conseguem se concentrar e mudam de atividade rapidamente, e quase nunca terminam o que começaram. Devido à grande quantidade de estímulos que recebem frequentemente, distraem-se facilmente. Ressaltamos o que Vygotsky (1991, p. 38), em sua tese de doutorado, afirma sobre o processo de escolha na criança: [...] a série de movimentos tentativos constitui o próprio processo de seleção. A criança não escolhe o estímulo (...) como ponto de partida para o movimento consequente, mas seleciona o movimento, comparando o resultado com a instrução dada. Dessa forma, a criança resolve sua escolha não através de um processo direto de percepção visual, mas através do movimento, hesitando entre dois estímulos. Quando a criança transfere sua atenção para outro lugar, criando dessa forma um novo foco na estrutura dinâmica de percepção, sua mão, obedientemente, move-se em direção a esse novo centro, junto com seus olhos (ou seja, para tudo o que estava fazendo). Em resumo, o movimento não se separa da percepção: os processos coincidem quase que exatamente. A professora pode ajudar o aluno com dificuldade de concentração e atenção, dividindo o conteúdo a ser passado em partes, para que o aluno possa “gravar” em sua mente o conteúdo explicado e sempre recapitular o conteúdo já passado, para depois seguir em frente. Com isso, a aprendizagem será significativa para o aluno (ANTUNES, 2005). A criança também pode concentrar-se ficando muito tempo em uma determinada atividade que goste e lhe dê prazer, como, por exemplo: jogar videogame, montando um quebra-cabeça, entre outros. Se julgarem a atividade proposta desinteressante, o contrário também poderá acontecer. Existem algumas dicas de como prender a atenção destas crianças, como: Usar jogos bem populares, como pega-pega e dança da cadeira; criar jogos em sala de aula; entre uma aula e outra, usar jogos que exigem atenção, como: quebra-cabeça, jogo da velha, disputa de tabuleiro e brinquedos bem populares (COSTA, 2001). • Dificuldade na aprendizagem Geralmente, as características aparecem na fase em que a criança ingressa na vida escolar. Sendo que até então ela vivia “solta”, e depois que entra na escola terá tempo determinado para tudo. Esta pode ser em um determinado momento simplesmente brilhante, e em outro não conseguir entender o que está sendo explicado. Ela não tem estabilidade. A oscilação de desempenho escolar é refletida em boletins e registros de professores. Isto ocorre devido à falta de atenção e à incapacidade de ficarem quietas em sua cadeira. TÓPICO 3 | DIFICULDADES X DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM 193 As crianças poderão apresentar acentuados problemas de aprendizagem e ter um atraso na leitura de até dois anos. Poderão apresentar dificuldades de entender o contexto da vida ou de alguma obra lida, tornando sua aprendizagem mais precária (RHODE; BENCZIK, 1999). Essa criança será rotulada como: burra, preguiçosa, manhosa, sendo esses os principais motivos que levam uma criança TDAH a se reservar e isolar-se dos demais. Algumas dificuldades de aprendizagem apresentadas por essas crianças, segundo Bastos (1999), são: dislexia, disgrafia e dislalia. • Dislexia: é uma perturbação geneticamente transmitida, é a dificuldade de leitura, ou seja, a pessoa não consegue entender o que está escrito e tenta “adivinhar”, para esconder o seu problema. • Disgrafia: devido à dificuldade motora das crianças TDAH, estas possuem muita dificuldade de escrever, sua letra fica quase sempre ilegível. E, geralmente, é acusado de falta de capricho. Pela velocidade de seu pensamento, estas crianças têm dificuldade de expressar-se. Sabe-se que a escrita é a exteriorização do pensamento; muitas vezes, estas poderão se esquecer de alguma letra, sílaba, ou mesmo é repetida e trocada. • Dislalia: seria a troca de fonemas em uma idade superior à que normalmente as crianças têm, e se não