surgimento de palavras como deletar, postar, tuitar, que surgiram para atender às novas necessidades da sociedade, bem como o esquecimento de outras que já não fazem tanto sentido, como datilografar. Variação Social/Cultural O idioma pode adaptar-se ao grupo em que é utilizado, e é deste princípio que surge o nível formal (utilizado em entrevistas, por exemplo) e o informal (usado no cotidiano, com os amigos e a família, por exemplo). Sendo que cabe ao usuário da língua saber exatamente quando, onde e com quem deve utilizar as expressões “Bom dia, como vão os senhores?” ou “E aí galera, suave?”, por exemplo. Lembre-se: a Língua Portuguesa é como uma roupa e deve ser utilizada de maneira adequada e de acordo com o lugar e as pessoas em volta. Você sabia? Em 2009, tivemos algumas mudanças nas regras ortográficas que aconteceram com o objetivo de aproximar a fala e a escrita de todos os países que falam a Língua Portuguesa. Já passamos por duas reformas ortográficas, a primeira em 1943 e a segunda em 1971. Agora, estamos vivendo a terceira com o uso de novas regras que serão obrigatórias a partir de 2016. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 26 A VIDA EM UMA SOCIEDADE LETRADA OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Entender a importância da escrita na comunicação; Definir o que é texto escrito; Compreender a importância do contexto em um texto escrito; Conhecer Tipos Textuais. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 27 Introdução Muitas vezes, ao andar pela rua, você já deve ter encontrado vários exemplos de escrita: placas de rua, letreiros de ônibus, nomes de lojas, mensagens presentes em outdoors, folhetos de propaganda, dentre outros. Você já reparou na quantidade de símbolos existentes em cada um desses exemplos? A escrita faz parte de nossas vidas. A grande quantidade de textos que existe ao nosso redor indica que vivemos em uma sociedade letrada, pois o ato de escrever é muito importante na vida das pessoas. Por meio da escrita é possível manifestar ideias, argumentar sobre diversos assuntos e interagir com as pessoas. Além disso, a escrita auxilia na transmissão de conhecimento e na divulgação da cultura. Com o advento das redes sociais, que facilitou a comunicação entre as pessoas por meio de e- mail, blogs, chat, mensagens, a escrita vem conquistando cada vez mais espaço em nossa sociedade. A internet é responsável pela propagação de muitos textos escritos, em uma velocidade cada vez mais rápida. Como se vê, a grande quantidade de textos traz para a sociedade uma demanda muito grande de informações, sendo apresentadas nas mais variadas linguagens. Para que essas informações possam ser adequadamente compreendidas, é preciso entender o sentido da linguagem utilizada nos textos (símbolos, palavras, gestos, etc.) Escrever bem é um diferencial para qualquer pessoa, uma vez que a escrita é uma importante forma de comunicação. Desse modo, podemos perceber que a vida em uma sociedade letrada tem como destaque o contato com diversos tipos de textos, tais como notícias de jornal ou pela internet, crônicas, receitas, revistas, exemplos encontrados com mais frequência. Da mesma maneira que a escrita faz parte das nossas vidas, a leitura também está presente, sendo tão importante quanto o ato de escrever. Afinal, escrevemos textos para mandarmos mensagens para alguém que vai ler ou para anotarmos algo que deve ser lido posteriormente. Assim, leitura e escrita estão ligadas entre si. Mas, afinal, o que é um texto? Texto é uma forma de interação social, pode ter características faladas ou escritas, tamanhos diversificados. Por meio de um objetivo gira em torno de ideias e sentidos, se expressa de forma verbal e não-verbal, oferecendo entendimento completo da mensagem. Todo texto escrito deve ter também um contexto e uma função, além de ser destinado a um interlocutor (leitor). Unidade: conjunto em que as partes se ligam umas às outras. Em um texto, por exemplo, as palavras são ligadas, formando frases. As frases se unem, formando períodos, que são ligados a outros períodos, formando parágrafos. Intenção: motivo pelo qual o texto está sendo escrito. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 28 Contexto A leitura adequada de um texto ocorre quando há uma interpretação da mensagem passada, ou seja, exista o processo de decodificação do texto, para que se possa compreender o seu conteúdo. Existem elementos que podem nos ajudar a decodificar os conteúdos dos textos; dentre eles, o principal é a identificação do seu contexto. O contexto é o conjunto de informações que acompanha o texto e que facilita a sua compreensão, pois para entender a mensagem que é passada no texto, é preciso compreender em qual realidade e cenário ela foi elaborada. Saber o contexto é essencial para que se possa apreender o sentido do texto. O contexto de um texto escrito pode ser: Social: envolve relações entre pessoas de uma mesma sociedade. Cultural: faz referência a conhecimentos transmitidos no interior de uma cultura. Histórico: para entender o contexto histórico é preciso ter conhecimento do período ou fato histórico no qual se baseia o conteúdo do texto. Para entender um pouco mais como se manifesta o contexto social, observe um trecho do texto escrito por Rubem Braga: A PALAVRA Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito - como não imaginar que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade absurda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta. Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse, por acaso, ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa. Agora sei que, outro dia, eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido uma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidadeporque senti no momento e depois esqueci. (PROENÇA FILHO, Domício (org). Pequena Antologia do Braga. Rio de Janeiro: Editora Record. 1997, p. 47). VOCÊ SABIA? Rubem Braga (1913- 1990): escritor e jornalista brasileiro, ficou conhecido pelas crônicas sobre o cotidiano das relações entre as pessoas. Suas principais crônicas são: “O Morro do Isolamento” (1944), ”Ai de Ti Copacabana” (1960), “A Traição das Elegantes” (1967), “Recado de Primavera” (1984), “Crônicas do Espírito Santo” (1984), “O Verão e as Mulheres” (1986) e “As Boas Coisas da Vida” (1988), dentre outros. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 29 Nesse trecho, o escritor descreve alguns sentimentos que algumas pessoas têm ao ler os seus textos, que podem ser positivas ou negativas. Esses sentimentos só são possíveis, porque existe uma relação entre o escritor e os seus leitores. É uma forma de apresentar ao leitor a importância de seu ofício de escritor. Para entender um pouco mais sobre o contexto cultural, observe o texto abaixo do escritor Luís Fernando Veríssimo: SÍTIO Vendo. Barbada. Ótima localização. Água à vontade. Árvores frutíferas. Caça abundante. Um paraíso. Antigos ocupantes despejados por questões morais. Ideal para casal de mais idade. Negócio de Pai para filhos. Tratar com Deus. (Veríssimo, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 2000. p. 143) Para que o contexto da mensagem criada pelo escritor faça sentido, o interlocutor precisa ter um conhecimento sobre outro texto, a Bíblia, que faz parte da cultura ocidental. Sobre o contexto histórico, veja a charge da cartunista Laerte: Note que, para que o leitor interprete a mensagem presente na charge, é preciso que ele tenha um conhecimento da história do país, principalmente sobre a polêmica que foi a eleição do deputado Tiririca em 2010. VOCÊ SABIA? Luís Fernando Veríssimo (1936): escritor, tradutor, jornalista e roteirista de televisão, Veríssimo é conhecido por suas crônicas que apresentam, de maneira bem- humorada, o cotidiano das relações humanas. Suas principais obras são: “Ed Mort e Outras Histórias” (1979), “O Analista de Bagé” (1982), “O Gigolô das Palavras” (1982), “A Velhinha de Taubaté” (1983), “A Mãe de Freud” (1985), “Comédias da Vida Privada” (1984), “Comédias da Vida Pública” (1985), “Comédias para se ler na escola” (2000), “As Mentiras que os Homens Contam” (2000), “Banquete com os Deuses” (2001). Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 30 Além do contexto, o texto apresenta, em sua linguagem, várias funções, que são empregadas de acordo com a intenção do autor em transmitir a sua mensagem. Tipos Textuais Chamamos de tipos textuais o conjunto de enunciados organizados em uma estrutura bem definida, facilmente reconhecida por suas características preponderantes. Podem variar entre cinco e nove tipos, sendo que os mais estudados são a narração, a argumentação, a descrição, a injunção e a exposição, os veremos no módulo a seguir. VOCÊ SABIA? Laerte Coutinho (1951) é uma cartunista e chargista brasileira, considerada uma das artistas mais importantes na área no país. Aos 57 anos, assumiu a transexualidade, abrindo uma profunda discussão sobre a identidade de gênero no Brasil. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 31 FUNÇÃO NARRATIVA OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Reconhecer as características que permeiam o gênero textual narrativo; Identificar os elementos que compõem um texto narrativo; Associar a função narrativa a textos e obras audiovisuais presentes no cotidiano; Produzir histórias que utilizem a função textual narrativa; Conhecer o conceito de Figuras de Linguagem, bem como alguns de seus exemplos e aplicações; Relacionar textos ao seu contexto de produção/recepção histórico, social, político, cultural e estético. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 32 Introdução A principal característica da linguagem verbal é o discurso (falado e escrito) que possui lógica e sequência. Podemos citar os seguintes exemplos: Narração: traduz ações, eventos e situações do dia a dia que incentivam a produção da história; Descrição: apresenta as características das pessoas, ambientes, espaços; Dissertação: argumentos para a apresentação, convencimento dos pontos de vista para uma consideração sobre os fatos. O que os animes Naruto e Death Note, os filmes O Exterminador do Futuro e Os Vingadores e as séries The Big Bang Theory e Game of Thrones têm em comum entre si? Todos eles são obras audiovisuais, ou seja, referem-se a "qualquer comunicação, mensagem, recurso, material etc. que se destina ou visa estimular os sentidos da audição e da visão simultaneamente", de acordo com o dicionário Houaiss. O intuito dessas obras é sempre o mesmo: contar uma história. Pode ser a disputa violenta pelo poder em um mundo fantástico-medieval, a história divertida de um grupo de amigos nerds, a de um jovem que tem um caderno mortal em seu poder ou a trama futurista de viagem no tempo e robôs exterminadores, todas elas partem de um documento chamado Roteiro. O Roteiro, ou Script, em inglês, é o primeiro passo para a produção audiovisual, porque é nele que está escrita e estruturada a história que será contada. Além disso, esse documento serve como base para que o diretor imagine como irá filmar: que tipos de câmeras utilizará, quais efeitos, ângulos, enquadramentos, estilos, edição e até mesmo quais atores irá contratar. Todos os textos e/ou obras que visam contar uma história, como as obras audiovisuais acima citadas, os livros literários, contos e crônicas, têm a função de narrar acontecimentos. Por isso, dizemos que são textos de função narrativa. Dessa forma, podemos dizer que a função narrativa está presente em nossas vidas todos os dias, já que é comum lermos livros ou assistirmos a obras audiovisuais. Mas, como identificar e/ou produzir um texto narrativo? + SAIBA MAIS Como os filmes são produzidos? Você sabe quais as principais funções dentro de um filme? Diretor: É o “chefe” da produção, quem detém a responsabilidade pela obra completa e orienta e coordena os demais envolvidos. Roteirista: Quem escreve a história num primeiro momento e a entrega ou a vende a diretores e/ou estúdios de cinema. Editor: Quem faz a montagem do filme, cortando as cenas e dando ritmo à sequência. Produtor: Há vários tipos de produtores: aqueles que agendam locações para filmagens e correm com os processos do dia a dia e aqueles que financiam o filme. Atores: São os artistas que atuam e representam as personagens da trama. Figurinista: Quem cuida das roupas e acessórios dos atores. Diretor de Fotografia: Responsável pela escolha das paisagens, efeitos de luz e reflexos nas cenas. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 33 Elementos da Narrativa Toda história possui elementos em comum, que a caracterizam como uma narrativa. Vamos aprender a identificá-los? Personagens: são aquelas que estão envolvidas no enredo (ver a seguir). Normalmente, as narrativas possuem núcleos principais que giram em torno de uma ou duas personagens, consideradas principais ou protagonistas. Há ainda o antagonista, normalmente o vilão ou figura que se opõe ao (s) protagonista (s). As demais personagens são consideradas secundárias. Narrador: é quem conta a história. O narrador pode ser classificado de acordo com sua influência sobre a própria história: Narrador-observador: quandoo narrador não participa da história ou influi sobre ela diretamente, é considerado observador. Nesse caso, normalmente a história é contada em terceira pessoa (eles viram, eles participaram, ele correu). Narrador-personagem: quando o narrador participa da história como personagem, geralmente contada em primeira pessoa (eu vi, eu