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Construtos Culturais que influenciam na produção de cuidados com usuários de drogas

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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
JHONATAN BARBOSA DE FREITAS 
 
 
 
 
 
Construtos Culturais que Influenciam na Produção de Cuidados com Usuários de Drogas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUIXADÁ 
2015 
2 
 
 
Jhonatan Barbosa de Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Construtos Culturais que Influenciam na Produção de Cuidados com Usuários de Drogas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo científico apresentado como requisito para 
aprovação na disciplina de TCC II do Curso de 
Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão. 
 
 Orientador: Júlio César Ischiara 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUIXADÁ 
2015 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
F936c Freitas, Jhonatan Barbosa de. 
 Construtos Culturais que Influenciam na Produção de 
Cuidados com Usuários de Drogas./ Jhonatan Barbosa de 
Freitas, 2015. 
 
 26f.; il. color. 
 
 Artigo Científico (Graduação) – Faculdade Católica Rainha 
do Sertão, Curso de Psicologia. Quixadá, 2015. 
 Orientador: Prof. Me. Júlio César Ischiara. 
 
 
1. Drogas. 2. Cultura. 3. Psicologia. .I. Título. 
 
 CDD – 150 
 
2 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os meus mais profundos agradecimentos a um Homem que foi um amigo, um irmão, um 
conselheiro, um chefe, um modelo, um líder, mas antes de tudo foi um Pai. Márcio obrigado! 
 
4 
 
 
RESUMO 
 
Com o desenvolver das civilizações variados tipos de substancias passaram a integrar 
a composição dos alimentos que eram consumidos, algumas dessas substancias tinham a 
capacidade de alterar a consciência dos que as inseriam. Desde então muitos tipos de drogas 
foram e são consumidas pelas sociedades, desde cogumelos alucinógenos, a cocaína 
industrializada até a cerveja e cigarro. O presente trabalho e um estudo bibliográfico que tem 
como norteador o método exploratório. Desta forma foi realizada uma revisão bibliográfica de 
como o contexto de drogas chegou ao que conhecemos hoje. Estas substâncias assumem 
funções, efeitos e desorganização psíquica de acordo com o contexto social a qual estão 
inseridas, e não simplesmente devido as suas propriedades bioquímicas, desta forma, nos 
munimos da antropologia para compreender como as drogas chegaram às dimensões que hoje 
são encontradas. Lidos os textos selecionados, dentre eles estão autores como Paulo Quinderé, 
Pablo Rosa, Henrique Carneiro e Roberto Machado, foi possível observar que muito ainda 
esta por ser feito no tocante a RD, tais como a efetivação na grande maioria dos CAPS AD. O 
cidadão pobre que utiliza drogas é visto como marginal, enquanto o cidadão abastado é 
usuário, assim são vistos na sociedade, mostrando assim que a chamada guerra às drogas é 
muito mais de cunho moral e discriminatório do que propriamente no que diz respeito aos 
malefícios acarretados ao corpo pelo uso de substancias. 
 
Palavras-chave: Cultura, Redução de Danos (RD), Drogas, Usuário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
ABSTRACT 
 
 With the development of civilizations various types of substances have joined the 
composition of foods that were consumed, some of these substances have the ability to 
change the consciousness of whom inserted. Since then many types of drugs have been and 
are consumed by companies from hallucinogenic mushrooms, cocaine industrialized beer and 
cigarettes. This study is a bibliographic study whose guiding by the exploratory method. Thus 
it was carried out a literature review of how the drug context came to what we know today. 
These substances assumes functions, effects and psychic disorganization according to the 
social context to which they belong, and not simply because of their biochemical properties 
thus grounded in anthropology to understand how the drugs reached the dimensions that are 
now found. Read the selected texts, among them are authors like Paul Quinderé, Pablo Rosa, 
Henrique Carneiro and Roberto Machado, it was observed that have much yet to be done with 
respect to RD such as the execution in most CAPS AD. The poor citizen who uses drugs is 
seen as marginal, while the wealthy citizen is user, so are seen in society, showing that the so-
called war on drugs is much more of a moral nature and discriminatory than properly with 
regard to the harm caused the body by the use of substances. 
 
Keywords: Culture, Harm Reduction (DR), Drugs, User 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 7 
 2 REFERENCIAL TEÓRICO 7 
2.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE AS DROGAS 7 
2.2 VISÕES SOBRE AS DROGAS 9 
2.3 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS 11 
3 METODOLOGIA 13 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 14 
4.1 PROIBIÇÃO DO USO DE DROGAS 15 
4.2 CONOTAÇÕES ENTRE DEPENDÊNCIA E DEPENDENTE 17 
4.3 PARADIGMAS DE TRATAMENTOS 19 
5 CONCLUSÃO 21 
REFERENCIAL 22
7 
 
 
Construtos Culturais que Influenciam na Produção de Cuidados com Usuários de 
Drogas 
Jhonatan Barbosa de Freitas
1
 
