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1 Manuela Silvestre Monteiro ABDOME AGUDO DEFINIÇÃO Abdome agudo é uma condição clinica que tem como principal sintoma a dor abdominal aguda, necessitando de avaliação e tratamento rápidos, seja este cirúrgico ou não • Diagnostico precoce é essencial para diminuir morbimortalidade- o tempo é ouro • Anamnese detalhada e exame físicico minuncioso >>>>>>> exame complementar • A primeira avaliação é a mais importante porque a analgesia subsequente pode alterar o exame físico • Avaliações seriadas pelo mesmo médico são a melhor forma de determinar a progressão ou a resolução da doença ANAMNSESE Detalhada e dirigida • Dados gerais: principalmente idade e sexo • Avaliação da dor e sintomas associados • Historia de crises semelhantes • Hábitos de vida: etilismo, tabagismo, drogas ilícitas • Antecedentes cirurgicos • Comorbidades • Uso de medicações: opióides, AINES, anticoagulantes, imunossupressores • DUM, info sobre ciclos menstruais, antecedentes ginecologicos, corrimento vaginal DOR ABDOMINAL A dor abdominal é uma das queixas mais comuns no PS: desafio diagnóstico e terapêutico Pode ser causada por: • doenças benignas ou até potencialmente fatais • doenças intra-abdominais mecanicas ou funcionais • doenças extra-abdominais ou sistemicas FISIOLOGIA DA DOR Dor somática ou parietal: origem no peritonio parietal, é constante, fixa e se acentua com movimentos. O paciente fica imóvel (ex peritonite) ** Peritonite: inflamação do peritonio por secreções (quanto mais ácida, mais rápida e mais intensa) Úlcera perfurada: intensa e rápida -ph muito baixo Sangue: ph mais básico, demora cerca de 6h para irritar Fezes: apesar de ser mais colonizada e infecciosa, é mais básica e demora. A peritonite fecal é mais grave na questão da sepse Dor visceral: provocada por distensão ou contração de vísceras ocas, de localização imprecisa, que faz o paciente se movimentar bastante (tipo cólica) Cólica biliar: colelitíase (dor no ponto cístico) Dismenorreia: colica menstrual Dor referida ou irradiada: dor de origem intra-abdominal que se manifesta em área anatomicamente distante, por compartilhar os mesmos circuitos neurais centrais (dor no ombro direito por irritação do diafragma 10 DIMENSÕES DA DOR 1) localização da dor 2) duração 3) evolução: como se comportou a dor 4) irradiação 5) característica/qualidade: como se apresenta? Tipo cólica? Pontada? 6) Intensidade 7) Relação com funções orgânicas 8) Fatores desencadentes/agravantes 9) Fatores que aliviam 10) Manifestações associadas e cronologia EXAME FÍSICO • Estado geral (ectoscopia)- há sinal de gravidade? Atenção aos sinais de comprometimento sistemico/ instabilidade hemodinamica/ sepse-taquipneia, hipotensão, sonolencia • Exame cardiopulmonar para descartar causas não abdominais (IAM de parede inferior pode causar epigastrialgia ou pneumonias de base que simulam apendicite) • Inspeção: distensão, abaulamentos, cicatrizes (bridas) , hérnias (pode causar abdome agudo), equimoses. Sempre expor da região toracoabdominal até a região inguinal • Ausculta: RHA ausentes (o intestino pode parar os Mov peristálticos -abdome silencioso: alguma secreção faz com que o intestino perca os movimentos peristálticos), aumentados ( obstrução ajuvante ou amotante, o intestino tenta vencer e tem peristaltimo de luta) , metálicos (não tem obstrução total, é parcial. Mais agudo) • Percussão: distensão gasosa, ascite (piparote), peritonite localizada ou difusa. Pode usar em pacientes mais tensos e já examinados outras vezes porque causa menos dor e mais aceitação (princ crianças) • Palpação: localização da dor, massas, viscermomegalias, massa pulsátil, descompressão brusca ( no ponto de McBurney- Blumberg), sinal de murphy • Mobilização: sinais clínicos (mobiliza colo de útero- grito de douglas) • Toque retal (olhar se tem fezes) e toque vaginal/bimanual (dependendo da anamnese) 2 Manuela Silvestre Monteiro • Toque retal: faz no trauma, quando há hemorragia digestiva, quadros de obstrução intestinal SINAIS IMPORTANTES Sinal de Blumberg Dor à descompressão brusca na sequência da palpalção profunda da fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney. Indicativo de apendicite aguda (ponto de McBurney: cicatriz umbilical até a espinha ilíaca superior: terço inferior- ponto de mcburney) Sinal de Rosving Dor observada na fossa iliaca direta por ocasião da palpação profunda na fossa ilíaca e flanco esquerdo- distenção do ceco- distenção do apendice . Indicativo de apendicite aguda (deslocamento da coluna de ar do sigmoide até o ceco) Sinal de murphy Interrupção da inspiração profunda pela dor à palpação (com o polegar) da região vesicular (localiza o ponto cistico: linha traçada da linha