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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º PERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMAS-TO/ 2006 
 
Direito Processual Penal I 
 
Ana Patrícia Rodrigues Pimentel e 
Luciana Avila Zanotelli Pinheiro 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 2
 
Fu
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Un
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Fundação Universidade do Tocantins 
Reitor: Humberto Luiz Falcão Coelho 
Vice-Reitor: Lívio William Reis de Carvalho 
Pró-Reitor Acadêmico: Galileu Marcos Guarenghi 
Pró-Reitora de Pós-Graduação e Extensão: Maria Luiza C. P. do Nascimento 
Pró-Reitora de Pesquisa: Antônia Custódia Pedreira 
Pró-Reitora de Administração e Finanças: Maria Valdênia Rodrigues Noleto 
Diretor de Educação a Distância e Tecnologias Educacionais: Claudemir 
Andreaci 
Coordenador do Curso: José Kasuo Otsuka 
 
Organização dos Conteúdos – Unitins 
Conteúdos da Disciplina: Ana Patrícia Rodrigues Pimentel e 
 Luciana Avila Zanotelli Pinheiro 
 
Equipe de Produção Gráfica 
Coordenação de Produção Gráfica: Vivianni Asevedo Soares Borges 
Diagramação: Douglas Donizeti Soares e Vivianni Asevedo Soares Borges 
Capas e Ilustrações: Edglei Dias Rodrigues e Geuvar Silva de Oliveira 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 3
 
 
Apresentação 
 
Caro aluno, neste semestre você estudará o Direito Processual Penal. 
Como norma processual de direito, desenvolve-se em etapas e procedimentos 
que garantem às pessoas conhecimentos como, a ampla defesa e o 
contraditório dentro do processo. Dentro da linha processual, estudaremos os 
princípios que norteiam o Direito Processual Penal, dando-lhes base de 
sustentação ao amplo e confiável andamento do processo penal. Como peça 
que arranja e instrui o processo penal, analisaremos o Inquérito Policial, suas 
fases, pressupostos e requisitos, que garantem ao Inquérito Policial seu 
perfeito e correto andamento. 
No entanto, o Processo, em regra, inicia-se com a denúncia ou com a 
queixa-crime, que são as peças inaugurais da Ação Penal. Ainda na linha do 
processo, temos a Jurisdição e a competência com regras e limites próprios 
que norteiam e garantem o procedimento processual penal na sua forma e 
pressupostos essenciais. 
O estudo das partes dentro do processo destaca-se pela relevância de 
conhecimento quanto a estrutura, deveres e direitos inerentes as mesmas, que, 
na busca de uma verdade para os fatos, utilizam-se dos meios de prova 
admissíveis em direito, a fim de provar suas alegações. 
Por fim, destaca-se a prisão e a sentença, aquela sendo sanção 
imputada ao acusado, não somente pela prática de um crime, na condenação, 
mas, às vezes, tem por finalidade assegurar o bom e perfeito andamento 
processual; esta como meio de decisão judicial a respeito da demanda 
analisada, suas espécies e seus efeitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 4
Plano de Ensino 
CURSO: Fundamentos em Práticas Judiciárias 
PERÍODO: 3º 
DISCIPLINA: Direito Processual Penal I 
 
EMENTA 
Inquérito policial, princípios do processo penal, ação penal, jurisdição e 
competência, exceções e questões incidentais, provas, sujeitos processuais, 
procedimentos, prisão, liberdade provisória, atos processuais, aplicação 
provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, coisa julgada. 
 
OBJETIVO GERAL 
 Discutir e entender o Direito Processual Penal 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
Entender o Direito Processual Penal, suas classificações e elementos; 
Analisar os processos e procedimentos penais; 
Identificar a ação penal, a jurisdição o órgão julgador competente; 
Compreender os procedimentos prejudiciais e incidentais dentro do Processo 
Penal; 
Classificar as formas de prisão e os requisitos da liberdade provisória; 
Compreender as decisões judiciais e a coisa julgada no Direito Processual 
Penal. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
TEMA 01: Contextualização do direito processual penal, origem, princípios e a 
natureza jurídica. 
TEMA 02: Inquérito policial 
TEMA 03: Ação penal, jurisdição e competência, exceções e questões 
incidentais, provas, sujeitos processuais, procedimentos e os atos processuais. 
TEMA 04: Prisão e liberdade provisória, aplicação provisória de interdição de 
direitos e medida de segurança. 
TEMA 05: Sentença e Coisa julgada. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13 ed. rev. atual. São Paulo: 
Saraiva, 2006. 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 8 ed. rev. Atual. São 
Paulo: Saraiva, 1986. 
MIRABETE, Julio Fabrini. Código de processo penal interpretado. 8 ed. São 
Paulo: Atlas, 2001. 
 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 5
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal. São Paulo: Método, 
2005. 
BARROS, Francisco Dirceu. Direito processual Penal. vol. I. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2005. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7 ed. rev. ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2001. 
DAOUN, Alexandre Jean. Resumo Jurídico de Processo Penal. vol.7. 4 ed. São 
Paulo: Quartier Latin, 2005. 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 6 ed. rev. atual. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2006. 
BONFIM, Edílson Mougenot. Processo Penal I: dos fundamentos à sentença. 
São Paulo: Saraiva, 2000. 
NORONHA, Edgard Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. 28 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 6
 
 
Sumário 
 
 
Tema 1 – O que é Direito Processual Penal ...................................................07 
Tema 2 – Inquérito policial...............................................................................19 
Tema 3 – Ação Penal, Jurisdição e Competência, Provas, Sujeitos e 
Procedimentos Processuais.............................................................................43 
Tema 4 – Prisão e Liberdade Provisória..........................................................91 
Tema 5 – Sentença e a Coisa Julgada............................................................99 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 7
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é Direito Processual Penal? 
 
 
Meta da aula 
Apresentação do conceito de Direito Processual Penal, seus Princípios, origem 
e natureza. 
 
Objetivos 
 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 
 Definir o que é Direito Processual Penal; 
 Indicar como o mesmo surgiu e como é aplicado hoje no Brasil; 
 Explicitar quais são os princípios aplicáveis e como os mesmos influem 
na aplicação do Direito Processual Penal. 
 
 Pré-requisitos 
Você terá mais facilidade no acompanhamento desta aula se fizer uma 
releitura dos assuntos estudados nas Disciplinas de Direito Penal I, e Teoria 
Geral do Processo. 
 
Introdução 
 Caro aluno, neste tema, começaremos a estudar o que é o Direito 
Processual Penal, bem como os princípios que norteiam sua aplicação no 
território brasileiro. 
 
Direito de Punir 
A vida em sociedade é regida por normas de conduta sem as quais ela 
seria praticamente impossível. Este conjunto de normas é o que chamamos de 
 
Direito Penal Objetivo 
Mas quem pode fazer valer o Direito Penal Objetivo? 
 
Somente o Estado, em sua função de promover o bem-comum, tem o 
direito de estabelecer e aplicar essas sanções. 
Tema 01 
Direito penal 
Objetivo é o 
conjunto de normas 
queregulam a ação 
estatal, definindo 
crimes e cominando 
as respectivas 
sanções. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 8
O Estado é único titular do DIREITO DE PUNIR (Jus Puniendi), que é 
exatamente o que chamamos de Direito Penal Subjetivo. Esse direito, porém, 
é limitado pelo próprio estado, pelo princípio da legalidade. 
Como bem ensina José Frederico Marques (2003, p. 5) O “jus puniendi 
é a manifestação do poder de império do Estado, pois este punindo exerce sua 
soberania.” E ainda ensina o mesmo autor (MARQUES apud MIRABETE 1995, 
p. 24) o jus puniendi pode ser definido como o direito que tem o Estado de 
aplicar a pena cominada no preceito secundário da norma penal incriminadora, 
contra quem praticou a ação ou a omissão descrita no preceito primário, 
causando um dano ou lesão jurídica”. 
O Estado não tem apenas o Direito de punir, mas, sim, tem o DEVER 
de punir, pois seu dever, dentre outros, é resguardar a sociedade. O jus 
puniendi é uma manifestação da soberania estatal. 
 
Pretensão Punitiva 
Com a prática de um Ilícito penal, surge um conflito de interesses entre 
o Direito Subjetivo de Punir do Estado e o direito à liberdade do autor da prática 
ilícita. 
Mirabete (2003, p.25), já ensina que “da exigência de subordinação do 
interesse do autor da Infração ao interesse do Estado, resulta a pretensão 
punitiva” que é, na realidade a possibilidade, a pretensão que tem o Estado de 
punir, fazendo vigorar o seu interesse, em prejuízo do interesse do autor do 
ilícito. 
 
Lide penal 
Lide, como já vimos em Teoria Geral do Processo, é a oposição de 
uma pretensão à outra, ou seja, há lide quando, no conflito de interesses, uma 
parte se opõe ao que é pretendido pela outra. Na esfera penal, quando se opõe 
o titular do direito à liberdade a pretensão punitiva do Estado, têm-se a lide 
penal. 
 O Estado não pode simplesmente aplicar uma sanção, uma vez que é 
também seu dever proteger o direito à liberdade do autor do ilícito. Sendo 
assim, somente poderá o Estado aplicar a pena prevista ao crime cometido se 
utilizar como instrumento o Direito de ação. 
 
Mas o que é DIREITO DE AÇÃO? 
 
Direito de ação, segundo Magalhães Noronha (1999, p. 4) “trata-se de 
um direito subjetivo, que confere ao Estado o poder de promover a perseguição 
ao autor do delito”, e ainda, segundo Mirabete (1995, p. 26) “consiste em obter 
o Estado do juiz a sentença sobre a lide deduzida no processo a fim de que 
Chamamos de Jus 
Puniendi o Direito de 
Punir do Estado! 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 9
seja aplicada a sanção penal sem a violação do direito à liberdade do autor da 
infração penal”. 
Ou seja, é o direito que tem o Estado de recorrer ao juiz para que ele, 
com base nos dados colhidos no processo, tendo em vista a lide penal, decida 
sobre a mesma, prolatando sentença e determinando a aplicação da sanção. 
Pois assim, mesmo restringindo o Estado a liberdade do autor do ilícito, não 
ferirá seu direito à liberdade. 
 
