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Indaial – 2019 Prof.a Juliana Frainer 1a Edição RepResentação DescRitiva i – catalogação Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Juliana Frainer Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F812r Frainer, Juliana Representação descritiva I – catalogação. / Juliana Frainer. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 209 p.; il. ISBN 978-85-515-0373-7 1. Biblioteconomia. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 025.3 III apResentação A Biblioteconomia é uma área abrangente e em contínua transformação, e, por este motivo, é indispensável ao futuro profissional da área da informação, debruçar-se nos estudos das diversificadas formas de atuação e constante desenvolvimento teórico e técnico da biblioteconomia, consoantes as evoluções tecnológicas. E dentre os várias funções, atividades e contextos de atuação, a Representação Descritiva – Catalogação tem sido um dos procedimentos em constante desenvolvimento, aliado a estudos abrangentes e especializados, tanto teóricos, quanto técnicos e práticos, visto que é considerado na área, como um dos processos mais importantes quando as temáticas são dedicadas à organização e disseminação da informação. A Representação Descritiva – Catalogação, possui, inerente ao seu desenvolvimento e transformações contínuas, influências sociais com maior impacto advindo do advento das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Neste contexto, a formação do bibliotecário deve estar alicerçada no desenvolvimento de habilidades e competências que os tornem capazes de mediar e organizar a informação para que o seu acesso seja efetivo, bem como, para garantir que as necessidades de seus usuários sejam atendidas de maneira qualificada. Isto inclui, ainda, a ampliação das formas de atuação teóricas e práticas para além de espaços, fontes e suportes de disseminação de informação convencionais, atuando em paralelo com a realidade tecnológica, ou seja, virtual/digital. E é nesta conjuntura que as Unidades desta Disciplina estão alicerçadas em descrever os principais aspectos teóricos e técnicos inerentes a Representação Descritiva – Catalogação. Em um primeiro momento, tem-se como objetivos: descrever as principais características do desenvolvimento e da evolução histórica dos catálogos e da catalogação no Brasil e no mundo; desmistificar os principais conceitos, objetivos e funções da Representação Descritiva – Catalogação e estabelecer relações importantes entre a função do Bibliotecário e a influência que a sociedade da informação e do conhecimento exerce na Catalogação, em especial, quando do advento das Tecnologias da Informação e da Comunicação com o surgimento das Bibliotecas virtuais/ digitais e Repositórios Institucionais. Em um segundo momento, buscou-se ampliar as discussões relativas aos catálogos e códigos desmistificando os seus principais conceitos; bem como, objetivou-se identificar as principais Instituições e as principais personalidades que nortearam e ainda impactam no desenvolvimento da Representação Descritiva – Catalogação em âmbito nacional e internacional; e apresentar os principais códigos e catálogos elaborados em âmbito internacional, e utilizados por grande parte dos países, inclusive o Brasil, para a prática da Representação Descritiva – Catalogação. IV Em um terceiro momento, objetivou-se desmistificar as principais implicações das Tecnologias da Informação e da Comunicação na Representa ção Descritiva – Catalogação; apresentar aspectos importantes relativos à Catalogação Cooperativa e como esta implicou no desenvolvimento da Representação Descritiva – Catalogação, em especial, em como foram direcionados o desenvolvimento dos códigos e regras utilizados no processo de catalogação; desmistificar alguns dos principais conceitos de temas relevantes a área, tais quais: a Web Semântica, Metadados, Padrão de Metadados, Interoperabilidade, e os padrões de metadados como o Dublin Core e o MARC21; e, por fim, apresentar as primeiras notícias relativas aos caminhos e tendências da Representação Descritiva – Catalogação, em especial com o advento do modelo conceitual denominado Requisito Funcional para Registro Bibliográfico – FRBR. Estes objetivos foram estabelecidos para que, ao se ter a oportunidade de apreender os principais aspectos teóricos e técnicos da Representação Descritiva – Catalogação, o aluno se sinta instigado e seja capaz de estabelecer relações críticas relativas ao desenvolvimento das temáticas inerentes à Disciplina. E, em um segundo momento, para que o aluno seja capaz de identificar e compreender o porquê as normas, as regras e as práticas da Catalogação se estabelecem e se apresentam como as que se estão em voga e as constantes discussões e evoluções atualmente. Prof.ª Juliana Frainer V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. 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Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES .................1 TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL ..................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 CONTEXTO HISTÓRICO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: O SURGIMENTO DOS CATÁLOGOS E DOS PROCESSOS DE CATALOGAÇÃO NO MUNDO ........................................................................................................................................4 2.1 A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO NO MUNDO ..............................6 2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO BRASIL ..............................................11 3 ALGUMAS OUTRAS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ........................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................17AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................18 TÓPICO 2 – REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS ......................................................................19 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................19 2 PRINCIPAIS CONCEITOS, FUNÇÕES E OBJETIVOS DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA - CATALOGAÇÃO ...................................................................................................21 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................31 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................32 TÓPICO 3 – O BIBLIOTECÁRIO, A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, AS TECNOLOGIAS E A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ..............................................................................33 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................33 2 AS BIBLIOTECAS VIRTUAIS E OS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO IMPACTO DA TECNOLOGIA NA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO..............................................................41 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................55 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................62 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................63 UNIDADE 2 – PRINCIPAIS NORTEADORES DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ..........................................................................65 TÓPICO 1 – PRODUTOS DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS ...............................................67 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................67 2 CATÁLOGOS E CÓDIGOS: ALGUNS CONCEITOS ................................................................68 3 A PADRONIZAÇÃO DA DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................76 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................81 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................82 sumáRio VIII TÓPICO 2 – PERSONALIDADES, INSTITUIÇÕES E O DESENVOLVIMENTO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO .........................................83 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................83 2 PERSONALIDADES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO NO MUNDO ...................................84 2.1 ANTONIO GENESIO MARIA PANIZZI ...................................................................................84 2.2 CHARLES COFFIN JEWETT .......................................................................................................89 2.3 CHARLES AMMI CUTTER ..........................................................................................................91 3 PERSONALIDADES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO NO BRASIL .....................................97 3.1 MARIA LUIZA MONTEIRO DA CUNHA ..............................................................................97 3.2 LYDIA DE QUEIROZ SAMBAQUY ............................................................................................99 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................101 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................102 TÓPICO 3 – PRINCIPAIS CÓDIGOS E CATÁLOGOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS UTILIZADOS PARA A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA - CATALOGAÇÃO .103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 BIBLIOTECA DO CONGRESSO ....................................................................................................104 3 AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (ALA) ............................................................................109 3.1 CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS ....................................................................................112 4 OS CATÁLOGOS EM CONTEXTO BRASILEIRO E A BIBLIOTECA NACIONAL ............113 4.1 FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL ..................................................................................114 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................119 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 UNIDADE 3 – CAMINHOS E TENDÊNCIAS E DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ..........................................................................127 TÓPICO 1 – AS IMPLICAÇÕES DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO PARA A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ALGUNS ASPECTOS DA CATALOGAÇÃO COOPERATIVA E O ADVENTO DA WEB SEMÂNTICA ....................