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Condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. A hipertensão resulta do aumento do tônus do músculo liso arteriolar vascular periférico, que leva ao aumento da resistência arteriolar e à redução da capacitância do sistema venoso. Contribui direta ou indiretamente para mortes por doenças cardiovasculares, uma vez que aumenta o risco para essas doenças (ex.: doença arterial coronariana, ICC, AVC isquêmico e hemorrágico, insuficiência renal, doença arterial periférica). Dentre os fatores de risco estão: genética, fatores socioeconômicos e estilo de vida (sedentarismo, consumo de álcool e muito sódio), idade maior que 60 anos, sexo feminino principalmente, obesidade e sobrepeso. Classificação da PA (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020) Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) PA ótima < 120 e < 80 PA normal 120 - 129 e/ou 80 - 84 Pré-hipertensão 130 - 139 e/ou 85 - 89 HA estágio 1 140 - 159 e/ou 90 - 99 HA estágio 2 160 - 179 e/ou 100 - 109 HA estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110 Meta terapêutica Metas pressóricas gerais a serem obtidas com tratamento anti- hipertensivo (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020) Meta Risco cardiovascular Baixo ou moderado Alto PAS (mmHg) < 140 120 - 129 PAD (mmHg) < 90 70 -79 A abordagem terapêutica da PA elevada inclui medidas não medicamentosas e o uso de fármacos anti-hipertensivos, a fim de reduzir a PA, proteger órgãos-alvo, prevenir desfechos CV e renais. Quando tratar com medicamentos? Abrangência Recomendação Classe Nível de evidência HA estágio 2 e 3 Ao diagnóstico I A HA estágio 1 de moderado a alto risco cardiovascular Ao diagnóstico I B HA estágio I e baixo risco cardiovascular Aguardar 3 meses pelo efeito de intervenções no estilo de vida IIa B Indivíduos com PA 130- 139/85-89 mmHg e DCV preexistente ou alto risco Hipertensos idosos frágeis e/ou muito idosos PAS ≥ 160 mmHg I B Hipertensos idosos hígidos PAS ≥ 140 mmHg I A Indivíduos com PA 130-139/ 85-89 mmHg sem DCV preexistente e risco baixo ou moderado Não recomendado III Recomendações sobre fármacos anti-hipertensivos São características desejáveis do fármaco anti-hipertensivo: • Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade CV; • Ser eficaz por via oral; • Ser bem tolerado; • Ser administrado preferencialmente em dose única diária; • Poder ser usado em associação; • Ter controle de qualidade em sua produção. Recomenda-se: • Utilizar por um período mínimo de quatro semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais; • Não utilizar medicamentos manipulados, pois não são submetidos a controle da farmacocinética e farmacovigilância; • O paciente deverá ser orientado sobre a importância do uso contínuo da medicação anti-hipertensiva, da eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou da associação de medicamentos e ainda do eventual aparecimento de efeitos adversos; • Não há evidências suficientes para a recomendação rotineira da administração noturna de fármacos anti-hipertensivos, exceto em condições especiais. A pressão arterial é regulada dentro de uma faixa estreita para prover perfusão adequada aos tecidos sem causar lesões ao sistema vascular, particularmente à túnica íntima arterial (endotélio). Ela é diretamente proporcional ao débito cardíaco e à resistência vascular periférica. O débito cardíaco e a resistência periférica são controlados principalmente por dois mecanismos sobrepostos de controle: os barorreflexos e o sistema renina-angiotensina-aldosterona. A maioria dos anti-hipertensivos diminui a pressão arterial, reduzindo o débito cardíaco e/ou diminuindo a resistência periférica. Barorreceptores e sistema nervoso simpático Os barorreflexos atuam alterando