Processo Penal 
A forma que o Estado impõe para compor os litígios, por meio dos 
órgãos próprios da administração da Justiça, tem o nome de PROCESSO. 
Já nos ensima Mirabete (2003, p. 26): “Como na Infração penal há 
sempre uma lesão ao Estado, este como Estado-Administração, toma a 
iniciativa de garantir a observância da lei, recorrendo ao Estado-juiz para, no 
processo penal, fazer valer sua pretensão punitiva”. 
Processo Penal é, então, o conjunto de atos cronologicamente 
encadeados, submetido a princípios e regras jurídicas e destinados a compor 
as lides de caráter penal. 
Sua finalidade é a aplicação do DIREITO PENAL OBJETIVO, mas para 
atingir tal objetivo são indispensáveis atividades investigatórias (atos 
administrativos da polícia judiciária – Inquérito Policial). 
Então, tem-se o Direito Processual Penal como: “o conjunto de 
princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem 
como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos 
órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares” (MARQUES, apud 
MIRABETE, 2004, p. 29) . 
Tem, o Direito Processual Penal, caráter instrumental, pois serve como 
instrumento para a aplicação do direito penal objetivo. 
Mirabete (2004, p. 30) ainda acrescenta que “é uma disciplina 
normativa, pois parte da Norma Jurídica, investiga os princípios, organiza os 
institutos e constrói, então, o sistema”. 
O Direito Processual Penal é um ramo do Direito Público e possui 
método técnico-jurídico, permitindo ao jurista extrair do direito objetivo os 
preceitos aplicáveis a uma situação concreta, descobrindo seu significado e lhe 
desenvolvendo as conseqüências. 
 
Evolução Histórica 
Podemos perceber com os ensinamentos de John Gilissen, em seu 
célebre livro Introdução Histórica ao Direito (2001, p. 51 - 522) que o Direito 
Processual Penal surgiu na Grécia, quando era utilizado para punir os crimes 
que feriam os interesses sociais. Havia a participação direta dos cidadãos e era 
um procedimento oral e público. 
IP – é a abreviação 
que utilizamos para 
Inquérito Policial. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 10
Em Roma, o Direito processual penal era utilizado para punir os delicta 
publica, ou seja, os crimes que feriam o interesse da sociedade, mas também 
utilizado para arbitrar os delitos de interesse privado. 
Na época da Santa Inquisição o Direito Processual Penal, nos afirma o 
citado autor, era realizado pela Igreja. O procedimento era iniciado por uma 
acusação feita por bispos, arcebispos ou oficiais encarregados de exercer a 
função jurisdicional. Era um processo totalmente inquisitivo, ou seja, a mesma 
pessoa que acusava colhia as provas e julgava, não havendo possibilidade real 
de defesa para o acusado. 
Após a Revolução Francesa, e com o advento das garantias penais, 
houve uma revolução no Direito Processual penal, chegando-se ao que temos 
hoje posto como tal: a garantia de defesa para o acusado e, ainda, o respeito 
ao contraditório e à ampla defesa, possibilitando-se ao acusado efetuar uma 
defesa eficiente a seu favor. De forma que o procedimento inquisitivo fica 
reservado a um momento preliminar do processo, sendo dado após plena 
capacidade de defesa ao réu (GILISSEN, 2001, p. 51 - 522). 
 
Princípios 
Estado de Inocência 
O princípio do Estado de Inocência, ou da Presunção da Inocência, ou 
mesmo Princípio da Inocência está contemplado na Constituição Federal de 
1988, em seu art. 5°, inciso LVII. Surge pela primeira vez em 1789, na 
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, foi novamente 
utilizado no art 26 da Declaração Americana de Direitos e Deveres de 1948, no 
art 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. 
Muitos doutrinadores como Mirabete (1999, P. 42) e Ney Moura Telles 
(2005, p. 90) utilizam a nomenclatura Presunção de Inocência tendo em vista 
que a mesma não é absoluta. Somente se presume que a pessoa não seja 
culpada até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, mas não se 
dá total certeza a isso, pois, se assim fosse, não seria possível a prisão em 
flagrante, ou mesmo a prisão preventiva e a instauração do processo, uma vez 
que seria incoerente prender alguém considerado inocente no todo, ou até 
mesmo processar alguém que já se sabe inocente. 
Existem inclusive autores como Carlos Rubianes (apud MIRABETE, 
2003, p.42), que consideram que existe uma presunção de culpabilidade 
quando se instaura a ação penal, pois ela é um ataque à inocência do acusado, 
e, se não a destrói, a põe em incerteza até a sentença definitiva. 
Após muitas discussões acerca do assunto, chegou-se à conclusão 
que o principio do Estado de Inocência não revoga os dispositivos relativos à 
prisão preventiva, pois estão os mesmos dispostos na própria ConstituiçãoFederal. 
CF – art. 5º LVII - 
ninguém será 
considerado culpado 
até o trânsito em 
julgado de sentença 
penal condenatória. 
Sentença Definitiva 
é aquela contra a 
qual não cabem 
mais recursos. 
Sentença recorrível 
é aquela que ainda 
não se tornou 
definitiva, da qual 
cabe recurso. 
Sentença de 
Pronúncia é a 
primeira sentença de 
um processo no 
Tribunal do Júri, pela 
qual o Juiz diz que 
aquele caso deve 
ser apreciado pelo 
Tribunal referido. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 11 
Podemos chegar às seguintes conclusões a partir do Princípio do 
Estado de Inocência: 
1) Somente pode haver restrição à liberdade do acusado antes da 
sentença definitiva a título de medida cautelar, de necessidade ou 
conveniência. 
2) O réu não tem dever de provar sua inocência, pois a mesma é 
presumida, cabe sim, ao acusador, provar a “culpa” do acusado. 
3) Para condenar o acusado, o juiz deve ter a convicção de que é o 
réu o autor do delito, bastando a mínima dúvida para que seja imperativa a 
absolvição. ( in dúbio pro reo). 
Como bem ensina Mirabete (2003, p. 42). “Diante deste princípio fica 
clara a revogação (derrogação) do art 393 II e 408 § 1º do CPP, que diziam 
sobre a inscrição do nome do réu no rol dos culpados com a sentença 
condenatória recorrível ou sentença de pronúncia” 
 
Princípio do Contraditório 
Este princípio é um dos mais importantes princípios não só do Direito 
Processual Penal , mas de todo o direito em si. Está inscrito na CF/88 art 5º inc 
LV, e garante a ampla defesa do acusado. 
Segundo este princípio, tem o acusado direito de defesa, sem 
restrições, ou melhor, tem o acusado, na sua defesa, os mesmos direitos que o 
acusador. As partes são vistas da mesma forma no processo, tendo as 
mesmas oportunidades e limitações. Tal princípio é importantíssimo para 
garantir a imparcialidade do julgamento do magistrado. 
Ensina Rui Portanova (2001, p.160-164) que pelo princípio do 
contraditório, todos os atos processuais “devem primar pela ciência bilateral 
das partes, e pela possibilidade de tais atos serem contrariados com alegações 
e provas” . 
É em decorrência deste princípio que existe a obrigatoriedade de 
comunicação ao réu de cada ato do processo e, ainda, de cada documento 
juntado e, também, a oportunização de que o mesmo se manifeste sobre os 
documentos. 
Uma exceção a essa decorrência do princípio do contraditório é a 
revelia penal, pois afasta esse instituto a necessidade de comunicação ao réu 
dos demais atos do processo, podendo ele comparecer voluntariamente. 
A garantia do contraditório abrange toda a instrução criminal, incluindo-
se aqui todos os atos do processo que possam interferir na decisão do 
magistrado, incluindo coleta de provas, arrazoados e alegações das partes, 
mas não inclui o Inquérito Policial. 
O princípio do contraditório impede ainda que, mesmo sendo o réu 
revel, seja este julgado sem defesa. Diferente do que acontece em juízo cível, 
em que um dos efeitos da revelia é a confissão tácita,, na esfera penal, a 
CF/88 art 5° LV - 
aos litigantes, em 
processo judicial ou 
administrativo, e aos 
acusados em geral 
são assegurados o 
contraditório e ampla 
defesa, com os 
meios e recursos a 
ela inerentes; 
A comunicação ao 
réu dos atos do 
processo pode se 
dar por meio de 
citação ou intimação 
Art. 366. Se o 
acusado, citado por 
edital, não 
comparecer, nem 
constituir advogado, 
ficarão suspensos o 
processo e o curso 
do prazo 
prescricional, 
podendo o juiz 
determinar a 
produção antecipada 
das provas 
consideradas 
urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão 
preventiva, nos 
termos do disposto 
no art. 312. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 12
revelia só tem como efeito a cessação das intimações do réu quanto aos atos 
do processo, sendo nomeado defensor para o mesmo, garantindo assim o 
cumprimento do contraditório. 
 
Princípio da Ampla Defesa 
 
Por este princípio, que se encontra na Constituição Federal de 1988 
em seu art 5°, inciso LV, pode o réu utilizar em sua defesa todos os meios que 
não forem proibidos por lei. E ainda, atrelado ao Princípio do contraditório, é 
por ele que o réu tem o direito de manifestar-se sobre qualquer prova, sobre 
qualquer documento acostado ao processo. O contraditório dá o direito ao réu 
de conhecer o que contra si foi apurado, e a ampla defesa permite a ele 
defender-se de cada acusação formulada contra sua pessoa. 
Segundo bem ensina Tourinho Filho (2004, p. 44): 
Em todo processo de tipo acusatório, como o nosso, 
vigora esse princípio, segundo o qual o acusado, isto 
é, a pessoa em relação a quem se propõe a ação 
penal, goza do direito ‘primário e absoluto’ da defesa. 
 
A ampla defesa, assim como o contraditório, não é aplicada durante a 
fase do Inquérito Policial, mas sim durante toda a instrução penal. 
 