Júlio César Ischiara² 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Há muito tempo as drogas já fazem parte do contexto social. Cogumelos alucinógenos, 
plantas farmacológicas e cactos capazes de transcender as barreiras da consciência, 
acompanham o desenvolvimento social e político das sociedades. (Quinderé, 2013). A lista 
das drogas é vasta, poderíamos enumerar centenas e ainda restariam milhares de substâncias 
que se enquadrariam na categoria de drogas. Mas afinal, o que seriam realmente drogas? De 
acordo com o dicionário, “drogas são todas as substancias empregadas com ingredientes em 
farmácias, química etc.; entorpecentes” (GRANDE DICIONARIO, 2005). Desta forma cabe 
uma revisão de como o contexto da proibição de drogas chegou ao formato político e cultural 
que conhecemos hoje. 
A palavra droga deriva do termo Holandês droog, que pode ser traduzido como 
produto seco, substancia natural frequentemente usada na alimentação e na medicina. Estas 
substâncias, divergindo do que a crendice popular prega, assumem funções de alteração da 
consciência e efeitos na personalidade individual de acordo com o contexto social no qual os 
sujeitos estão inseridos e não simplesmente devido às suas propriedades bioquímicas 
(Quinderé apud Carneiro, 2013). Desta forma poderíamos nos aproximar de um estudo 
antropológico para compreender como as drogas são percebidas pela sociedade e pelas 
políticas públicas estatais na contemporaneidade brasileira. 
 
2 REFERENCIAL TEORICO 
 
2.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOSSOBRE AS DROGAS. 
A classificação do que socialmente se considera droga torna-se complexa pela 
recorrente modificação de formas dominantes de pensamento no desenvolvimento histórico 
 
1
 Graduando do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão. E-mail: 
jhonnata_gg@hotmail.com. 
² Orientador, Professor Mestre da Faculdade Católica Rainha do Sertão. E-mail: ischiarajc@hotmail.com. 
 
mailto:jhonnata_gg@hotmail.com
8 
 
 
das sociedades. Quinderé (2013) cita Carneiro (2005) quando narra o quão complexo é o 
contexto social de “drogas” 
No mesmo instante os múltiplos modos pelos quais essa existência e esses 
usos são concebidos e vivenciados variam histórica e culturalmente “Drogas” 
não são somente compostos dotados de compostos farmacológicos 
determinados, que possam ser natural e definitivamente classificadas como 
boas ou más (QUINDERÉ, 2013. P.41). 
 
As sociedades dão significados às substancias alucinógenas através dos tempos de 
acordo com as necessidades apresentadas socialmente. Tábuas sumérias do terceiro milênio 
A.C, cilindros babilônicos, imagens da cultura cretense-micênica e hieróglifos egípcios já 
mencionavam uso de ópio (Quinderé, 2013). Escritores Antonin Artaud (1945) já mencionam 
a droga como algo que faz esquecer qualquer sofrimento (Artaud, 1945). Mostrando a relação 
atemporal de como as drogas estão inseridas no contexto social, nos atrelemos a um manifesto 
escrito por Artaud em 1945, onde o mesmo enaltece as qualidades do ópio: 
Nascemos pobres de corpo e alma, somos congenitamente inadaptados; 
suprimam o ópio, não suprimiram a necessidade do crime, os cânceres do 
corpo e da alma, a inclinação para o desespero, o cretinismo inato, a sífilis 
hereditária, a fragilidade dos instintos; não impediram que haja almas 
destinadas a seja qual for o veneno, veneno da morfina, veneno da leitura, 
veneno do isolamento, veneno do onanismo, veneno dos coitos repetidos, 
veneno da arraigada fraqueja da alma, veneno do álcool, veneno do tabaco, 
veneno da anti-sociabilidade (ARTAUD, 1945. P. 42, 43). 
 
Podemos descrever também o uso do álcool, que desde os romanos era apreciado 
como forma de autoconhecimento, levando ao relaxamento com dignidade (Carneiro, 2002). 
Atualmente podemos ver o álcool como forma de fortalecimento de laços sociais, presentes 
em culturas indígenas como ritos de passagem de crianças para suas obrigações adultas 
(Macrae, 2004). 
Já se pode vislumbrar a intrínseca relação das drogas com contexto social, “o uso da 
coca data de mais de quatro mil e quinhentos anos em civilizações pré-colombianas dos 
Andes, onde os nativos já usavam as folhas extraídas da planta erythroxylon coca para 
resistência em trabalhos braçais e fins ritualísticos” (Quinderé, 2013, p 45). Ela servia como 
vínculo de hospitalidade, de cura e devoção. Vestígios antigos demonstram o valor cultural, 
religioso e também alimentício da coca, mesmo que esse valor seja atribuído à categoria de 
planta (Quinderé, 2008). 
9 
 
 
É interessante observar na historia a transformação da visão do uso de uma esfera 
ritualística e curativa para uma esfera degradante e marginalizada. Em 1569, a folha da coca 
passa a ser considerada indispensável para a saúde do índio, que a mascava para obtenção de 
forças e dirimir a fadiga, visão favorecida, e apoiada pelo Rei Felipe II da Espanha. 
Entre os anos de 1859 e 1860, o químico Albert Niemann isolou, pela 
primeira vez, o alcalóide principal das folhas de coca, denominando-o de 
cocaína, sendo que, em 1898, foi descoberta a fórmula exata de sua estrutura 
química. Em 1902, Willstatt (1902) ganhou o prêmio Nobel por produzir 
cocaína sintética em laboratório (Quinderé, 2013, p.51) 
Deste modo já podemos observar que as normas sociais aplicadas ao fenômeno da 
produção e consumo das drogas em geral altera-se de sentido valorativo no decorrer do 
percurso histórico de desenvolvimento das sociedades. Verificaremos mais detalhadamente 
como este processo ocorreu durante as transformações transcorridas no século XX. 
 