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 CATALOGAÇÃO COOPERATIVA .................................................................................................132 2.1 ONLINE COMPUTER LIBRARY CENTER – OCLC ................................................................137 3 WEB SEMÂNTICA E A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ................138 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................143 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................144 TÓPICO 2 – OS METADADOS E OS PADRÕES DE METADADOS PARA O DESENVOLVIMENTO E EVOLUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ..............................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 PADRÕES DE METADADOS E A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO ...150 2.1 INTEROPERABILIDADE .............................................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................160 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161 IX TÓPICO 3 – DUBLIN CORE, MARC 21 E AS TENDÊNCIAS E CAMINHOS DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: OS REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTRO BIBLIOGRÁFICOS – FRBR ...........................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1632 DUBLIN CORE ....................................................................................................................................164 3 FORMATO MARC E O MARC 21 ...................................................................................................172 4 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTRO BIBLIOGRÁFICOS – FRBR: OS NOVOS CAMINHOS PARA AS REGRAS DE CATALOGAÇÃO ....................................176 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................182 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................187 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................188 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................189 X 1 UNIDADE 1 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar o desenvolvimento e a evolução dos catálogos e da catalogação no Brasil e no mundo; • desmistificar os principais conceitos, objetivos e funções da representação descritiva – catalogação; • inter-relacionar a função do Bibliotecário e a influência da sociedade da informação e do conhecimento com a representação descritiva – catalogação; • desmistificar as temáticas relativas as novas tecnologias e a representação descritiva – catalogação: em especial a implementação das Bibliotecas Virtuais e dos Repositórios Institucionais. Esta Unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL TÓPICO 2 – REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS TÓPICO 3 – O BIBLIOTECÁRIO, A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, A TECNOLOGIA E A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO A considerar a diversidade das áreas de atuação inerentes ao escopo de um bibliotecário ou um gestor da informação, tem-se como uma das atividades mais importantes a de catalogar ou representar descritivamente toda a informação que, no contexto em que atua, é reconhecida como essencial. De maneira mais genérica, a representação descritiva – catalogação se refere aos procedimentos que implicam na descrição física e ou de conteúdo das informações contidas nos recursos e meios informacionais, tais quais como: livros, multimeios, mapas, revistas etc. Tem como um dos principais objetivos o de identificar e, de certa forma, diferenciar os itens informacionais entre si, quando pertencentes a um mesmo acervo, para então torná- los acessíveis e disponíveis às necessidades do usuário. Em meados do século XIX aprender a catalogar um item informacional passou a ser uma realidade presente em diversas partes do mundo. No Brasil, os currículos dos cursos de Biblioteconomia passaram a apresentar a catalogação como uma disciplina indispensável apenas por volta do século XX. Desde então, as transformações sociais, em grande medida direcionadas pelos avanços tecnológicos e de comunicação, impactaram, e ainda o fazem, nos procedimentos e processos de catalogação, e de igual forma, na maneira de como esta é ensinada, apreendida e praticada pelos estudantes e profissionais da área da Biblioteconomia. Atualmente, os procedimentos de representação descritiva – catalogação são munidos de regras e normas reconhecidas internacionalmente e utilizadas para permitir a organização, disseminação, busca e recuperação da informação de maneira mais eficiente e qualificada, bem como, permitem tornar efetiva a cooperação e a universalização das informações entre as diversas bibliotecas do mundo. Mas, isto nem sempre foi desta forma. Ao mesmo passo que a sociedade evoluiu na forma de se comunicar, de produzir, e consumir a informação, a gestão de toda essa informação também precisou evoluir. Dos pergaminhos impressos, da utilização do papel como sendo o único suporte e fonte de informação até se chegar a esta explosão de fontes, sistemas e formas diversificadas de produção e consumo de informação, a catalogação tem se desenvolvido continuamente e se estabelecendo como sendo um dos procedimentos mais importantes para organização e posterior disseminação da informação em seus diversos meios de produção. UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 4 Diante disso, para entender quais foram as principais transformações inerentes à representação descritiva – catalogação e como estas, por sua vez, ainda influenciam os caminhos que a representação descritiva – catalogação está trilhando, o objetivo desta primeira unidade é desmistificar algumas das principais temáticas relativas à representação descritiva – catalogação, em especial, os aspectos históricos e conceituais, a considerar o início de seu desenvolvimento, até a seu atual estatuto, com o advento da tecnologia da informação e comunicação. 2 CONTEXTO HISTÓRICO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: O SURGIMENTO DOS CATÁLOGOS E DOS PROCESSOS DE CATALOGAÇÃO NO MUNDO Por muitos anos representar uma informação tem sido um trabalho minucioso e que, por isso, evolui a cada década. A informação, desde então, é registrada em diversos suportes e de diversas maneiras. Os seres humanos registraram desenhos e formas de representação alfanumérico e demais símbolos em argila, nas pedras de cavernas, papiros, papéis e criaram diversificadas fontes de informações em diferentes épocas, conforme foi se registrando no decorrer da história da civilização. Essa atividade, que mudou a forma de vida dos seres humanos e a maneira como a sociedade tomou forma, continua até os dias atuais. Assim, tem-se, apesar das possíveis contraversões, o registro da existência da primeira coleção de organizações de documentos, por exemplo, no terceiro milênio a.C. “trata-se da Biblioteca de Ebla, na Síria, cuja coleção era composta de textos administrativos, literários e científicos, registrados em 15 mil tábuas de argila” (ORTEGA, 2004, p. 1). A incumbência de registrar, preservar, salvaguardar e disseminar as informações que estavam sendo produzidas, desde muitos anos atrás, foi designada ao bibliotecário. Cabe, desde então, a este profissional o dever de manter vivo o conhecimento que cada informação pode proporcionar. No que se tem registro em contexto histórico, o Bibliotecário não só tinha a responsabilidade de organização das obras, mas, como a exemplo o bibliotecário de Alexandria, esse profissional também era um agente indispensável na disseminação da informação para com os príncipes reais, dando-os a orientação das leituras que lhes eram dever. “Devido a esse papel de destaque, o bibliotecário-chefe deveria possuir uma cultura humanista e ser um filólogo” (ORTEGA, 2004, p. 1). Ainda, como exemplo do que foi a Biblioteca de Alexandria, importantíssimo centro de informação para o desenvolvimento embrionário do que se estuda até hoje sobre a área da biblioteconomia, foi nesta Biblioteca que se tem o registro da elaboração do primeiro catálogo, onde se