Física, através do esporte, da dança e também da recreação, trabalha com diferentes grupos, entre eles o de pessoas com deficiência, de idosos, de jovens em fase de combate as drogas, crianças vítimas de violência, enfim, grupos que por algum motivo são excluídos socialmente. Cabe salientar que a Educação Física como grande área do conhecimento também apresenta suas ramificações e, especificamente tratando-se de projetos de inclusão social, destaca-se o esporte, que é efetivo quando incorporado ao programa de reabilitação física de indivíduos com deficiência. Os efeitos do esporte não se estendem apenas a aspectos físicos e médicos, mas também a aspectos psicossociais durante a reabilitação. Além disso, o esporte muda a percepção de cidadão a respeito das deficiências e contribui para o reconhecimento de seus efeitos por órgãos responsáveis pelo bem estar social. Hoje, a Educação Física nas escolas assume um papel que vai além das práticas esportivas, pois se trata de área de conhecimento que trabalha diretamente com o corpo e a mente, com as interações sociais e com conhecimentos acerca da motricidade humana. A Educação Física escolar é entendida [...] como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 1997, p. 29). Nessa perspectiva, a educação física, ao longo da história, se estabelece com o compromisso do trabalho do corpo, construindo um biótipo saudável, com um corpo que está em constante desenvolvimento. A educação física nas escolas é uma área de conhecimento que vem somar e contribuir para o desenvolvimento de todas as crianças e que propicia, antes de tudo, princípios fundamentais para a inclusão social: a interação, a cooperação e a amizade através do esporte, do jogo, das brincadeiras, da recreação, enfim, de todas as ramificações que esta área pode explorar. A área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades 38 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física escolar (BRASIL, 1997, p.23). Figura 5 – Educação Física Adaptada Fonte: Revista Ciranda da Inclusão Ano 2 – 23, p. 22. Atividade de Estudos: 1) Agora que já conversamos um pouco acerca do papel da Educação Física como área de conhecimento, registre de que maneira é possível propiciar inclusão através desta área. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 39 Educação Física Inclusiva: da Teoria à Prática Capítulo 2 Inclusão de Alunos com Deficiência Intelectual na Educação Física: Práticas Motoras e Cognitivas Iniciaremos este tópico de uma forma diferente, através dos dizeres de um professor de Educação Física sobre a inclusão de alunos com deficiência intelectual em suas aulas. Falar do aluno com deficiência intelectual nas aulas de educação física não é complicado quando você o vê como mais um dos seus alunos e não como “o aluno com deficiência”. Particularmente em minhas aulas não tenho dificuldades para trabalhar a educação física com os meus alunos com deficiência intelectual, pois planejo todas as atividades para todos os alunos e me preocupo com o desenvolvimento de cada um. As dificuldades apresentadas na educação física, sejam elas físicas, motoras, culturais, cognitivas, não são específicas do aluno com deficiência, mas de qualquer aluno que necessita de mediação e incentivo para desenvolver-se. Normalmente as crianças nos ensinam muito e cabe ao professor a humildade para entregar-se a novos conhecimentos e possibilidades. Já tive vários alunos com deficiências variadas e aprendi muito com cada um deles. O maior aprendizado que tive foi de que a inclusão escolar nos indica um caminho de possibilidades e não dificuldades como muitos mencionam. É necessário estar aberto a este novo contexto educacional que se apresenta, o contexto da diversidade, e planejar nossas aulas nesta perspectiva (Francisco Antônio dos Santos Netto, professor de educação física de Joinville, SC. Entrevista com a autora). O discurso deste profissional converge com os apontamentos de Vigotsky (1989) ao relacionar as limitações de pessoas com deficiência com as ordens biológica e cultural. Vygotsky (1997), diz que “a capacidade não é uma função íntegra, mas uma série de funções e fatores diferentes que estão unidos num todo” (p. 127). O autor acrescenta a necessidade de super compensar as dificuldades através do desenvolvimento de novas possibilidades de aprendizado, pois “os procedimentos pedagógicos devem ser organizados para que tal desenvolvimento se dê por vias indiretas, por outros caminhos, porque a 40 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade condição mais importante e decisiva do desenvolvimento cultural é precisamente a habilidade de empregar os instrumentos psicológicos, que nessas crianças não é utilizada” (VIGOTSKY,1988,p. 22). [...] estruturar todo o processo educativo segundo a linha das tendências naturais à supercompensação, significa não atenuar as dificuldades que surgem do defeito, senão que tencionar todas as forças para sua compensação, apresentar só as tarefas em uma ordem que respondam ao caráter gradual do processo de formação de toda a personalidade diante de um novo ponto de vista (VIGOTSKY,1997, p.32-33). Segundo Bueno e Resa (1995), a Educação Física Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da Educação Física em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados também ao indivíduo deficiente. Trata-se de um processo onde os professores devem planejar, visando a atender às necessidades de todos os alunos. Para exemplificar, apresentamos um plano de aula, publicado na Revista Nova Escola: Jogo do “pelo Cano” Mauro Henrique André • Objetivos - Criar estratégias de jogo. - Arremessar a bola com precisão. - Conhecer as potencialidades e limitações de cada participante. - Cooperar com os colegas para a solução de conflitos e desafios. Conteúdos - Jogo com bola. - Desenvolvimento das habilidades motoras de manipulação. Anos 4º e 5º. Tempo estimado 8 a 12 aulas. 41