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Direito Constitucional - Teoria da Recepção Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 1 Introdução O surgimento de novas Constituições faz iniciar um novo ordenamento jurídico. O conjunto das normas pretéritas existentes no Estado é simplesmente superado para dar lugar a uma nova realidade normativa a partir do documento supremo (Constituição). A realização de um novo sistema de normas jurídicas a partir da manifestação originária do poder constituinte provoca a necessidade imediata de conceber novas regulamentações jurídicas, por meio das fontes e instrumentos previstos pela Constituição para tanto. A dificuldade prática em conceber e introduzir toda uma nova regulamentação das relações sociais ergue-se como obstáculo insuperável. Assim, no momento em que a nova Constituição é colocada em vigor, automaticamente, há um reconhecimento da legislação pretérita que esteja em conformidade com a nova ordem estabelecida. (Ver doutrina de Kelsen) A norma em conformidade com a nova constituição, numa espécie de processo legislativo simplificado, passa a ter existência (e validade) perante a nova ordem jurídica (recepção) e as normas jurídicas incompatível seria imediatamente eliminada. Inconstitucionalidade Superveniente A doutrina conceitua a inconstitucionalidade superveniente como fenômeno em que uma lei que era constitucional ao tempo de sua edição (compatível com a Constituição vigente da época), passa a ser inconstitucional em virtude da promulgação de uma nova Constituição ou da interpretação de uma norma constitucional, tornando incompatível com a Carta vigente. Desse modo, há a inconstitucionalidade superveniente quando a inconstitucionalidade é decorrente de reforma, inovação hermenêutica ou alteração das circunstâncias fáticas. A inconstitucionalidade superveniente de uma norma costuma designar dois fenômenos diversos. 1. Chama-se inconstitucionalidade superveniente a relação de incompatibilidade entre as normas anteriores à entrada em vigor de uma Constituição. 2. Mas também é corrente o uso da expressão para identificar o fenômeno pelo qual, por meio de uma mutação constitucional, uma norma editada sob a vigência de uma Constituição, e com ela considerada compatível perde seu fundamento de validade em virtude de interpretação diversa da que até então era conferida à norma constitucional que lhe servia de fundamento. Direito Constitucional - Teoria da Recepção Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 2 Não Recepção e Recepção Quando uma constituição enquanto norma fundamental for criada, todas as leis que forem incompatíveis com a nova ordem jurídica serão automaticamente revogadas. Trata-se do fenômeno da não recepção. Havendo compatibilidade, a norma será recepcionada, podendo até receber uma nova roupagem. Por essa razão, afirma-se que não é admitida a teoria da inconstitucionalidade superveniente do ato normativo. Prevalece o entendimento externado pelo Princípio da Contemporaneidade, o qual afirma que a constitucionalidade de uma lei depende da constituição em vigor no seu tempo. Outro problema que surge diz respeito àquelas leis que, não obstante já existirem, ainda não tenham entrado em vigor quando sobrevém novo Diploma Constitucional. Isso pode ocorrer por dois motivos. 1. Ou a lei ainda não foi promulgada. 2. Já publicada, tem seu início de vigência postergado, em virtude da previsão de um lapso temporal de vacatio legis (pela própria lei ou por outra, como a Lei de Introdução ao Código Civil). Quando lei ainda não foi promulgada. Deverá o órgão competente avaliar o ato pendente de promulgação e publicação, de acordo com a nova ordem estabelecida. Se considerada compatível com a nova carta publica-se e se não exerce veto absoluto e não a pública. Já publicada (vacatio legis). Sendo a lei incompatível com a nova ordem ela não entra em vigor. Esta solução diferencia da não recepção. Observação Pressupõe que a não recepção opera com lei existente e já capaz de produzir efeitos (vigência imediata, como se diz em geral). Se a lei nunca chegou a entrar em vigência, embora tenha existido, a lei seria “obstada” de entrar em vigor. Como lei nunca chegou a entrar em vigência antes da nova Constituição, também não entrará após a nova Constituição, porque seu conteúdo é contrário a esta (e, daí, não recepcionada). A doutrina considera, portanto, que a lei vacante não será recepcionada pela nova ordem constitucional. Isso porque a recepção somente se aplica às normas que estejam em vigor no momento da promulgação da Constituição. Como a lei ainda não está em vigor, por estar em seu período de “vacatio legis”, ela não será recepcionada. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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