2.2 VISÕES SOBRE AS DROGAS 
Como os paradigmas de valorização em relação às drogas transformaram-se em outras 
visões problemáticas como degradantes e maléficas para o ser humano? Carneiro (2002), 
citando Burker (1987), afirma que a construção política dos conceitos conecta o Estado e a 
medicina, pois a historia da linguagem se constitui praticamente como uma historia de poder, 
“a denominação de drogado e a construção de um significado suposto para o conceito droga 
alcança na sociedade contemporânea um auge inédito. Um fantasma ronda o mundo, o 
fantasma da droga, alçando a condição de pior flagelo da sociedade” (Carneiro, 2002, p. 21). 
Corroborando com esse preceito, Xavier (2012) afirma que o medo da violência e a sensação 
de insegurança disseminaram-se de forma difusa em todos os estratos populacionais de 
grandes cidades. (Xavier, 2012). 
O senso comum ainda não reconhece o usuário de drogas como sujeito capaz de fazer 
suas próprias escolhas. Constantemente taxado como um criminoso hostil, perturbador da 
ordem social – por muitas vezes, como um animal que precisa ser domado – como pessoa, 
como sujeito de direitos e deveres (Silva, 2012), deste modo podemos observar que ainda são 
vigentes os conceitos que veem o sujeito usuário como um ser doente na visão médica, como 
um pecador na visão religiosa ou um criminoso na visão judicial, deixando de vê-lo como um 
ser capaz de fazer escolhas sobre sua própria vida (Brasil, 2013). 
10 
 
 
Neste trabalho assumimos como premissa que as pessoas possuem o direito de serem 
respeitadas conforme sua maneira de ser, de compreender sua vida e mundo que as cerca. 
Deste modo toda pessoa tem uma teoria a respeito de seu sofrimento ou desequilíbrio, sendo 
capaz de discernir o que é maléfico ou benéfico para sua construção social (Brasil, 2013). 
Xavier, ao se referir sobre o atual modelo de políticas públicas voltadas para repressão das 
drogas, denota a ineficiência das mesmas quando afirma que: 
 
A política de Segurança Publica Brasileira carece de sistematização entre 
entes federais, sendo marcada pela improvisação, débil planejamento, gastos 
ineficientes e programas não monitorados... Ademais, sua concepção 
proibicionista acerca das drogas implicou na criminalização dos 
consumidores de drogas, tornando-os mais vulneráveis à violência urbana e 
ao crime organizado (XAVIER, 2012. P. 3). 
 
Percebe-se que o estado passa a tachar o sujeito como desordeiro, doente e incapaz, 
colocando-o em um rol de pessoas que precisam ora ser domados, ora ser curados, 
influenciando em como o sujeito dá significâncias para seu uso (Souza, 2010). Portanto, é 
pertinente verificar a relação que o Estado possui com outros setores de poder repressivos e 
saberes curativos. 
Os médicos da antiguidade não distinguiam as doenças, uma vez que se detinham aos 
variados grupos de sintomas, assim, por exemplo, na antiga Grécia os médicos, que muitas 
vezes também eram filósofos, não buscavam apenas curar as doenças que eram-lhes 
apresentadas, mas também entender as supostas relações que estas tinham com os seres 
humanos e o universo (Rosa, 2013). 
Passou-se a ver a necessidade dos médicos nos contextos sociais, nas mais diversas 
searas das comunidades. De uma forma resumida podemos destacar as grandes inovações no 
que se refere à medicina, como o caso do descobrimento dos antibióticos, o que possibilitou 
uma luta mais eficaz contras as doenças infecciosas. Porém esse fato não trouxe apenas 
vantagens no que se refere ao corpo humano, o tratamento anti-infeccioso não apenas causou 
a cura de certas doenças como também provocou a redução da sensibilidade de certos 
organismos em relação aos agentes agressores. Podemos verificar isso quando Rosa afirma 
que: 
Portanto, o uso terapêutico de medicamentos pode não apenas proporcionarum efeito positivo, mas também pode produzir tanto perturbações quanto a 
própria destruição do ecossistema do individuo e da própria espécie humana, 
na medida e que a cobertura bacilar e viral, constituintes de riscos, sofre 
alterações decorrentes da intervenção ficando sujeitos a ataques contra 
11 
 
 
aqueles organismos que se encontravam protegidos anteriormente (ROSA, 
2013. P. 139). 
O que podemos observar, então, é que a saúde, “a doença e o corpo passaram a fincar 
suas bases em certos processos de socialização na tentativa de equiparar determinadas 
desigualdades, como por exemplo, a acessibilidade do cuidado médico as classes menos 
abastadas” (ROSA, 2013. P 142). Nas palavras de Foucault: 
A meu ver, para a história do corpo no mundo ocidental moderno, deveriam 
ser selecionados esses anos 1940-1950 como datas de referencia que marcam 
o nascimento desse direito, dessa nova moral, dessa nova política, dessa nova 
economia do corpo. Desde então o corpo do individuo se converte em um dos 
objetivos principais da intervenção do Estado, um dos grandes objetos de que 
o próprio Estado deve encarregar-se (FOUCAULT apud ROSA, 2013. P. 
142). 
O autor demonstra que mesmo a intervenção medica fazendo parte da longa social, 
esse fenômeno se faz atual, pois desde o século XVIII que a medicina toma para si assuntos 
que não estão diretamente relacionados com sua prática, ou seja, questões que ultrapassam a 
cura de doenças, como por exemplo, a qualidade da água, as condições de moradia ou o 
regime urbanístico (Rosa, 2013). E ainda complementa “que a dificuldade de sairmos dos 
tentáculos da medicalização se dá ao fato de que todos os esforços que possuíam este intuito 
certamente remetiam ao próprio saber medico” (Rosa, 2013. P. 145). 
2.3 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS (PRD) 
A PRD, atualmente executada em diversos países, iniciou-se com o relatório de 
Rolleston na Inglaterra em 1929, onde os médicos poderiam prescrever legalmente 
substâncias derivadas do ópio para dependentes de outros tipos de drogas. Nos anos 
subsequentes a política foi barrada, voltando a ser executada em 1990 pelo Departamento de 
Saúde de Merseyside, atendendo as demandas de Liverpool, onde os indivíduos 
diagnosticados como dependentes teriam à sua disposição desde as trocas de seringas e 
prescrições de heroína e cocaína, até programas de aconselhamento fundamentados na 
prevenção e minimização de danos provocados por certas substancias (Rosa, 2013). 
No que se refere à política como meio de reduzir os índices de HIV/AIDS, ela 
começou a ganhar notoriedade na década de 1980, onde foi sendo implantada nos países 
baixos, a exemplo do Reino Unido e Austrália. É interessante observar que mesmo com o 
êxito advindo de tais ações, somente em 1980 foi que ela foi sistematizada em forma de 
programa, sendo primeiramente implantada na Holanda (Rosa, 2013). 
12 
 
