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Fundamentos das Relações Internacionais

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Unidade 1 - Conceito de guerra
"Para Clausewitz, a guerra é um ato de força empregado para compelir outros atores – em princípio, 
seus oponentes – a realizar seus objetivos."
Guerras são formas de comportamento humano construídas socialmente e em larga escala. Dessa forma, 
devem ser compreendidas dentro do contexto mais amplo dos seus cenários culturais e políticos. A 
intensidade da guerra, muitas vezes, pode agir como um catalisador de mudanças sociais, políticas e 
econômicas. A guerra pode acelerar ou colocar em movimento forças de transformação, modificando a 
indústria, a sociedade e os governos. Tais mudanças são, ao mesmo tempo, fundamentais e permanentes.
A diminuição da frequência das guerras tem sido acompanhada do aumento da severidade nesses conflitos. 
Tal severidade é definida pelo número de mortes relacionadas ao conflito, tanto em termos absolutos quanto 
em relação à população. A potencialização dessa severidade é, em grande medida, produto de avanços 
tecnológicos que têm estado cada vez mais disponíveis para um número maior de pessoas.
Causas da guerra
-poder
-território
-convicções políticas
-políticas de fortalecimento da segurança nacional 
Na maioria dos sistemas políticos modernos, as disputas entre indivíduos são resolvidas por instituições 
policiais e jurídicas que asseguram, em uma situação ideal, a manutenção da ordem política e de um 
mínimo de controle da violência e do uso da força. O problema é que, no nível internacional, isso não 
ocorre da mesma forma. Em teorias de política internacional, dizemos que é justamente esse fato que 
torna o sistema internacional anárquico, pois não há autoridade acima dos Estados nacionais. 
Instituições internacionais existem, e uma série delas está voltada para a criação de regras e 
normas acerca do uso da força, como o Conselho de Segurança da ONU. No entanto, essas 
instituições carecem dos mesmos mecanismos de constrangimento que as instituições domésticas 
possuem. 
Quanto mais eficientes forem os mecanismos de ordem internacional para facilitar a interação entre os 
Estados, menor será a incidência de conflito.
Política doméstica dos Estados 
Apesar das disputas domésticas sobre ir ou não à guerra, a menos que a guerra seja altamente impopular 
domesticamente – como foi a Guerra do Vietnã a partir dos anos 1960 –, um Estado em guerra, geralmente, 
é um Estado internamente pacífico. Isso acontece porque conduzir uma guerra requer um alto grau de 
coordenação e cooperação doméstica.
Unidade 2 - Direito internacional e guerra
O Belicismo, pacifismo e a Teoria da Guerra Justa. 
-Jus ad bellum (o direito de ir à guerra)
-Jus in bello (o direito na guerra)
Uso de armas 
O uso de armas pode ser moral ou não, especialmente com relação às armas convencionais. Esse é o 
caso de mísseis, bombas convencionais e armamentos, como rifles, minas e granadas. Muitos defendem 
que há alguns tipos de armas cuja utilização não pode ser moral devido ao seu caráter de destruição 
ilimitada. O uso de tais armas desfaz, muitas vezes, a distinção entre combatentes e não combatentes e, 
por isso, não há emprego que justifique moralmente a sua utilização. Exemplos: armas químicas e 
biológicas, bombas nucleares.
Por vezes, os próprios Estados escolhem ignorar ou violar os princípios do Direito Internacional para atingir 
os seus objetivos. Em outras ocasiões, as violações são justificadas a partir de variadas interpretações do 
Fundamentos das Relações Internacionais, FGV 
segunda­feira, 23 de novembro de 2020 15:46
Direito Internacional, de forma a fundamentar o que os Estados já fizeram ou planejam fazer.