tratada cedo, esta fala se tornará parte de sua linguagem e se tornará normal para ela, e difícil de corrigi-la. Deve-se tomar cuidado na organização da sala de aula, para que tenha o mínimo possível de estímulos, por ser essa a causa de tanta distração do TDAH. Comportamentos instáveis O sistema límbico profundo responsável pelo estado emocional, que varia da euforia à depressão, controla o apetite e o sono. Há alunos que possuem grande dificuldade de fazer e manter amizades, controlar estado de humor e, irritando-se facilmente, se menosprezam, são distraídos e esquecidos (ANTUNES, 2005). Na infância a criança TDAH costuma brincar com crianças mais novas ou com problemas parecidos. Esse comportamento “estranho” que estas crianças com TDAH apresentam faz com que se sintam mais excluídas, pois geralmente as chamam de preguiçosas, problemáticas, e até mesmo loucas. Com certeza, estas crianças têm uma dificuldade extrema de socialização, por não serem entendidas. Este distúrbio pode ser demonstrado por duas características bem notáveis, segundo Bastos (1999): UNIDADE 3 | FATORES RELACIONADOS À APRENDIZAGEM: VARIÁVEIS E FENÔMENOS PSICOLÓGICOS NO CONTEXTO DE ENSINAR E APRENDER 194 • Timidez: ocorre quando a criança se submete às regras e isola-se socialmente, por se achar incompetente, e torna-se depressiva. Em seu livro, José (1999, p. 180) explica que “os excessos de castigos corporais também levam à timidez”. A criança tímida, quando não participa de jogos, competições e brincadeiras, deixa de adquirir a autoconfiança tão necessária à sua vida futura, seja no campo afetivo, profissional ou social. Estas crianças introvertidas necessitam de constantes elogios quando obtêm êxito, por menores que sejam. Assim elas formarão uma autoimagem mais positiva. • Agressividade: ocorre quando a criança se mostra muito agressiva e torna-se muitas vezes antissocial. Muitas vezes, é em casa que este problema se agrava ou se desenvolve, devido a brigas entre os pais, falta de comida, pobreza, uso de drogas pelos pais e/ou irmãos, e pais ausentes. Estas crianças sempre procuram alguém para acusar por seus atos errados, e sendo estes planejados. Certas crianças têm dificuldades de se adaptarem a mudanças emocionais, como: a separação dos pais e mudança de local onde mora. Sendo levado para a escola este tipo de comportamento, é rotulada como briguenta e mal-educada. O professor pode encarar o aluno com tal comportamento como “agente involuntário de seus atos”, pois se culpá-lo e puni-lo por todos os seus atos errados, só agravaria o sintoma do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Por estes alunos estarem sempre envolvidos em problemas, sua autoestima é muito baixa. Assim, é indicado ao professor que faça contato físico com o aluno sempre que possível, seja um abraço ou simplesmente passar a mão sobre sua cabeça. O toque físico é essencial ao desenvolvimento humano, e a falta do mesmo causa irreversíveis decréscimos da atividade cerebral (ANTUNES, 2005). Há algumas “regras” que podemos seguir para ajudar uma criança a vencer esse impulso: estabelecer regras de comportamento, principalmente em sala de aula: o professor deverá ser firme e imparcial, assim as crianças terão mais facilidade para cumprir as regras e respeitar o professor; informar aos pais sempre que houver brigas na escola; informar aos alunos sobre as causas e as consequências da agressividade; procurar mantê-los sempre em atividades interessantes para eles; e, por último, nunca ignorar uma briga ou se mostrar indiferente (SILVA, 2003). Motricidade precária Este distúrbio é muito notado em crianças com hiperatividade, onde elas não conseguem ficar paradas; e mesmo quando são obrigadas a ficarem, não conseguem manter seus membros quietos, estão sempre mexendo as pernas ou as mãos, ou em algum objeto que esteja perto, geralmente, lápis ou caneta. É algo até mesmo inconsciente.