 
Outro exemplo de implementação da PRD foi a desenvolvida em Frankfurt, na 
Alemanha, iniciada em 1990, que se tornou grande referencia para as grandes cidades 
europeias. Lá o programa disponibilizava camionetes moveis para provisão de 
aconselhamento e trocas de seringas para usuários, programas de baixa exigência para 
fornecimento de metadona, quatro centros de urgência que ofereciam tratamento médico, 
também por meio de “cafeteiras de contato com os usuários” (Rosa, p.164), que seriam os 
lugares onde os usuários poderiam usar substancias sem serem importunados, dentre outras. É 
importante observar a eficácia de tais ações, onde podemos observar uma queda em relação às 
mortes por overdose, que foram de 140 em 1991 para 22 em 1994 (Rosa, 2013). 
Deste modo podemos observar que não se trata apenas de uma abordagem 
recuperativa, mas também preventiva do mal uso de substancias que possam vir a causar 
problemas físicos, onde podemos ver que a PRD se baseia no humanitarismo, no pragmatismo 
e, principalmente, em uma abordagem cunhada na saúde pública (Figueiredo, 2002). 
No que se refere às políticas realizadas no Brasil, Rosa, citando Siqueira dá-nos um 
ressumo do processo: 
O conceito de Redução de Danos chegou ao Brasil por volta de 1989, por 
intermédio da Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de Santos e do 
IEPES – Instituto de Estudos e Pesquisas sobre AIDS de Santos, cujos 
técnicos respaldados por uma convicção de Saúde Pública e, em face do 
grande número de casos de AIDS que relatavam o compartilhamento de 
seringas para uso de drogas injetáveis, tiveram a ousadia e clareza de 
implantar o primeiro programa de intervenção, tornando-se umas das maiores 
e mais importantes referencias nessa área para toda a America Latina que 
mesmo com grande atraso, buscou no Brasil respaldo por suas iniciativas. 
(ROSA apud SIQUEIRA, 2013. P. 183). 
No dia 25 de Junho de 2006 foi realizado em Santo André-SP o 6° Encontro Nacional 
de Redutores de Danos, que tinha como objetivo implantar a RD nas diretrizes no SUS como 
política nacional, tendo em vista que, muitas vezes, os usuários de drogas eram tratados por 
métodos degradantes, como os que eram realizados em 1990, quando os sujeitos eram 
internados em manicômios. Embora o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) fosse 
referência no SUS para tratamento de usuários em termos práticos, sua atuação deixava a 
desejar tendo em vista que, a priori, as ações eram mais direcionadas para uma perspectiva 
psiquiátrica do que precisamente para a política de RD (Rosa, 2013). 
Assim, em 2002 iniciou-se a implementação dos CAPS AD (Centro de Atenção 
Psicossocial em Álcool e outras Drogas), lançado oficialmente em 2004, tendo como 
13 
 
 
fundamento a diretriz clínica-política da RD. Rosa citando Espíndola deixa claro a função dos 
novos CAPS: 
Nos serviços de CAPS AD a abstinência não deve ser mais a única meta 
possível do tratamento (...). É parte ainda das propostas dos CAPS AD, não 
somente reduzir os prejuízos oriundos do uso abusivo de drogas, mas também 
garantir a autonomia e a responsabilidade do usuário em sua relação com 
essas abstinências (ROSA apud ESPÍNDOLA, 2013. P. 185). 
De acordo com a portaria N° 336 os CAPS AD devem oferecer serviços de atenção 
psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos advindos do uso abusivo de 
drogas. Algumas das características que são preconizadas pela referida portaria são: possuir 
capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador de porta de entrada da rede 
assistencial local no âmbito de seu território e/ou módulo assistencial, definido na Norma 
Operacional de Assistência a Saúde (NOAS), de acordo com a determinação do gestor local; 
manter de dois a quatro leitos para desintoxicação e repouso; atendimentos em oficinas 
terapêuticas realizadas por profissionais de nível superior ou médio, dentre outras (Brasil, 
2002). 
A RD torna-se notória por ver o usuário como um ser social, um cidadão portador de 
diretos e deveres e se caracteriza pela tolerância, pois evita julgamentos morais em relação ao 
uso de drogas ou mesmo sobre a prática sexual irresponsável, tendo como diretriz norteadora 
a minimização dos prejuízos advindos de tais praticas (Rosa, 2013). 
3 METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, utilizando o método exploratório como 
norteador, tendo em vista que procuraremos demonstrar como os fatores sociais transcorridos 
no decorrer do século XX interferem na forma como os profissionais da saúde veem os 
usuários. A pesquisa bibliográfica caracteriza-se por buscar o embasamento teórico em 
materiais já publicados. Na presente pesquisa foram utilizados livros e artigos científicos, 
sendo estes colhidos em sites de confiabilidade, como o Scielo (Scientific Eletronic Library 
On-Line) e o NEIP (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos). 
Os dados coletados por este estudo se baseiam em pesquisas realizadas por outros 
autores que tratam sobre a questão das Políticas de Redução de Danos, suas origens,perspectivas conceituais, métodos e possibilidades. 
14 
 
