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Dos bens Bens são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis. Bens corpóreos e incorpóreos Bens corpóreos são os que têm existência física, material e podem ser tangidos pelo homem. Bens incorpóreos são os que tem existência abstrata ou ideal, mas valor econômico, como o direito autoral, o crédito, a sucessão aberta, o fundo de comércio etc. São criações de mente reconhecidas pela ordem jurídica. *Em direito, a expressão propriedade é mais ampla do que domínio, porque abrange também os bens incorpóreos. * Patrimônio Em sentido amplo, o conjunto de bens, de qualquer ordem, pertencentes a um titular, constitui o seu PATRIMÔNIO. Em sentido estrito, tal expressão abrange apenas as relações jurídicas ativas e passivas de que a pessoa é titular, aferíveis economicamente. • Segundo a doutrina é o complexo das relações jurídicas de uma pessoa, que tiverem valor econômico. • Restringe-se aos bens avaliáveis em dinheiro. *o nome comercial e o fundo de comercio integram o patrimônio porque são direitos* Segundo a teoria clássica ou subjetiva, o patrimônio é uma universalidade de direito, unitário e indivisível, que se apresenta como projeção e continuação da personalidade. Para teoria realista, também denominada moderna ou de afetação, o patrimônio seria constituído apenas pelo ativo e não seria unitário e indivisível, mas formado de vários núcleos separados, conjunto de bens reservados, a massa falimentar, a herança etc. Classificação dos bens Essa classificação é feita segundo critérios de importância científica, pois a inclusão de um bem em determinada categoria implica a aplicação automática de regras próprias e específicas, visto que não se podem aplicar as mesmas regras a todos os bens. O código civil de 2001, no livro II da Parte Geral, em título único, disciplina os bens em três capítulos diferentes. Bens considerados em si mesmos Podem ser: o Bens imóveis e bens móveis: Também denominados bens de raiz, os bens imóveis, desfrutam de maior prestígio. No entanto a importância dos bens moveis tem aumentado consideravelmente no moderno mundo dos negócios. Os principais efeitos práticos dessa distinção, que denotam a sua importância, são: a) Os bens moveis dão adquiridos, em regra, por simples tradição, enquanto os imóveis dependem de escritura pública e registro no cartório de Registro de imóveis. b) A propriedade imóvel pode ser adquirida, também, pela acessão, pela usucapião e pelo direito hereditário; e a mobiliária pela usucapião, ocupação, achado de tesouro, especificação, confusão, comistão, adjunção. c) Os bens imóveis exigem para serem alienados, hipotecados ou gravados de ônus real, a anuência de cônjuge, exceto no regime de separação absoluta, o mesmo não acontecendo com os móveis. d) Usucapião de bens imóveis requer prazos mais dilatados do que a de bens móveis, conforme dispõe a CF/88 e o CC. e) Hipoteca é direito real de garantia reservado aos imóveis, com exceção dos navios e das aeronaves, enquanto o penhor é reservado aos móveis. f) Só os imóveis são sujeitos à concessão de superfície enquanto só os móveis se prestam ao contrato de mútuo. g) No direito tributário, os imóveis estão sujeitos ao imposto de sisa, bem como os impostos territorial, predial e de transmissão mortis causa, enquanto a venda de móveis é geradora de ICM-imposto de Circulação de Mercadorias, de imposto sobre produtos industrializados e de transmissão mortis causa. h) No direito penal, somente os móveis podem ser objeto de furto ou roubo. i) No direito processual civil, as ações reais imobiliárias exigem a citação de ambos os cônjuges. j) São maiores as exigências legais para a venda de bens imóveis pertencentes a incapazes sob o poder familiar, tutela e curatela, do que para a dos bens. k) Somente imóveis podem ser objeto de bem de família. Bens imóveis Segundo Clóvis, chamam-se imóveis os bens “que se não podem transportar, sem destruição, de um para outro lugar”. Art. 79 Imóveis por natureza: A rigor, somente o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo, é imóvel por natureza. Todo o mais que a ele adere deve ser classificado como imóvel por acessão. Imóveis por acessão natural: Incluem-se nessa categoria as árvores e os frutos pendentes, bem como todos os acessórios e adjacências naturais. Imóveis por acessão artificial ou industrial: Acessão significa justaposição ou aderência de uma coisa a outra. Essa acessão é tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios... nesse contexto não se incluem as construções provisórias. (art.81 