criou um registro com todos os autores que haviam na Biblioteca utilizando como critério de organização uma listagem por ordem alfabética. Esse catálogo, sem dúvida, é considerado TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 5 um dos marcos históricos mais expressivos para o início do registro e controle de procedimentos com o extremo objetivo de organização e armazenamento de dados (AGANETTE; TEIXEIRA; AGANETTE, 2017). A Biblioteca de Alexandria tinha como função abrigar a maior parte do conhecimento humano dahistória. O que não se sabe é se a biblioteca era aberta para atendimento ao público ou restrita somente para os membros dos povos eruditos. Como já dito, a Biblioteca era a possuidora do primeiro registro histórico de uma catalogação “A Biblioteca de Alexandria englobava procedimentos necessários e disponíveis à época de sua existência, para organização e recuperação de seu acervo. Alguns procedimentos são utilizados até os dias de hoje, tais como classificação e catalogação” (CORRÊA, 2008, p. 9). Com o contexto histórico até aqui descrito, pode-se constatar que os catálogos existem desde muito tempo na era da idade antiga, nessa época a importância de ‘salvaguardar’ a história era tão significativa quanto na sociedade atual. Também na antiguidade era de suma importância a preservação da história cultural de cada região, das pessoas e das formas como as relações eram estabelecidas e como as sociedades eram formadas. Toda essa informação histórica era também registrada em documentos nos seus diversos suportes e precisava ser preservada e protegida. Para tal, eram então elaborados os acervos em que, por meio dos catálogos, registrava-se, guardava e elaborava a sua catalogação para preservação. A ideia de livro tombo começou nessa época em que o principal material de catálogo era o códice, um livro tombo, onde se registrava todo acontecimento e documentos importantes. “As expressões Tombamento e Livro de Tombo, provém do Direito Português, onde a palavra tombar tem o sentido de registrar, inventariar e inscrever bens nos arquivos do Reino” (PARANÁ, 20--, p. 1). O códice surgiu depois dos pergaminhos e antecede o que hoje são os livros. Instituições religiosas, por exemplo, utilizavam e ainda utilizam muito o livro tombo, para guardar registros de casamentos, batizados e outros variados eventos marcantes. No Livro de Tombo serão registradas, cronologicamente, os fatos relevantes ocorridos na paróquia. A descrição fiel do ocorrido deve ser clara, objetiva e, sem prejuízo do essencial, suscinta. O Livro de Tombos, além de servir como documento histórico, será peça importante na elaboração do relatório de atividades anuais para efeitos de prestação de contas que o pároco, por dever de ofício, terá de fazer anualmente (RAMOS, 2012, p. 1). Outro marco histórico importante que se tem de livro tombo vem de Portugal, especificamente de Lisboa. Foi no Castelo São Jorge, monumento atualmente muito visitado no país, que o Arquivo Real foi instalado, num local que, a partir do reinado de D. João I, designou-se como Torre do Tombo. O Arquivo Real conservava, por meio de livros tombo as informações relativas aos bens culturais, documentos de fazendas, testamentos, tratados internacionais entre outros documentos que tratavam da história do país e, inclusive, da história do Brasil. “Nesta época, as atribuições do guarda-mor da Torre do Tombo eram as seguintes: velar pela segurança da documentação nela depositada e providenciar a sua organização, de forma a possibilitar a sua recuperação” (DGLAB, 2011, p. 1). UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 6 Como se acompanha nos dados históricos, desde seu início na idade média, a biblioteca vem evoluindo e, com essa evolução, surgiram também os catálogos, mas, apesar da existência destes, não é possível afirmar que, na mesma época de seu surgimento, já havia um processo de catalogação. Os catálogos elaborados durante a idade média estavam mais para uma espécie de inventários e listas, mas, foi a partir disto que a catalogação evoluiu e se aperfeiçoou (SILVA; SILVA, 2015). Por volta do século XVI é que se tem registro dos primeiros movimentos para a elaboração de uma norma na descrição bibliográfica. No entanto, a Biblioteconomia não reconhece os catálogos dessa datada histórica como catálogos propriamente ditos, tais quais são conhecidos atualmente. Isto porque, a forma em que eram elaborados os catálogos, bem como a sua organização, nesse período, não possibilitavam aos usuários o acesso aos documentos, condição esta primordial da catalogação na sociedade atual. Outro aspecto importante da relação catálogo e usuário, para além da descrição física da obra, é a possibilidade de identificar a sua localização. Desta forma, vale destacar que o livro tombo ou inventário foi o precursor do catálogo contemporâneo. “Strout considera que todas as listas de livros do período eram, na verdade, inventários” (MEY, 1995, p. 14). Ademais, ainda ao considerar os contributos históricos da catalogação, um estudo aprofundado elaborado pela autora Eliane Serrão Alves Mey (1995), elenca em uma ordem cronológica o início da produção dos catálogos e, consequentemente, das primeiras diretrizes da catalogação, desde meados do século VI até meados do século XX. Este estudo foi utilizado como base teórica para traçar uma linha temporal da história dos catálogos e da catalogação, conforme é apresentado a seguir. 2.1 A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO NO MUNDO Com base no estudo realizado por Mey (1995) são descritos a seguir os principais marcos históricos ao longo dos séculos, de como foi a evolução dos catálogos e consequentemente da catalogação em alguns países do mundo entre os séculos VI a XX. No século VI há indícios de que os monges, instigados por São Bento, em seu mosteiro no Monte Cassino, transcreviam os manuscritos, essa prática foi unicamente realizada pelos monges e por muitos anos eles foram os únicos precursores da preservação e da disseminação do conhecimento (MEY, 1995). Do século VIII se tem registro da elaboração de uma listagem de obras em uma biblioteca medieval, “contendo apenas título e, por vezes, nome do autor, mas sem ordem visível (talvez ordem das obras nas estantes)” (MEY; SILVEIRA, 2009, p. 1). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 7 Catálogos com uma quantidade maior de informações começaram a aparecer no século IX. Uma biblioteca na Alemanha chamada Reichenau reuniu muitos catálogos e neles eram transcritos os registros das obras com a descrição de seus volumes e números. Outro registro histórico referente aos catálogos nesse século foi o catálogo “do mosteiro beneditino de Saint Requier, na França, compilado em 831” (MEY, 1995, p. 14). Sua organização foi elaborada por uma listagem dos nomes de autores, contudo, sem obedecer a uma ordem alfabética, apresentava as informações de volumes e números das obras. No século X cresce o número de obras e, consequentemente aumenta também o número de catálogos. Mey (1995) indica em seu estudo que na Itália foram registrados cerca de 700 volumes. Já na Alemanha se registraram quase 600 volumes, mas sem nenhuma evolução no que se refere a organização destes catálogos ou formas de catalogar as informações. Nos séculos XI, XII e XIII não ocorreram ainda muitas mudanças nos catálogos, há registro apenas “[...] dos livros na lista da biblioteca de Glastonbury, na Inglaterra, em 1247: ‘inúteis’, ‘legíveis’, ‘velhos’ e ‘bons’, provavelmente se reportando às condições do livro” (MEY, 1995, p. 14). Apenas no final do século XIII, nas bibliotecas religiosas inglesas, iniciou-se o registro de um catálogo com a identificação dos livros organizada por números, mas sem conclusão de registro. Foi no século XIV que as mudanças e avanços na catalogação e consequentemente nos catálogos, começaram a aparecer. A organização das obras considerava o critério “pertencer à mesma autoria”, porém, ainda não considerava a organização por assuntos. Essa forma de catalogar os livros teve início na Inglaterra, efetivada pelos frades agostinianos de York, de 1372. Eles usavam a folha de rosto como registro de informações mais precisas. Provavelmente, conforme aponta Mey (1995), o primeiro catálogo que pode ser considerado como propriamente um catálogo foi o do convento Saint Martin, localizado em Dover, na Inglaterra, datado de 1389: Dividia-se em três seções. A primeira, organizada pelonúmero de localização do volume na estante, incluía um título breve, o número da página do livro em que o número de localização foi registrado, as primeiras palavras do texto nesta página, o número de páginas do livro e o número de obras contidas no volume. A segunda, também organizada pelo número de localização, registrava o conteúdo de cada volume, com a paginação e as palavras iniciais de cada obra. A terceira é um marco na catalogação: incluía análise das partes (entradas analíticas) e uma lista alfabética, às vezes de autor, outras de título e autor e outras, ainda, de palavras genéricas, como ‘livro’, ‘parte’ ou ‘códice’ (MEY, 1995, p. 15). Nesse século as bibliotecas também começaram a se estabelecer como espaços de uso nas Universidades, mas ainda não se evidencia grandes alterações para a importância dada ao registro e aos catálogos, evidencia-se ainda pouco