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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO CONTABILIDADE APLICADA 12 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever a respeito da evolução histórica e conceitual da Ciência Contábil. > Identificar o campo de atuação do contador e sua importância no mercado de trabalho. > Reafirmar os princípios que sustentam a Ciência Contábil. UNIDADE 1 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, estudaremos a respeito da evolução da Lei das Sociedades por Ações, desde o seu primeiro esboço até os tempos atuais. Analisaremos também como tal evolução beneficiou o mercado brasileiro e elevou as práticas contábeis aos patama- res internacionais. Ainda veremos sobre os pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, especialmente o CPC nº 16, que traz as diretrizes de avaliação dos estoques. Bons estudos! 14 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Como surgiu a contabilidade? Qual a sua importância dentro de uma organização? Como aplicar os conceitos contábeis na rotina organizacional? Quais pilares susten- tam e norteiam essa ciência? Essas são algumas das questões que vamos responder nesta unidade. Vamos começar? 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO 1 A LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES 1.1 A CIÊNCIA CONTÁBIL E SEU PAPEL SOCIAL Não se sabe ao certo quando foi o surgimento da contabilidade, mas muitos acredi- tam que pode ter sido até mesmo antes da escrita, visto a necessidade de controlar os acréscimos e decréscimos das posses e riquezas. Mesmo que de forma simples e rudimentar, observa-se que, desde os primórdios, a simples contagem do rebanho já significava preocupações com inventário. Mas, enfim, o que é contabilidade? A contabilidade é uma ciência social que organiza, controla e avalia a evolução patri- monial de uma entidade (MARION, 2015). Ela é classificada como ciência social, uma vez que, em seus fundamentos, considera os reflexos dos fatos humanos no compor- tamento das riquezas que compõem o patrimônio. Você verá que a contabilidade é um instrumento que fornece aos seus usuários in- formações econômico-financeiras das empresas ou entidades públicas. Para tanto, utiliza registros, classificações, demonstrativos e análises dos dados e fatos. Assim, for- nece informações para a tomada de decisões a respeito das variações do patrimônio de uma empresa. Vale citar que muitas vezes a contabilidade foi vista com o objetivo único de atender Muitas pessoas, erroneamente, pensam que Ciências Contábeis é uma ciência exata. Mas não é verdade! Apesar de utilizar métodos quantitativos, não se pode confundi-la com tal, pois os números são apenas uma forma de mensurar o valor das ações humanas.. 16 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO às exigências fiscais. Isso está incorreto! Claro, esse também é um dos objetivos, mas apenas um deles. A contabilidade vai muito além disso. Ela busca ser um instrumen- to confiável para tomar decisões assertivas e lucrativas para os negócios. 1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS Acredita-se que a contabilidade surgiu mesmo antes da escrita e da moeda. Adveio da necessidade de controle das riquezas. Então podemos observar que é uma ciência antiga! Os sistemas de escrituração por partidas dobradas, que consideram que para cada débito existe um crédito, surgiram a partir do século XIII e XIV em diversos pontos comerciais do norte da Itália. Tal fato exemplifica a antiguidade da contabilidade. Você sabia que alguns autores consideram como “pai da contabilidade” o italiano Luca Pacioli? Quintana (2014) nos traz em seu livro que isso se dá porque, em 1494, Pacioli publicou, pela primeira vez, em um dos livros dele, um capítulo sobre o siste- ma de escrituração por partidas dobradas. A partir de então, vários outros estudiosos começaram a conceituar e escrever obras a respeito do tema Ciências Contábeis, suas aplicações, demonstrativos, registros e análises. Entrando na Idade Média, observamos precária atividade