e 84) Imóveis por determinação legal: Trata-se dos bens incorpóreos, imateriais (direitos), que não são, em si, móveis ou imóveis. O legislador, no entanto, para maior segurança das relações jurídicas, os considera imóveis. (uma ficção da lei) O direito abstrato da sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que os bens deixados pelo de cujos sejam todos móveis. Neste caso, o que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes de herança, mas o direito a esta, como uma unidade. A lei não cogita das coisas que estão na herança, mas no direito a esta. Somente depois da partilha é que se poderá cuidar dos bens individualmente. (a renúncia da herança é a renúncia de imóvel, devendo ser feita por meio de escritura pública...) Bens móveis O art.82 considera móveis “os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da distinção econômica-social”. Móveis por natureza: segundo Clóvis “são os bens que, sem deterioração na substância, podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou estranha”. Estes, ainda, podem ser: -Semoventes: são os suscetíveis de movimentos próprios, como os animais. -Móveis propriamente ditos: são os que admitem remoção por força alheia, sem danos, como os objetos inanimados, não imobilizados por sua distinção econômico-social. Corpóreos Art. 84 OBS: o gás podendo ser transportado por via de tubulação ou de embotijamento, caracteriza- se como bem corpóreo, sendo considerado bem móvel. O atual código civil incluiu “as energias que tenham valor econômico” no rol dos bens móveis para os efeitos legais (art.83, I) Móveis por determinação legal: o artigo 83 do CC considera móveis para os efeitos legais: “ I- as energias que tenham valor econômico; II- os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III- os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.” Móveis por antecipação: a doutrina refere-se, ainda, a esta terceira categoria de bens móveis. São os bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e converte- los em móveis, como as árvores destinadas ao corte e os frutos ainda não colhidos. Podem ainda ser incluídos nessa categoria os imóveis que, por sua ancianidade, são vendidos para fins de demolição. Bens fungíveis e infungíveis Bens fungíveis são “os móveis que podem substituir-se por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade”. Como o dinheiro e os gêneros alimentícios em geral. Bens infungíveis são os que não têm esse atributo, como o quadro de um pintor célebre, uma escultura etc. OBS: o art.85 só menciona os fungíveis, porém isso não anula a existência dos bens infungíveis. A fungibilidade é característica dos bens móveis, como menciona o referido dispositivo legal. Ela é o resultado da comparação entre duas coisas que se consideram equivalentes. Os bens fungíveis são substituíveis pois são equivalentes. Bens consumíveis e bens inconsumíveis O art. 86 do CC, dispõe que são consumíveis “os bens móveis cujo uso importa destruição imediata daprópria substância, sendo também considerados tais destinados a alimentação”. Os bens podem ser consumíveis de fato (natural ou materialmente consumíveis) e de direito (juridicamente consumíveis). Os cujos uso importa destruição imediata da própria substância, como os gêneros alimentícios, por exemplo, são consumíveis de fato. Extinguem-se pelo uso normal, exaurindo- se em um só ato. Os que se destinam à alienação como as mercadorias de um supermercado, são consumíveis de direito. Inconsumíveis são os bens que podem ser usados continuamente, ou seja, os que permitem utilização continua, sem destruição da substância. A rigor, a utilização continua de qualquer objeto acaba a consumir qualquer objeto, no entanto, aos que estamos nos referindo leva bastante tempo. Contudo, no sentido jurídico, bem consumível é apenas o que desaparece com o primeiro uso; não é, porém, juridicamente consumível a roupa, que lentamente se gasta com o uso ordinário. Bens divisíveis e indivisíveis Bens divisíveis, diz o art.87 do CC, “são os que podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. O atual código introduziu, na divisibilidade dos bens, o critério da diminuição considerável do valor, seguindo a melhor doutrina e por ser socialmente, o mais defensável, no dizer da comissão Revisadora. Dispõe o art.88 do CC que os “bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes”. Os bens podem ser indivisíveis: -Por natureza: os que se não podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou de prejuízo do uso, como o animal, o relógio, um brilhante etc. -Por determinação