Unidade 3 - Tendências no caráter da guerra
Mudanças na guerra 
-Menos frequentes
-Se deslocaram para fora da Europa 
-Aumento de conflitos intraestatais
Fenômenos que afetaram o caráter da guerra
-Avanço tecnológico (possibilidade de conflitos assimétricos)
-Banalização da guerra e da violência 
-Privatização (terceirização da guerra)
-Guerras virtuais
Guerra hiperbólica: quando a escala e a intensidade de uma guerra são alimentadas pelas pressões dos 
avanços tecnológicos e industriais 
Unidade 4 - Novas guerras 
Esses conflitos são tipicamente baseados na desintegração do Estado e nas subsequentes lutas pelo 
controle por grupos oponentes. Tais grupos estão, ao mesmo tempo, tentando impor a sua própria 
definição de identidade nacional, do Estado e da sua população.
Assim como as guerras modernas teriam contribuído para a emergência da figura do Estado a partir do 
século XVI, as novas guerras estariam levando à desintegração, ao colapso e à falência dos Estados. Além 
disso, muito da pressão que esses Estados sofrem vem do processo de globalização no sistema 
internacional. 
Ocorrência em estados cuja economia: 
-Tenha baixíssimos índices de crescimento
-Seja incapaz de gerar riqueza para a sociedade
-Esteja em colapso total 
As novas guerras ocorrem, tipicamente, nos países onde o Estado perdeu o controle sobre porções 
significativas do território nacional e não dispõe dos recursos necessários para reaver o controle de tais 
territórios. As condições para essas novas guerras também são criadas pela incapacidade de 
determinados governos exercerem algumas das funções tradicionalmente associadas ao Estado-Nação 
(governo deslegitimado).
Novas guerras como reação ao processo de globalização, que cada vez mais, tem destruído as 
noções tradicionais de classe e ideologia, ao mesmo tempo em que coloca grande importância na 
capacidade agregadora de sentimentos identitários e culturais.
Características das novas guerras 
-Grupos paramilitares
-Desenvolvimento econômico
-Não-financiadas pelo Estado 
Como a sociedade internacional deve agir perante Estados que abusam, ativamente, dos seus cidadãos 
ou falham em protegê-los? Que responsabilidade outros Estados e instituições internacionais têm de 
defender e promover os direitos humanos em Estados que, claramente, violam tais direitos 
massivamente?
A intervenção humanitária de agentes internacionais se estabilizou no Direito Internacional no pós Guerra 
Fria, depois dos avanços nos direitos humanos no pós Segunda Guerra. 
Outra leitura propõe que os Estados nunca intervêm primariamente porque estão preocupados com a 
segurança de cidadãos estrangeiros em causas humanitárias, mas sim porque têm outros interesses na 
intervenção. Só isso explicaria a disposição em alocar recursos e enviar os seus próprios soldados para 
combater em outro Estado por uma causa que, a princípio, não é sua.
O ataque de 11 de setembro e a subsequente guerra ao terror tiveram consequências diversas no regime 
de intervenções humanitárias.
Os defensores de uma visão otimista afirmam que esses eventos injetariam autointeresse 
nas atividades humanitárias, de forma a diminuir as fontes de ameaça terroristas.
Por outro lado, alguns céticos afirmam que, após tais eventos, a intervenção humanitária 
poderia ser utilizada, cada vez mais, para servir aos interesses dos países que a 
empregam, e não daqueles que sofrem as violações dos seus direitos.
A intervenção no Iraque e a não intervenção em Darfur são casos que acabam dando razão aos céticos, 
pois sublinham os abusos cometidos e a seletividade na escolha dos casos a se intervir em função de 
interesses próprios de alguns países.
Proteção
De acordo com tal conceito, os Estados têm a responsabilidade principal de proteger os seus próprios 
cidadãos. Entretanto, se tais Estados não estiverem dispostos ou forem incapazes de realizar tal tarefa, 
essa responsabilidade é transferida para a sociedade internacional. Em outras palavras, o princípio de não 
intervenção dá lugar à responsabilidade internacional de proteger. É defendido que o debate não deve ser 
dirigido para a questão de os Estados terem o direito de intervir ou não, mas sim para a responsabilidade 
de proteger pessoas em perigo.