hemiclavicular D até o rebordo costal e uma linha da cicatriz umbilical até o rebordo costal, o ponto cístico é na intersecção das linhas). -é, talvez, a expressão maior da propedeutica abdominal da colecistite aguda mas pode ser cólica biliar Cullen Hematoma periumbilical-hemoperitônio Grey Turner Áreas locais de descoloração ao redor do umbigo e flancos- pancreatite hemorrágica aguda ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO • Apendicite, colecistite aguda, doenças inflamatórias pélvicas, diverticulite, abcessos intra- abdominais, peritonites primárias e secundárias Obstrução da luz do órgão oco → excesso de produção de muco → distenção desse orgao → congestão venosa → obstrução arterial → translocação bacteriana → infecção: peritonite Pode causar isquemia, necrose e perfuração • Clínica: dor abdominal difusa, resistencia abdominal voluntaria, náusea/ vômito, febre (que não tem deficiencia imunológica), constipação • Diagnóstico: anamnsese, exame físico • Exames de imagem: Tc (se a usg não esclarecer, faz com constaste em forte suspeita de diverticulite ou pancretite aguda), Rx (simples de tórax AP e abdome), USG abdome total (colecistite é padrão- ouro) • Exames laboratoriais: hemograma, sumário de urina, pcr, amilase, Bhcg ABDOME AGUDO PERFURATIVO • Úlcera péptidica, neoplasia gastrointestinal perfurada, amebíase, febre tifoide, diverticulos de colon, perfuração iatrogênica de alças de intestino ou de útero • Clínica: palidez, dor abdoominal súbita, de forte intensidade, aguda e persistente devido a uma peritonite intensa, sudrese, ausencia da macicez hepática (sinal de Jouberg- timpanismo na área hepática), evolui rápido para a sepse • Diagnóstico: clinico • Exames de imagem: rx (abdome e tórax PA) e tc (se rx não esclarecer ou pct estável) USG NÃO PORQUE AR PREJUDICA • Exames laboratoriais: hemograma, sumário de urina, pcr, amilase, Bhcg, pode pedir tgo e tgp, uréia e creatinina ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO • Aderencias intestinais, hérnia estrangulada, fecaloma, obstrução pilórica, volvo, intussuscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de áscaris • Fisiopatologia: obstrução mecanica simples, obstrução intestinal com estrangulamento, obstrução em alça fechada e íleo paralítico • A obstrução pode ser: -alta ou baixa - parcial ou total -intraluminal ou extraluminal • Clínica da obstrução alta: primeiro o paciente apresenta nauseas e vomitos e depois a parada de eliminação de gases e fezes. Vomitos amarelo- esverdeados e precoces, desidratação, instabilidade hemodinamica • Clínica da obstrução baixa: primeiro tem parada de eliminação de gases e fezes e depois vomitos tardios e de aspecto fecalóide, distensão abdominal • Diagnóstico: clínico • Exames de imagem: rx (abdome e pa de tórax) , tc. Usg não ajuda por causa da distensão gasosa • Exames laboratoriais: hemograma, sumário de urina, pcr, amilase, Bhcg ABDOME AGUDO VASCULAR • Isquemia intestinal, trombose mesentérica, torção do omento,torção de pedículo de cisto ovariano, infarto esplênico • Fisiopatologia: hipeperfusão prolongada→ vasoconstricção e redução do fluxo colateral → necrose e infarto transmural 3 Manuela Silvestre Monteiro • Causas: trombose da arteria ou veia Mesenterica S, embolia da A. Mesenteria S, vasoespasmos (causas não oclusivas) • Clínica: dor abdominal desproporcional ao exame físico, toque retal com sinal sugestivo de geleia de amora, febre (quando aparece é sinal de complicação- peritonite) • Diagnóstico: clínico • Exames de imagem: tc e rx (o padrão-ouro é angiotomo). Usg não ajuda • Exames laboratoriais: hemograma, sumário de urina, pcr, amilase, Bhcg ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO • Gravidez ectópica rota, ruptura do baço, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, endometriose • Clínica: instabilidade hemodinamica por choque hipovolêmico: palidez, sudorese, cianose de extremidades hipotensão, taquicardia, equimoses, peritonite (demora um pouco porque é sangue) • Exames laboratoriais: hemograma, sumário de urina, pcr, amilase, Bhcg • RX ajuda pouco, Tc se pct estável, USG padrão- ouro (pode usar também transvaginal) JANELAS FAST • Cardiaca • Espaço hepatorrenal (morrison) • Espaço esplenorrenal • Pelve TRATAMENTO • Na maioria das vezes, a definição da síndrome clínica permite iniciar o tratamento mesmo sem o diagnóstico etiológico preciso • O tratamento definitivo depende do diagnóstico correto da etilogia do abdome agudo • Abdome agudo e perfurativo tem tratamento cirúrguco na maioria dos casos *diverticulite c micropneumoperitonio pode ser tratado de forma clínica, bem como quando há pouca hemorragia e essa está cessada
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