Pare e Pense 
1)Tente responder: Seria possível, no Brasil, com a utilização do Princípio do 
Contraditório, que surgisse na última hora em um processo uma prova surpresa 
que fosse decisiva para a condenação ou absolvição do réu? 
Comentário da questão: Procure buscar a resposta, analisando 
profundamente em que consiste o princípio do Contraditório e o da Ampla 
Defesa, e quais as suas conseqüências! 
 
Princípio da Verdade Real 
Pelo princípio da verdade real, tem-se que se deve buscar, no 
processo penal, sempre a verdade dos fatos, não se limitando às verdades 
abstratas que admite, por exemplo, o processo civil. Neste sentido normativo, o 
art. 156 do CPP dispõe que: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; 
mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, 
determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto 
relevante”. 
Como preleciona Mirabete (2003, p.44): 
Com o princípio da verdade real se procura 
estabelecer que o jus puniendi somente seja exercido 
contra aquele que praticou a infração penal e nos 
exatos limites de sua culpa numa investigação que 
não encontra limites na forma ou na iniciativa das 
partes. 
 
Prisão Preventiva é 
a que se dá antes da 
sentença definitiva, 
fundada em causar o 
acusado perigo ao 
trâmite do processo, 
ou haver perigo de 
fuga do acusado, 
entre outras 
justificativas. 
Neste Sentido temos 
decisão do Supremo 
Tribunal Federal: “O 
Princípio da 
Contraditoriedade... 
deve ser observado 
na instrução 
criminal, e jamais na 
investigação 
criminal, pois esta é 
inquisitória, 
incontraditável por 
natureza. até mesmo 
no procedimento 
sumário, que se 
desenvolve perante 
autoridade 
investigante do fato 
havido por 
criminoso, a 
contraditoriedade e 
admitida em fase 
posterior à 
investigação, que 
também no referido 
procedimento 
conserva seu caráter 
inquisitivo”(STF, HC 
55.447, DJU 
16.9.77, P 6281). 
 
“De fato, enquanto o 
juiz não penal deve 
satisfazer-se com a 
verdade formal ou 
convencional que 
surja das 
manifestações 
formuladas pelas 
partes, e sua 
indagação deve 
circunscrever-se aos 
fatos por elas 
debatidos, no 
Processo penal o 
Juiz tem o dever de 
investigar a verdade 
real, procurar saber 
como os fatos se 
passaram na 
realidade, quem 
realmente praticou a 
infração e em que 
considerações a 
perpetrou, para dar 
base certa à justiça” 
(TOURINHO FILHO, 
2004, p. 37) 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 13 
Por este princípio deve o juiz procurar, mesmo não havendo interesse 
das partes, levantar a verdade dos fatos, dar impulso ao processo, buscar as 
provas necessárias à formação de seu convencimento e, ainda, pode, mesmo 
após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, com novas provas, 
absolver o réu anteriormente condenado. Não pode o Juiz penal se contentar 
com a verdade formal dos fatos, mas sim com a verdade real dos mesmos. 
 
Princípio da Oralidade 
Pelo princípio da oralidadesegundo Mirabete (2003, p. 44), deve-se 
observar que as “declarações feitas perante os juízes e tribunais só possuem 
eficácia quando formuladas através da palavra oral, ao contrário do 
procedimento e escrito”. 
Conseqüências desse princípio: 
 
1) A necessidade de concentração: que consiste em realizar todo o 
julgamento em uma ou em poucas audiências que tenham intervalos pequenos 
entre si. Ex: Júri (MIRABETE, 1999, p. 45) 
2) Imediatidade: o juiz deve ficar em contato direto com as partes e 
as provas, recebendo, assim, diretamente os elementos que basearão a 
formação de sua convicção para o julgamento. (MARQUES, apud MIRABETE, 
2003, p.44) 
3) Identidade Fisica do Juiz: fica o magistrado ligado, vinculado aos 
processos cuja instrução iniciou; mas, na realidade, sendo a magistratura um 
órgão uno, pode haver, em caso de extrema necessidade, a alteração da 
pessoa do julgador, mas havendo a preservação da identidade de órgão. 
(TOURINHO FILHO, 2004, p. 56 – 57) 
 
É importante salientar que, em nosso sistema penal, ainda vigem 
regras do procedimento escrito (defesa prévia, alegações finais, sentença, etc), 
sendo que na realidade há um misto de procedimento escrito e oral. 
Um grande avanço em direção à aplicação do procedimento oral foi o 
procedimento dos Juizados Especiais Criminais, em que há um primor pela 
oralidade e imediatilidade. 
 
Princípio da Publicidade 
 
A publicidade é garantida em todo o procedimento, seja ele judicial ou 
até mesmo administrativo, por ser a mesma tanto uma garantia para o 
indivíduo quanto para a sociedade. 
No Direito pátrio vigora o princípio da publicidade absoluta, 
como regra. As audiências, as sessões e a realização de 
outros atos processuais são franqueados ao público em 
geral. Qualquer pessoa pode ir ao Fórum, sede do juízo, 
assistir à audição de testemunhas, ao interrogatório do réu, 
aos debates. Em se tratando de processo da competência 
No art. 5º XXXIII 
dispõe que: 
“Todos têm direito a 
receber dos órgãos 
públicos informações 
de seu interesse 
particular, ou de 
interesse coletivo ou 
geral, que serão 
prestadas no prazo 
da lei, sob pena de 
responsabilidade, 
ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja 
imprescindível à 
segurança da 
sociedade e do 
Estado”. 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 14
do Júri, são impostas algumas limitações (TOURINHO 
FILHO, 2004, p. 43) 
 
Pode haver restrição a publicidade dos atos processuais nos casos 
descritos no art 5º LX da CF/88 que reza “A lei só poderá restringir a 
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem”. 
Serve a regra da Publicidade para tentar impedir a fraude e a 
corrupção, fazendo com que os atos processuais fiquem os mais visíveis 
possíveis a fim de que possa a sociedade e as próprias partes servir de fiscais 
do cumprimento da lei. 
A publicidade não é total, pois até mesmo a Constituição Federal (art 5° 
LX) prevê algumas ressalvas a ela. Utilizamos as ressalvas constitucionais 
quando se restringe o número de pessoas em determinado ato (ex. votação 
dos jurados em um júri, que deve ser na sala secreta e com número reduzido 
de pessoas), ou, ainda, utilizamos tais ressalvas para retirar o réu da sala de 
audiências para que não influa em testemunho. 
No Inquérito Policial, deve-se preservar o sigilo necessário à 
elucidação do fato, podendo, então, ser bem restrita a publicidade de atos. 
 
Pare e Pense 
 
 1)Num júri, quando os jurados se reúnem na sala secreta para a 
votação, se está ferindo o princípio da publicidade? Por quê? 
 
Comentário da questão: Na verdade não, pois o ato processual (julgamento 
em si) é público, mas somente aquela parte do ato (votação) é secreta, para 
garantir o interesse do sigilo e imparcialidade das votações. 
 
 
Princípio da Obrigatoriedade 
O princípio da Obrigatoriedade está contido nos arts 5º, 6º e 24 do CPP 
e diz que: “sendo necessário para a manutenção da ordem social que os 
delitos sejam punidos, deve, obrigatoriamente, o estado promover o jus 
puniendi”. 
O princípio da obrigatoriedade faz com que a autoridade policial 
instaure o Inquérito Policial, e que o Ministério Público promova a ação penal 
pública (só a pública porque a privada é de iniciativa do ofendido). 
Segundo Mirabete (2003, p. 46): 
(...) no momento em que ocorre a infração penal é 
necessário que o Estado promova o Jus Puniendi, sem que 
se conceda aos órgãos encarregados da persecução penal 
poderes discricionários para apreciar a conveniência ou 
oportunidade de apresentar sua pretensão ao estado-Juiz. 
 
É exceção do Princípio da Obrigatoriedade, o princípio da oportunidade 
ou bagatela (não deve o Estado promover a ação penal quando dela resultar 
Pelo princípio da 
bagatela, não deve o 
direito penal se 
ocupar de lesões a 
bens jurídicos 
insignificantes. 
Ação penal privada 
ocorre em certos 
crimes, em que 
somente interessa à 
vítima ou a seus 
representantes dar 
continuidade à 
persecução penal. 
Ainda no art. 93 IX 
dispõe: 
“Todos os 
julgamentos dos 
órgãos do Poder 
Judiciário serão 
públicos e 
fundamentadas 
todas as decisões, 
sob pena de 
nulidade, podendo a 
lei, se o interesse 
público o exigir, 
limitar a presença, 
em determinados 
atos, às próprias 
partes e a seus 
advogados ou 
somente à estes”. 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 15 
mais inconvenientes que vantagens à sociedade). No Brasil, este princípio 
acaba ficando restrito aos crimes de ação privada e nos delitos que dependem 
de representação do Ministro da Justiça. 
A Lei 9.099/95 em seu art. 72 acaba diminuindo a aplicação deste 
princípio, já que tem o instituto da transação penal, que tranca o processo 
antes do oferecimento da denúncia, por meio de um acordo celebrado entre o 
réu e o Ministério Público. 
 
Princípio da Oficialidade 
Este princípio está previsto nos artigos 5º LIX, 144, 129 I; 128 I e II da 
Constituição Federal, e ainda nos artigos 4º e seguintes e artigo 29 Código de 
Processo Penal. 
Diz este princípio que já que a repressão do crime é função exclusiva 
do Estado, e dele devem derivar os atos de persecução penal, ou seja, a 
repressão ao crime deve ser originada e sucedida pelos órgãos oficiais do 
Estado. 
Como ensina Mirabete (2003, p.47): 
Como a repressão ao criminoso é função essencial do 
Estado, deve ele instituir órgãos que assumam a 
persecução pena. É o princípio da oficialidade, de que os 
órgãos encarregados de deduzir a pretensão punitiva sejam 
órgãos oficiais. 
 