 
Foram selecionados nove artigos, um livro e uma dissertação de mestrado, sendo 
quatro artigos colhidos no Scielo e cinco no NEIP, todos abordando os temas de drogadição, 
contexto social ou redução de danos. Os artigos selecionados encontrados no Scielo foram: 
“Percepção do Usuário Sobre a Droga na sua Vida” autores Gabatz; Johann; Terra; Padoin; 
Silva e Brum; “Política Sobre Drogas no Brasil: A Estratégia de Redução de Danos” autora 
Machado; “Programa de Redução de Danos: Perspectiva Histórica e uma Analise 
Compreensiva das Praticas Antes da Lei N° 11.343/06”, autores Brito e Nóbrega e “O Sujeito 
e as Toxicomanias de Suplência e de Suplemento para a Psicanálise”, autora Priscilla Santos 
de Souza. Já os artigos selecionados do NEIP foram: “Estados Alterados: Reflexões Sobre 
Drogas Ilícitas e Representações do estado Moderno”, autora, Souza; “Tensões entre o 
Biológico e o Social nas Controvérsias Médicas Sobre o uso de Drogas”, autor, Fiore; 
“Política das Drogas e a Lógica dos Danos”, autor, Rodrigues; “O Uso de Drogas e a 
Instauração do Proibicionismo no Brasil”, autor, Torcato, e “Que Guerra é Essa? A Propósito 
da Partilha Moral entre Drogas e Fármacos”, autor, Vargas. O livro selecionado como 
referencia foi “A Experiência do uso do Crack e sua Interlocução com a Clínica: Dispositivos 
para o Cuidado Integral do Usuário”, de Paulo Quinderé, e por fim, a tese escolhida foi a 
“Drogas e Biopolítica: Uma Genealogia da Redução de Danos”, de Pablo Rosa. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Após a leitura dos textos selecionados foram subdivididos em três categorias que serão 
listados na tabela a seguir, onde a discussão será realizada em ordem de categoria. 
 
Quadro 1: Categorias de análises. 
Categorias de análises Fontes 
Proibição do uso de drogas *Estados Alterados: reflexões sobre drogas ilícitas 
e representações no estado moderno (Ana Telles 
de Souza, ) 
*O uso de drogas e o proibicionismo no Brasil 
(Carlos Torcato, 2013) 
*Que guerra é essa? A propósito da partilha moral 
entre drogas e fármacos (Eduardo Vargas, 2000). 
*Programa de redução de danos: Perspectiva 
histórica e uma análise compreensiva das práticas 
antes e depois da Lei nº 11.343/06 (Heyde Brito, 
2013) 
*A legislação penal e a pratica de redução de 
danos á saúde pelo uso de drogas no Brasil (Denise 
de Carvalho, 2006). 
* Lei nº 6.368/76 
 
15 
 
 
Conotações entre Dependência e Dependente *A Experiência do uso de crack e sua interlocução 
com a clínica: dispositivos para o cuidado integral 
do usuário (Paulo Quinderé, 2013). 
*Percepção do usuário sobre a droga em sua vida 
(Ruth Gabatz, ET AL, 2013). 
*O sujeito e as toxicomanias de suplência e d 
suplemento para a psicanálise (Priscilla de Souza, 
2010) 
*Drogas: Proibição, Criminalização da Pobreza e 
Mídia (Vagner Fernandes; Aline Fuzinatto) 
Paradigmas de tratamento 
 
 
*Tensões entre o Biológico e o social nas 
controvérsias medicas sobre o uso de “drogas” 
(Mauricio Fiore, 2004). 
*Política de drogas e a lógica dos danos (Thiago 
Rodrigues, 1003). 
*A legislação penal e a prática de Redução de 
Danos à saúde pelo uso de drogas no Brasil 
(Denise Bomtempo Birche, (2006) 
*Políticas sobre drogas no Brasil: a estratégia de 
Redução de Danos (Letícia Vier Machado, 2013) 
 Fonte: Autor, 2015 
 