a atividade do sistema nervoso simpático. Por isso, são responsáveis pela regulação rápida da pressão arterial. Uma queda da pressão determina que os neurônios sensíveis à pressão (barorreceptores do arco aórtico e seios carotídeos) remetam menos impulsos aos centros cardiovasculares na medula espinal. Isso determina uma resposta reflexa imediata de aumento do estímulo simpático e diminuição parassimpática ao coração e aos vasos, resultando em vasoconstrição e aumento do débito cardíaco. Essas mudanças resultam em um aumento compensatório da pressão sanguínea. Sistema renina-angiotensina-aldosterona Os rins são responsáveis pelo controle da pressão arterial ajustando o volume sanguíneo. Os barorreceptores nos rins respondem à pressão arterial reduzida (e à estimulação simpática de adrenoceptores β1), liberando a enzima renina. A ingestão baixa de sódio e o aumento da perda de sódio também tornam maior a liberação de renina. Essa peptidase converte angiotensinogênio em angiotensina I, que é convertida, por sua vez, em angiotensina II na presença da enzima conversora de angiotensina (ECA). A angiotensina II é um vasoconstritor circulante potente, que contrai arteríolas e veias, resultando no aumento Fármacos @waleska112 Med IX - UFOB da pressão arterial. A angiotensina II exerce ação vasoconstritora preferencial nas arteríolas eferentes do glomérulo renal, aumentando a filtração glomerular. Além disso, a angiotensina II estimula a secreção de aldosterona, levando ao aumento da reabsorção renal de sódio e ao aumento do volume sanguíneo, o que contribui para o aumento adicional da pressão arterial. Esses efeitos são mediados pela estimulação dos receptores da angiotensina II tipo 1 (AT1). Regulação do volume intravascular a) Diuréticos* Infrarregulação do tônus simpático b) Inibidores Adrenérgicos - agonistas alfa 2 - betabloqueadores - alfabloqueadores Modulação do músculo liso vascular c) Vasodilatadores diretos d) Bloqueadores de canais de Ca+2 * Modulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e) Inibidores da ECA* f) Antagonistas de receptor AT1 para angiotensina II* g) Inibidor direto da renina *Preferíveis em relação aos demais, usados em monoterapia. Diuréticos Classe muito utilizada, devido sua eficácia e baixo custo, por isso, é considerada a classe de primeira linha em várias diretrizes. Tem ação anti-hipertensiva por causa dos seus efeitos diurético e natriurético. Podem ser classificados em: Inibidores da anidrase carbônica Acetazolamida Metazolamida Diclorferamida Aqui apresentados devido a sua importância histórica. Hoje, são muito usados em oftalmologia nos pacientes portadores de glaucoma não controlado com outras medidas pois diminui o humor aquoso. Atuam no túbulo proximal sob a enzima anidrase carbônica, inibindo a reabsorção de bicarbonato de sódio (NaHCO3) e a secreção de ácido. Dessa forma, pelo aumento de eliminação de bicarbonato, aumentam o pH urinário e podem gerar acidose metabólica. Além da maior excreção do Na+, aumenta a excreção de Cl-, K+ (trocado por Na+ na porção distal do néfron) e fosfato. Diuréticos de alça Furosemida (Lasix®) Bumetamida Piretanida Ácido etacrínico Atuam na porção espessa da alça de Henle do nefrón proporcionando maior natriurese que os tiazídicos. Atuam rapidamente, bloqueando a reabsorção de sódio e cloreto nos rins, mesmo em pacientes com má função renal ou naqueles que não responderam ao diurético tiazídico. Os diuréticos de alça causam diminuição da resistência vascular renal e aumento do fluxo sanguíneo renal. Como os tiazídicos, eles podem causar hipopotassemia. Contudo, diferentemente dos tiazídicos, os diuréticos de alça aumentam o conteúdo de Ca2+ na urina, ao passo que os tiazídicos diminuem. Os diuréticos de alça raramente são usados isoladamente para