O Ministério Público e a Polícia, órgãos oficiais responsáveis pela 
repressão penal, têm autoridade, podendo requisitar documentos, determinar 
diligências e quaisquer atos necessários à instrução criminal seja durante a 
fase inquisitiva (Inquérito Policial), seja durante a Ação Penal, cada um, é claro, 
em cumprimento a suas atribuições (MIRABETE, 1999, p. 48). 
Devemos perceber que esse princípio não é absoluto, porque na ação 
penal privada a iniciativa da ação é tida pelo ofendido, e não pelos órgãos 
oficiais, o mesmo ocorrendo na ação penal privada subsidiária da pública. 
 
Princípio da Indisponibilidade do Processo 
Está previsto nos artigos 10, 17, 25, 28, 42, 576, 385 do Código de 
Processo Penal e vale desde a fase do Inquérito Policial, mesmo não sendo o 
inquérito considerado como processo penal propriamente dito. 
Segundo Mirabete (1999, p. 48), o da indisponibilidade decorre do 
princípio da obrigatoriedade, sendo que este vigora inclusive na fase do 
Inquérito Policial. Por este princípio, após ser instaurado o Inquérito Policial, 
não pode o mesmo ser paralisado indefinidamente, ou arquivado. 
O arquivamento do Inquérito Policial, em decorrência do princípio da 
indisponibilidade somente pode se dar, mesmo com requerimento do Ministério 
Público, após ser submetido ao Juiz. Este, caso concorde, decidepelo 
arquivamento, mas se achar que é equivocado o pedido do arquivamento, 
submeterá os autos ao Procurador Geral do Ministério Público. 
Desistência ocorre 
quando a parte 
ofendida deixa, 
expressamente de 
ter interesse no 
prosseguimento da 
ação. Renúncia é 
quando o ofendido 
deixa de iniciar a 
ação penal. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 16
Caso o Procurador Geral do Ministério Público concorde com o juiz, 
poderá designar novo representante do Ministério Público para atuar no 
processo, ou oferecer a denúncia ele mesmo (Procurador), na hipótese do art. 
28 do CPP. 
Discordando do posicionamento do Magistrado e, acatando o 
posicionamento do Promotor de Justiça, considerando acertada a decisão pelo 
arquivamento do Inquérito Policial, o Procurador Geral do Ministério Público 
remeterá tal decisão ao juiz que estará então obrigado a atender. 
Além disso, é esse princípio que proíbe o Ministério Público de desistir 
da ação penal que já esteja em andamento e de eventual recurso interposto, de 
acordo com o disposto nos arts 42 e 576 CPP respectivamente , e, ainda, 
permite que o juiz condene o réu mesmo com pedido de absolvição por parte 
do Ministério Público. 
Na ação penal privada, não cabe este princípio, já que o ofendido 
dispõe do processo, podendo extingui-lo por meio de desistência, perdão, 
renúncia etc., e ainda, nas ações penais públicas dependentes de 
representação, pode o ofendido, antes do oferecimento da denúncia, retratar-
se, impedindo assim a interposição da ação penal. 
 
Princípio do Juiz Natural ou Juiz Constitucional 
Encontra-se previsto no artigo 5º LIII, XXXVII da Constituição Federal e 
ainda nos artigos 92 a 126 do Código de Processo Penal. 
Como diz Mirabete (2003, p.48) “o autor do ilícito só pode ser 
processado e julgado perante o órgão que a Constituição Federal, implícita ou 
explicitamente, atribui a competência para o julgamento”. 
Não pode a lei determinar magistrados definidos para o julgamento de 
determinadas pessoas ou fatos. Antigamente se dizia que este princípio 
informava ser obrigatório que um juiz que começasse um processo ficasse ao 
mesmo ligado até o final. No Brasil não se utilizou tal descrição até mesmo pela 
distribuição da carreira da magistratura. Assim, desde a CF/88 estabeleceu-se 
o juiz natural, não seria um juiz em pessoa, mas sim o juiz competente (órgão 
do Estado) (ZAFFARONI; PIERANGELI, 1997, p. 212 -228). 
 
 
 Princípio da Iniciativa das Partes 
 
Este princípio é previsto no Código de Processo Penal, nos artigos 24, 
29 e 30. 
No processo penal, são as partes (e aqui se considera o ministério 
Público como parte na ação penal pública) que devem produzir as provas. O 
juiz deve ficar restrito aos pedidos do autor e o que foi provado pelo réu, nunca 
indo além disso. 
Sendo o direito de ação penal o de invocar a tutela 
jurisdicional-penal do Estado é evidente que deve caber à 
CF/88 art 5° LIII - 
ninguém será 
processado nem 
sentenciado senão 
pela autoridade 
competente. 
Denúncia é o nome 
que damos à peça 
inicial da ação penal 
pública. 
Art. 5° LIII - ninguém 
será processado 
nem sentenciado 
senão pela 
autoridade 
competente. 
O Dominus Litis, ou 
seja, o dono da 
ação, nas Ações 
Penais Públicas, é o 
Ministério Público, e 
nas Ações Penais 
Privadas é o 
ofendido ou seus 
representantes. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 17 
parte ofendida a iniciativa de propô-la, não se devendo 
conceder ao juiz a possibilidade de deduzir a pretensão 
punitiva perante si próprio (MIRABETE, 2003, p.48) 
 
Não pode, por exemplo, o juiz começar um processo de ofício, somente 
pode iniciar um processo por petição de parte. Pode, porém, terminar o 
processo sem ter se chegado a verdade real, ou seja, por nulidade, ou por 
prescrição, falta de intimação da sentença de pronúncia, etc, ou então, com 
sentença de mérito, absolvendo ou condenando o réu. 
 
Princípio do Impulso Oficial 
Está previsto nos artigos 251, 156, 168, 176, 196 do Código de 
Processo Penal. Ensina Mirabete (2003, p. 49) que “(...) embora a iniciativa na 
produção das provas pertença às partes, incumbe ao juiz, segundo o CPP, 
prover a regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos 
atos”. 
Neste sentido, dispõe ainda o autor que cabe ao magistrado, em busca 
da verdade real manter a regularidade do processo, mesmo que as partes não 
o façam. Serve este princípio para evitar que o processo fique paralizado por 
falta de iniciativa das partes. 
 
Principio do Duplo Grau de Jurisdição 
Este princípio não está expresso na CF, mas decorre do próprio 
sistema Constitucional e diz que os Tribunais poderão rever as decisões em 
grau de recurso, ou seja, um tribunal, que é superior ao juiz singular, tem o 
poder de rever a decisão do juiz de primeiro grau. 
 
Conclusão 
O Direito Processual Penal evoluiu com as socieddaes e existe para 
que seja possível a aplicação do Direito Penal Objetivo, que segue princípios 
que buscam assegurar os direitos dos cidadãos na sua defesa, bem como a 
imparcialidade do julgamento. 
 
 
Vamos exercitar? 
 
1- Trace um paralelo entre os princípios utilizados pelo Direito Processual 
Penal, indicando quais são os contemplados pela Constituição Federal. 
 
Comentário 
Você pode confirmar sua resposta no art 5 ° a CF/88. 
 
2- Não pode ser considerado como Princípio do Direito Processual Penal: 
a) O Princípio da Presunção de Inocência 
b) O Princípio do Contraditório 
Sentença de 
pronúncia é aquela 
que leva o réu 
acusado de cometer 
crime doloso contra 
à vida a ser julgado 
pelo Tribunal do Júri. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 18
c) O princípio da Anterioridade ou da legalidade 
d) O princípio da Verdade Real 
Comentário 
Tente localizar a resposta correta utilizando seus conhecimentos sobre 
os princípios do Direito Penal e do Direito Processual Penal, comparando-os e 
vendo qual não se aplica a ambas as áreas do Direito. 
 
3- Assinale a alternativa correta de acordo com o princípio da Verdade Real: 
a) Deve o juiz buscar a melhor versão entre as apresentadas pelas partes; 
b) Deve o Juiz abster-se somente ao que foi questionado pelas partes em juízo; 
c) Deve o Juiz buscar a verdade real dos fatos, mesmo que contrária às 
alegações tanto da defesa quanto da acusação; 
d) NRA. 
Comentário 
Para chegar à resposta correta você deve parar e pensar sobre qual é 
o interesse do Processo Penal, utilizando seus conhecimentos sobre os 
princípios que o norteiam. 
 
Síntese da aula 
Neste tema, estudamos que o Direito Processual Penal teve sua 
origem na Grécia e que somente após a segunda metade do Séc XVIII, com as 
idéias iluministas é que veio o mesmo a atuar na defesa dos cidadãos. 
Apresentamos os princípios que regem esse ramo do Direito que 
guardam semelhança com os de Direito Penal. 
 
Referências 
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. 3 ed. Lisboa: Fundação 
Caloustre Gulbenkian, 2001. 
PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado 2001. 
ZAFFARONI, Eugênio Raúl, PIERANGELI, José Henrique; Manual de Direito 
Penal Brasileiro: parte geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa; Processo Penal, Volume 1. 26. ed. 
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. 
MARQUES, José Frederico; Elementos de Direito Processual Penal. 2 ed. 
Campinas-SP: Millennium, 2000. 
 
Informações sobre o próximo tema 
Em nosso próximo tema, estudaremos o Inquérito Policial, estudando 
sua origem, seus requisitos e suas conseqüências. 
 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Inquérito Policial 
 
 
Meta do tema 
Exposição dos procedimentos aplicáveis no Inquérito Policial e agentes 
responsáveispor tal procedimento, suas características e fundamentos. 
 
Objetivos 
 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 
 Definir o que é Inquérito Policial; 
 Indicar quais são só procedimentos adotados durante o Inquérito 
Policial; 
 Apontar qual o valor probatório do e como pode o Inquérito Policial ser 
arquivado ou transformado em ação penal. 
 
 Pré-requisitos 
 
Você terá mais facilidade no acompanhamento desta aula se for capaz 
de identificar os preceitos estudados nas Disciplinas de Direito Penal I, Teoria 
Geral do Processo e ainda em nosso primeiro tema de Direito Processual 
Penal. 
 
Introdução 
Caro aluno, neste tema vamos estudar o Inquérito Policial, qual a sua 
necessidade, qual a sua validade e como o mesmo deve se dar. 
 