 
4.1 PROIBIÇÃO DO USO DE DROGAS 
 
Quando se fala em proibição às drogas, muitos fatores devem ser levados em 
consideração. Desde as formas de uso até as significâncias que os usuários dão às substancias 
ingeridas, fatores esses que muitas vezes são negligenciados pelos detentores do poder, que 
não levam em consideração o contexto histórico que as substancias participam. Deste modo o 
vicio ou abuso de drogas passou a ser visto como uma patologia que deve ser extirpada da 
sociedade e por “patologização” temos a denotação de uma doença e que, como tal, deve ser 
“curada” (Souza, 2011). 
A ONU (Organização das Nações Unidas), em 1961, diz que a dependência de 
substancias constitui-se como um sério mal tanto para o individuo que a usa como para a 
sociedade a qual ele esta inserido, devastando tanto o sujeito no contexto social como a 
economia da humanidade (Souza, 2011), fator que pode ser questionado quando estudos 
demonstram que a venda de substancias, tanto licitas quanto ilícitas, caracterizam-se como 
umas das coisas mais lucrativas da humanidade há muito tempo (Vargas, 2000). 
Cabe-nos questionar onde o uso de drogas passa a ser considerado nefasto para a 
sociedade. Um dos pontos que podem ser elencados como preponderantes é o que Paulo 
Quinderé traz em seu livro, onde discorre da proibição do uso de crack ao relatar que o 
mesmo surge como droga quando a população pobre tenta ter o mesmo status da população 
16 
 
 
abastada. Querendo consumir as mesmas substancias, nesse caso especifico a cocaína, que é 
comercializada a um preço exorbitante e que faz com que a procura seja grande, dando 
prioridade a quem possui recursos para a obtenção dele. À classe pobre sobram os restos, ou 
seja, as sobras da cocaína, no caso, o crack (Quinderé, 2013). 
Souza vem dizer, dialogando com o estudo de Quinderé, que as classes que possuem 
poder no estado traçam os parâmetros da ordem social vigente, marcada muitas vezes por 
desrespeito às classes dominadas. Deste modo, ainda referindo-nos ao conceito de 
patologização, temos que nos atentar para o fato de que muitas vezes a classe dominante, e 
aqui podemos destacar como uma categoria dominante a classe dos médicos, que vê a 
sociedade como um corpo e, como corpo, tudo aquilo que é desagradável passa a ser visto 
como doença que necessita de uma limpeza, uma higienização (Souza, 2010). 
Outro fator a ser ponderado em relação à proibição das drogas em contexto nacional é 
o relatado pelo estudo de Carneiro (1994) quando este diz que mesmo a proibição total de 
certas substâncias alucinógenas date do século XX, a igreja católica, principal religião 
nacional, na idade média já havia proibido o uso e tráfico de algumas drogas, alegando que 
estas proporcionavam prazeres exóticos e sensuais que iam de encontro com os preceitos da 
religião. Deste modo, ervas e plantas alucinógenas que fizeram e fazem parte de algumas 
religiões consideradas pagãs foram alvo dessa proibição e, assim sendo, a igreja católica passa 
a ser caracterizada como um dos órgãos precursores do atual modelo proibicionista (Mota, 
2009). 
Constantinou (2004) defende que o estado patológico é o que desafia constantemente o 
estado dito normal, sendo que esse é caracterizado como o estado onde a maioria predomina, 
esquecendo-se as culturas dominadas. Foucault (1972) corrobora essa afirmação em seus 
estudos, quando relata que em toda historia da loucura social alguns eram tidos como bodes 
expiatórios para a normatização do restante da sociedade, dando exemplo dos sifilíticos, dos 
bêbados e das prostitutas, que não faziam parte do que a sociedade dominante considerava 
normal. 
A patologização de sujeitos que não compartilham de preceitos estabelecidos na 
sociedade já é tema de muitos estudos. Pelbart (1989) diz que existem hoje dois tipos de 
loucura que amordaçam a sociedade dominada: a loucura cultural, que é estabelecida quando 
povos são escravizados e seus ritos são tidos como demoníacos, desordeiros ou promíscuos. 
Conceito que é evidenciado quando nos reportamos às religiões, culturas e valores que vieram 
junto com os navios negreiros para o Brasil. E a loucura clinica, onde quem delimita o que é 
17 
 
 
sadio ou patológico são os médicos, que trabalham de mãos dadas com o estado dominante, 
numa tentativa, muitas vezes irracional, de acinzentar, de normatizar, de tirar a subjetividade 
dos sujeitos que discordam do que é predominante. 
Assim, não podemos deixar de perceber que a classe dominante massacra, desumaniza 
e, porque não, animalizaos sujeitos que são minoria. Fato nitidamente visto no que concerne 
às populações indígenas brasileiras, precisamente em algumas tribos nordestinas, onde o uso 
de substancias para rituais, que causam alucinações, são não só proibidos, como perseguidos, 
numa forma de normatizar algo, ou alguns, que já se fazem normais dentro de um contexto 
próprio (Souza, 2010). 
De forma clara, não só que o sujeito usuário de drogas é marginalizado, como também 
aqueles que estão inseridos em um contexto onde a predominância de drogas é grande, sendo 
assim tachados como futuros usuários simplesmente por estarem inseridos em locais 
deploráveis, onde muitas vezes predomina a falta de moradia digna, a falta de lazer, de estudo, 
ou seja, as classes periféricas (Souza, 2010). 
Assim, o usuário propriamente dito, e os que possuem a probabilidade de virem a usar 
drogas, passam a ser chave do controle biopolítico, criando uma delimitação entre os tidos 
como normais e aqueles que são classificados como doentes. Diferenciação essa, que, como 
afirma Constantinou, nunca é problematizada, nunca é vista como um paradigma de saúde 
pública, sempre possuindo o status de crime, doença e pecado, marginalizando o usuário 
(Souza, 2010). Diante de tais contribuições são compreensíveis os motivos que levam o 
Estado a controlar juridicamente o uso de drogas no contexto nacional. Esta proibição, por sua 
vez, influencia todo um conjunto de normas e valores socialmente aceitos e ditos como 
“normais” no sentido de compor uma ideologia cultural proibicionista. 
 