participei, nós corremos). Narrador-onisciente: é o narrador-personagem que, além de participar da história, tem pleno conhecimento acerca dos pensamentos e sentimentos dos demais personagens ("Rubião não esquecia que muitas vezes tentara enriquecer com empresas que morreram em flor” – Quincas Borba – Machado de Assis). Tempo: referente à duração da história. Pode ser cronológico (segundos, minutos, horas, dias, meses, anos) ou psicológico (lembranças e vivências das personagens, como flashbacks – interrupção da sequência narrativa). Espaço: referente ao local no qual a história acontece. Assim como o tempo, pode ser físico (uma vila, cidade, país, continente, ou até outro planeta) ou psicológico (a história pode acontecer na mente de uma personagem). Enredo: o entrelaçamento das ideias, trata-se da história em si, que contém todos os elementos acima e pode ser dividida em algumas etapas: Introdução: normalmente, é o início da história, no qual se apresenta o tempo, o espaço, o enredo e as personagens. Trama: é o desenrolar da história, no qual os elementos acima interagem entre si, provocando suspense e/ou mistério. Clímax: momento da história no qual o suspense e/ou mistério previamente criados são rapidamente desvendados, de maneira dinâmica e emocionante. Você sabia? A prática de incorporar palavras de outros idiomas como flashback e replay à Língua Portuguesa é uma figura de linguagem chamada Estrangeirismo. Figuras de Linguagem são recursos de expressão utilizados por um escritor com o objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase. Existem diversas figuras de linguagem e algumas das mais conhecidas são: Metáfora: consiste na utilização de uma palavra em lugar de outra, como uma comparação subjetiva que a princípio não pode ser entendida pela lógica, mas sim pelo espírito. (Ex: Aquela moça é uma flor.) Onomatopeia: quando o autor tenta reproduzir sons da realidade na forma escrita. (Ex: O cachorro latiu: -Au au!) Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 34 Desenlace ou Desfecho: é a conclusão da história, momento-chave, no qual tudo que estava pendente é explicado. Para que esses elementos estejam presentes coerentemente em seu texto, recomenda-se sempre que, ao escrever, pense nas seguintes perguntas: O que aconteceu? (enredo); Quando aconteceu? (tempo); Onde aconteceu? (espaço); Com quem aconteceu? (personagens); Como aconteceu? (trama, clímax, desenlace ou desfecho). Discurso Discurso: trata-se da forma como a história é contada pelo narrador e, como tal, também pode ser classificado em três tipos: Discurso direto: quando as falas das personagens aparecem exatamente como elas dizem, por meio de travessão e pontuação adequada. Discurso indireto: nesse caso, as falas das personagens são contadas pelo narrador, que as incorpora em seu próprio discurso. Discurso indireto livre: aqui, além de incorporar as falas das demais personagens em seu discurso, o narrador também emite, discretamente, sentimentos e aflições de terceiros, a ponto de, às vezes, não haver distinção entre o que vem do narrador e o que vem das personagens. Analisando uma narrativa Observe o trecho a seguir. Vamos identificar os elementos característicos da narrativa presentes nele? Sempre me chamou a atenção, aquela senhora. Ela almoça no mesmo restaurante que eu. Todos os dias, à mesma hora, vejo-a entrar, sozinha, elegante em sua roupa escura, quase sempre de gola rulê, os cabelos muito brancos presos num coque. Pisa o chão de lajotas com passos incertos, o corpo muito magro um pouco encurvado, como se carregasse um peso invisível – ou um segredo. Sim, porque os segredos vergam as costas, pesam como fardos. E, ao olhar para ela, desde a primeira vez, fui tomada pela sensação de que tinha algo a esconder. SEIXAS, Heloísa. Segredos: contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 19. Quem conta a história? Logo no início do texto, podemos identificar a narradora: ela é alguém que almoça todos os dias no restaurante frequentado pela velha senhora. Como está todos os dias ali, observa a senhora, interpreta suas características, faz suposições a seu respeito (ela andaria curvada porque teria um segredo...). Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 35 O ponto de vista a partir do qual essa história será contada é o dessa mulher que observa a velha senhora. Além do narrador, o texto narrativo também apresenta personagens (as pessoas que participam dos acontecimentos contados pelo narrador), um espaço (nesse caso, fala-se do interior de um restaurante) e um tempo (momento em que os acontecimentos ocorrem, duração de cada um deles). Crônicas e Relatos Existem outros tipos de texto que possuem a função narrativa: Novela, Conto, Romance, Fábula, e os mais utilizados em sala de aula, Crônica e Relato. Vamos aprender mais sobre as características deles? Crônica: um tipo especial de narrativa é a crônica. A origem da palavra crônica é grega e vem de chronos (tempo). É por esse motivo que uma das características definidoras desse tipo de texto é o seu caráter atual. Nesse tipo de texto, encontramos a apresentação de fatos atuais, a partir dos quais um autor desenvolve reflexões mais abrangentes sobre o comportamento humano. Relato: trata-se de outro tipo de texto em que também percebemos a função narrativa (apresentação de uma série de acontecimentos), nem sempre existe a construção de personagens, a caracterização de um cenário ou o estabelecimento de um tempo. No nosso dia a dia, usamos o relato inúmeras vezes. Sempre que queremos contar algum acontecimento, relatamos o que se passou. Às vezes, somos solicitados a escrever pequenos relatos para nosso chefe, de modo a registrar uma ocorrência especial durante o expediente. A preocupação de quem relata algo deve estar voltada para o registro dos fatos, sem grande preocupação com detalhes. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 36 FUNÇÃO EXPOSITIVA OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Reconhecer as características que permeiam o gênero textual expositivo; Identificar os elementos que compõem um texto expositivo; Associar a função expositiva a textos e obras audiovisuais presentes no cotidiano; Produzir textos que utilizem a função expositiva; Relacionar textos ao seu contexto de produção/recepção histórico, social, político, cultural e estético. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 37 Introdução A palavra expor é originada do latim exponere, que significa “apresentar à vista, destacar, mostrar”, de ex- (para fora), mais ponere (colocar). Temos diferentes objetivos ao expor ideias, argumentos e/ou acontecimentos, e cada um desses objetivos está implícito em um tipo de texto que utiliza a função expositiva. Algumas das principais características da função expositiva são: a instrução, informação, descrição, definição, enumeração, comparação e o contraste. Assim como ocorre com a função narrativa, em nosso dia a dia também nos deparamos frequentemente com textos que se utilizam da função expositiva. A seguir, apresentaremos os seus tipos principais. Dissertação A dissertação argumentativa diz respeito à reflexão que fazemos sobreo tema. O ponto de vista do autor é declarado e se interage com os fatos abordados, a fim de esclarecê-los e também de convencer o leitor sobre a opinião expressa. Portanto, o escritor tende a usar da persuasão para apresentar a visão crítica dele. Contudo, a linguagem não deve deixar de ser objetiva e o ponto de vista deve ser baseado em evidências concretas e reais dos acontecimentos. A argumentação é a estratégia da razão, da lógica e dos fatos. Nela, temos a apresentação de fatos, os motivos e as provas que atestam uma tese. Uma boa argumentação se faz valer de exemplos, comparações, dados, estudos técnicos, testemunhos, entre outras formas de se provar a veracidade de uma afirmação. Por isso, independente do tipo de dissertação, faça uma exposição clara, coerente dos argumentos, os quais devem ser estruturados de maneira lógica! + SAIBA MAIS Você já ouviu falar em Etimologia? A Etimologia é a divisão da gramática que estuda a história e a origem das palavras e seus significados. A maior parte das palavras da Língua Portuguesa são originadas de outros idiomas, como: Grego; (Ex: Ética, do grego ethos, que significa caráter, costume ou modo de ser.) Latim; (Ex: Educar, do latim educare, que significa conduzir para fora, ou direcionar para fora.) Tupi-guarani. (Ex: Catapora, do tupi-guarani tatá´pora, que significa fogo que surge ou aquilo que salta para fora.) 1. 2. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 38 Em ambos os casos, a dissertação manterá as seguintes características: Verbos: devem estar em terceira pessoa, ou seja, referindo-se a: ele, ela, eles, elas. Linguagem: é formal, logo, obedece às normas gramaticais. Dessa forma, empregos de expressões coloquiais, ou seja, da oralidade e gírias, estão excluídas, tais como: “tá boa”, “o bofe lá”, “tampa o sol com a peneira”, “ninguém merece”, “isso está cheirando mal”, “sem noção”, “camarada” etc. Palavras: devem ser usadas no seu sentido denotativo, literal, ou melhor, no que consta no dicionário. Deixe o sentido figurado para as poesias e outros tipos de textos. Expressões: em redações dissertativas, é comum lermos: eu acho, na minha opinião, de acordo com que penso a esse respeito. No entanto, essas colocações são redundantes, pois é um texto que mostra o ponto de vista do autor em relação a um fato. Então, é redundante usar tais expressões, mesmo porque deve-se manter a terceira pessoa do discurso. Períodos: devem ser objetivos e claros. De preferência, mais breves, pois períodos muito longos geram confusão. Aproveite e verifique se a pontuação está correta: se o ponto final está presente em cada ideia finalizada! Estará errada se as orações estiverem emendadas por vírgulas, ocasionando um período longo e confuso. Estrutura: observe aqui a paragrafação, ou seja, a divisão por parágrafos e também se há introdução, desenvolvimento e uma boa conclusão. Muitas vezes, esta última parte é esquecida! Por último, observe se sua dissertação tem o mínimo de 15 linhas escritas e o máximo de 35 (tamanho exigido na maioria dos processos seletivos, principalmente no ENEM). (Saiba mais em: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/como-fazer-uma-boa-dissertacao.htm) Analisando uma dissertação Vamos analisar o texto a seguir, de forma a encontrar os principais elementos dissertativos presentes na redação em destaque? A ALMA DA FOME É POLÍTICA A fome é exclusão. Da terra, da renda, do emprego, do salário, da educação, da economia, da vida e da cidadania. Quando uma pessoa chega a não ter o que comer, é porque tudo o mais já lhe foi negado. É uma espécie de cerceamento moderno ou de exílio. A morte em vida. E exílio da Terra. A alma da fome é política. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 39 A história do Brasil pode ser contada de vários modos e sob vários ângulos, mas para a maioria ela é a história da indústria da fome e da miséria. (...) aqui não houve lugar para o acaso. Tudo foi produzido como obra calculada. Fria. O resultado está aí diante dos olhos de todos. Uma parte ostensiva, rica, branca, educada, motorizada, dolarizada. Outra parte imensa na sombra, negra, analfabeta, dando duro todos os dias, comendo o pão que o diabo amassou (...). Dois mundos no mesmo país, na mesma cidade, muito próximos pela geografia e infinitamente distantes como experiência de humanidade. (...) A frieza construiu a miséria. Construiu as cidades cheias de gente e de muros que as separam como estranhos que se ignoram e se temem. A solidariedade vai destruir as bases de existência da miséria. É uma ponte entre as pessoas. Por isso o gesto de solidariedade, por menor que seja, é tão importante. É um primeiro movimento no sentido oposto a tudo que se produziu até agora. Uma mudança de paradigma, de norte, de eixo, o começo de algo totalmente diferente. Como um olhar novo que questiona todas as relações, teorias, propostas, valores e práticas, restabelecendo as bases de uma reconstrução radical de toda a sociedade. Se a exclusão produziu a miséria, a solidariedade destruirá a produção da miséria, produzirá a cidadania plena, geral e irrestrita. Democrática. SOUZA, Herbert; RODRIGUES, Carla. Ética e cidadania. São Paulo: Moderna, 1994. (Coleção Polêmica). Você deve ter percebido que o texto acima começa por definir o que vem a ser “fome”. Para o autor, “quando uma pessoa chega a não ter o que comer, é porque tudo o mais já lhe foi negado”. Por isso, ele defende a ideia de que toda pessoa que passa fome está excluída da sociedade. Matar a sua fome significa, então, reintegrá-la, fazer com que ela volte a fazer parte de uma comunidade, por meio da ação solidária. Herbert de Souza escreveu esse texto com o objetivo de defender uma campanha que ele desenvolveu para combater a fome dos milhões de brasileiros miseráveis. Trata-se da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Como nos explica no texto: “Se a exclusão produziu a miséria, a solidariedade destruirá a produção da miséria, produzirá a cidadania plena, geral e irrestrita. Democrática.” Em um texto dissertativo, o objetivo do autor é mostrar, através de argumentos, que ele tem razão em pensar daquela maneira. Assim, concordar com o ponto de vista de Herbert de Souza, depois de ler o texto, significa começar a agir para combater a fome, contribuir para a construção de um Brasil mais democrático. Obs.: Se podemos dizer que todo o discurso argumentativo é persuasivo, o contrário não é verdadeiro, pois nem todo o discurso persuasivo é argumentativo, como iremos comprovar no próximo módulo. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 40 O texto jornalístico Você já deve ter reparado que um outro tipo de texto muito comum é aquele que nos apresenta informações. Pense, por exemplo, em um jornal. Todos os dias, encontramos nele inúmeras notícias. Lê-las significa descobrir o que está acontecendo no nosso país e no mundo. Podemos também procurar informações úteis nos jornais: a seção de classificados apresenta ofertas de empregos, casas e apartamentos para alugar etc. Nos feriados, o jornal nos informa sobre quais serviços ficarão abertos e fechados. Embora a função de uma notícia seja expositiva, sua estrutura é diferente da de uma dissertação e assemelha-se à de um relato. Os elementos típicos de uma notícia costumam ser resumidos por uma “lista” de perguntas básicas: Q – Q – Q – O – C – PQ? (Quem? O quê? Quando? Onde? Como? Por quê? Para quê?). Ao responder a cada uma dessas perguntas, o jornalista assegura a apuração dos fatos e garante que dispõe das informações necessárias para redigir a sua matéria. O texto instrucional Em algumas situações muito práticas, precisamos de orientações sobre como agir. Há um tipo de texto expositivo que nosauxilia nesses casos: o texto instrucional. Pense, por exemplo, em um acidente doméstico muito frequente: as queimaduras. Alguém está cozinhando e, em um momento de distração, deixa cair água fervendo sobre a pele. O que fazer? 1. Em extremidades queimadas, remova relógios, pulseiras, anéis ou alianças. 2. Coloque a área queimada sob água corrente (torneira, mangueira). Isso irá resfriar o local, limpar e aliviar a dor. 3. Cubra o local atingido com um pano limpo e procure socorro médico. 4. Não coloque gelo, pasta de dente, clara de ovo ou qualquer outra coisa sobre a queimadura. Isso pode prejudicar muito a vítima, além de dificultar o trabalho do médico. 5. Não fure as bolhas. Folheto distribuído em ato público na calourada 2002 das turmas de medicina, enfermagem e fonoaudiologia da Unicamp. O texto anterior orienta o leitor sobre como agir em caso de queimadura. Veja que cada uma das instruções é formulada como uma ordem (ou comando): “coloque”, “remova”, “cubra”, “não coloque”... Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 41 Essa é uma característica específica dos textos instrucionais. Como o objetivo, nesse caso, é muito prático, quem escreve o texto pensa em quais ações devem ou não ser realizadas por quem socorre alguém que sofreu uma queimadura. De modo objetivo, são dadas orientações sobre o que precisa ser feito (lavar a área queimada com água corrente) e o que deve ser evitado (colocar substâncias estranhas sobre a queimadura, furar bolhas). Sempre que precisarmos produzir um texto para orientar o comportamento de alguém em uma situação específica, como preparar um bolo ou montar um equipamento, devemos nos lembrar de que as instruções devem reproduzir exatamente as ações a serem realizadas naquela situação. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 42 FUNÇÃO PERSUASIVA OS OBJETIVOS DA AULA SÃO: Reconhecer as características que permeiam o gênero textual persuasivo; Identificar os elementos que compõem um texto persuasivo; Associar a função persuasiva a propagandas e demais elementos presentes no cotidiano; Produzir textos que utilizem a função textual persuasiva; Relacionar textos ao seu contexto de produção/recepção histórico, social, político, cultural e estético. BONS ESTUDOS! Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 43 Introdução Se as funções textuais narrativa e expositiva já estão presentes em nosso cotidiano, podemos dizer que nos deparamos com a função persuasiva a quase toda a hora. Isso porque vivemos em um país no qual as culturas sociais e econômicas são essencialmente capitalistas, ou seja, a competição por dinheiro no mercado de trabalho é muito acirrada e, normalmente ganha aquele que é mais conhecido e/ou tem maior poder de persuasão. Por causa disso, a propaganda é algo recorrente em nossas vidas, chegando até nós por meio da televisão, de outdoors, do rádio e da internet. Persuadir é diferente de convencer A persuasão está ligada à sedução, a adesão de alguém a certas ideias, sendo feita através de gestos, palavras ou imagens que estimulam sentimentos ou desejos ocultos, acabando por gerar falsas