Polícia, o que é? 
 
Segundo bem nos trazem Tourinho Filho (2004, p. 187 - 188) e Marcos 
Luiz Bretas (1997, p. 39 - 60) o termo Polícia vem do grego politéia – de polis 
(cidade) – significou, a princípio, o ordenamento Jurídico do Estado, governo 
da cidade e até mesmo a arte de governar. 
Continua Tourinho ensinando que em Roma, o termo politia adquiriu 
um sentido especial, significando a ação do governo no sentido “de manter a 
ordem pública, a tranquilidade e a paz interna”. Depois, passou indicar o 
próprio órgão estatal incumbido de zelar da segurança dos cidadãos. 
Tema 02 
O órgão responsável 
por realizar o 
inquérito Policial, 
segundo o art 144 § 
4º CF é a Polícia 
Civil. 
Art. 144. A 
segurança pública, 
dever do Estado, 
direito e 
responsabilidade de 
todos, é exercida 
para a preservação 
da ordem pública e 
da incolumidade das 
pessoas e do 
patrimônio, através 
dos seguintes 
órgãos: 
§ 4º - às polícias 
civis, dirigidas por 
delegados de polícia 
de carreira, 
incumbem, 
ressalvada a 
competência da 
União, as funções de 
polícia judiciária e a 
apuração de 
infrações penais, 
exceto as militares. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 20
Segundo Tourinho (2004, p. 187 - 188), a polícia como hoje a 
compreendemos, no sentido de órgão do Estado incumbido de manter a ordem 
e a tranqüilidade públicas, surgiu, na velha Roma, onde foi criado um corpo de 
soldados, que além das funções de bombeiros, exerciam as de vigilantes 
noturnos, impedindo assim a consumação de crimes. 
Menciona o autor que no tempo do Império Romano, quando se 
desenvolveu a cognitio extra ordinem, havia funcionários incumbidos de levar 
as primeiras informações sobre a infração penal aos Magistrados. Eram os 
curiosi, os irenarche, os stationarii, os nunciatores, os digiti durii, que 
desempenhavam papel semelhante ao da nossa Polícia Judiciária. 
A Polícia Civil tem, assim, por finalidade investigar as infrações penais 
e apurar a respectiva autoria, a fim de que o titular da ação penal (ofendido na 
Ação Penal Privada e Ministério Público na Ação Penal Pública) disponha dos 
elementos para ingressar em juízo. Ela desenvolve a primeira etapa, o primeiro 
momento da atividade repressiva do Estado (TOURINHO FILHO, 2004, p. 187 -
188). 
 
Conceito, Natureza e Finalidade do Inquérito Policial. 
 
Até o ano de 1871, não havia previsão de Inquérito Policial em nossa 
legislação, não havendo, por exemplo, nas Ordenações Filipinas, qualquer 
menção ao Inquérito. (BRETAS, 1997, p.43) 
Ainda segundo Tourinho (2004, p. 190), começou a introduzir a idéia do 
IP no código de processo surgido em 1832 que apenas traçava normas sobre 
as funções dos inspetores de quarteirão, mas tais inspetores não exerciam 
atividade de polícia judiciária. Embora houvesse vários dispositivos sobre o 
procedimento informativo, não se tratava do IP, com esse nome. 
Foi somente com a Lei nº. 2.033 de 20/09/1871, que surgiu entre nós o 
IP com essa denominação. O art. 42 da referida lei chegava inclusive a defini-
lo: 
O IP consiste em todas as diligências necessárias para o 
descobrimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias 
e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a 
instrumento escrito. 
 
 
A elaboração do IP constitui uma das funções da Polícia Civil. O art. 4º 
do Código de Processo Penal dispõe de forma clara fica clara esta função, 
conforme se vê no box ao lado. 
 Chamamos atenção ao fato de que onde hoje se lê circunscrição (art. 
4º), antigamente constava jurisdição, e tal termo foi alterado porque uma vez 
que a jurisdição é somente relativa ao órgão judicial, não sendo a polícia tal 
órgão, ela possui circunscrição, e não jurisdição. 
O art. 144, § 4º CF dispõe sobre as atribuições da Polícia Civil, que 
possui as seguintes funções: 
A partir de agora, 
Passaremos a 
chamar o Inquérito 
Policial de IP! 
Circunscrição 
significa porção 
territorial, e 
Jurisdição significa 
poder, autoridade de 
interpretar a aplicar 
a lei. 
Art. 4º. A polícia 
judiciária será 
exercida pelas 
autoridades policiais 
no território de suas 
respectivas 
circunscrições e terá 
por fim a apuração 
das infrações penais 
e da sua autoria. 
(Redação dada ao 
caput pela Lei nº. 
9.043, de 
09.05.1995). 
Parágrafo único. A 
competência 
definida neste artigo 
não excluirá a de 
autoridades 
administrativas, a 
quem por lei seja 
cometida a mesma 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 21 
 investigar as infrações penais e sua respectiva autoria; 
 fornecer às autoridade judiciárias as informações necessárias à 
instrução e julgamento dos processos; 
 realizar as diligências requisitadas pela autoridade judiciária ou MP; 
 cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades 
competentes; 
 representar ao juiz no sentido de se proceder ao exame de insanidade 
mental do indiciado; 
 representar ao juiz no sentido de ser decretada a prisão preventiva e 
temporária; 
 cumprir cartas precatórias expedidas na área de investigação criminal 
 colher a vida pregressa do indiciado; 
 preceder a restituição, quando cabível, de coisas apreendidas; 
 realizar as interceptações telefônicas nos termos da lei 9296/96; 
 
Mas o que compõe um Inquérito Policial? 
 
De acordo com os ensinamentos de Tourinho Filho (2004, p. 191), 
sendo o Estado o titular do jus puniendi, quando se verifica uma infração, o 
titular do direito de punir (Estado) desenvolve inicialmente uma agitada 
atividade por meio de órgãos próprios, que visa colher informações sobre o fato 
tido como infracional e a respectiva autoria. 
Essa primeira atividade persecutória do Estado que grosso modo é 
realizada pela polícia judiciária é informada de uma série de diligências tais 
como: 
 
 busca e apreensão – consiste no uso da força, por meio de 
determinação judicial, fazer uso da força, na procura (busca) e 
apreensão de um determinado bem ou pessoa; 
 exame de corpo de delito – é o exame que se faz no objeto material de 
um crime a fim de se buscar provas quanto à materialidade e a autoria 
do mesmo; 
 exame grofoscópicos – exames de escrita; 
 interrogatórios – oitivas de indiciados, suspeitos, etc.; 
 depoimentos – oitivas de testemunhas; 
 declarações – termos escritos sobre fatos presenciados pelo 
declarante; 
 acareações – consiste em colocar frente à frente pessoas que tenham 
prestado informações conflitantes no IP. 
 Reconhecimentos – consiste em mostrar à vítima ou testemunha uma 
série de pessoas (quer pessoalmente, quer por fotografias), ou ainda 
diversos objetos para que a mesma identifique o relacionado ao crime. 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 22
(MIRABETE, 1999, p. 88-89) 
Tais procedimentos, quando reduzidos a escrito ou datilografados 
constituem os autos de um IP. 
Podemos dizer então que Inquérito Policial: 
É um procedimento persecutório de caráter administrativo 
e, como tal, por essa sua feição, não pode estar a salvo do 
controle de sua ilegalidade. Por meio dele é que são 
oferecidos os elementos que servem àformação da ‘opinio 
delicti’. Se ditos elementos não compõem um fato típico, ao 
menos em tese, não há como manter o constrangimento 
que dele decorre. Sem o que o procedimento da autoridade 
administrativa deixaria de ser discricionário para ser 
arbitrário RT 409/71( DAMÁSIO, 2004, p. 5). 
 
O IP faz parte da persecução penal, sendo na realidade uma fase 
anterior ao processo penal propriamente dito, Segundo Frederico Marques 
(2000, p.138) “Verifica-se, portanto que a persecutio criminis apresenta dois 
momentos distintos: o da investigação e o da ação penal” Encaixa-se o IP, no 
primeiro tipo. 
Alguns autores como Mirabete (2003, p. 76 a 78) o caracterizam como: 
 
a) Instrução provisória - porque as informações contidas nele não são 
absolutas, podendo verificar-se o contrário no transcorrer do processo; 
b) Instrução preparatória - porque serve para dar o subsídio necessário 
ao oferecimento da denúncia ou queixa, serve como uma preparação 
para a ação penal; 
c) Instrução informativa - porque serve somente para fazer um 
levantamento de fatos e dados e informá-los, não fazendo juízo de 
valor; 
Seu destinatário imediato é o Ministério Público (crime de ação penal 
pública) ou o ofendido (crime de ação penal privada) que com ele formam sua 
opinião sobre o delito para apresentar a denúncia ou queixa. 
O destinatário mediato do IP é o juiz, porque poderá ele basear seu 
convencimento também em peças do IP. 
 