4.2 CONOTAÇÕES ENTRE DEPENDÊNCIA E DEPENDENTE 
 
Nascemos em uma sociedade que possui características, valores, moral e ética, onde 
muito já está edificado antes da nossa participação no social. Sendo-nos imposto quais 
condutas devemos seguir, quais devemos ver como degradantes, nefastas. Frequentemente 
vemos na indústria midiática que o uso de substancias ilícitas é imoral, antiética, mas nos 
esquecemos de questionar-nos o que são ética é moral. 
Machado (2009) reproduzindo os conceitos de Deleuze (1942) afirma que ética diz 
repeito ao modo de ser das forças vitais que definem o homem por sua potência, ou seja, pelo 
18 
 
 
que o homem pode fazer, pela sua intensidade, já a moral julga a vida do sujeito a partir de 
valores transcendentes, sendo assim um sistema de juízos sobre o que se diz e o que se faz em 
termos de bem e de mal, sendo esses considerados como valores metafísicos (Machado, 
2009). 
Tendo esses critérios classificativos, vemos que a ética é um conjunto de regras 
facultativas que avaliam o que fazemos e o que dizemos, em função do modo de existência 
que isso implica. Assim, quando falamos sobre a questão de drogadição, de dependência e de 
abuso, não devemos pôr de lado o saber de que padrões éticos e morais são construídos 
socialmente, que assim como conceitos filosóficos não são eternos nem históricos, mas 
extemporâneos e inatuais (Machado, 2009). 
Quando falamos dos sujeitos que fazem uso de substâncias capazes de alterar a 
consciência devemos ter em mente questões que vão além das que comumente vemos na 
mídia, questões que vão muito além do simples desejo de fuga, simples mascaramento da 
realidade cruel. Atualmente vivemos em uma sociedade onde o prazer vem em primeiro lugar, 
o capitalismo faz com que queiramos sempre mais e o desejo de consumir frivolidades nos 
consume diariamente. O prazer hedonista e as respostas rápidas pela obtenção do prazer são 
constantemente reforçados pelos grupos sociais que ditam regras para sermos aceitos dentro 
de um contexto social. Deste modo, o uso de substancias capazes de produzir um prazer 
intenso e efêmero se conecta perfeitamente com a lógica da sociedade contemporânea 
capitalista (Quinderé, 2013). 
O foco da política antidrogas se direciona para a classe dos jovens, onde adolescentes 
utilizam substancias com a finalidade de estarem inseridos em um contexto, com a vontade de 
fazerem parte de um grupo, de serem aceitos e muitas vezes esquecem-se dos malefícios que 
isso pode acarretar, prejuízos físicos como desnutrição e os psicológicos como a depressão, 
despersonalização, psicopatias graves e até suicídio (Souza, 2010). 
Conte (Conte, 2003 apud Souza, 2010) traz um ponto pertinente quando afirma que 
enquanto o sujeito estiver em equilíbrio prazeroso com a droga ele não buscará auxilio 
terapêutico, só vindo a fazê-lo quando perceber-se impotente frente ao uso. Macrae (Macrae, 
2006, apud Quinderé 2013) vem dizer que o discurso de proibição deixa de levar em 
consideração os problemas relacionados ao uso de psicoativos como produção cultural, 
ignorando os diversos modelos e formas de consumo, os valores e os estilos de vida, as visões 
de mundo que apoiam a prática de entorpecimento. É posto de lado que em grande parte da 
19 
 
 
sociedade o uso de substancias, praticada também por jovens, era relacionada justamente ao 
que diz respeito à socialização, comemorações, festividades (Quinderé, 2013). 
Quando é dito que o uso de drogas é prejudicial, que corrompe os nossos jovens por 
eles estarem em construção, deixamos de enxergar que muitas vezes a sociedade corrompe 
esse jovem de forma bem mais bárbara quando lhe impõe um estilo de vida e ser seguido. 
Afirmar que as drogas são o cancro da sociedade, o câncer dos jovens. Usar em forma de bode 
expiatório as substancias e deixar de lado problemas como pobreza, má distribuição de renda 
e falta de educação passa a ser mais maléfico do que o próprio uso dos psicoativos (Hart, 
2015). 
Misse (2010) dialoga com os pensamentos de Hart quando afirma que as propagandas 
alarmistas que dizem respeito à irracional guerra contra as drogas produzem um efeito 
perverso, por tornar as drogas ilícitas atraentes e sedutoras exatamente por serem proibidas e 
ainda, o pensamento de Souza direciona esse perigo justamente para a classe jovem que passa 
a vê-las sob a ótica simbólica de status, de coragem, de destemor e de pertença a um 
determinado grupo (Misse, 2010). Corroborando com essa questão social Zinberg (1984) 
destaca que os efeitos das substâncias não dependem simplesmente das características 
farmacológicas, mas também da personalidade do usuário, do meio social e físico em que este 
sujeito esta inserido. 
 