empresarial. Os pequenos comerciantes e artesãos começaram a demandar informações simples, como o total de suas dívidas e recebíveis e prazos para ambos. Com o tempo, o comércio apresentou crescimento significativo e exigiu que a conta- bilidade também acompanhasse a evolução da globalização. Nesse sentido, o ensino contábil, para atender às necessidades que iam surgindo, apresentou duas grandes vertentes em sua origem: a Escola Italiana e a Escola Ame- ricana. A Escola Italiana valoriza a escrituração e os lançamentos contábeis, para de- pois focar nas demonstrações. Já a Escola Americana parte de uma visão conjunta de dados, especialmente o balanço patrimonial, para depois analisar lançamentos individuais; por esse motivo, é a escola de aceitação universal. No Brasil, foi criada em 1902 a Escola de Comércio Álvares Penteado. Sediada em São 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Paulo, adotou as diretrizes da Escola Italiana de Contabilidade. Já em 1946, a Univer- sidade Federal de São Paulo inaugurou a Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP), na qual a Escola Contábil Americana foi introduzida. Uma equipe de pro- fessores da FEA/USP, na década de 1970, lançou o livro Contabilidade Introdutória, que reforçou a metodologia dessa segunda escola. Outro marco importante da evolução da contabilidade no Brasil foi a publicação da Lei n° 6.404/1976, denominada Lei das Sociedades por Ações. Trata-se de um regi- mento de extrema aplicação no campo de atuação contábil, que também adotou diretrizes da Escola Contábil Americana. A Lei das Sociedades por Ações foi atualizada pela Lei n° 11.638/07 com o objetivo de adaptar o Brasil às novas exigências de regulação contábil internacional, dando maior transparência às atividades empresariais brasileiras em âmbito internacional. Nesse sentido, precisamos também entender o núcleo conceitual básico da contabi- lidade para melhor compreender sua importância atual. 1.2.1 O NÚCLEO CONCEITUAL BÁSICO DA CONTABILIDADE A contabilidade busca identificar, mensurar e comunicar a informação econômica e financeira de uma empresa para facilitar a tomada de decisão (QUINTANA, 2014). Para tanto, o núcleo básico da contabilidade considera seus objetivos, cenários e prin- cípios. Apesar de a contabilidade ter por objeto o patrimônio das entidades, o seu principal objetivo é controlar e analisar as variações patrimoniais para gerar informa- ções úteis à tomada de decisão (MARION, 2015). Assim como apresentado na figura 1, a contabilidade busca acompanhar de perto as variações do patrimônio. 18 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 1 - PATRIMÔNIO EM FOCO Fonte: Shutterstock (2018). Mas o que é o patrimônio? Patrimônio são os bens, direitos e obrigações pertencen- tes à organização (QUINTANA, 2014). Vamos agora entender um pouco mais sobre cada um dos componentes do patrimô- nio. Os bens podem ser materiais (também chamados de tangíveis ou corpóreos) ou imateriais (também chamadosde intangíveis ou incorpóreos). Os bens materiais são físicos, como equipamentos, máquinas, dinheiro e mercadorias. Já os imateriais não são físicos, como direito de uso de marcas, patentes e fundo de comércio. Os direitos são valores a receber oriundos de suas operações realizadas a prazo, como duplicatas, empréstimos, títulos, etc. E, por fim, as obrigações são compromissos assumidos com terceiros, tais como duplicatas a pagar e salários. Então, para a contabilidade atinjir o objetivo de acompanhar as modificações do pa- trimônio (bens, direitos e obrigações), utiliza algumas ferramentas: • Escrituração contábil: nada mais é do que registrar os fatos ocorridos no patri- mônio da empresa. • Demonstrações contábeis: demonstrativos que retratam a situação patrimo- nial da entidade, tais como balanço patrimonial, demonstração do resultado e fluxo de caixa. • Auditoria contábil: possui normas específicas para o exame de documentos, registros e livros contábeis a fim de verificar se as normas e padrões foram se- guidos e apontar oportunidades de melhorias. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO • Análise de demonstrações contábeis: permite analisar e comparar demonstra- tivos, o que fornece dados e interpretações sobre a atividade desenvolvida e os resultados alcançados. Quem poderá exercer essa função? Adiante, vamos entender um pouco sobre as fun- ções e exigências do profissional da contabilidade. 1.2.2 O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE Para exercer a profissão de contador, é obrigatória a conclusão do curso de Bachare- lado em Ciências Contábeis devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação. Também se exige a aprovação no Exame de Suficiência e registro no Conselho Regio- nal de Contabilidade, segundo o artigo 12 do Decreto-lei n° 9.295/46. O mesmo decreto dita que os profissionais de nível médio, também chamados de Técnicos em Contabilidade, registrados no Conselho de Contabilidade até 1º de julho de 2015, têm assegurado o direito de exercício da profissão. Após essa data, não é mais possível o registro de novos profissionais com nível técnico. Logo, pode-se dizer que existem duas categorias de profissionais contábeis: os conta- dores e os técnicos em contabilidade. Os contadores são aqueles com formação em nível superior, e os técnicos são profissionais com formação em nível médio. FIGURA 2 - PROFISSIONAIS CONTÁBEIS Fonte: Shutterstock (2018). Os profissionais contábeis possuem muitas alternativas de aplicação de seu conheci- 20 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO mento. Marion (2015) cita, em sua obra, as seguintes opções: • Contabilidade Financeira: área da contabilidade que fornece informações bá- sicas e é obrigatória para fins fiscais. • Contabilidade de Custos: área da contabilidade que tem por objetivo levantar os custos das operações. • Contabilidade Gerencial: área da contabilidade mais voltada a fornecer infor- mações que embasem os gestores em tomadas de decisões. Além dessas macroáreas, os contadores podem optar pelas carreiras de auditor, peri- to, analista financeiro, consultor, professor, entre outros, como veremos mais adiante na unidade. MaS QUal É a atUaÇÃo da Contabilidade? A atuação da contabilidade se dá na entidade econômico-financeira que busca al- cançar seu objetivo econômico ou social por meio da gestão do seu patrimônio. Tal gestão, como dito anteriormente, gerará informações. E para onde vão tais informa- ções? Toda informação gerada pela contabilidade vai para algum (ou mais de um) de seus diversos usuários. O usuário é todo aquele que utiliza da informação contábil para algum fim. Podem ser investidores, empregados, credores de empréstimos, fornece- dores, clientes, governo, sócios, etc. Vale ressaltar que algumas profissões são restritas aos contadores, como o caso de auditor fiscal. São prerrogativas exclusivas dos contadores legalmente habilitados as previstas no art. 3º, itens de 1 a 6, 8, de 19 a 26, 29, 30, de 32 a 36 e de 42 a 45 da Resolução CFC nº 560/83. Não deixe de pesquisar sobre essa resolução na internet ou na sua biblioteca virtual! 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Dessa forma, os profissionais da contabilidade podem atuar em diferentes entidades econômicas, sendo as principais: • Órgãos públicos: contador público, fiscal de tributos, auditor interno, entre ou- tras. • Empresas privadas: controller, auditor interno e contador. • Profissional liberal: atividades em escritórios de contabilidade como auditor independente, consultor e perito contábil. • Instituições de ensino: professor e pesquisador. MaS QUaiS SeRiaM aS atRibUiÇÕeS do ContadoR? O contador tem por atribuição a escrituração dos livros contábeis obrigatórios, ela- boração de balanço patrimonial e demais demonstrações, perícias judiciais ou extra- judiciais, assistência ao Conselho Fiscal das Sociedades Anônimas ou qualquer outra atribuição que lhe seja conferida por lei. e QUanto aoS SeUS deVeReS? Tem por dever seguir o Código de Ética aprovado pela Resolução CFC n° 803/96 e pos- terior alteração pela Resolução CFC n° 1.307/10. Essa resolução dita que o contador deve exercer sua profissão com zelo, honestidade e capacidade técnica, respeitando a legislação vigente, especialmente os Princípios Contábeis (que serão tratados a seguir) e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Também deve guardar sigilo das informa- ções contábeis, exceto nos casos previstos em lei, inteirar-se dos acontecimentos antes de emitir um parecer, ajudar na fiscalização do exercício profissional, cumprir progra- mas obrigatórios de educação continuada estabelecidos pelo CFC, entre outros. 