legal: quando a lei expressamente impede o seu fracionamento, como no caso das servidões prediais. -Por vontade das partes (convencionais): o acordo tornará a coisa comum indivisa por prazo não maior que cinco anos, suscetíveis de prorrogação ulterior. No primeiro caso a indivisibilidade é física ou material; no segundo, é jurídica; no terceiro, é convencional. As obrigações também são divisíveis ou indivisíveis conforme seja divisível ou não o objeto da prestação. (arts. 257 e 258) Bens singulares e coletivos Art.89: “são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram por si, independentemente dos demais”. São singulares, portanto, quando considerados na sua indivisibilidade, como um cavalo, uma árvore, uma caneta... Os bens são normalmente singulares. A doutrina classifica os bens singulares em: -Simples: quando as partes, da mesma espécie, estão ligados pela própria natureza, como um cavalo, uma arvore. -Compostos: quando as suas partes se acham ligadas pela indústria humana, como um edifício. Os bens coletivos são chamados, também, de universais ou universalidades e abrangem as universalidades de fato e as universalidades de direito. São os que, sendo compostos de várias coisas singulares, se consideram em conjunto, formando um todo, uma unidade, que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, como um rebanho, uma floresta... O art. 90 considera universalidade de fato ”a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária”, como uma biblioteca, um rebanho... Acrescenta o parágrafo único do aludido dispositivo legal que “os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias”. O art.91 proclama constituir universalidade de direito o “complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico”. A distinção fundamental entre a universalidade de fato e do direito está em que a primeira se apresenta como conjunto ligado pelo entendimento particular (decorre da vontade do titular), enquanto a segunda decorre da lei, ou seja, da pluralidade dos bens corpóreos e incorpóreos a que a lei, apara certos efeitos, atribui o caráter de unidade, como na herança, no patrimônio, na massa falida etc. Bens reciprocamente considerados Bens principais e acessórios -Principal: é o bem que tem existência própria, autônoma, que existe por si só. -Acessório: é aquele cuja existência depende do principal. A acessoriedade pode existir entre coisas e entre direitos. Art.94 O critério para distinguir o bem principal é a sua função econômica, em razão da qual se estabelece a relação de dependência que caracteriza a acessoriedade. Como regra, o bem acessório segue o destino do principal. Para que tal não ocorra é necessário que tenha sido convencionado o contrário (venda de veículo, convencionando-se a retirada de alguns acessórios) ou que de modo contrário estabeleça algum dispositivo legal, como o art. 1.248 do CC, pelo qual os frutos pertencem ao dono do solo onde caíram e não ao dono da árvore. Consequências: -A natureza do acessório é a mesma do principal. Se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também o é. Trata-se do principio da gravitação jurídica, pelo qual um bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe o seu próprio regime jurídico. -O acessório acompanha o principal em seu destino. Assim extinta a obrigação principal extingue-se também a acessória, mas o contrário não é verdadeiro. -O proprietário do principal é proprietário do acessório. Predomina o principio em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu proprietário, podendo o fato ocorrer por formação de ilhas, plantações e construções. As diversas classes dos bens acessórios Dispõe o artr.94 do CC que, apesar de “ainda não separados do bem principal, os frutos e os produtos podem ser objeto do negócio jurídico.” Compreende-se, pois, na grande classe dos bens acessórios, os produtos e os frutos. -Produtos: São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas. Distinguem-se dos frutos pois a colheita destes não diminui o valor nem a substância da fonte, e a daqueles sim. A diferença é importante em matéria de usufruto. Devem os produtos serem tratados como frutos, a que tem direito o possuidor de boa-fé, malgrado o art. 1.214 do CC só se refira a estes. Prescreve o art. 1232 do CC, que os “frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se por preceito jurídico especial, couberem a outrem.” -Os frutos: Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como as frutas brotadas das árvores. Caracterizam-se por três elementos: *Periodicidade *Inalterabilidade *Separabilidade