ATENÇÃO  não pode o juiz fundar a sentença, SOMENTE em fatos 
do IP, pois os fatos formadores de seu convencimento devem estar 
confirmados no Processo. 
 Na afirmação de Mirabete (2003, p. 76), “o procedimento policial 
destina a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma 
infração penal e de sua autoria”. 
Não é o IP peça indispensável à propositura da denúncia ou queixa, 
pois pode o MP ou o ofendido, de posse das provas necessárias para a 
instrução do processo penal, iniciá-lo sem o auxilio do IP. Já que é mera peça 
informativa. 
MP é a abreviatura 
que utilizamos para 
Ministério Público! 
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 23 
O art. 39, § 5º e 46, § 1º do CPP acentuam a possibilidade de o MP 
fazer a denúncia sem necessidade de IP. 
 A investigação procedida pela autoridade policial não deve ser 
confundida com a instrução criminal, que se dá durante a ação penal. Na 
primeira não se aplicam as regras do contraditório, até mesmo porque é o IP 
mera peça informativa, não havendo qualquer discussão de mérito. 
O IP poderá ser instaurado, segundo Tourinho Filho (2004, p. 212 -
218): 
a) De oficio – quando a autoridade policial sabe por meio de suas 
atividades rotineiras da ocorrência de um crime, e instaura o IP; 
b) Por portaria da autoridade policial – a portaria é uma peça 
simples, na qual a autoridade indica ter recebido ciência de um 
crime (de ação penal pública incondicionada), e indica ainda, se 
possível a data e local onde ocorreu o crime, o nome ou 
indicações de quem possa ser o autor e determina que seja 
instaurado o IP; 
c) Pela lavratura do auto de prisão em flagrante – quando o 
suposto autor do delito é preso cometendo o mesmo, ou logo após 
cometê-lo, é preso em flagrante delito, e o próprio auto da prisão 
em flagrante servirá como peça inicial do IP; 
d) Mediante representação do ofendido – nas Ações Penais 
Públicas Condicionadas, é imprescindível haver a representação 
do ofendido para que possa a autoridade policial instaurar o IP; 
e) Por requisição do juiz ou do MP – quando o Juiz ou o Ministério 
Público têm conhecimento da ocorrência de um crime, podem 
requisitar á autoridade policial que a mesma instaure o IP; 
f) Por requerimento da vítima – nas Ações Penais Privadas 
somente pode proceder a autoridade policial ao IP, quando o 
ofendido requer que o mesmo seja instaurado. 
 
Características 
São, segundo Mirabete (2003, p.77), características do Inquérito 
Policial: 
a) Discricionário – porque “as atribuições concedidas à polícia são de 
caráter discricionário, ou seja, têm elas a faculdade de operar ou deixar de 
operar, dentro de um campo cujos limites são fixados estritamente pelo direito” 
(MARQUES apud MIRABETE, 2003, p. 77). 
As atribuições concedidas à policia no IP têm caráter discricionário, tem 
ela a faculdade de operar ou não, dentro dos limites fixados pelo direito; com 
isso, pode então a autoridade policial deferir ou não diligência requisitada pelo 
ofendido ou pelo indiciado. 
Representação é, 
segundo Franco, 
Betanho e Feltrin é 
“a manifestação da 
vontade do ofendido 
ou de seu 
representante legal 
no sentido de 
autorizar o Ministério 
Público a 
desencadear a 
persecução penal” 
(apud 
MIRABETE,2003,p.1
13) 
Não há que se falar 
em ferir, sigilo do IP 
ao contraditório, pois 
devemos lembrar 
que o IP é 
inquisitivo, ou seja, 
nele não se observa 
o contraditório. 
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 24
Afirma o autor que autoridade policial não é sujeita à suspeição, ou 
seja, não se pode afastar um delegado de polícia, por exemplo, que tenha 
interesse em auxiliar ou prejudicar uma das partes, porque ele não terá, em 
tese, poder para fazer qualquer coisa neste sentido, já que o IP é mera peça 
informativa. 
Os atos da autoridade policial são, como ainda afirma o autor: 
a) auto-executáveis - não sendo preciso qualquer autorização do 
Poder Judiciário. Mas não pode haver arbitrariedade, pois estão submetidos a 
controle judicial posterior, podendo uma decisão arbitrária ser revogada pelo 
judiciário por meio de habeas-corpus, mandado de segurança etc. 
b) Escrito – porque como é peça informativa, deve ser reduzido a escrito 
para que possa fornecer os elementos ao titular da ação penal. 
É o IP, ainda na citação de Mirabete, um procedimento escrito, uma 
vez que é destinado a fornecer informações, porém não está sujeito a formas 
rígidas, mas tem certas formalidades na peça investigatória, como no que se 
refere ao interrogatório, prisão em flagrante etc. 
c) Sigiloso – porque sem o sigilo seria impossível à autoridade policial 
proceder a ás diligências necessárias para a elucidação do delito. 
Afirma ainda o autor que o IP é sigiloso, pois essa é uma característica 
necessária para o esclarecimento dos fatos. Uma vez que, sendo as 
informações de um Inquérito muito divulgadas, podem desaparecer provas e 
indícios que o inquérito busca. 
O sigilo, porém, não se estende ao MP, e nem ao advogado 
constituído, mas, este último poderá ser afastado de determinadas diligências, 
mantendo-se contudo, o seu amplo acesso aos autos do IP. 
Pode o advogado ainda, durante o IP, ainda na afirmação do autor, 
desde que agindo no interesse de seu constituinte, acompanhar a produção de 
provas, requisitar diligências e tomar as medidas pertinentes ao bom 
desempenho de sua função (evidenciando-se que cabe à autoridade policial 
deferir ou não os seus pedidos). 
Na hipótese de crime de ação penal pública, a instauração do IP é 
obrigatória, assim como afirma a lei, sendo que, em caso de crime de ação 
penal privada, depende do desejo do ofendido e, ainda, nos casos de 
representação, é necessário a mesma para que se dê início ao IP. 
 
Competência 
Exceto nas exceções legais, a competência para presidir o IP é dos 
delegados de polícia de carreira. Aqui fala-se em competência no sentido de 
atribuição. 
São tais casos de exceção legal: 
 Art. 41 § único da Lei orgânica Nacional do MP (Lei 8625/93) 
 Art. 43 e parágrafos do Regimento Interno STF; 
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 25 
 A Súmula 397 STF 
 Art. 33 LC 35/79 Lei Orgânica da Magistratura nacional. 
A competência, segundo Tourinho Filho (2004, p. 194-199), é 
distribuída, geralmente, em função do local do crime; pode ainda ser dividida 
pela matéria e pela especialidade de algum órgão policial(delegacias 
especializadas). 
Geralmente, será competente o delegado que estiver lotado na 
delegacia mais próxima ao local do crime, pois será mais fácil a colheita de 
provas referentes ao ilícito. Contudo, há que se observar a existência de 
delegacias especializadas, como por exemplo: delegacia de entorpecentes, de 
furtos e roubos, de crimes contra a mulher, dentre outras. Nessa hipótese 
(existência de delegacias especializadas), as mesmas serão competentes para 
a apuração dos ilícitos daquela natureza. 
A palavra competência é utilizada em sentido leigo, ou seja, poder 
atribuído a um funcionário de tomar conhecimento de determinado assunto. 
Não é impossível, segundo o art. 4° do CPP, que uma autoridade 
policial de uma circunscrição investigue fato ocorrido em outra circunscrição e 
que tenha reflexo na sua, ou nos casos de haver mais de uma circunscrição na 
sua Comarca. 
As investigações do IP não estão incluídas nas limitações desse artigo 
da CF, pois não se trata de processo propriamente dito, mas sim de ato 
administrativo informativo. 
A competência para IP de titulares de prerrogativa de função deverá 
ser procedido no próprio foro do indiciado (TJ, STJ, STF). 
 
Dispensabilidade 
Pode o MP recusar o IP para interpor uma ação? Sim, segundo o art. 
46 § 1º CPP. Ou seja, sendo o Inquérito policial mera peça informativa, se já 
possuir o MP, ou o ofendido, os requisitos necessários para a propositura da 
ação penal, poderá tranquilamente dispensar a realização do Inquérito. 
(TOURINHO FILHO, 2004, p. 199 – 201). 
 
Valor Probatório 
Mas qual é o valor do Inquérito Policial como prova em um processo 
penal? Tem o IP, segundo nos informa Noronha (1999, p. 28 – 30), valor 
informativo, podendo nele ser realizadas algumas provas periciais que, por 
serem técnicas, acabam tendo o mesmo peso que as provas colhidas em juízo, 
mas, de resto somente serve de roteiro para que se produza em juízo, 
amparado no princípio do contraditório, as provas que contém real valor 
probante. 
 
 
No art. 5º da CF, 
inciso LIII temos: LIII 
- ninguém será 
processado nem 
sentenciado senão 
pela autoridade 
competente 
 
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 26
Vícios 
Como é peça meramente informativa, e não possui por si só valor 
probatório específico, os vícios contidos no IP não atingem a ação penal que 
dele se originarem. 
A desobediência à certas formalidades pode retirar a eficácia do ato em 
si (ex.: prisão em flagrante), mas não afeta a ação penal. (NORONHA, 1999, p. 
28). 
Afirma o autor que essa não transmissão dos vícios do IP para a ação 
penal se dá por ser possível o ajuizamento da ação penal desacompanhada do 
Inquérito, pois ele é somente uma peça informativa. 
Tanto faz à mesma (ação) que o Inquérito seja válido ou não, sendo 
assim, qualquer vício que ele emane, não afetará a ação penal que poderia ter 
começado sem o mesmo, afeta sim ao próprio Inquérito, mas tal afetação em 
nada influi na persecução penal. (MIRABETE, 1999, p. 82). 
 
Notitia Criminis 
Indicam Mirabete (1999, p. 83-84), Tourinho Filho (2004, p. 211) e José 
Frederico Marques (2000, p. 143 a 151): Notita Criminis é a notícia do crime, o 
conhecimento espontâneo ou provocado da ocorrência de um crime. 
Espontânea ou de cognição (conhecimento) imediata  se dá 
quando a autoridade policial toma conhecimento direto da ocorrência do crime. 
Pode ser por conhecimento direto Ex.: flagrante delito. Ou comunicação não 
formal (informação prestada por subalterno, pelos meios de comunicação etc.), 
aqui não há formalização de uma comunicação á autoridade da existência do 
crime, a mesma simplesmente recebe a notícia e busca realizar as diligências 
necessárias. 
 
Provocada ou de cognição (conhecimento) mediata  o 
conhecimento do crime é transmitido à autoridade policial pelos diversos meios 
previstos na lei. Pode se dar por comunicação formal da vítima ou de qualquer 
do povo, ou ainda, por requisição do MP ou do Juiz. Aqui, após a formalização 
da comunicação passará a autoridade policial a buscar os meios necessários à 
elucidação dos fatos. 
Pode ainda a notitia criminis estar revestida de forma coercitiva (ou ser 
de cognição coercitiva) que é o caso da prisão em flagrante. 
 