22 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO E você? Já pensou qual rumo dará a sua carreira? Pesquise na internet a respeito, converse com profissionais experientes da área e comece a fazer seu futuro acontecer. Acredite em você e mantenha o foco! 1.2.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE FIGURA 3 - PILARES DA CONTABILIDADE Fonte: Shutterstock (2018). Na Figura 3, os pilares sustentam a construção civil. Você sabia que os princípios con- tábeis sustentam todo o regimento contábil? Eles são regidos principalmente pela Resolução n° 750 do Conselho Federal de Contabilidade e também pela Resolução n° 1.282/10 do CFC. São vários os princípios contábeis, como cita Almeida (2013). Mas os principais são: • Entidade Esse princípio reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a ne- cessidade de diferenciação entre patrimônio particular dos sócios e patrimônio da empresa. Em outras palavras, o patrimônio de uma empresa não se confunde com o patrimônio de seus donos. Nesse caso, a entidade fica muito bem delimitada. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO • Continuidade O princípio da continuidade, como o próprio nome diz, parte do pressuposto que as operações da empresa não serão temporárias, e sim contínuas em um longo período de tempo. • Oportunidade Esse princípio busca ressaltar a importância de mensurar e apresentar dados patri- moniais de forma íntegra e tempestiva para que, assim, a informação tenha relevân- cia e confiabilidade. • Registro pelo valor original Princípio que afirma que os registros contábeis devem, inicialmente, respeitar os va- lores originais das transações e ser realizados em moeda nacional. Dessa forma, as transações serão registradas pelo valor real de compra ou venda.Posteriormente, tais transações podem e devem ser atualizadas de acordo com a variação que vierem a sofrer. • Competência Esse princípio visa registrar os fatos na data em que realmente ocorreram, indepen- dentemente do efetivo pagamento ou recebi- mento. O intuito é garantir o confronto entre des- pesas e receitas no período em que ocorrerem. • Prudência Esse princípio rege que, por precaução, devemos considerar o menor valor para o ativo e o maior valor para o passivo. Desse modo, em casos de incertezas, garante-se que o pior cenário não pre- judique as expectativas de variação patrimonial. Os princípios citados são os principais, mas existem outros. Acesse, na sua biblioteca virtual, o livro Contabilidade Intermediária, 4ª edição, do autor Marcelo Cavalcanti Almeida, e confira uma listagem mais completa. Boa leitura!!! 24 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3 CONCLUSÃO Depois do tema abordado, podemos concluir que o papel fundamental da contabi- lidade é dar subsídios para a correta tomada de decisões. Mas como? Por meio da escrituração contábil dos fatos e dados ocorridos pela organização, compilação des- ses dados e emissão de demonstrações e relatórios contábeis a fim de esclarecer aos seus diversos usuários a situação econômico-financeira da empresa. Também foi visto a respeito da evolução da contabilidade. Ela surgiu nos primórdios da civilização devido à necessidade de controle do rebanho. Observou-se, também, que apesar de ser rudimentar naquela época, já trazia alguns dos princípios contá- beis. Falando em princípios, eles são os pilares da contabilidade e norteiam toda a atuação do contador. Vimos que o campo de atuação para o profissional contábil é bem abrangente. Ele pode aplicar seus conhecimentos como autônomo, empregado da iniciativa privada ou em cargos da área pública. Além disso, pode atuar como auditor independente, entre outras opções que o mercado de trabalho oferece. Hoje, a contabilidade no Brasil está em um patamar elevado no que se refere ao aten- dimento a normas e procedimentos. Estes permitiram ao país atender às exigências internacionais de contabilidade, o que demanda, cada vez mais, que o profissional contábil aja com ética, transparência, profissionalismo e eficiência. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 2 > Compreender as transações com estoques, sua classificação, apuração de venda e compra de mercadoria e tributos sobre a receita bruta. 26 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nessa unidade estudaremos sobre os estoques, operações com mercadorias, critérios de avaliação e classificação dos estoques, apuração de compras e vendas de merca- dorias e também sobre os impostos e contribuições sobre a receita bruta.. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade estudaremos a respeito dos estoques. Falaremos a respeito das opera- ções com mercadorias, quais os critérios de avaliação e classificação dos estoques. Es- tudaremos também sobre a apuração de compra e vendas de mercadorias e ainda so- bre os tributos incidentes sobre a receita bruta. Estão prontos? Então vamos começar! 28 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 ESTOQUES 2.1 ESTOQUES Antes de falarmos de fato a respeito dos estoques, vamos recapitular alguns concei- tos contábeis importantes. A contabilidade segue o método das partidas dobradas, como vimos na unidade 1. E esse método dita que para cada direito há uma obrigação. Isso significa dizer, em termos mais técnicos, que para cada crédito existe um débito correspondente. Na contabilidade existem dois grandes grupos conforme figura 1. O grupo 1, com- posto pelo ativo e o grupo 2, composto pelo passivo e patrimônio líquido. Vamos falar mais detalhadamente sobre cada grupo oportunamente, à medida que nossas aulas avançarem. Mas por enquanto é preciso que você compreenda que para lançamento contábil, existirá outro lançamento em contra partida. Para facilitar o entendimento, veja o Quadro 1. QUADRO 1 - ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL GRUPO 1 GRUPO 2 Ativo Circulante Passivo Circulante Passivo Não Circulante Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido Fonte: Elaborado pela autora. O grupo 1, composto pelo ativo, se subdivide em ativo circulante e ativo não circulan- te. O grupo 2, se subdivide em passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio Veja o exemplo a seguir: a empresa adquiriu um veículo em 12 prestações. O veículo é um bem e, portanto, um ativo. Mas em contra partida a empresa terá que pagar as prestações desse veículo. As prestações são lançamentos do passivo. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO líquido. Os ativos são todos os bens e direitos que a organização possui. Já os passivos são as obrigações que contrapõem os direitos. O patrimônio líquido, por sua vez, é conceituado, conforme Marion (2015) como sendo uma obrigação da empresa com seus próprios donos. O patrimônio líquido é composto pelo capital próprio dos sócios (chamado de capital social), reserva de lucros, reserva de capital, lucros ou prejuízos acumulados, dentre outros. Toda essa explanação é para iniciarmos o estudo dos estoques. Já consegue identifi- car de qual grupo os estoques faz parte? Se você pensou em ativo circulante, acertou! Os estoques são algo à disposição da empresa, seja para venda, seja para transforma- ção (como é o caso das matérias primas), ou para consumo. (MARION, 2015). Os estoques se subdividem em grandes grupos (GELBCKE; SANTOS; IUDIBÍCIUS; MARTINS, 2018). Veja a seguir: • Produtos acabados • Mercadorias para revenda • Produtos em elaboração • Matérias primas • Materiais auxiliares • Materiais de manutenção e suprimentos gerais • Almoxarifado • Dentre outros O controle desses estoques é muito importante para as organizações, pois pode re- presentar a maior parcela do custo do produto vendido. Logo, os estoques afetam diretamente no resultado do exercício e por isso suas operações precisam ser con- templadas no Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE. A DRE que é um dos principais relatórios gerados pela contabilidade. Falaremos dele com mais detalhe nas próximas unidades. Mas quais são essas operações com estoques? 