Unidade 5 - Origens da paz 
A paz perpétua, Immaunel Kant
Nesta obra, o autor busca analisar a guerra e a paz sob a perspectiva da natureza humana. Aargumentação apresentada, de grande influência para a criação da Liga das Nações, defende que a paz 
perpétua é possível e deve ser buscada por meio de governos republicanos e do Direito Internacional. 
Nesse sentido, ambições imperialistas e conflitos armados devem acabar.
Impeditivos para a manutenção da paz 
-Tratados de paz que não lidam com as causas da guerra 
-Existência de exércitos permanentes
-Guerras sustentadas por recursos públicos 
-Nenhum Estado deve intrometer-se com emprego de força na constituição e no governo de outro
-Nenhum Estado em guerra com outro deve permitir hostilidades que possam tornar impossível a 
construção de confiança recíproca na paz futura
Promoção do Estado de paz
-A constituição civil, em cada Estado, deve ser republicana;
-O direito das gentes deve ser fundado sobre um federalismo de Estados livres;
-O direito cosmopolita deve ser limitado às condições da hospitalidade universal.
Richard Cobden (1804-1865) defendeu três ideias ambiciosas no que se refere ao impacto do livre 
comércio para a paz. Primeiramente, o autor argumentou que a maioria das guerras era disputada por 
Estados para que estes alcançassem as suas metas mercantilistas. Nesse sentido, o livre comércio 
mostraria aos líderes meios mais efetivos – e pacíficos – de se alcançar a riqueza nacional. Em segundo 
lugar, mesmo no caso de guerras que não emergissem de rivalidades comerciais, o impacto negativo sobre 
os interesses domésticos, por conta da interrupção do livre comércio, levaria a hostilidades. Por fim, 
Cobden defendeu que, com a expansão do livre comércio, o contato e a comunicação entre os povos iria se 
expandir. Isso, por sua vez, encorajaria a amizade e a compreensão internacionais.
Essa relação entre o comércio internacional e a paz internacional tem sido uma proposição recorrente e é 
encontrada em alguns trabalhos atuais, que alegam que a interdependência e o comércio internacional 
podem ter efeitos pacifistas no comportamento dos Estados. Essa foi a base, por exemplo, do programa de 
assistência econômica e financeira à Europa em 1947 (conhecido como Plano Marshall) e também da 
institucionalização de um sistema financeiro e econômico integrado ao longo da década de 1970. 
No entanto, a realidade pode colocar em cheque esses argumentos, ao menos em alguma medida.
Isso acontece porque os benefícios econômicos e industriais advindos do esforço de guerra – avanços 
tecnológicos e aumento da produção, por exemplo – podem superar os prejuízos advindos da cessação 
parcial do comércio, especialmente se o Estado não é o cenário da guerra, como foi o caso dos Estados 
Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
O líder revolucionário russo Vladimir Ilyich Lenin, por exemplo, expressou uma influente visão sobre que 
tipos de governo e sociedade que, mais provavelmente, encorajariam a paz mundial. Lenin defendia que 
Estados socialistas, representando os interesses das classes trabalhistas tradicionalmente forçadas a lutar 
e a morrer em guerras, deveriam ser inclinados a evitar a guerra. Ao liderar a revolução que derrubou o 
regime Tsarista na Rússia, Lenin defendeu que Estados e sociedades capitalistas tendem a se tornar 
imperialistas ao competirem uns contra os outros por mercados ao redor do mundo. Lenin via a Primeira 
Guerra Mundial como uma guerra entre poderes imperialistas, e o novo regime socialista de trabalhadores 
que ele planejara não participaria disso. A paz foi estabelecida logo depois que Lenin e o Partido Comunista 
subiram ao poder, levando a Rússia sair da guerra.

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