tratar a hipertensão (sua eficácia anti-hipertensiva é, com frequência, modesta), Todavia, existem várias situações clínicas bem conhecidas nas quais os diuréticosde alça são preferíveis aos tiazídicos, incluindo hipertensão maligna e hipertensão baseada no volume em pacientes com doença renal crônica avançada. Efeitos adversos: desidratação e hipotensão, hipocalemia (K+), hipocalcemia, hipomagnesemia, ototoxicidade, deprime medula óssea, fotossensibilidade, distúrbios TGI, hiperuricemia, alcalose metabólica. OBS.: Aumenta os efeitos adversos dos digitálicos cardiotônicos e antiarrítmicos. Diuréticos tiazídicos Hidroclorotiazida Clorotiazida Clortalidona Indapamida Metolazona Inibem a reabsorção de Na+ na porção proximal do túbulo contorcido distal do nefrón, com natriurese de intensidade moderada. Com a maior excreção de sódio e água ocorre redução do volume extracelular, resultando em diminuição do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo renal. Com o tratamento prolongado, o volume de plasma volta ao normal, mas persiste o efeito hipotensor relacionado com a diminuição da resistência periférica. Os tiazídicos são úteis no tratamento combinado com uma variedade de outros anti-hipertensivos, incluindo β-bloqueadores, IECAs, BRAs e diuréticos poupadores de potássio. Com exceção da metolazona, os diuréticos tiazídicos não são eficazes em pacientes com função renal inadequada, que podem utilizar diuréticos de alça. Portanto, os tiazídicos são iIndicados para pacientes com função renal e cardíaca preservadas. Efeitos adversos: hipocalemia (K+), hipomagnesemia, hiperuricemia, hiponatremia, hiperlipidemia, disfunção erétil, tolerância a glicose diminuída (redução da liberação de insulina), aumento do colesterol. Esses fármacos induzem diminuição inicial do volume intravascular, que tem por efeito reduzir a pressão arterial ao diminuir o débito cardíaco. Entretanto, a diminuição do débito cardíaco estimula o sistema renina- angiotensina, levando a retenção de volume e atenuação do efeito dos tiazídicos sobre o estado do volume. Foi aventada a hipótese de que tais agentes exercem efeito vasodilatador que complementa a depleção de volume compensada, acarretando redução sustentada da pressão arterial. Essa hipótese é corroborada pela observação de que o efeito anti-hipertensivo máximo dos tiazídicos é frequentemente obtido com doses mais baixas do que as necessárias para produzir efeito diurético máximo. Sendo assim, esses fármacos exercem seus efeitos sobre a pressão arterial ao influenciar tanto o débito cardíaco quanto a resistência vascular sistêmica. OBS.: não é uma escolha interessante para pacientes com resistência metabólica. ATENÇÃO: para esses pacientes, fuja de: betabloqueador + diuréticos. A melhor opção nesse caso é: IECA + bloqueador de canal de cálcio. Mas caso o paciente apresente tosse com o IECA, substitua esse por antagonista do receptor de angiotensina II. Poupadores de potássio Inibidores do transporte de sódio epitelial nos ductos distais e coletores Amilorida Triantereno Antagonistas de receptor da aldosterona Espironolactona Eplerenona Promovem natriurese de pequena intensidade, mas o principal efeito é a redução da excreção de potássio, A aldosterona tem a vantagem adicional de diminuir a remodelação cardíaca que ocorre na insuficiência cardíaca. Os diuréticos poupadores de potássio são usados algumas vezes associados aos diuréticos de alça e aos tiazídicos para reduzir a espoliação do potássio causada por esses diuréticos. Efeitos Adversos: hiperpotassemia, disfunção erétil, ginecomastia, hisurtismo, impotência, galactorréia, ciclos menstruais irregulares. A hipopotassemia constitui efeito adverso metabólico comum dos diuréticos tiazídicos e de alça, que inibem a reabsorção de Na+ nos segmentos