30 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS Vamos imaginar uma situação hipotética: a empresa de computadores Dall fechou o ano de 2017 tendo em seu estoque 5 computadores para revenda. Cada computador tem como custo unitário o valor de R$1.000,00. Logo, no começo de janeiro/2018, ela possuía a seguinte situação: Ainda em janeiro, a Dall comprou 20 computadores para revenda. Cada computador custou R$1.500,00. Dessa forma, seu estoque foi atualizado. Veja no quadro a seguir o valor total das mercadorias disponíveis para venda (MDV): No decorrer do mês de janeiro, a empresa Dall revendeu 8 computadores por R$2.300,00 cada. Qual foi o resultado dessa operação? Vamos agora resumir toda a transação que acabamos de ver? Estoque inicial (EI): 5 x 1.000,00 = 5.000,00 Posição em janeiro/2018 Estoque inicial (EI): 5x 1.000,00 = 5.000,00 Compras em janeiro/2018 (C): 20 x 1.500,00 = 30.00,00 Computadores disponíveis para revenda (MDV) = 25 unidades com custo total de 35.000,00 Venda: 8 x 2.300,00 = 18.400,00 Custo dos produtos vendidos: 35.000,00 / 25 = 1.400,00 >>> 1.400,00 x 8 = 11.200,00 Lucro bruto: 18.400,00 – 11.200,00 = 7.200,00 Estoque Final (EF): 25 – 8 = 17 unidades ao custo total de 23.800,00 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO QUADRO 2 - RESUMO DA TRANSAÇÃO EI - Estoque inicial (5 computadores) 5.000,00 C - Compras no período (20 computadores) 30.000,00 MDV - Computadores disponíveis para venda (25) 35.000,00 EF - Estoque final (17) 23.800,00 Fonte: Elaborada pela autora. Observe que a diferença entre os 25 computadores disponíveis (R$35.000,00) para o es- toque final (R$23.800,00) é exatamente o custo dos produtos vendidos (R$11.200,00). Diante do exposto, conclui-se que: QUADRO 3 - INFORMAÇÕES PARA FÓRMULA DESCRIÇÃO FÓRMULA VALOR Computadores disponíveis para revenda somam referem- se a soma do estoque inicial com as compras. EI + C 35.000,00 Sobra de estoque ou estoque final. EF 23.800,00 Custo dos computadores ven- didos no período. CMV 11.200,00 Fonte: Elaborada pela autora. E daí surge a fórmula: Veremos agora como essa transação é refletida na Demonstração de Resultados da empresa Dall. CMV = EI + C – EF 32 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO QUADRO 4 - DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA EMPRESA DALL S.A. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 Valores em Reais Vendas 18.400,00 (-) Custo Mercadorias Vendidas (MDV - EF) -11.200,00 Estoque Inícial (EI) 5.000,00 (+) Compras (C) 30.000,00 (=) Mercadorias a Disposição para Venda (MDV) = 35.000,00 (-) Estoque Final (EF) -23.800,,00 Lucro Bruto 7.200,00 Despesas Operacionais -1.400,00 (-) Administrativas -1.000,00 (-) Propaganda -400,00 Resultado Líquido 5.800,00 Fonte: Elaborada pela autora E no Balanço Patrimonial? Como a transação com estoque é refletida? Observe nas planilhas a seguir que no Balanço de fechamento de dezembro há um saldo final em estoques de R$5.000,00. Já no balanço de janeiro o saldo final dos es- toques é de R$23.800,00 e há a apuração de lucro líquido de R$5.800,00. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO QUADRO 5 - BALANÇO PATRIMONIAL DE DEZEMBRO/2017 E JANEIRO DE 2018 BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Dezembro/2017 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 5.000,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 23.800,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Resultado Líquido 5.800,00 ------- ------- ------- ------- Fonte: Elaborada pela autora. Agora, imaginem no exemplo dado, se, por má fé ou por erro de cálculo ou erro de critério de avaliação de estoques ou por qualquer outro erro, os valores dos estoques foram lançados erroneamente. O que acontecerá com o estoque final do período subsequente? E com o patrimônio líquido? Vejam dois cenários. 