envolvimento e atenção para essa prática (MEY, 1995). UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 8 O século XV, ainda sem grandes avanços nos catálogos e na catalogação, trouxe consigo um passo importante para o início do registro por meio do uso de remissivas ainda que de forma obsoleta. Foi nesse século que se teve início o registro de informações que remetiam a outras obras. “No final do século, há um avanço importante, graças à bibliografia. Johann Tritheim, bibliógrafo e bibliotecário alemão, compilou uma bibliografia, apresentando-a em ordem incluindo cronológica e em apêndice um índice alfabético de autor, pela primeira vez” (MEY, 1995, p. 15-16). No século XVI os índices organizados por ordem alfabética começaram a aparecer em um mosteiro na Inglaterra. Ainda na Inglaterra, no convento de Bretton, Yorkshire, em 1558, registram-se também os nomes dos editores das obras e o nome dos tradutores quando a obra era traduzida. Em 1560, o monge Florian Trefler, começou a construir um tratado sobre a manutenção de uma biblioteca. Nele, o monge elaborou uma forma de organização por números para localização e essa forma de catálogo tinha “[...] cinco partes: catálogo alfabético de autores, lista das estantes, índice classificado para os registros das partes (entradas analíticas), índice alfabético para o índice classificado e lista dos livros não integrados ao acervo geral” (MEY, 1995, p. 16). Outro movimento que marcou a evolução da catalogação, em 1595: [...] o livreiro inglês Andrew Maunsell compilou um catálogo dos livros ingleses impressos e, no prefácio, determinou regras para o registro das obras. Preconizou a entrada dos nomes pessoais pelo sobrenome, para as obras anônimas, usou tanto o título como o assunto e às vezes ambos; estabeleceu o princípio de entrada uniforme para a Bíblia; defendeu a ideia de que um livro deva ser encontrado tanto pelo sobrenome do autor como pelo assunto e pelo tradutor; incluiu em seus registros: tradutor, impressor ou a pessoa para quem foi impresso, data e número do volume. As obras de Trefler e Maunsell podem ser consideradas como os primeiros códigos de catalogação (MEY, 1995, p. 16-17). O século XVII trouxe consigo um dos principais marcos de evolução dos catálogos e da catalogação, especificamente pelo movimento feito na Biblioteca da Universidade de Oxford na Inglaterra. A Biblioteca havia incendiado e após o evento, Sir. Thomas Bodley, já aposentado no início do século, deixou sua marca registrada trazendo importantes avanços para a catalogação. Dentre muitas mudanças na forma de registro, ele mapeou e organizou a forma que os sobrenomes dos autores deveriam aparecer: primeiro seguindo a ordem alfabética e incluindo também as entradas analíticas (MEY, 1995). O famoso escritor político e bibliotecário, Gabriel Naudé, na França, escreveu sobre a catalogação e catálogos mencionando a importância de Sir. Thomas no dever de identificação e busca mais apurada das obras. Em 1697, também se iniciaram especulações e a discussão entre os próprios funcionários da Biblioteca Universitária de Oxford sobre possíveis melhorias que poderiam ser assumidas para a referida Biblioteca. Surgiram então questionamentos: TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 9 Humphrey Wanley, incluiu entre suas sugestões inúmeros questionamentos sobre problemas de catalogação, dentre os quais: se o catálogo deveria ser alfabético ou classificado, se os títulos e os dados do livro deveriam ser registrados na língua do livro; se o tamanho do livro deveria ser registrado; se deveriam incluir-se autor e título das entradas analíticas; se o nome do editor deveria ser registrado nos dados de publicação; se deveria ser mencionado o fato de um livro não trazer local e data de publicação; se a primeira ou a melhor edição de um livro deveria ser indicada; e, finalmente, se a raridade ou alto custo de um livro deveriam ser anotados (MEY, 1995, p. 17). No século XVIII alguns formatos de catálogos começaram a se organizar: respeita-se a ordem alfabética, nome dos autores com entrada pelo sobrenome; a página de rosto continua a ter mais visibilidade e apresenta o título da obra com a fonte principal; consideram-se os dados de publicação e algumas outras notas também tiveram seu registro. O código francês determinava que se transcrevesse a página de rosto, sublinhando o sobrenome do autor para alfabetação. Quando não houvesse autor, seria sublinhada a palavra mais significativa do título. Incluíam-se dados físicos: número de volumes, tamanho, ilustrações, material de que o livro era feito, encadernação e indicação de falta de páginas. Muitas dessas informações são registradas até hoje (MEY, 1995, p. 19). No século XIX a catalogação sofre um processo de padronização mais minucioso, surgem, também muito impactado pela globalização, diversos estudos e pesquisas sobre a temática abrangendo a catalogação e, grande parte dos aspectos práticos que se conhece e se utiliza atualmente iniciaram com maior representatividade nesse século. Charles Ammi Cutter, por exemplo, nesse período, criou um código de classificação, “Embora existam outros nomes e outros códigos no século XIX — época de proliferação de códigos de catalogação, Cutter marca este período” (MEY, 1995, p. 22). O trabalho de Cutter não apenas contribuiu para o início da prática da catalogação moderna ao lado dos estudos de Panizzi e Jewett, como também inseriu questões do tratamento temático da informação a partir da catalogação de assunto, dando origem a novas concepções de como tratar a informação visando seu fluxo continuo na sociedade (MARTINHO, GUEDES, 2009, p. 1). Ainda, foi no final desse século que “Paul Otlet e Henri La Fontaine fundam o Institut International de Bibliographie (IIB), atual Federação Internacional de Informação e Documentação (FID) e dão início ao levantamento e registro de todas as publicações editadas em todo o mundo” (MEY, 1995, p. 22). Nesse período, após a utilização da Classificação Decimal de Dewey (estruturada por Melvil Dewey e estruturada em 1873) criou-se a “Classificação Decimal Universal, embasada em Dewey, porém mais especializada, visualizando-a como um meio de intercâmbio de informações bibliográficas, acima das barreiras linguísticas” (MEY, 1995, p. 22). UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 10 No século XX diversos países como Alemanha, Áustria, Bélgica, países escandinavos, Espanha, França, Holanda, Itália, Suíça e Vaticano já possuíam códigos de catalogação próprios. Contudo, um movimento iniciado dos Estados Unidos pela Library of Congress (LC) impactou de maneira expressiva a perspectiva da catalogação e sua consequente padronização na grande parte das bibliotecas no mundo: Ao invés de cada biblioteca fazer a própria catalogação de seus livros, a LC passou a vender suas fichas impressas, às quais bastava que fossem acrescentados cabeçalhos, também por ela indicados. Isso resultou em substância padronização, não porque todos concordassem (ou concordem) coma catalogação elaborada pela LC, mas porque as fichas vendidas, e, portanto, utilizadas pelas bibliotecas, eram rigorosamente idênticas (MEY, 1995, p. 22). Esse movimento da LC implicou na elaboração simultânea de outros catálogos em outros países, a saber: • A American Library Association (ALA), além de instaurar uma comissão para estudar as regras que a LC adotou para a elaboração de suas fichas, em 1908, publicou a primeira edição de seu código com base nas regras de Panizzi, Cutter, Jewett e da própria LC denominando-o Cataloging rules - author and title entries com a tradução livre: Regras de catalogação - entradas de autores e títulos. Esse catálogo teve grande aceitação nos centros de informação e bibliotecas dos Estados Unidos (MEY, 1995). • Na Alemanha, no mesmo período, publicou-se um manual designado como as Instruções Prussianas, e, já em sua segunda edição, em contrapartida com o Catálogo elaborado pela ALA, este consegue ampla aceitação nos países pertencentes a Europa (MEY, 1995). • Em 1920, na biblioteca Apostólica Vaticana, um grupo de bibliotecários liderados pelo norueguês com formação americana, John Asteisson, elaboraram, com base no código da ALA, o Código da Vaticana denominado Norme per il catalogo degli stampati com tradução livre Normas para o catálogo de impressos. Esse catálogo trouxe forte influência na biblioteconomia brasileira, como se verá a seguir (MEY, 1995). Já em 1961, ocorreu um dos eventos mais importantes direcionados a normalização Internacional, a Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação, conhecida também como a Conferência de Paris que aprovou a “A Declaração de Princípios” ou “Princípios de Paris”, justamente com objetivo de propor uma normalização internacional na Catalogação (MACHADO, 2003, MEY, 1995). Outro marco histórico importante foi a criação de um programa denominado Controle Bibliográfico Universal, em 1970, idealizado pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e pela UNESCO, esta última com a preocupação com a educação e disponibilização da informação e conhecimento num contexto pós-Segunda Guerra Mundial. O referido Programa assume como norma básica para a descrição bibliográfica a International Standard Bibliographic Description – ISBD –, desenvolvida em 1969 por Michael Gorman com vias a padronizar as informações contidas na descrição bibliográfica. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 11 Ainda em 1967 é publicada primeira edição da edição das Anglo-American Calaloging Rules (AACR) e uma segunda edição do AACR conhecida com AACR2 foi publicada em 1978. “Este código, dado contemplar não só os aspetos da descrição bibliográfica (zonas ISBD), mas também a determinação dos pontos de acesso, foi largamente adotado como código de catalogação em muitos países do mundo” (MARCOS, 2014, p. 7). Assim, os padrões o AACR2 e o formato MARC - Machine Readable Cataloging (criado na década de 1960) têm sido amplamente utilizados atualmente, pois são compatíveis com sistemas internacionais de intercâmbio de registros bibliográficos, o que se espera desde o surgimento do Programa de Controle Bibliográfico Universal. 2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO BRASIL Ainda com base no estudo de Mey (1987a; 1995), importante e renomada estudiosa dos aspectos históricos e conceitos relativos a catalogação, evidencia- se que a classe bibliotecária, no Brasil, desde o início da elaboração de códigos padronizados de catalogação em países da Europa e Estados Unidos, até os dias atuais, não criou um código de catalogação próprio. As tentativas, até então sem desfecho ou adesão ampla dos profissionais em contexto brasileiro, implicaram em estudos mais concentrados na organização de normas de cabeçalhos de entrada de nomes pessoais, especificamente de autores brasileiros e portugueses, bem como de nomes das entidades coletivas brasileiras. Entre 1934 e 1963 evidenciou-se uma grande produção de estudos e pesquisas com o objetivo de desenvolver métodos, regras e padrões para elaboração de um código de catalogação para países com língua oficial portuguesa, a exemplo de Portugal e do Brasil. Relativo as estas produções, citam-se pessoas e instituições que surgiram como importantes agentes e precursores do movimento de ampliar a atuação brasileira nas temáticas relacionadas a catalogação, a saber: Duarte Ribeiro, Maria Luísa Monteiro da Cunha, a Associação Paulista de Bibliotecários e o Departamento Administrativo do Serviço Público (MEY, 1995). Em 1946 a então professora Maria Luísa Monteiro da Cunha demostrou grande interesse e preocupação em direcionar esforços para a possível produção de um código brasileiro, tema que voltou a ser ponderado também por outros profissionais no I Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação no Brasil em 1954 e mais uma vez, o tema volta a ser debatido pela referida professora em 1963, agora no V Colóquio Internacional Luso-Brasileiro (MEY, 1987a). Em meados de 1940, os profissionais bibliotecários no Brasil, vislumbram no Código da Vaticana, elaborado em 1920, uma possibilidade de utilização dos códigos internacionais, em especial pelas edições traduzidas para o português em 1949 e 1962. UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 12 Ensinava-se a ‘Vaticana’ na escola de biblioteconomia do Rio de Janeiro (cursos da Biblioteca Nacional), sendo adotada por inúmeras bibliotecas, e ainda hoje se encontram algumas que a usam. Paralelamente, a escola de biblioteconomia de São Paulo, iniciada no Colégio Mackenzie em 1929 e de nítida influência norte-americana, optou por ensinar o código da ALA (MEY, 1995, p. 6). Além disso, em 1954 a criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação – IBBD –, marcou a área da biblioteconomia no país, e até meados de 1970 contribuiu amplamente para a catalogação, inclusive, por exemplo, com a edição da versão portuguesa da segunda edição do Código de Catalogação da Biblioteca Vaticana (MEY, 1995). “Em 1975, o IBBD transformou-se em Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT –, voltado para os sistemas especializados de informação não mais como órgão centralizador das atividades, mas como gerente e suporte técnico” (MEY, 1995, p. 6). A atribuição do ISSN que é o Número Internacional Normalizado de Periódicos e o catálogo de Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas são algumas das funções desempenhadas pelo IBICT. O AACR, criado em 1967, foi traduzido para o português em uma versão brasileira em 1969 e recebeu o título de Código Anglo-Americano de Catalogação, com a segunda edição traduzida entre 1983 a 1985 e desde então, este código passou a ser adotado, inclusive no que se refere ao ensino nos cursos de formação e graduação em biblioteconomia, praticamente em todos os estados brasileiros (MEY, 1995). Nesse mesmo período, um grupo de trabalho sobre processos técnicos da Biblioteca Nacional e de outras instituições se reuniu em duas ocasiões, em 1983 e 1984, e determinaram critérios para o cabeçalho de entrada das entidades brasileiras a nível federal, estadual e municipal e nomes geográficos (MEY, 1987a, MODESTO, 2007). Já na década de 1990, assim como em diversas partes do mundo com o advento da tecnologia, no Brasil também, dentre outras temáticas relativas a evolução da catalogação, continuou a “[...] discussão relativa ao problema do formato de intercâmbio para a catalogação cooperativa” (MODESTO, 2007, p. 12). Entre os anos de 1994 e 1996, por exemplo, são processadas mudanças na Rede Bibliodata/CALCO (o escritório CALCO foi constituído por um grupo de trabalho pertencente ao IBCT ainda em 1984), em especial, no formato dos registros bibliográficos, que passa de CALCO para USMARC, e deste para MARC21 (MODESTO, 2007). De maneira geral, as mudanças ocorridas com a evolução tecnológica e a ampla utilização de códigos internacionais decatalogação no país, por um lado ampliaram a proposta cooperativa de disseminação da informação possibilitada pela padronização da catalogação, objetivo proposto pelo Programa de Controle Bibliográfico Universal. Por outro lado, evidencia-se a dissolução de importantes grupos de trabalho relativos a discussão de processos técnicos e “Mapear a TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 13 catalogação passa a ser um processo de networking entrelaçado ao levantamento bibliográfico da produção técnico-científica sobre o tema” (MODESTO, 2007, p. 12). Atualmente, os esforços dos bibliotecários, no que confere a avanço das atividades da catalogação e representação descritiva no cenário brasileiro, têm se direcionado em como utilizar as novas tecnologias da informação a favor da disseminação da informação com maior agilidade e, sobretudo com qualidade. 3 ALGUMAS OUTRAS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS Ademais, com o decorrer dos anos e como visto, à medida que a evolução caminhou pelos séculos, o que se vislumbra é que a globalização, datada em meados do século XV e primeira metade do século XIX, impactou também a forma de pensar e fazer a catalogação. Foram muitas as mudanças que a globalização trouxe para a sociedade, e com isso, as pessoas, as instituições, sejam elas de ensino ou corporativas, ou, ainda, o próprio Estado, evidenciaram a importância da informação e como esta pode gerar dados para a efetivação da história. Além disto, fica claro a importância de procedimentos para que se possa organizar as informações de maneira ainda mais precisa, para que essas informações possam ser facilmente recuperadas e, com qualidade. Na sociedade atual, a informação é gerada e disponibilizada em tempo real e a todo momento além de veiculada em diversos suportes, e essa dinâmica ‘viver e consumir’ a informação é constante. A internet é hoje o marco mais preciso e avançado da tecnologia variando os tipos de suportes a que se é registrada uma informação e ou conhecimento. A internet tem, dentre muitos outros contributos, auxiliado na produção e disseminação da informação gerando um conhecimento aquém do que se poderia imaginar nos séculos passados, e para isso, não é preciso sair de casa. A tecnologia trouxe para a Biblioteconomia muitas vantagens, “[...] o impacto maior tem sido na catalogação. A utilização das redes de telecomunicação proporcionou uma melhor interação entre bibliotecas nacionais e internacionais, concretizando assim a catalogação cooperativa” (SOUZA; CATARINO; SANTOS, 1997, p. 97). Mas, nem sempre foi assim. Na década de 1990, quando a tecnologia não era assim tão avançada, essa repercussão tecnológica teve um grande impacto para a área da biblioteconomia. Nessa década, com uso, por vezes inapropriado de tecnologias, era inviável se ter um planejamento adequado com os recursos de bases de dados para compartilhar efetivamente os registros. Com o passar dos anos, no entanto, com a diversidade dos suportes de informação, já se foi possível vislumbrar, entre os especialistas da área da biblioteconomia e de gestão da informação, a discussão relativa à necessidade de mudanças de como elaborar o tratamento técnico da informação, inclusive do que se é amplamente utilizado atualmente: UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 14 Mudam-se as características das informações e transformam-se os suportes. A Internet provoca um crescimento na produção de documentos eletrônicos. O AACR (2ª edição) adotado pelas bibliotecas brasileiras encontra-se defasado em relação à descrição de novos suportes, como CD-ROM, disquetes e documentos eletrônicos. Bibliotecários discutem a questão do tratamento dos recursos da Internet, procuram desenvolver procedimentos que permitam organizar e recuperar informações nela disponíveis. Há necessidade de novos padrões; trata-se de um tipo de nova “velha situação”, ou seja, como facilitar o acesso a esses recursos se não se conta com padrão de descrição? (MODESTO, 2007, p. 14). Toda informação necessita de um armazenamento e tratamento (físico e ou técnico) para que ela seja disponibilizada a todos que dela possam se interessar, para que ela chegue até as pessoas de forma clara, correta e sem ruídos na comunicação, “De nada adianta a informação existir se quem dela necessita não sabe da sua existência, ou se ela não puder ser encontrada” (MARCONDES, 2001, p. 61). Na área da biblioteconomia tal informação é registrada de forma mais descritiva possível e com análise mais meticulosa. Esse registro permite averbar dados de informação para que sejam identificados pontos relevantes das obras catalogadas e o uso da informação seja efetivo. Ademais, todo esse movimento para impulsionar as mudanças que, ainda hoje implicam em como são direcionadas as práticas e as teorias relativas à representação descritiva – catalogação, tem sua importância relatada na história de como este movimento ocorreu. A Figura 1 ilustra uma linha do tempo com a evolução histórica dos catálogos e, consequentemente, da forma como as informações e o conhecimento eram organizados e representados no Brasil e no em outros países do Mundo. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA CATALOGAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL 15 FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CATALOGAÇÃO E DOS CATÁLOGOS FONTE: Adaptado de Mey (1995) O inevitável (?) aconteceu: os catálogos com resquícios dos avanços atuais. Aqui já são possíveis alguns critérios mais específicos de catalogação: há ordenação dos sobrenomes dos autores das obras; a folha de rosto começa a receber sua merecida importância e atenção; e inicia-se a inclusão de mais dados da descrição física relativa às obras. O ato da catalogação: a criação de Cutter; classificação decimal, criação de instituições para a padronização A Library of Congress (LC) e a era das fichas catalográficas • A tradução do AACR em língua portuguesa em uma versão brasileira. • Especialistas da Biblioteca Nacional e de outras instituições se reúnem em duas ocasiões, em 1983 e 1984, e determinam critérios para o cabeçalho de entrada das entidades brasileiras; • 1994 e 1996 mudanças na Rede Bibliodata/CALCO - USMARC - MARC21. Sem grandes mudanças. A implementação das remissivas é um passo importante Catálogos começam a ser classificados e a inclusão de índice de autor por ordem alfabética Arranjo sistêmico, índices alfabéticos por sobrenomes com analíticas Séc. XV Séc. XVI Séc. XVII Cópias de manuscritos, feitas unicamente pelos monges Primeira lista de obras de bibliotecas medievais Registro de obras e seus volumes Séc. VI Séc. VIII Séc. IX Séc. X Séc. XI, XII, XIII Séc. XIV Crescimento da quantidade de obras Sem muitas mudanças em catálogos. No século XIII se deu início ao registro de um catálogo com a identificação dos livros organizada por números Começam os primeiros passos para a evolução na catalogação. Agora já se é possível a organização das obras considerando a mesma autoria, porém, sem considerar a organização por assuntos Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX Séc. XX Brasil UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 16 Aliás, após a contextualização histórica e seus principais contributos para o surgimento, evolução e aprimoramento dos catálogos e da catalogação no Brasil e em vários outros países, faz-se essencial a explanação mais depurada de seus principais conceitos, objetivos e funções, bem como, de quais as implicações destes na atuação profissional do bibliotecário, aspectos tratados no Tópico 2 desta unidade. ATENCAO 17 Neste tópico, você aprendeu que: • Existem aspectos históricos importantes que influenciaram a evolução e o desenvolvimento da representação descritiva – catalogação em todo o mundo. • O bibliotecário, mesmo sem as mesmas características técnicas atuais, sempre esteve presente em instituições onde o principal insumo de trabalho é a informação.• O Brasil, a exemplo de outros países, possui um percurso histórico com discussões importantes relativas à representação descritiva – catalogação, e essas discussões influenciaram o seu desenvolvimento, em especial, impulsionado pelos principais especialistas e centros de informação do País, como é o caso da Biblioteca Nacional. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Qual foi o primeiro catálogo da história da catalogação e de que maneira ele influenciou na evolução dos catálogos? 2 Quais aspectos históricos que norteiam a catalogação no Brasil? Cite pelo menos 3 aspectos históricos. AUTOATIVIDADE 19 TÓPICO 2 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A organização da informação é considerada uma das habilidades mais básicas e essenciais do escopo de atuação técnica do bibliotecário. Definida como o conjunto de procedimentos que podem ser atribuídos a um documento com base em suas informações, inclui os processos de classificação, catalogação e indexação e o armazenamento da informação para possibilitar a sua recuperação. As técnicas empíricas relativas ao tratamento e a organização da informação acompanham o ser humano desde os primórdios da sua própria existência e têm se tornado mais complexas no decorrer do tempo. Estas técnicas surgem com a evolução da própria sociedade que ambiciona compartilhar, decifrar e registrar o conhecimento para potencializar e disseminar a sua utilização. A necessidade constante de aperfeiçoamento das práticas de catalogação para representação da informação tem sido determinada pela evolução dos papiros aos livros, do advento da literatura periódica e sistemas de informação, da internet e de materiais e fontes de informação cada vez mais diversificados. Como visto na contextualização histórica, considerado um marco histórico no que se refere ao controle bibliográfico, foi na Biblioteca de Alexandria (criada em 280 a.C., no Egito, por Ptolomeu I Sóter – o Salvador), que ocorreu a criação de um dos primeiros catálogos bibliográficos da literatura grega. A representação da informação, desta forma, acontece desde as primeiras tentativas da humanidade de se registrar o conhecimento em sistemas ou suportes que possibilitem o armazenamento e posterior recuperação das informações para serem utilizadas. Os instrumentos de acesso à informação, tais quais: catálogos e inventários, por exemplo, aliados aos diversificados códigos e técnicas para representação, surgiram com o objetivo primordial de estabelecer a localização física de documentos, e, sobretudo, para se ter acesso aos seus conteúdos, possibilitando aos usuários o acesso às informações contidas nesses documentos, sem a necessidade da pesquisá-los diretamente. Neste sentido, Baptista (2006) alerta que a principal mudança de paradigma relativa à organização e disponibilização da informação que ocorreu no século passado, adveio com a importante percepção de que o acesso à informação é mais essencial que, propriamente, o tamanho das coleções de acervos contidas numa UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 20 biblioteca ou centros de informação. Esta mudança de paradigma, aliada aos avanços tecnológicos na área das comunicações e do processamento automático de dados, impulsionou o surgimento da chamada ‘sociedade da informação’. Como consequência, as instituições de ensino, centros de pesquisas e de informações e até mesmo organizações empresariais se beneficiariam dos avanços tecnológicos para produzir e disseminar informações e conhecimento científicos, especializados, técnicos e ainda, artísticos, de forma cada vez mais eficiente e rápida, para fins de estudo, pesquisa, educação, cultura e desenvolvimento organizacional e econômico. De forma mais específica, com essa mudança de paradigma as bibliotecas precisaram reconhecer e reorganizar suas funções e seus espaços e evoluíram de meros depósitos de livros para se transformarem em unidades de disseminação da informação. “Ou seja, não basta apenas inventariar a informação ou reproduzir o documento, mas sim representá-lo com o propósito de criar estruturas eficazes para sua busca e recuperação pelos usuários” (MARTINHO, 2010, p. 15). Na medida em que cabe às bibliotecas, enquanto sistemas de informação e provedoras de serviços, organizar recursos de acordo com as demandas de sua clientela, a catalogação assume, em seu sentido mais amplo, a característica de organização da informação. Nesse contexto, a biblioteca deixa de ser uma instituição puramente física para se converter em um elo na cadeia produtiva da informação, sendo que, para isso, precisa necessariamente incorporar novas práticas e compartilhar conhecimentos com outros setores (BAPTISTA, 2008, p. 8). E é nesta mesma expectativa que ao se tratar do conceito da Representação Descritiva, é amplamente comum a conceitualização de Catalogação, mas não propriamente porque ambos são sinônimos, mas, por se vislumbrar na literatura uma tendência que acompanha o contexto histórico da evolução da produção e disseminação da informação e, como consequência, vislumbra-se uma possível ‘ampliação conceitual’. Esta ampliação do conceito da Catalogação