proximais do néfron e aumentam, portanto, o aporte de Na+ e água aos segmentos distais. O aporte distal de Na+ resulta em aumento compensatório da reabsorção de Na+ no túbulo distal, acoplado a aumento da excreção de K+. Como este último efeito é mediado pela aldosterona (ver Capítulo 20), os diuréticos poupadores de K+ o atenuam, portanto ajudam a manter os níveis séricos normais de potássio. Amilorida Inibe canais de Na+ das células principais: diminui a excreção de Mg+2 e K+. Efeitos Adversos: cefaleia; fadiga; hipercalemia; hiponatremia; ginecomastia; disfunção erétil; dispnéia; arritmias; alopécia; hemorragia; poliúria; hipotensão ortostática. Diuréticos osmóticos Manitol (I.V.) Ureia (I.V.) Glicerina (V.O.) Isossorbida (V.O.) São substâncias farmacologicamente inertes que são filtradas no glomérulo, mas que sofrem reabsorção incompleta ou que não são reabsorvidos de forma alguma pelo néfron. No interior deste, o principal efeito é exercido sobre as partes que são livremente permeáveis à água: túbulo proximal, ramo descendente da alça e túbulos coletores. Por conseguinte, o principal efeito dos diuréticos osmóticos consiste em aumentar a quantidade de água excretada, com aumento relativamente menor na excreção de Na+. Efeito na excreção urinária: -, HCO3-, fosfato. Usos terapêuticos: Insuficiência renal aguda, crise aguda de glaucoma, edema cerebral, síndrome do desequilíbrio dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal). Efeitos adversos: trombose (ureia), hiperglicemia (glicerina), edema pulmonar (ICC). Inibidores Adrenérgicos Agonistas α2 Alfa-metildopa (Aldomet®) – preferido em gestantes Clonidina (Atensina®, Clonidin®) Guanabenzo (Lisapres®) Rilmenidina (também é inibidor dos receptores imidazolínicos). Reduzem o efluxo simpático do bulbo, com consequente redução de frequência cardíaca, contratilidade e tônus vasomotor. Estão disponíveis em formulações orais (clonidina também é encontrada em adesivo transdérmico) e foram amplamente utilizados no passado, a despeito de seu desfavorável perfil de efeitos adversos. Atuam diminuindo liberação de NA nas terminações adrenérgicas, o que leva à diminuição da FC e da RVP. Efeitos adversos: Sonolência, hipotensão postural, boca seca, disfunção sexual. Antagonistas dos receptores α1-adrenérgicos Doxazosina Prazosina Terazosina Os alfabloqueadores também são utilizados no tratamento da pressão arterial elevada. Eles inibem o tônus vasomotor periférico, reduzindo a vasoconstrição e diminuindo a resistência vascular sistêmica. A ausência de efeitos adversos sobre o perfil dos lipídios séricos durante o tratamento a longo prazo com antagonistas α1-adrenérgicos é frequentemente citada como notável vantagem desses fármacos em relação a outros medicamentos anti-hipertensivos. Todavia, o benefício a longo prazo dessa vantagem, se houver, ainda não foi estabelecido em ensaios clínicos randomizados. Além disso, em um estudo clínico de grande porte, comparando diferentes agentes anti-hipertensivos, houve incidência aumentada de insuficiência cardíaca no grupo randomizado para doxazosina. *Pode aparecer tolerância Efeitos adversos: tontura, hipotensão ortostática, fraqueza, sonolência, cefaleia, palpitação, congestão nasal, ejaculação retrógrada, hipotensão e síncope. Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos Acebutolol, Atenolol, Betaxolol, Bisoprolol, Carvedilol, Esmolol, Labetalol, Metoprolol, Nadolol, Nebivolol, Penbutolol, Pindolol, Propranolol, Timolol; Os famosos betabloqueadores são agentes comumente prescritos no tratamento da hipertensão. Seus efeitos cronotrópicos e inotrópicos negativos (e as reduções da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco) são responsáveis pelo efeito anti-hipertensivo inicial dos antagonistas β. Foi também relatada diminuição do tônus vasomotor, com consequente redução da resistência vascular sistêmica, no tratamento mais prolongado. O protótipo dos β-bloqueadores é o propranolol, que atua em receptores β1 e β2. Bloqueadores seletivos de receptores β1, como metoprolol e atenolol, estão entre os β-bloqueadores mais comumente prescritos. O nebivolol é um bloqueador seletivo de receptores β1 queaumenta também a produção de óxido nítrico, levando à vasodilatação. Os β- bloqueadores seletivos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos que também têm asma. Os β-bloqueadores não seletivos, como propranolol e nadolol, são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilatação mediada por β2. Utilizados principalemente para: pós-infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina do peito, IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr), para o controle da frequência cardíaca (FC) e em mulheres com potencial de engravidar. Efeitos adversos: desatenção, e sensação de cansaço, capacidade de exercício diminuída, disfunção sexual, bronquioconstrição e bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica - fenômeno de Raynaud, depressão, intolerância à glicose e hipertrigliceridemia (não observado nos de 3ª geração). A retirada abrupta dos β-bloqueadores pode causar angina, infarto do miocárdio e mesmo a morte súbita de pacientes com doença cardíaca isquêmica. Por isso, esses fármacos devem ser reduzidos gradualmente ao longo de algumas semanas em pacientes com hipertensão e doença cardíaca isquêmica. Vasodilatadores diretos Os ativadores dos canais de K+, minoxidil e hidralazina, são vasodilatadores arteriais disponíveis por via oral utilizados ocasionalmente no tratamento a longo prazo da hipertensão. Minoxidil é ativador do canal de K+ metabotrópico, que hiperpolariza as células musculares lisas vasculares, atenuando, assim, a resposta celular a estímulos despolarizantes. Hidralazina é vasodilatador menos poderoso, cujo mecanismo de ação permanece incerto. Ambos podem causar retenção compensatória de Na+ e H2O, bem como taquicardia reflexa; O uso concomitante de antagonista β e diurético pode atenuar esses efeitos adversos. A administração de hidralazina é limitada pela ocorrência frequente de tolerância e taquifilaxia ao fármaco. Efeitos adversos: Hidralazina - cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like (dose-dependente). Seu uso pode também acarretar anorexia, náusea, vômito e diarreia; Minoxidil - taquicardia reflexa e retenção de sódio. Inibidores de canal de cálcio Fenilalquilaminas: Verapamil Benzotiazepinas: Diltiazem Diidropiridínicos: anlodipino, nifedipino, felodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino. Os BCCs são divididos em três classes químicas, cada uma com propriedades farmacocinéticas e indicações clínicas diferentes. Difenilalquilaminas: O verapamil é o menos seletivo dos BCCs e apresenta efeitos significativos nas células cardíacas e no músculo liso vascular. Ele é usado também no tratamento da angina e das taquiarritmias supraventriculares, bem como para prevenir a enxaqueca e a cefaleia em salvas. Tem efeitos cronotrópicos e inotrópicos negativos. Por isso, Verapamil e diltiazem devem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular, devido aos efeitos inotrópicos (força de contração do músculo cardíaco) e dromotrópicos (velocidade de condução) negativos. Inibe formação de focos arritmogênicos supraventriculares; Efeitos adversos: bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são efeitos adversos dose-dependentes do verapamil. Com a diminuição da velocidade de condução pode acontecer bradicardia, bloqueio AV e IC. Hipotensão; taquicardia reflexa sinusal inicial; constipação intestinal. Evite a associação com betabloqueadores. Benzotiazepínico: Como o verapamil, o diltiazem afeta tanto as células cardíacas quanto as do músculo liso vascular, mas apresenta efeito inotrópico cardíaco negativo menos pronunciado comparado ao efeito do verapamil. O diltiazem apresenta um perfil de efeitos adversos favorável. Efeito adverso: bradicardia; hipotensão. Diidropiridínicos: apresentam muito maior afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de cálcio do coração. Elas são, por isso, particularmente benéficas no tratamento da hipertensão. As diidropiridinas têm a vantagem de interagir pouco com outros fármacos cardiovasculares, como a digoxina ou a varfarina, que são frequentemente usados em conjunto com BCCs. - Vasodilatação de leitos arteriais e vasodilatação coronariana; Podem causar ativação simpática reflexa. Efeitos adversos: vasodilatação excessiva, tonteira, hipotensão, cefaléia, rubor, náusea, tosse, edema de membros inferiores, edema pulmonar, hiperplasia gengival. Menos comuns: exantema, sonolência, aumento das enzimas hepáticas; Evite o uso em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Inibidores da ECA Os IECAs diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular periférica sem aumentar reflexamente o débito, a frequência ou a contratilidade cardíaca. Esses fármacos bloqueiam a ECA que hidrolisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II. A ECA também é responsável pela degradação da bradicinina, um peptídeo que aumenta a produção de óxido nítrico e prostaciclinas nos vasos sanguíneos. Ambos, óxido nítrico e prostaciclinas, são potentes vasodilatadores. Os IECAs diminuem os níveis de angiotensina II e aumentam os de bradicinina. Ocorre vasodilatação de arteríolas e veias como resultado da menor vasoconstrição causada pela redução dos níveis de angiotensina II e maior vasodilatação devido ao aumento da bradicinina. Reduzindo os níveis de angiotensina II circulante, os IECAs também diminuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de sódio e água. Os IECAs diminuem a pré-carga e a pós-carga cardíaca, reduzindo, assim, o trabalho cardíaco. Ações dos IECAs Diminuem estimulação do SN simpático Diminuem Retenção de água e sódio Diminuição da aldosterona Aumentam vasodilatação do músculo liso vascular Aumentam níveis de bradicinina Diminui remodelamento cardíaco Diminui RVP e retorno venoso Efeitos adversos: hipotensão, tosse irritativa (5 a 20% ), hiperpotassemia, eleva renina e angiotensina. Raro: IRA, angioedema. Contraindicados na gestação! Antagonistas do AT1 Losartana Valsartana Irbesartana Antagonistas do receptor de angiotensina II (AT1) (também conhecidos como bloqueadores do receptor de angiotensina ou BRA) são agentes anti-hipertensivos orais que antagonizam competitivamente a ligação da angiotensina II a seus receptores AT1 cognatos. Além do efeito anti-hipertensivo, esses fármacos também podem diminuir a proliferação reativa da íntima arteriolar. À semelhança dos inibidores da ECA, mostram-se efetivos na redução da pressão arterial e, algumas vezes, substituem esses inibidores em pacientes com tosse induzida por tais medicamentos. A tosse, que constitui efeito adverso comum do tratamento com IECAs, resulta de aumento dos níveis de bradicinina induzido por esses fármacos; com frequência, esse efeito leva à falta de adesão do paciente ao tratamento ou à sua interrupção. Como os antagonistas do AT1 não afetam a atividade da enzima conversora responsável pela degradação da bradicinina, tosse não é considerada efeito adverso da terapia com BRA. Efeitos adversos: tonteira, fadiga, mialgia, cefaleia, tosse seca raramente, hipotensão, hiperpotassemia, insuficiência renal aguda. Contraindicados na gestação! Inibidor da renina O inibidor seletivo da renina, alisquireno, está disponível para o tratamento da hipertensão. Inibe diretamente a renina e, assim, atua mais precocemente no sistema renina-angiotensina-aldosterona do que os IECAs ou os BRAs. Ele reduz a pressão arterial com eficácia similar à dos BRAs, IECAs e tiazídicos. O alisquireno não deve ser usado rotineiramente associado com IECA ou BRA. O alisquireno pode causar diarreia, especialmente em doses altas, e pode causar também tosse e angioedema, mas possivelmente menos do que com IECAs. Como os IECAs e os BRAs, o alisquireno é contraindicado durante a gestação.