Autores e Destinatários 
Segundo a lei (art. 5º do CPP), qualquer pessoa do povo pode 
apresentar Notitia Criminis, no caso de ação penal pública, sendo que a 
mesma vai ser reduzida a escrito, vai ser verifica a procedência das 
informações pela autoridade policial, que então instaurará o IP. 
CPP, art. 5° § 3°: 
“Qualquer pessoa do 
povo que tiver 
conhecimento da 
existência de 
infração penal em 
que caiba ação 
pública poderá, 
verbalmente ou por 
escrito, comunica-la 
a autoridade policial, 
e esta, verificada a 
procedência das 
informações, 
mandará instaurar 
inquérito” 
“Eventual vício do 
Inquérito Policial não 
anula a ação penal, 
uma vez que se trata 
de peça meramente 
de informação. 
Assim, não se pode 
falar em nulidade da 
ação penal por vício 
do Inquérito policial” 
(STF, RHC 56.092, 
DJU 16.6.78, p. 
4394; RHC 58.237, 
DJU 19.9.80, p. 
7203; RHC 58.254, 
DJU 3.10.80, p. 
7735; RTJ 89/57 e 
90/39; TAPR, HC 
56.247, PJ 41/241; 
STF, HC 73.271, 1ª 
Turma, RTJ 
168/897) 
(DAMASIO, 2004, p. 
5) 
 
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 27 
Pode ainda, no caso de ação penal pública, ser comunicada por meio 
de notícia anônima de crime (notitia criminis inqualificada), sendo que, nesse 
caso, deve a autoridade policial agir com a maior cautela para verificar a 
procedência da informação antes de mandar que seja instaurado o IP. Um 
exemplo desse tipo de Notitia Criminis é o Disque Denúncia! 
Segundo Tucci (apud DAMASIO, 1998, p.8), em caso de notícia 
anônima do crime “Ainda assim tem a autoridade policial dever de instaurar o 
inquérito policial para apuração do fato”. 
O juiz que tenha ciência da ocorrência de crime de ação pública deve 
comunicar o fato ao MP, ou requisitar diretamente a instauração de IP. 
Ainda afirma o autor que toda pessoa que, no exercício da função 
pública, tiver conhecimento da ocorrência de um crime de ação pública tem o 
dever de informar o fato à autoridade competente, sob pena de cometimento de 
contravenção penal. A essa mesma informação, está obrigado o profissional no 
exercício da medicina ou outra atividade sanitária, desde que a comunicação 
não exponha o paciente à ação penal. 
Segundo a lei, nas ações privadas cabe ao ofendido ou a seu 
representante legal oferecer a notitia cirminis. É faculdade do ministro da 
Justiça a Notitia criminis nos crimes em que a ação depende de sua 
representação. 
 
Instauração de Inquérito Policial no caso de Ação Penal 
Pública Incondicionada 
O IP pode começar de ofício, ou mediante requisição do MP ou do juiz, 
ou ainda, por meio de auto de prisão em flagrante delito, conforme vimos há 
pouco pelas idéias de Tourinho Filho (2004, p. 212 – 218). 
 
Ainda afirma o autor que, tomando conhecimento da ocorrência de 
crime ao qual se processa por meio de ação penal pública incondicionada, a 
autoridade policial tem a obrigação de instaurar o IP. 
Expõe o autor que se instala também por requerimento da vitima que 
deve conter: 
a) Narração do fato com todas as circunstâncias. 
b) Individualização do indiciado e suas carcterísticas, não sendo possível 
devem-se declinar o motivo de não o fazer. 
c) Nomeação de testemunhas com indicação de profissão e endereço. 
 
Este requerimento, afirma o autor, pode ser indeferido pela autoridade 
policial por entender, por exemplo, que não constitui ato ilícito, sendo que do 
indeferimento do requerimento cabe somente recurso administrativo ao 
secretário de Segurança Pública, não cabendo recurso judicial. 
Existe diferença na 
Instauração do 
Inquérito para cada 
tipo de ação penal 
(pública 
incondicionada,pública condicionada 
e privada) 
Devemos lembrar 
que existem quatro 
tipos de ação penal: 
Pública 
Incondicionada, 
Pública 
Condicionada, 
Privada e Privada 
subsidiária da 
Pública. 
No mesmo sentido: 
STJ: “Criminal. RHC. 
Notitia Criminis 
anônima. Inquérito 
Policial. Validade. 1. 
A Delatio Criminis 
anônima não 
constitui causa da 
ação penal que 
surgirá, em sendo 
caso, da 
investigação policial 
decorrente. Se 
colhidos elementos 
suficientes, haverá 
então, o ensejo para 
a denúncia. É bem 
verdade que a 
Constituição Federal 
(art 5° IV) veda o 
anonimato na 
manifestação do 
pensamento, nada 
impedindo, 
entretanto, mas, pelo 
contrário, sendo 
dever da autoridade 
policial proceder á 
investigação, 
cercando-se, 
naturalmente, de 
cautela. 2. Recurso 
ordinário improvido 
”(RHC 7.329-GO- 
DJU de 4-5-98, p. 
208 em MIRABETE, 
Código de Processo 
Penal Interpretado, 
2003, p.99) 
 
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 28
A comunicação verbal, como expõe o autor, é a forma mais comum de 
notitia criminis, devendo as declarações ser reduzidas a termo pela autoridade 
policial. 
Quando houver flagrante delito, o IP será instaurado pela própria 
prisão, que vem a ser a notitia criminis, e o auto de prisão em flagrante delito 
deve ser a primeira peça do IP, sendo os requerimentos ligados a ela e 
exigidos em lei as peças seguintes do Inquérito Policial.. 
Em caso de estupro e atentado violento ao pudor, pode a autoridade 
policial iniciar o IP de ofício, mesmo não sendo a princípio crime de ação penal 
pública incondicionada. Pois, nos casos em que houver violência real, esse 
crime será de ação pública incondicionada; não havendo violência real, perde o 
caráter de publico incondicionada, ficando restrito aos casos de representação, 
ou pedido de instauração de inquérito policial pela vítima. 
Nos outros casos de instauração de IP, deve a autoridade policial 
baixar portaria para a instauração. A portaria é uma peça simples a qual a 
autoridade policial consigna ter tido ciência da prática de crime de ação penal 
pública incondicionada, oferecendo ainda as informações quanto à hora, o 
local, e o dia da ocorrência ( se possível) as características do autor do fato 
(se possível) e os dados da vítima, conclui determinando a instauração do IP. 
E quando não soubermos quem é o autor do delito? Há possibilidade 
de Instauração de Inquérito? Nada impede que haja IP referente a crime de 
autoria ignorada, desde que seja provada a materialidade do fato, ou seja, 
desde que se comprove que o crime existiu, pois uma das finalidades do 
inquérito é levantar a possível autoria do fato! 
Na afirmação do autor, se for o caso de crime já prescrito, não há 
necessidade do Inquérito ser instaurado, pois não há utilidade em se instaurar 
investigação de crime que não poderá ser punido. 
O mesmo ocorre quando houver ciência de fato considerado atípico, ou 
ser a autoridade incompetente para tanto (casos de prerrogativa de função), e 
ainda, quando não forem fornecidos os elementos essenciais às investigações, 
pois nesses casos, não haveria possibilidade de prosperar a investigação 
policial. 
Na mesma linha de pensamento, temos por óbvio que não se pode 
instaurar IP sobre fato em que o réu foi absolvido ou condenado, pois não há 
objeto possível em se informar sobre processo que já foi inclusive encerrado. 
 
Instauração de IP no caso de Ação Penal Pública 
Condicionada 
Autores como Mirabete (1999, p. 86 – 87) e Tourinho Filho (2004, p. 
224 -231) ensinam que Ação Pública Condicionada é aquela que para ter início 
Neste Sentido, 
Súmula 608 STF 
“608 - No crime de 
estupro, praticado 
mediante violência 
real, a ação penal é 
pública 
incondicionada. (D. 
Pen.; D. Proc. Pen.)” 
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 29 
necessita de autorização do ofendido ou do Ministro da Justiça, sendo que 
também é imprescindível tal autorização para o início do Inquérito Policial. 
A essa autorização damos o nome de representação e ela é na 
realidade um pedido-autorizaçao que dá o ofendido para que se proceda a 
ação penal e pode ser dirigida á autoridade policial, ao juiz ou ao MP. 
É uma manifestação, escrita ou oral, que contém as informações 
necessárias à apuração do crime. 
 
Mas como provar que houve a representação se ela for oral? 
No caso da representação oral ou sem assinatura reconhecida deve a 
mesma ser reduzida a termo, e ela poderá ser feita pelo ofendido, por seu 
representante legal ou ainda por procurador com poderezs específicos para 
tanto. 
Esta representação pode ser feita diretamente ao MP, mas se a 
mesma não contiver todos os elementos necessários à propositura da denúncia 
deve o MP requerer á autoridade policial a instauração de IP. 
A representação possui prazo decadencial, sendo que o seu não 
oferecimento dentro deste impossibilita que o ofendido a faça posteriormente. 
 
Instauração do Inquérito Policial em caso de Ação Penal 
Privada 
Utilizando-nos ainda das lições dos nobres professores Mirabete (1999, 
p. 87-88) e Tourinho Filho (2004, p. 232-235) temos que a Ação Penal Privada 
é aquela que só ocorre se for promovida pelo ofendido ou por seus 
representantes; por isso mesmo, somente pode ser instaurado o IP mediante 
iniciativa da vítima. 
Além do ofendido, são igualmente competentes para requerer a 
instauração do IP: 
 representante legal - se o mesmo for incapaz; 
 cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - se for o caso de 
morte do ofendido. 
Antes da CF/88, a mulher casada somente poderia proceder à queixa 
se o marido concordasse. Com o advento da Carta Magna, com o princípio da 
igualdade entre homens e mulheres, não é mais necessário qualquer 
concordância do marido pra que a mulher casada possa exercer seu direito de 
queixa (art. 5º, I). 
Conforme os mesmos autores, o requerimento para o início do 
inquérito não exige formalidades, mas é necessário que forneça os elementos 
indispensáveis à instauração do IP, sendo que, quando efetuado verbalmente 
ou por documento sem reconhecimento de assinatura, deve o requerimento ser 
reduzido a termo, nos mesmos termos que vimos no caso de representação. 
 