4.3 PARADIGMAS DE TRATAMENTO 
 
Sendo os padrões sociais preponderantes no que concerne à problemática de política 
sobre drogas, é válido ver como o social vê as questões de cuidado ao usuário. A política de 
Redução de Danos (RD) atualmente é vista sob vários enfoques, muitos deles ainda veem 
como um discurso que faz apologia ao uso de substancias psicoativas sem, realmente, verem a 
real intenção do programa. 
Machado (2013) relata que os discursos sobre a RD se dividem entres esferas: a 
primeira que a recusa como uma estratégia eficaz, afirmando falta de cientificidade e que é 
fortemente baseado em valores morais. A segunda, que aceita parcialmente a pratica, 
afirmando ainda que a política se baseia em uma estratégia de comportamento de risco, não 
tendo como desejo primário a abstinência dos usuários. E por fim, a terceira esfera que aceita 
totalmente a prática, tendo em vista a eficácia no proposto, a exemplo, a redução da 
20 
 
 
transmissão de HIV/ AIDS, e observando que em longo prazo o intuito da política é realmente 
a abstinência dos usuários. 
A PRD tem como premissa o fato do uso de substancias já serem usadas pelo homem 
há milênios e isso não levou a implosão da sociedade, e que desta forma o mais sábio é tratar 
os usuários como cidadãos plenos do que julgá-los como criminosos (Rodrigues, 2003). 
Assim, a PRD surge como uma política que tem como intuito a redução dos malefícios 
decorrentes das formas erronias de uso de drogas, sem necessariamente exigir dos usuários a 
abstinência imediata, porém, tendo como finalidade esse fim. No campo moral é anunciado 
que as drogas fazem mal ao sujeitoe, consequentemente, a sociedade em que ele esta 
inserido, desta forma criando um estereótipo de que o usuário é perigoso, fator que dificulta a 
prática eficaz da RD (Carvalho, 2006). 
Em 1º de julho de 2005 é criada pelo Ministério da Saúde Pública a portaria nº 1.028 
que institui a Política Nacional de Redução de Danos como política publica setorial no âmbito 
do Ministério da Saúde (Carvalho, 2006), Fato esse que foi comemorado pelos profissionais 
que viam na PRD a forma mais eficaz, não só de combater os malefícios do uso desregrado de 
drogas, mas também como meio de recolocar os sujeitos desviantes no rol de cidadãos que 
merecem o cuidado do estado, não mais sendo excluídos ou marginalizados por suas escolhas. 
A portaria n° 1.028 corrobora com o paradigma de que saúde é direito de todos os cidadãos e 
dever do estado (Machado, 2013). 
Antes da regulamentação da dita portaria, precisamente em 2004, houve diversos 
segmentos sociais que foram contra a ideia da PRD, onde uma das principais criticas partiu da 
Conferencia Nacional de Bispos no Brasil (CNBB) que se posicionou fortemente contra a 
política, alegando que não viam como políticas públicas destinadas para usuários iriam sanar 
ou tirar as pessoas do vício das drogas, afirmando que tais medidas iriam propiciar a 
facilitação de novas experiências por parte de pessoas que até então não eram usuários. 
Outro campo que se posicionou contra foram os Narcóticos Anônimos (NA), pois a 
política ia de encontro com suas diretrizes de atuação, alegando que para se recuperar do vicio 
os sujeitos deveriam abster-se de toda e qualquer substancia que causasse dependência 
(Carvalho, 2006). 
A estratégia da PRD é caracterizada por ser mais humanitária, possuindo uma medida 
de baixa exigência, ou seja, não impõe que os sujeitos devam ser abstêmios e sim que 
busquem uma melhor qualidade de vida. Czeresnia (2003) refere que outra característica 
favorável da RD é o fato de ser uma estratégia de baixo para cima e, deste modo, abre espaço 
21 
 
 
para um saber popular, amplia as possibilidades de construção de uma nova visão sobre 
saúde, focando nas características individuais dos sujeitos e, assim, abandonando o binômio 
prevenção-doença expressa pelo estado (Machado, 2013). 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Observando o que foi exposto no corpo teórico do presente trabalho é possível 
observar que os cuidados, não só ofertados por serviços, mas também os cuidados oferecidos 
pela sociedade em geral estão enraizada em preceitos sociais. O sujeito que usa drogas é tido 
como perigoso, e passa a preenche uma lacuna cultural que outrora fora ocupado pelos 
sifilíticos ou prostitutas, assim ele, o sujeito drogado, é visto como um mal a ser extirpado. 
Quando falamos de construtos que passam a influenciar na elaboração de cuidados 
com usuários, temos que ter em mente que o tabu que envolve as drogas não é algo novo. A 
sociedade sempre se utilizou substancias para alterar seu estado de consciência, as bebidas 
alcoólicas e o tabaco são prova disso. Não basta apenas a regulamentação de portarias, como a 
supracitada Redução de Danos, é necessário uma nova visão, sobre não só as drogas, mas 
também sobre usuários e sociedade. 
A PRD é vista como uma forma eficaz de trabalhar com usuários de drogas, 
mostrando que estes sujeitos, sendo vistos como criminosos, são capazes de ter, com o devido 
trabalho, um determinado domínio sobre seus corpos. Assim, desconstruindo o que a muito 
vem se estabelecendo no social, que o único meio de controle sobre as drogas seria a 
abstinência completa por parte do usuário de todo e qualquer produto que fosse capaz de 
alterar a consciência. 
Muito ainda deve ser feito para uma real efetivação dos cuidados estudados. O 
presente trabalho não tem como objetivo o esgotamento de discussões acerca das drogas e em 
suas conotações na sociedade e sim uma contribuição e esclarecimento de que conceitos 
construídos outrora devem ser deixados de lado, ou revistos sob a luz de novos estudos, em 
prol de uma melhor avaliação de como usuários e propensos usuários devem ser tratados. 
O tratamento deve vir de baixo para cima, como os redutores de danos são instruídos a 
fazer, devem objetivar um estudo não só dos malefícios que as drogas trazem, mas sim a 
construção de um diálogo entre uso, sociedade, usuário e cuidadores. 
 
 
22 
 
 
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