crenças. Através da persuasão o orador reforça os seus argumentos, despertando emoções, de modo a criar uma adesão emotiva às suas teses. Na persuasão, ao contrário da argumentação, faz-se apelo a processos menos racionais, indo além: tentará também influenciar um indivíduo a ter um determinado tipo de comportamento, como um consumidor comprando um produto ou serviço. Além da propaganda, outro tipo de atividade que precisa empregar o poder de persuasão é o Direito, no qual acusação e defesa tentam persuadir júri e juiz a absolverem ou declararem culpado um ou mais réus. A propaganda Você já está acostumado a andar pela rua e ser abordado por diversas propagandas em cartazes, folhetos e vitrines que oferecem produtos baratos, descontos imperdíveis, dinheiro facilitado etc. Todos esses dispositivos têm o intuito de persuadi-lo a fazer alguma coisa: comprar um produto, votar em alguém, pegar dinheiro emprestado, entre outros. Como saber se realmente aquilo que está sendo veiculado é confiável? Por meio do poder de análise. A propaganda tem algumas características específicas que devem ser observadas: Discurso direto com o leitor: o texto persuasivo fala diretamente ao leitor, por meio do uso do pronome de tratamento “você”. É comum encontrar esse tipo de discurso em propagandas, porque aproxima quem lê de quem escreve. Modo imperativo dos verbos: “doe”, “compre”, “use”, “beba”, “faça”. Repare que, na maioria dos casos, a regência dos verbos empregados nos textos persuasivos de propaganda se dá no modo imperativo, ou seja, indicando uma ordem, um pedido, uma sugestão. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 44 Vamos analisar a propaganda abaixo: O texto do folheto acima foi elaborado com uma finalidade específica. Você deve ter observado que tudo o que é dito no texto gira em torno de uma mesma ideia: a doação de órgãos é um gesto muito importante. A finalidade da propaganda, nesse caso, é convencer todos que a leem a se tornarem doadores. Para convencer os leitores, o folheto apresenta uma imagem que sugere um argumento. Que imagem é essa? Muito bem: a de uma via de mão dupla. Essa imagem sugere que há um caminho de ida e de volta, e que não temos como saber em que lado desse caminho podemos nos encontrar. Dessa imagem nasce o argumento central da propaganda: é importante doar órgãos, porque nunca se sabe quem é que vai precisar de um transplante (Você? Alguém da sua família? Um amigo?). Observe ainda a presença do pronome você, em destaque no texto, bem como o uso do modo imperativo do verbo doar (doe). Tudo isso configura um texto persuasivo de propaganda. Para uso exclusivo do Instituto da Oportunidade Social ® www.ios.org.br 45 A carta argumentativa E se você precisar escrever um texto para convencer alguém a fazer algo por você? Já passou por uma situação como essa? Há momentos em que, para garantir nossos direitos, temos que apresentar, por escrito, uma reclamação. Alguns jornais oferecem a seus leitores espaços para publicarem suas reclamações sempre que se julgam mal atendidos ou que têm seus direitos desrespeitados. Veja o que aconteceu com um aposentado que resolveu aproveitar a oferta de um folheto de propaganda que prometia descontos na compra de medicamentos em uma farmácia específica. A farmácia XYZ distribuiu folheto informando que aposentado conveniado a uma determinada empresa de saúde teria direito a 25% de desconto na compra de medicamento, mediante a apresentação da receita. Como eu me enquadrava no que dizia o folheto, além de possuir o cartão da farmácia, procurei a loja e comprei o remédio de que necessitava. Entretanto, ao efetuar o pagamento, o caixa informou-me que não teria direito ao desconto, pois o remédio não estava em promoção pela empresa da qual sou associado. Em casa, liguei para o Serviço de Atendimento ao Consumidor, que ficou de apurar os fatos e retornar. Voltei à loja e o mesmo caixa informou-me que a listagem de remédios muda diariamente e de acordo com cada convênio médico. Isso é bingo e não promoção. Seria mais honesto a farmácia afixar em lugar visível da loja a relação dos remédios em promoção. Carta de Wilson S. B., adaptada da Coluna “Advogado de Defesa” do Jornal da Tarde, São Paulo, p. A3, 8 maio 2002. Essa situação é típica da sociedade em que vivemos: faz-se uma propaganda para levar as pessoas a comprarem em uma determinada loja e, lá chegando, constata-se que aquilo que foi prometido não será cumprido.
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