É biotransformado pela CYP3A4 e é sujeito a interações de fármacos. Quando a pressão arterial é reduzida por intervenções farmacológicas, ativam-se respostas homeostáticas para elevá-la. Essas respostas podem ser amplamente divididas em reflexos barorreceptores e reflexos de perfusão renal. Os reflexos barorreceptores, que se originam no arco aórtico e no seio carotídeo, aumentam o efluxo simpático, resultando em taquicardia, aumento da contratilidade e vasoconstrição; todos esses efeitos elevam a pressão arterial. Simpaticolíticos, como os antagonistas β, atenuam as respostas de taquicardia e contratilidade, interrompendo o sistema nervoso simpático. Antagonistas α1 inibem a vasoconstrição, porém exercem mínimos efeitos sobre taquicardia ou contratilidade. A diminuição da perfusão renal induz a liberação aumentada de renina pelas células justaglomerulares do rim. A seguir, a renina cliva o angiotensinogênio em angiotensina I, que, por sua vez, é ativada ao potente vasoconstritor angiotensina II (não ilustrado). A angiotensina II aumenta a secreção adrenal de aldosterona, que atua sobre as células principais do ducto coletor, aumentando a reabsorção de Na+ (e, portanto, de água). Essa reabsorção aumenta o volume intravascular, provocando elevação da pressão arterial. Os diuréticos interrompem essa resposta homeostática ao diminuir a reabsorção de Na+ no néfron; os inibidores da renina impedem a geração de angiotensina I; os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) interrompem a formação de angiotensina II; e os antagonistas de AT1 impedem a sinalização da angiotensina II nos órgãos-alvo. Por isso, muito se tem utilizado a intervenção farmacológica com dois fármacos para diminuir a PA e as respostas compensatórias. (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020) Classe Medicamento Dose diária habitual (mg) Freq* Comentários Indicações Contraindicações Diuréticos tiazídicos e similares Hidroclorotiazida 25-50 1 Doses mais elevadas dos tiazídicos e similares aumentam diurese sem adicionar ação anti-hipertensiva Insuficiência cardíaca, hipertensão sistólica Gota Clortalidona 12,5-25 1 Indapamida 1,5 1 Diuréticos de alça Furosemida 20-240 1-3 Utilizada em IRC, ICC e estados de edema Bumetanida 1-4 1-3 Diuréticos poupadores de K+ Espironolactona 25-100 1-2 Pode provocar hiperpotassemia, na IRC quando associada a IECA ou BRA Amilorida 2,5-5 1 Bloqueadores dos canais de cálcio (BBC) di- hidropiridínicos Anlodipino 2,5-10 1 Evite o uso em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Pode provocar edema de membros inferiores relacionado com a dose utilizada Hipertensão sistólica Bloqueio cardíaco Felodipino 10-60 1 Nifedipino 10-30 1-3 Manidipino 10-30 1 Lacidipino 2-6 1 Lercanidipino 10-20 1 Levanlodipino 2,5-5 1 BBC não di- hidropiridínicos Verapamila 120-360 1-2 Evite o uso em pacientes com ICC com fração de ejeção reduzida. Evite a associação com betabloqueadores e em pacientes com bradicardia. Diltiazem 80-240 1-2 IECA Captoprila 25-150 2-3 Evite o uso em mulheres em idade fértil, pois há grande risco de malformações fetais e outras complicações. Contraindicada em associação a outros inibidores do sistema renina- angiotensina-aldosterona, exceto espironolactona na ICC. Risco de hiperpotassemia em