CPP - Art. 35- A 
mulher casada não 
poderá exercer o 
direito de queixa 
sem consentimento 
do marido, salvo 
quando estiver 
separada ou quando 
a queixa for contra 
ele. 
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 30
A autoridade policial terá que instaurar inquérito sempre quando 
for requerido? 
Não, a autoridade policial pode negar a instauração do Inquérito, mas 
somente poderá fazê-lo por decisão fundamentada da qual cabe recurso ao 
Chefe de Polícia. 
Mirabete informa ainda que esse Chefe de Polícia (na verdade a figura 
que não existe mais) hoje seria considerado como o superior hierárquico da 
autoridade que negou a instauração do inquérito. 
É possível flagrante de crime que se procede por ação penal 
privada? 
 Sim, em caso de prisão em flagrante por crime que se procede 
mediante queixa, o auto da mesma somente poderá ser lavrado se já houver 
sido requerida a instauração do IP pelo ofendido ou por quem tenha poderes 
para tanto. 
 
Durante o curso do Inquérito, para de correr a decadência penal? 
Não, ensinam os autores que a instauração do IP não interrompe o 
prazo decadencial, devendo a parte interessada ingressar com a ação penal 
antes do término do prazo legal, sob pena de não mais poder faze-lo. Justifica-
se tal fluência de prazo por ser prescindível o Inquérito. 
 
Conteúdo do Requerimento 
É necessário que no requerimento exista o conteúdo mencionado no 
artigo 5° do CPP, pois os requisitos elencados na verdade configuram as 
informações mínimas para que possa a autoridade policial instaurar o IP. 
 
Dever de Instauração do Inquérito Policial 
Deve a autoridade policial instaurar o IPsempre em caso de ação 
penal pública incondicionada (art. 5° CPP), sendo que a não instauração 
configurará o crime do art. 319 do CP, independente de sanção disciplinar 
imposta por seu superior. 
Não é possível também, recusar requerimento de abertura de IP 
proveniente do MP (art. 13 II CPP). 
Se a requisição vier sem os requisitos mínimos para que se possa 
iniciar o ato investigatório, deve a autoridade solicitar os esclarecimentos 
necessários para que se proceda à abertura do IP (MIRABETE, 1999, p 87-88). 
 
Providências do ofendido no caso de recusa de instauração 
do Inquérito Policial 
Conforme bem ensina Tourinho Filho (2004, p. 234 – 235), quando 
houver recusa da autoridade policial em instaurar o inquérito policial, pode o 
Prevaricação Art. 
319. Retardar ou 
deixar de praticar, 
indevidamente, ato 
de ofício, ou praticá-
lo contra disposição 
expressa de lei, para 
satisfazer interesse 
ou sentimento 
pessoal: 
Pena - detenção, de 
3 (três) meses a 1 
(um) ano, e multa. 
 
Art. 13. Incumbirá 
ainda à autoridade 
policial: 
II - realizar as 
diligências 
requisitadas pelo juiz 
ou pelo Ministério 
Público; 
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 31 
ofendido impetrar recurso ao superior hierárquico da autoridade que negou a 
instauração do Inquérito. 
A lei fala em impetrar recurso junto ao chefe de polícia, mas tal figura 
não mais existe em nosso ordenamento, por isso passou-se a considerar 
equivalente ao antigo chefe de polícia, o superior hierárquico da autoridade 
policial. 
Neste sentido Mirabete (2003, p.98) manifesta-se em seu Código de 
Processo Penal Interpretado. 
Apresentado tal requerimento deve a autoridade despachá-
lo, mandando autua-lo com as instruções para as 
diligências que devem ser efetuadas por seus subalternos, 
servindo o requerimento de peça inicial do inquérito. Pode o 
pedido ser indeferido no caso de a autoridade pública 
entender que não haja justa causa para o inquérito, mas o 
despacho deve ser fundamentado. Desse indeferimento 
cabe recurso ao “chefe de polícia” (chefe imediato da 
autoridade), qualquer que seja a denominação dessa 
autoridade conforme a regulamentação legal federal ou 
estadual. 
 
 Mirabete (2003, p. 87-90) mostra que a lei não determinou prazo para 
a interposição deste recurso, sendo, assim, possível ao ofendido ingressar com 
o mesmo até o final do prazo decadencial. Afirma ainda que a lei não impede 
novo recurso em caso de indeferimento do primeiro, sendo assim, havendo a 
negativa do recurso pelo superior hierárquico, pode o ofendido ingressar com 
esse quantas vezes julgue necessário (até a decadência). 
Se, mesmo recorrendo, não houver êxito do particular em ver 
instaurado o Inquérito, pode o mesmo, ainda, recorrer ao MP para que, 
estando este convencido da necessidade do IP requisite a sua abertura à 
autoridade policial, que não a poderá negar. Sendo que pela negativa sem 
fundamentação responde a autoridade policial administrativa, disciplinar e 
criminalmente, pois é obrigação da autoridade policial realizar as diligências 
que este requisitar, nos termos do art. 13 II do CPP: 
Art. 13. Incumbirá inda á autoridade policial: 
I-... 
“II-Cumprir as diligências requisitadas pelo juiz ou 
pelo Ministério Público”. 
 
 Delatio Criminis 
 
Há entendimento no sentido de não ser considerada a delatio cirminis 
anônima por se considerar crime a denunciação caluniosa e a comunicação 
falsa de crime, sendo ainda hoje aceita, por seu caráter de maior abrangência 
(Disque denúncia) (TUCCI apud DAMÁSIO 1998, p. 08). 
 
 
 
 
 
 
 
Vimos as 
excludentes da 
Ilicitude em nosso 
tema 3 de Direito 
Penal, são elas: 
Estado de 
necessidade, 
Legítima Defesa, 
exercício Regular 
de Direito e estrito 
Art. 5º. Nos crimes 
de ação pública o 
inquérito policial será 
iniciado: 
§ 3º. Qualquer 
pessoa do povo que 
tiver conhecimento 
da existência de 
infração penal em 
que caiba ação 
pública poderá, 
verbalmente ou por 
escrito, comunicá-la 
à autoridade policial, 
e esta, verificada a 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
 32
Procedimento 
 Instauração e Atos Iniciais 
Utilizando-nos dos ensinamentos dos professores Mirabete (1999, p. 
88-89) e Tourinho Filho (2004, p. 236 -262) verifica-se que o entendimento 
desses mestres é no sentido de que, mesmo que verifique a autoridade policial 
a ocorrência de uma causa excludente da ilicitude, deve instaurar o IP, porque 
somente se analisarão as excludentes da ilicitude na ação penal propriamente 
dita. 
Inicialmente deve a autoridade policial proceder de acordo com o art 6º 
CPP. Ele indica quais as primeiras diligências a serem tomadas para que a 
autoridade possa colher ao vivo os elementos da infração, devendo para isso 
agir com presteza para que não se mude o estado das coisas no local do crime 
ou ainda desapareçam armas ou indícios. 
Deve então, a autoridade, na afirmação do autor, de acordo com o 
referido artigo, dirigir-se ao local providenciando que não se mude o estado das 
coisas até a chegada da perícia criminal. Em caso de vítima necessitando de 
socorro médico, pode autorizar a sua imediata remoção para que seja prestado 
o socorro. Em caso de acidente de automóvel, pode ordenar a mudança da 
posição dos veículos se estiverem impedindo ou atrapalhando o tráfego. 
Ainda de acordo com o art. 6º do CPP, deve apreender os objetos que 
tiverem relação com o crime após a liberação pelos peritos criminais. Estes 
objetos devem acompanhar o IP. Cabe ainda à autoridade recolher as provas 
que sejam úteis ao esclarecimento dos fatos e suas circunstâncias. 
Ainda, os autores citados de inicio, indicam que pode a autoridade 
policial realizar qualquer diligencia que julgue necessária à apuração do fato, 
desde que sejam observados os direitos e garantias constitucionais pode a 
autoridade policial realizar qualquer diligência que julgue necessária á 
apuração do fato. Ressalva-se, porém, que não poderá realizar busca e 
apreensão em residência, à noite, mesmo com mandado e nem durante o dia, 
quando não tiver em posse do mesmo. 
 
Diligências 
O Artigo 169 CPP adianta que para o efeito do exame do local onde 
houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente 
para que não se altere o estado das cosias até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas 
elucidativos. 
Em caso de acidente ou vítima necessitando de atendimento hospitalar 
de urgência, é possível à autoridade policial efetuar a modificação da posição 
dos veículos para fins de escoamento de tráfego e ainda a remoção da vítima 
ferida ao hospital (TOURINHO FILHO, 2004, p. 238). 
Art. 169. Para o 
efeito de exame do 
local onde houver 
sido praticada a 
infração, a 
autoridade 
providenciará 
imediatamente para 
que não se altere o 
estado das coisas 
até a chegada dos 
peritos, que poderão 
instruir seus laudos 
com fotografias, 
desenhos ou 
esquemas 
elucidativos. 
Parágrafo único. Os 
peritos registrarão, 
no laudo, as 
alterações do estado 
das coisas e 
discutirão, no 
relatório, as 
conseqüências 
dessas alterações 
na dinâmica dos 
fatos. (Parágrafo 
acrescentado pela 
Lei nº. 8.862, de 
28.03.1994) 
 
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 
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Apreensão de Objetos 
Utilizando-nos dos conhecimentos de Tourinho Filho (2004, p. 239) 
entendemos que a autoridade policial pode apreender todos os objetos 
relacionados ao crime e a seu esclarecimento, sendo que tais objetos 
acompanharão o IP e o processo se necessário. 
Na afirmação dos autores, muitas vezes um objeto apreendido e 
relacionado ao crime, contém em si muitos indícios ou até mesmo provas da 
autoria do delito, sendo importante, portanto, para a instrução criminal que os 
mesmos fiquem à disposição caso seja necessário realizar

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