Estocolmo, organizado pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecas (IFLA) foram iniciados os estudos correspondentes aos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBRs), o que, desde então, tem propiciado uma mudança no paradigma na descrição bibliográfica. Em decorrência do FRBR a catalogação passou “[...] a ser entendida não só como a descrição bibliográfica de um item, mas também como o registro dos elementos ‘organizativos’, aqueles gerados por outros processos que não a representação descritiva — por exemplo, a classificação e indexação” (GRINGS, 2015, p. 139). Vale destacar que o FRBR não se trata de um código ou instrumento de catalogação, mas sim, um modelo conceitual de descrição que tem a intenção de ser independente de qualquer instrumento ou código de catalogação. “A principal mudança que os FRBRs trouxeram foi a aproximação conceitual da atividade de catalogar, tipicamente bibliotecária, com um modelo já bastante comum na área de tecnologia da informação: o modelo entidade-relacionamento” (GRINGS, 2015, p. 140). Proposto por Chen (1976 apud FUSCO, 2011, p. 11-12), Este modelo define uma representação de informações baseada em entidades, em atributos e em relacionamentos entre as entidades. As entidades são objetivos do mundo real identificados univocamente em relação a todos os outros objetos. […] representam os objetos de interesse para os utilizadores de registros bibliográficos. As entidades […] estão associadas a um conjunto de características e atributos. São os atributos que constituem o meio pelo qual os usuários elaboram as suas perguntas e obtêm e interpretam as respostas quando procuram por uma informação. Ou seja, por meio das relações entre as entidades, os FRBRs pretendem estabelecer as delimitações entre o conteúdo e o suporte e propiciar maior quantidade de opções ao usuário dos catálogos disponíveis nas bibliotecas e unidades de informação. Nesta mesma expectativa, em especial no que confere à Representação Descritiva – Catalogação, outras discussões que têm como objetivo a padronização da descrição bibliográfica, estão sendo realizadas com foco em desmistificar a Descrição e Acesso de Recursos – RDA. A RDA pode ser considerada um “[…] produto de uma total desconstrução das AACR2 e sua reconstrução como uma nova norma centrada na estrutura e nos modelos conceituais FRBR” (OLIVER, 2011, p. 55) e sua estrutura, seus objetivos e seus princípios têm como aspecto primordial os usuários. ESTUDOS FU TUROS Aspectos mais aprofundados relativos ao FRBR e ao RDA serão tratados em unidades posteriores). UNIDADE 2 | PRINCIPAIS NORTEADORES DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO 80 IMPORTANT E FIGURA – E SE ALGUÉM TE PERGUNTAR... (3) FONTE: A autora Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) Foi fundada em Edimburgo, na Escócia, em 1927, na Reunião Anual da UK Library Association. É o principal organismo internacional que representa os interesses da biblioteca e serviços de informação e seus usuários. É a voz global da profissão de bibliotecários e de informação. É uma organização independente, internacional, não governamental e sem fins lucrativos e tem como objetivos: promover altos padrões de fornecimento e entrega de serviços de biblioteca e informação; incentivar a compreensão generalizada do valor de uma biblioteca e serviços de informação e; representar os interesses de nossos membros em todo o mundo (IFLA, 2019). Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - United nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) Foi criada em 16 de novembro de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e eauxiliando os Estados-Membros – hoje são 193 países – na busca de soluções para os problemas que desafiam nossas sociedades. É a agência das Nações Unidas que atua nas seguintes áreas de mandato: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação. A Representação da UNESCO na Brasil foi estabalecida em 1964 e seu Escritório, em Brasília, iniciou as atividades em 1972, tendo como prioridades a defesa de uma educação de qualidade para todos e a promoção do desenvolvimento humano e social (NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL, 2019). 81 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • De forma mais genérica, os catálogos podem ser considerados produtos advindos da Representação Descritiva – Catalogação e que ambos apresentam conceitos distintos, mas interligados. • A Convenção de Paris foi um dos marcos históricos mais importantes para o desenvolvimento de normas e regras de Representação Descritiva – Catalogação, tal qual resultou na Declaração de Princípios que descreve os aspectos essenciais para a descrição da informação. • Os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBRs), modelo definido pela representação de informações baseada em entidades, em atributos e em relacionamentos entre as entidades, têm sido norteadores das recentes discussões e atualização das regras para a padronização da descrição bibliográfica. 82 AUTOATIVIDADE 1 Qual a importância dos catálogos para a biblioteca e qual a relação do catálogo com o usuário? 2 Qual a importância dos códigos de catalogação? 3 O que são os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBRs)? 83 TÓPICO 2 PERSONALIDADES, INSTITUIÇÕES E O DESENVOLVIMENTO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A catalogação surge, conforme se pôde acompanhar na contextualização histórica, e agora, dito de maneira mais generalista, como um procedimento ou uma atividade para a elaboração de registros bibliográficos dos documentos. No entanto, no contexto atual, torna-se indispensável que este registro não seja algo meramente mecânico. Tem-se a necessidade de se primar por um processo fundamentado nas diferenciadas relações entre as diversas informações, e estas, por sua vez, precisam ser determinadas e ponderadas para que os consumidores destas informações, tenham alternativas de busca, e consigam recuperá-las seja em contexto do acervo físico ou virtual. Contudo, antes mesmo das discussões para definir as melhores alternativas e propostas para o registro de informações, mais especificamente referentes à catalogação, têm-se em evidencia os catálogos, que, em primeiro momento, foram elaborados para serem uma espécie de lista com a designação de todas as obras existentes em uma biblioteca e como consequência, se ter acesso às informações contidas nesse acervo. “A diferença nos termos é então que um é produto (catálogo) da atividade do outro (catalogação). O catálogo não existe sem a catalogação e a catalogação não faz sentido sem um catálogo como produto” (PEDRÃO, 2019, p. 16). Ambos, no entanto, estão em constante transformação, e isso inclui os avanços e aprimoramentos relativos às concepções teóricas, práticas e técnicas. Estas transformações se justificam e ficam mais evidentes com o desenvolvimento social e tecnológico que impulsionam e revolucionam de maneira constante o modo de se produzir, compartilhar, disseminar e replicar a informação. É, neste sentido, que a representação descritiva – catalogação, com os demais procedimentos técnicos para o tratamento da informação, torna-se ainda mais essencial, tal qual, para que se consiga organizar, ‘filtrar’, armazenar e disponibilizar a informação e possibilitar, de igual forma, a sua recuperação e disseminação. Isto, justifica a constante necessidade de aprimorar as práticas, os instrumentos, os processos, e consequentemente os produtos envoltos no processamento da informação, sempre com o objetivo primordial de potencializar seu armazenamento sua disseminação. Porém, não