34 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CenÁRio 1: Suponha que o estoque final de dezembro tenha sido lançado a 15.000. QUADRO 6 - BALANÇO PATRIMONIAL ESTOQUE FINAL R$15.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Dezembro/2017 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 15.000,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 23.800,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Resultado Líquido ??? ------- ------- ------- ------- Fonte: Elaborada pela autora. Observe que o estoque final de dezembro aumentou 10.000,00. O estoque final de janeiro não sofreu alteração. Mas e o lucro líquido? Ele teve alteração? Vejamos: 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO QUADRO 7 - DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS – JANEIRO/2018 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 Valores em Reais Vendas 18.400,00 (-) Custo Mercadorias Vendidas (MDV - EF) -21.200,00 Estoque Inícial (EI) 15.000,00 (+) Compras (C) 30.000,00 (=) Mercadorias a Disposição para Venda (MDV) = 45.000,00 (-) Estoque Final (EF) -23.800,,00 Lucro Bruto -2.800,00 Despesas Operacionais -1.400,00 (-) Administrativas -1.000,00 (-) Propaganda -400,00 Resultado Líquido -4.200,00 Fonte: Elaborada pela autora O resultado líquido que antes era de R$5.800,00 positivos, passou a ser R$4.200,00 negativos, ou seja, redução de R$10.000,00. Exatamente os mesmos R$10.000,00 que aumentou no estoque, reduziu no resultado líquido. Logo, se o valor do estoque for lançado a menor, o patrimônio líquido será apurado a maior na mesma proporção. 36 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CenÁRio 2: Imaginem que foi lançado R$10.000,00 a mais no estoque final de janeiro/2018. O que mudará nesse cenário? QUADRO 8 - BALANÇO PATRIMONIAL ESTOQUE FINAL R$10.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Dezembro/2017 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 5.000,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 ATIVO Valores em Reais PASSIVO Valores em Reais Circulante ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Estoques: 33.800,00 ------- ------- ------- ------- ------- ------- Não circulante Patrimônio Líquido ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- Resultado Líquido ??? ------- ------- ------- ------- Fonte: Elaborada pela autora. O estoque final de dezembro se manteve em R$5.000,00, o estoque de janeiro au- mentou R$10.000,00. E o resultado líquido, em quanto ficará? 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO QUADRO 9 - DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS – JANEIRO/2018 – RESULTADO LÍQUIDO DEMONSTRAÇÃO DERESULTADOS DA EMPRESA DALL S.A. Período: Janeiro/2018 Valores em Reais Vendas 18.400,00 (-) Custo Mercadorias Vendidas (MDV - EF) -1.200,00 Estoque Inícial (EI) 5.000,00 (+) Compras (C) 30.000,00 (=) Mercadorias a Disposição para Venda (MDV) = 35.000,00 (-) Estoque Final (EF) -33.800,,00 Lucro Bruto 17..200,00 Despesas Operacionais -1.400,00 (-) Administrativas -1.000,00 (-) Propaganda -400,00 Resultado Líquido 15.800,00 Fonte: Elaborada pela autora O resultado líquido aumentou R$10.000,00. Com a análise dos cenários 1 e 2, podemos concluir que as alterações dos estoques, sejam iniciais ou finais, impactarão diretamente no resultado líquido do exercício, fazendo com que a apuração do período fique incorreta e acarrete em recolhimento errado do Imposto de Renda. Para evitar tais erros, existe um processo de verificação dos estoques chamado Inven- tário. 