122 UNIDADE 2 | PRINCIPAIS NORTEADORES DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA – CATALOGAÇÃO Surge em seguida, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1946 que se apresentava dentro de suas finalidades e funções, a de manter, desenvolver e disseminar o conhecimento, por meio da cooperação internacional, tornando assim, todos os materiais publicados acessível a todos. Dentro das funções da Unesco é estar voltada ao estabelecimento de padrões para as bibliotecas nacionais que se refletem sobre as práticas biblioteconômicas. Criou um programa de Controle Bibliográfico Universal, que elegeu como norma básica para a descrição bibliográfica a ISBD, e com o formato de intercâmbio, o UNIMARC, a Unesco e a IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias) vêm exercendo um papel fundamental no intercâmbio de registros bibliográficos e consequentemente, na catalogação. No ano de 1954, um marco foi a criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) na biblioteconomia brasileira, com a segunda edição do Código de catalogação da Biblioteca Vaticana e sua difusão no país, o curso de especialização que originou o curso de mestrado na área de informação; várias bibliografias especializadas; um catálogo coletivo de monografias e em especial, o Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC). Logo após, em 1975 o IBBD transformou-se em Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBCT) agora como gerente e suporte técnico. A década de 1960 trouxe a evolução dos recursos computacionais. Surge assim, o projeto MARC (Machine Readable Cataloging) e do MARC II, pela LC, quer dizer, um formato padrão para entrada de informações bibliográficas em computador. Não um processo de mecanização, pelo contrário, um ajuste dos recursos tecnológicos da época a catalogação tradicional. O primeiro evento no sentido de normalização internacional foi a Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação, ou Conferência de Paris, realizada em 1961, onde se determinou através de acordos e discursões vários pontos básicos da catalogação. Como a decisão sobre cabeçalhos de nomes de pessoais e títulos uniformes; cabeçalhos de acordo com o uso da língua ou país da pessoa responsável pela obra, ou assunto da obra; uso de títulos uniformes, além de discussões sobre cabeçalhos para nomes de entidades coletivas. Em 1967, publicou-se a primeira edição das Anglo-american Cataloging Rules (AACR) [Regras de catalogação anglo-americanas] que representa as interpretações das regras de catalogação em conjunto com a ALA, Canadian Library Association e Library Association (Inglaterra). Passou em 1969, a ser editada pelo Brasil com a tradução para o português da versão americana com o título de Código anglo- americano de catalogação, seguindo de uma segunda edição em 1978, conhecida como AACR2, passando a ser adotada em todas as escolas biblioteconômicas, e consequentemente, extinguindo a diversidade de códigos no ensino. Um evento em 1969, marca substancialmente o caminho da padronização: a Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação (RIEC), realizada em Copenhague que trouxe um notável especialista em catalogação, Michael Gorman, apresentando um documento básico à RIEC, denominado International Standard Bibliografic Description [Descrição bibliográfica internacional normalizada] ou TÓPICO 3 | PRINCIPAIS CÓDIGOS E CATÁLOGOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS UTILIZADOS PARA A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA - CATALOGAÇÃO 123 ISBD, que padronizava as informações contidas na descrição bibliográfica. Gorman, sistematizou a ordem das informações e a pontuação utilizada antes de cada informação, de modo a tornar possível seu reconhecimento pelos computadores. Com isso, a ISBD se tornou um caminho da padronização utilizado por todos os países que se dispuseram a usá-la aceitando-a, acarretando em mudanças no código de catalogação, que incorporaram essas normas em novas edições, tornou-se assim, a norma internacional para intercâmbio de registros bibliográficos. Com a evolução das tecnologias, a área da chamada documentação evolui com isso, a Organização Internacional do Trabalho desenvolveu um sistema (não apenas um formato) para gerenciamento automatizado de informações científicas, o ISIS (Integrated Scientific Information System) assumido pela Unesco, havendo versões para mini e microcomputadores: Mini-ISIS e Micro-ISIS. Foram eleitos como padrões o AACR2 e o formato MARC, totalmente compatíveis com sistemas internacionais de intercâmbio de registros bibliográficos, no espírito do programa de Controle Bibliográfico Universal. Grandes realizações aconteceram nacional e internacionalmente no tocante aos recursos tecnológicos e que marcaram a história dos catálogos e da catalogação. Porém, é notável a ausência da evolução ao lado das práticas biblioteconômicas percebendo-se principalmente a carência de recursos financeiros para dar suporte a prática biblioteconômica, induzindo a necessidade de parcerias com a indústria de informação, o que leva muitas vezes a flexibilidade e às mudanças de nossas práticas. 4 PROCESSO DE CATALOGAÇÃO Inicia-se com a leitura técnica do item, que requer a análise para levantar os dados informacionais necessárias para representar o mesmo. Esses dados são retirados da Fonte principal de informação que são as seguintes: página de rosto e outras páginas que a antecedem, capa, colofão, encartes, apêndices, anexos, glossários, bibliografias, contêiner. Após a leitura técnica, a catalogação compreende-se em três fases: a descrição bibliográfica, o ponto de acesso e dados de localização. A descrição bibliográfica é o processo de caracterização do item no qual será descrita a ficha catalográfica que consiste nas seguintes áreas: título, indicação de responsabilidade, edição, local de publicação, editora, data de publicação, descrição física, séries, área de notas. Os pontos de acesso são dados os quais os usuários consultarão a representação do item, em que se dividem em principal e secundários, no qual o primeiro é a primeira informação registrada e a segunda são dados mais os pontos de acesso além do principal, denominadas pistas. Os dados de localização é o meio em que permite o usuário localizar o item no acervo, em que em bibliotecas são denominadas números de chamada, que geralmente compreendem o código da biblioteca e o número de chamada. FONTE: BRUNA, Dayane; ALVES, Emanuele. Catalogação: análise e parâmetros gerais da representação da informação. ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO: OS NOVOS CAMPOS DA PROFISSÃO DA INFORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE, 14., 2011, São Luís. Anais[...]. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2011. Disponível em: https://docplayer.com.br/4661270-Catalogacao-analise-e- parametros-gerais-da-representacao-da-informacao-1.html. Acesso em: 16 jul. 2019. 124 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • As características dos principais códigos e catálogos internacionais impulsionaram o desenvolvimento da Representação Descritiva – Catalogação em todo mundo. • A Biblioteca do Congresso, a American Library Association (ALA) e Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foram algumas das instituições mais importantes para o desenvolvimento de ações com o objetivo de padronizar e universalizar as regras e normas utilizadas para a Representação Descritiva – Catalogação. • O Brasil não possui um código de catalogação próprio, utiliza como critério padrões internacionais como os apresentados no AACR2. No entanto, a Biblioteca Nacional, uma das mais importantes bibliotecas do mundo de acordo com a Unesco, desenvolveu catálogos específicos que auxiliam o catalogador na tomada de decisão relativas a representação