que engloba o conceito de representação descritiva, tem sua explicação na multiplicidade de recursos informacionais e na diversidade de suportes para a produção, disseminação, disponibilização e acesso à informação que o advento das tecnologias de informação e da comunicação possibilitou. É provável que os termos representação descritiva e representação temática tenham sido adotados com o objetivo de ampliar o conceito de Catalogação, o qual remete à produção de catálogos de biblioteca. Contudo, o desenvolvimento teórico e metodológico da representação descritiva e da representação temática foi realizado de modo separado, conduzindo a dificuldades conceituais na articulação entre os dois processos. Já a Catalogação, incluindo a catalogação descritiva e a catalogação de assunto, responde pela construção global do sistema, nesse caso, o catálogo (ORTEGA, 2011, p. 45). Tratando essa problemática conceitual de maneira mais clara, a posição que se assume é a de que a representação descritiva faz parte da catalogação, ou seja, “Temos a Catalogação como àquela que envolve os modelos de registros de bases de dados e os aspectos teórico-procedimentais da representação descritiva” (ORTEGA, 2013, p. 186). TÓPICO 2 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS 21 É diante desta diversidade que a catalogação deixou de assumir a função apenas como atividade central, a descrição bibliográfica do documento, e passou a assumir a atividade de representar esse documento em aspectos formais quanto ao seu conteúdo e de representá-lo descritivamente. Tem-se, assim, por meio da representação descritiva, que não deixa de se ter em si, o processo de catalogação, a possibilidade se recuperar a informação a partir de um universo de registros e suportes variados. Essa recuperação acontece de maneira que o documento seja acessado em sua integralidade, e possibilita ao usuário, relacioná-lo com outros objetos, assuntos ou informações afins, potencializando a formação de uma rede, que pode ser [feita] de forma colaborativa ao se copiar e colar, por exemplo, os dados que interessam a partir de registros já existentes em bibliotecas […] e a análise da informação contida no documento, com vistas à extração de conceitos, atribuição de palavras chave, e/ ou elaboração de resumos que resultem não só na representação fiel do documento, como também na porta de entrada para a íntegra do mesmo, bem como para toda a gama de relacionamentos semânticos e associativos possíveis, e, a partir da qual, caso queira, o usuário poderá ampliar grandemente o potencial de pesquisa e conhecimento sobre determinado assunto (BAPTISTA, 2008, p. 1). Assim, os conceitos aqui apresentados, para que se tenha uma noçãomais clara do que é a representação descritiva, seus objetivos e funções no âmbito da função e atividades especializadas de um bibliotecário, permeiam, obrigatoriamente, os conceitos, as funções e os objetivos da catalogação. 2 PRINCIPAIS CONCEITOS, FUNÇÕES E OBJETIVOS DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA - CATALOGAÇÃO No que diz respeito aos diferentes tipos de documentos e informações, a catalogação assume uma característica abrangente e multidimensional. Por este motivo os conceitos, os métodos, os critérios e até mesmo as tecnologias que abrangem o escopo da catalogação precisam estar entrelaçados em uma ampla e, por vezes, complexa, rede de conexões e interseções interdisciplinares. A catalogação permite a descrição de informações de forma padronizada, é essencialmente construída a partir de regras que minimizam as interpretações individuais, no sentido de que existem determinados aspectos da informação que precisam ser identificados, para que se garanta a unicidade de cada item informacional que está sendo representado, mas que, ao seu final, se consiga a universalidade da informação (CORRÊA, 2008). Conhecer e utilizar um formato e regras de catalogação é um dos desafios do profissional responsável pela alimentação de um catálogo de uma biblioteca. A recuperação de informações será o reflexo do seu trabalho e, ao mesmo tempo, objeto de estudo para melhorar o tratamento. Essa recuperação da informação no catálogo, que é o processo final de várias etapas de trato com a informação, parece ser o típico problema a ser resolvido pelo setor de referência, o qual UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 22 possui especialistas que auxiliam o usuário na busca de informações pertinentes à sua pesquisa. No entanto, não há habilidade de busca que supere modos inconsistentes de organização da informação (OKADA; ORTEGA, 2009, p. 19, grifo nosso). A representação descritiva pode ser considerada um processo de decisão multidimensional que tem como objetivo estruturar e padronizar os diferentes aspectos e ou características de um item ou dado informacional, com vias a torná- lo único, passível de recuperação e utilização. Refere-se aos aspectos da descrição formal das características dos documentos, mais especificamente a descrição física e a descrição dos elementos para identificação de determinado documento (CATARINO; SOUZA, 2012; ORTEGA, 2011). As atividades de representação de informação correspondem à ação de representar algo, ou seja, descrever dados mediante as características relacionadas à representação descritiva, física ou bibliográfica do item. Ao seguir regras de um ou mais códigos de catalogação, esses dados podem ser indicados pela designação do autor, título, edição, editora, data, paginação, entre outras características pertencentes ao documento (ORTEGA, 2011). Lancaster (2004, p. 1), explica que “Os processos de catalogação descritiva identificam autores, títulos, fontes, e outros elementos bibliográficos; os processos de indexação identificam o assunto de que trata o documento”. Além dessa descrição física ou bibliográfica do item informacional, faz parte do processo da representação descritiva a indicação dos pontos de acesso, tema tratado a partir das normas e regras de instrumentos como por exemplo o AACR2. [...] a construção do ponto de acesso compõe lugar de destaque na Catalogação e no ato de catalogar e não deve ser encarado como um simples procedimento de repetição, pois demanda reflexão e construção de relacionamentos que propiciarão além do acesso, a padronização de nomes para o registro bibliográfico (SOUSA; SALDANHA; TOLENTINO, 2017, p. 327). Ainda, em outras palavras, a representação descritiva, instrumentalizada por normas, regras, padrões e formatos, tem como propósito não só considerar a diversidade dos suportes, mas também, de considerar as características puramente bibliográficas, bem como, as características textuais, e isto inclui a carga semântica que cada unidade documentária possui, este último aspecto, designado mais especificamente pela representação temática. De maneira geral, a representação descritiva – catalogação tem como principais objetivos: • propor e desenvolver as normas, regras e códigos para seja possível a discrição, ou como acusa o próprio nome, a representação de um item informacional; • propiciar a elaboração e desenvolvimento de catálogos, sejam impressos ou por meio dos bancos de dados, com vias a representar as informações relativas aos documentos dos acervos institucionais a serem pesquisados; TÓPICO 2 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS 23 • o processamento técnico, tal qual faz parte a representação descritiva – catalogação (ver Figura 2), implica na recuperação da informação, possibilitada pela utilização dos metadados, ou seja, dados que se referem a descrição e identificação dos recursos, e estes, por sua vez, são utilizados para tornar a informação única, identificável, localizável e acessível, para que esta possa, então, ser disseminada (ver Figura 3). Em suma, pelo processo de catalogação torna-se possível estruturar os documentos por meio de: elementos descritivos que o caracterizem, pontos de acesso que o identifiquem, registros para buscas previstas pela comunidade usuária e organização do acesso referente aos dados de localização, mas também, de partes do documento, levando em consideração a forma que determina e é determinada a apresentação desses elementos (SOUSA; SALDANHA; TOLENTINO, 2017, p. 326). Aliada à representação descritiva, tem-se a Representação Temática, que exprime o conteúdo de determinado documento por meio de assuntos a partir das classificações bibliográficas, da indexação e da elaboração do resumo de um item informacional (CATARINO; SOUZA, 2012; ORTEGA, 2011). A representação descritiva é complementada pela representação temática, no sentido de que a primeira representa “as características específicas do documento que permitem sua individualização e define e padroniza os pontos de acesso responsáveis pela busca e recuperação da informação e pela reunião de documentos semelhantes”. Por sua vez, a representação temática tem como objetivo atribuir assuntos aos documentos por meio da “[…] da classificação bibliográfica, da indexação e da elaboração de resumos, facilitando a recuperação de materiais relevantes que dizem respeito a temas semelhantes” (CATARINO; SOUZA, 2012, p. 84). A representação temática de documentos em bibliotecas é percorrida pelo catalogador, através do processo de análise de assunto, que tem o objetivo de propiciar o entendimento do