pacientes com insuficiência renal renal ou que estejam recebendo suplementação de potássio. Nefropatia diabética ou outra nefropatia; Insuficiência cardíaca; IAM Estenose bilateral da artéria renal Hiperpotassemia Gravidez Enalaprila 5-40 1-2 Benazeprila 10-40 1-2 Lisonoprila 10-40 1 Fosinoprila 10-40 1 Ramiprila 2,5-20 1-2 Perindoprila 2,5-10 1 Bloqueadores dos receptores AT1 da Angiotensina II (BRA) Losartana 50-100 1-2 Mesmas recomendações feitas aos IECA. Tosse associada a IECA; Nefropatia diabética ou outra nefropatia; Insuficiência cardíaca Estenose bilateral da artéria renal; Hiperpotassemia; Gravidez. Valsartana 80-320 1 Irbesartana 150-300 1 Candesartana 8-32 1 Olmesartana 20-40 1 Telmisartana 20-80 1 ◦ Para pacientes negros, desde que não haja contraindicações, é recomendado o uso de diuréticos e bloqueadores de canais de cálcio. ◦ As classes de anti-hipertensivos recomendadas para idosos são os diuréticos tiazidicos, em baixas doses, IECA (enalapril), ARAII e bloqueadores de canais de cálcio. ◦ Tratamento da HAS leve em gestantes deve ser focado em medidas não farmacológicas, já nas formas moderada e grave pode-se optar pelo tratamento medicamentoso, excluindo-se os iECAs e ARAII, em razão de efeitos teratogênicos. ◦ Síndrome Metabólica: priorizando-se o emprego de anti-hipertensivos metabolicamente neutros ou que melhorem a sensibilidade à insulina, como os IECA, os BRA e os BCC. Classe Medicamento Dose diária habitual (mg) Freq* Comentários Indicações Contraindicações Betabloqueadores (BB) não cardiosseletivos Propranolol 80-320 2-3 A retirada abrupta dos BB deve ser evitada, pois pode provocar taquicardia reflexa e mal-estar. Nadolol 40-160 1 Pindolol 10-60 1 Possui atividade simpatomimética intrínseca que proporciona menor bradicardia. Betabloqueadores cardiosseletivos Atenolol 50-100 1-2 Metoprolol 50-200 1 Bisoprolol 5-20 1 Nebivolol 2,5-10 1 Ação vasodilatadora via óxido nítrico. Carvedilol 12,5-50 1-2 Efeito α bloqueador: menor bradicardia. Simpatolíticos de ação central Metildopa 500-2000 2 Clonidina 0,2-0,9 2 A retirada abrupta da clonidina pode provocar hipertensão rebote (crise hipertensiva) por liberação de catecolaminas na terminação sináptica. Rilmenidina 1-2 1-2 Alfabloqueadores Prazosina 1-20 2-3 Iniciar com dose baixa antes de deitar- se, pois pode provocar hipotensão ortostática. Aumentar progressivamente a cada 2 dias. Há outros alfabloqueadores no mercado indicados exclusivamente para a hipertrofia benigna de próstata (tansulosina, alfuzosina, silodosina). Hipertrofia prostática Insuficiência cardíaca Doxazosina 1-16 1 Vasodilatadores diretos Hidralazina 50-200 2-3 Pode provocar retenção de sódio e água, hipervolemia e taquicardia reflexa. Deve ser usada em associação com diuréticos de alça. Síndrome lupus-like em dose alta. Inibidores diretos de renina Alisquireno 150-300 1 Mesmas recomendações feitas aos IECA e BRA. Medicamentos Segurança Diuréticos: hidroclorotiazida e espironolactona; Inibidores adrenérgicos: alfametildopa e propranolol; vasodilatadores: hidralazina e minoxidil; BCC: verapamil, nifedipino, nimodipino e nitrendipino; IECA: benazepril, captopril e enalapril. Seguros Diuréticos: indapamida, furosemida e triantereno; Inibidores adrenérgicos: atenolol, bisoprolol, carvedilol. metoprolol, sotalol; BCC: anlodipino, isradipino, nisoldipino; IECA: lisinopril, ramipiril; BRA: candesartana e olmesartanana. Telmisartana após período perinatal. Moderadamente seguros Inibidores adrenérgicos: reserpina, prazosina e terazosina; BRA: telmisartana no período perinatal, valsartana Potencialmente perigosos BCC: bloqueador dos canais de cálcio; IECA: inibidor da enzima conversora de angiotensina; BRA: bloqueador do receptor de angiotensina IIa
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