Dividem-se os frutos quanto a origem, em: • Naturais: são os que se desenvolvem e se renovam periodicamente em virtude da própria natureza. Exemplo: frutos das árvores. • Industriais: são os que aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da atuação ou indústria do homem sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. • Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário, como os juros e os alugueis. Clóvis, ainda, os classifica como: • Pendentes: enquanto unidos à coisa que os produziu. • Percebidos ou colhidos: depois de separados. • Estantes: os separados e armazenados ou acondicionados para a venda. • Percipiendos: os que deviam ser, mas não foram colhidos ou percebidos. • Consumidos: os que não existem mais porque foram utilizados. -As pertenças: São os bens móveis que não constituindo partes integrantes (como são os frutos, produtos e benfeitorias), estão afetados por forma duradoura ao serviço ou ornamentação de outro, como os tratores destinados a uma melhorexploração de propriedade agrícola. Art.93 e 94 São as coisas que não formam partes integrantes e também não são fundamentais para a utilização do bem principal. -As benfeitorias: Também se considera bens acessórios todas as benfeitorias, qualquer que seja o seu valor. Elas se classificam em três grupos: *Benfeitorias necessárias, são as que tem por objetivo conservar o bem ou impedir que o bem se deteriore. *Benfeitorias úteis, são as que aumentam ou facilitam o uso do bem *Benfeitorias de luxo ou voluptuárias, são as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Essa classificação não tem caráter absoluto pois uma mesma benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo das circunstâncias. Benfeitorias não se confundem com acessões industriais ou artificiais, previstas nos arts. 1253 a 1259 do CC e que constituem construções e plantações. BENFEITORIAS SÃO OBRAS OU DESPESAS FEITAS EM UM BEM JÁ EXISTENTE. As acessões industriais são obras que criam coisas novas, como a edificação de uma casa, e têm regime jurídico diverso. Art. 97 Bens quanto ao titular do domínio: públicos e particulares O art. 98 do CC considera públicos “os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno” Os particulares são definidos por exclusão: “todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertençam.” Os bens públicos são classificados me três categorias: • Bens de uso comum • Bens de uso especial • Bens dominicais Bens de domínio público do Estado inalienáveis Bens de uso comum do povo são os que podem ser utilizados por qualquer um do povo, sem formalidades. (os rios, as estradas...). não perdem essa característica se o Poder Público regulamentar seu uso. O povo somente tem o direito de usar tais bens, mas não tem o seu domínio. Bens de uso especial são os que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos. São os edifícios onde estão instalados os serviços públicos, inclusive os das autarquias, e os órgãos da administração. São utilizados exclusivamente pelo Poder Público. Bens dominicais ou de patrimônio disponível são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma das entidades. Sobre eles o PP exerce o poder de proprietário. Não estando afastados de suas finalidades públicas especificas, os bens dominicais podem ser alienados por meio de instituto de direito privado ou de direito público, observando as exigências da lei. Artigos 99, 100, 101 e 102 Bens quanto à disponibilidade de serem ou não comercializados: bens fora do comercio e bem de família O bem de família foi deslocado do CC, para o direito de família. Coisas no comércio são coisas que se podem comprar, vender, trocar, doar, dar, alugar, emprestar etc. Coisas fora do comercio são aquelas que não podem ser objeto das relações jurídicas. Pode-se dizer que se encontram na situação de bens extra commercium, por não poderem ser objeto da relação jurídicas negociais, mesmo não mencionados expressamente os bens: • Naturalmente impropriáveis: os insuscetíveis de apropriação pelo homem, como o ar atmosférico. • Legalmente inalienáveis: bens públicos de uso comum e de uso especial, bens de incapazes, bens de fundações, lotes rurais de dimensões inferiores ao módulo regional, bem de família, bens tombados, terras ocupadas pelos índios e direitos da personalidade. • Indisponíveis pela vontade humana: deixados em testamento ou doados, com cláusula de inalienabilidade. Referências • GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Teoria Geral do Direito Civil, Vol. I.
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