conteúdo, para produzir a informação documentária, que será disponibilizada no catálogo. Com isso, compreende-se que a representação temática de livros deve estar amparada por um processo que realmente contribua para a identificação condizente do assunto abordado no documento (SOUSA, 2013, p. 137). De forma geral, para que uma biblioteca consiga atingir os seus objetivos relativos a atender a demandas dos usuários e da comunidade, precisa estar organizada. Esta organização perpassa por todos os seguimentos e setores pertencentes à biblioteca e necessita disponibilizar os itens informacionais e documentários de maneira padronizada. A organização visa à recuperação e uso do item documentário e informacional e pressupõe desde a aquisição, coleta, tratamento (tombamento, registro da obra, classificação, catalogação, etiquetagem, armazenamento dos itens na estante) até a disseminação, recuperação e uso (PEREIRA, LAURINDO, SANTIAGO, 2011, p. 365). UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 24 Em uma perspectiva mais prática, a representação descritiva – catalogação, como um dos procedimentos do processo de tratamento técnico da informação, é acompanhada por outros procedimentos e processos. De maneira geral, até chegar à etapa de processamento técnico, o bibliotecário necessitater ciência de dois principais aspectos, ou seja, identificar os objetivos e escopo da biblioteca e/ ou instituição ao qual presta serviço e, aliado a isso, é preciso também conhecer as necessidades, características e comportamentos do usuário que, em um primeiro momento é consumidor da informação e, em um segundo momento pode se tornar o produtor da informação que precisa ser tratada. Considerado estes dois aspectos, o bibliotecário passa a elaborar procedimentos próprios da biblioteca ou da instituição e ou ainda, a obedecer às normas ou estatutos pré-estabelecidos para a delimitação das obras que vão compor o acervo. Para tal, em conjunto com demais responsáveis, o bibliotecário deve estar atento às melhores opções de livros, por exemplo, e acompanhar o mercado de editoração, seja ele com obras impressas e/ou com concessões de licenças de bibliotecas digitais para iniciar as escolhas dos itens do acervo no processo de seleção. Com a seleção efetivada se tem a possibilidade de fazer a aquisição, seja esta efetuada por vias de cotação ou lançamento de edital para licitação pública. E só após este processo, é que se tem início ao processamento técnico das informações pertinentes a cada item do acervo. Vale ressaltar a importância de se dispor de sistemas de informações com softwares adequados e adaptados às atuais normas e regras envoltas em todo processamento técnico, para que seja possível efetivá-lo de forma pertinente, consistente e, a certa medida, sustentável. O processamento técnico, tem como um dos processos a catalogação, que abarca a representação descritiva e a representação temática, a indexação que, em certa medida não deixa de estar relacionada com a representação temática, e a classificação. Todos esses processos possuem suas características, normas, regras e códigos próprios, tal qual, como foco desta disciplina, está a catalogação — a representação descritiva e temática. A etapa de processamento técnico pode ser acompanhada na Figura 2. TÓPICO 2 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS 25 FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS PROCEDIMENTOS, PROCESSOS NORMAS ENVOLTOS NA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO FONTE: A autora O processamento técnico é um dos processos mais importantes de uma biblioteca para que os itens informacionais pertencentes ao acervo possam ser armazenados, organizados e disponibilizados ao usuário e a informação possa, então, ser acessada e disseminada. Nesse sentido, a biblioteca deve contar com sistemas de informações e softwares adequados também ao usuário, para que este consiga ter autonomia e eficácia na busca e recuperação da informação que necessita. A Figura 3 apresenta graficamente as implicações advindas do processamento técnico da informação, tal qual faz parte a representação descritiva – catalogação. FIGURA 3 - IMPLICAÇÕES ADVINDAS DO PROCESSAMENTO TÉCNICO DA INFORMAÇÃO FONTE: A autora SISTEMAS DE INFORMAÇÕES – SOFTWARES PARA BIBLIOTECAS PROCESSAMENTO TÉCNICO CLASSIFICAÇÃOINDEXÃOCATALOGAÇÃO CDD/CDULinguagens documentárias Representação Temática Representação Descritiva ABNT APA Vancouver AARC2 RDA Cabeçalho de assunto controlado Cabeçalho de assunto não- controlado CUTTER Tesauros PROCESSAMENTO TÉCNICO DA INFORMAÇÃO Armazenamento da informação Armazenamento da informação Sistemas de informação - Software para Usuários Sistemas de informação - Software para Usuários Usuário / Busca de informação Usuário / Busca de informação Recuperação da Informação Disseminação da Informação UNIDADE 1 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: ASPECTOS NORTEADORES 26 O tratamento físico é um dos processos que também qualifica o acesso às obras quando estas são de suporte físico (exemplo: livros impressos, DVDs, CDs, entre outros materiais). As obras do acervo físico devem estar adequadamente organizadas em estantes de livre e fácil acesso a todos os tipos e necessidades dos usuários. Ademais, como visto na Figura 2, ao processo de catalogação, da representação descritiva e representação temática estão inerentes a outros conceitos importantes, tais quais os conceitos de catalogação e indexação com seus respectivas regras, normas e instrumentos (ver Quadro 1). QUADRO 1 – CONCEITOS INERENTES AO PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO E REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA Classificação Conceito: a classificação é utilizada pelo bibliotecário como uma das principais ferramentas no serviço de recuperação da informação e no de referência. A classificação produz uma representação da informação no formato de números e símbolos que descrevem o conteúdo do documento de maneira mais abrangente e pontual. O produto da catalogação é efetivado pela representação de uma ordem alfanumérica múltipla de conceitos, ideias e informações organizadas em classes, ou seja, em grupos de documentos que possuem algo em comum e possibilita o acesso mais efetivo e facilitado do usuário as informações (PRADO, 1992; CAFÉ; SALES, 2010). Instrumentos mais comuns: Classificação Decimal Dewey (CDD), Classificação Decimal Universal (CDU) e Tabela de Cutter (tabela de códigos que que indicam a autoria de uma obra literária elaborada por Charles Ammi Cutter em 1880). Indexação Conceito: essencial para recuperação dos assuntos das obras disponibilizadas em qualquer acervo. A indexação diz respeito à representação dos conteúdos de determinado documento e se inicia com a leitura técnica por parte do bibliotecário, para então se extrair os principais termos por meio da utilização de uma linguagem documentária controlada ou pela extração das principais palavras que representam os conceitos da obra. Por ter um caráter de especificidade e exaustividade o processo de indexação tem a função de complementar a organização da informação realizada no processo de catalogação (CAFÉ; SALES, 2010; CUNHA; CAVALCANTI, 2008). O produto da indexação é efetivado pela organização dos descritores ou palavras-chaves resultantes do processo de indexação em tesauros com o uso de linguagem documentárias controladas ou não controladas (FUJITA, 1998). Instrumentos mais comuns: Thesaurus e glossários. FONTE: A autora Retomando o ponto central de discussão, ou seja, a catalogação, Mey, em um artigo publicado em 1987, elencou alguns aspectos importantes relativos a função da catalogação. Estes se fazem ainda mais pertinentes e potencializam a importância do processo de catalogação nos dias atuais, a considerar a evolução tecnológica e o contexto de como os usuários possuem acesso, e ainda, como eles próprios produzem a informação e, consequentemente, o conhecimento. Alinhadas a este contexto atual da produção e disseminação da informação, faz- se relevante indicar essas (MEY, 1987b). Ainda, além dos referidos aspectos, pode-se constatar que o processo de catalogação tem como objetivo abranger dois planos principais: a perspectiva do usuário e a ótica do autor. A catalogação deve deixar expressa a ótica do autor, TÓPICO 2 | REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONCEITUAIS 27 e, desta forma, possibilitar que cada informação ou conhecimento encontre o seu usuário. Na perspectiva do usuário, a catalogação tem objetivo informar, instruir e motivar: “[...] informa quando localiza um item determinado; instrui quando permite ao usuário escolher entre as várias manifestações de um item determinado; motiva quando permite ao usuário escolher itens que lhe eram até então desconhecidos (MEY, 1987b, p. 144). Existem diversificadas formas de representação, desde alfabetos, números, diagramas e desenhos. Contudo a adoção de uma representação descritiva adequada e preferencialmente padronizada facilita as métricas internas de trabalho do profissional e a cooperação da informação entre os diferentes meios de divulgação e disseminação da informação. Ainda, aliado a sistemas de informação com interfaces ‘amigáveis’ e intuitivas, potencializa a busca e o acesso à informação
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