2.3 INVENTÁRIO O inventário, como afirma Marion (2015), é a verificação da existência de mercadorias, materiais ou outros bens, ou até mesmo do imobilizado ou contas a pagar e receber. Mas, é mais comum, realizar o inventário dos estoques a partir da contagem física dos itens. Existem dois tipos de inventário: 38 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • o permanente e • o periódico. A empresa pode decidir se fará o controle periódico do estoque, o mantendo sem- pre atualizado, ou se verificará a existência do seu estoque no final do exercício. Isso variará conforme o porte da empresa e o ramo em que ela opera. (QUINTANA, 2014). O inventário permanente é aquele que o próprio controle dos estoques já fornece, com confiabilidade, o inventário. É mais usual em empresas que operam com esto- ques reduzidos ou com estoques de alto custo. Já o inventário periódico é aquele realizado no final de cada período contábil. 2.4 AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES A regra básica para a avaliação dos estoques é o custo. E que, além do custo, outro fator que impacta na avaliação é o mercado e suas flutuações. (GELBCKE; SANTOS; IUDIBÍCIUS; MARTINS, 2018) O método de considerar o custo original e o valor de mercado busca eliminar dos es- toques aquilo que provavelmente não será recuperável. O custo histórico do estoque pode variar conforme o custo corrente, o valor realizável e o valor presente. Imagine que a empresa tenha no estoque 10 celulares, ao custo unitário de R$800,00 (totalizando R$8.000,00 em estoque). Ainda com esses celulares em estoque, sur- giu uma nova tecnologia, fazendo com que eles fiquem ultrapassados. Realizou-se uma avaliação e chegou-se a conclusão que cada celular será vendido ao preço de R$500,00. Nesse caso, quando a empresa fizer o inventário, ela deverá reconhecer no exercício do inventário, e não no exercício da venda do celular, a perda unitária de R$300,00. Por isso é importante que a empresa faça uma avaliação dos seus estoques. Quando a empresa coloca na sua fachada: “Fechados para inventário”, significa que ela está realizando o inventário periódico. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Essa avaliação pode acontecer de quatro maneiras: • Método do preço específico; • Bens adquiridos mais recentemente (PEPS ou FIFO); • LIFO ou UEPS e • Média ponderada móvel. Vamos entender um pouco sobre cada uma delas? a. Preço específico: é dar um preço específico para cada produto, ou seja, é eti- quetar o produto no estoque com o preço X. Esse método é usado em caso de revenda de carros usados, por exemplo. Cada item do estoque (cada carro, no exemplo) tem um preço específico. Para o exemplo da empresa de revenda de produtos de limpeza, por exemplo, esse não é um método interessante. b. PEPS ou FIFO: PEPS significa que o primeiro que entra é o primeiro que sai. Esse conceito vem da sigla em inglês FIFO (First-In-First-Out). Ou seja, a medida que a empresa vende as mercadorias, ela dá baixa na ordem de entrada das mesmas. No exemplo da empresa de revenda de produtos de limpeza: foi comprado 10 caixas de sabão em pó por 5 reais cada uma. Depois comprou-se mais 15 caixas por 4,5 cada uma. Posteriormente vendeu-se 11 caixas desse sabão. A baixa do estoque, pelo método PEPS, será de 10 caixas a R$5,00 cada uma e 1 caixa ao custo unitário de R$4,50, ou seja, pelo custo mais antigo. c. LIFO ou UEPS: O método UEPS significa que o último custo a entrar será o pri- meiro a sair. Esse método não é permitido para fins fiscais e, portanto não é muito utilizado no Brasil. Tomemos como exemplo uma empresa que revenda produtos de limpeza. Ela movimenta diariamente entrada e saída de sabão em pó, vassoura, detergente e etc. Você acha que ela compra a caixa de sabão em pó pelo mesmo preço todos os meses? Claro que não! Tem mês que ela compra maior volume e consegue um desconto, tem mês que ela faz pedido urgente e paga mais caro. E com toda essa movimentação de preços distintos para o mesmo produto, como a empresa avalia o seu custo? 40 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO d. Média ponderada móvel: é o método mais usado no Brasil. Ele considera que o estoque será alterado pelo valor médio das compras. Então a cada entrada de novos produtos no estoque, seu valor será reajustado pela média. Diante do exposto, conclui-se (MARION, 2015): • No custo específico o estoque fica valorizado ao custo específico; • No PEPS, o estoque fica valorizado pelas últimas entradas, visto que as primei- ras sairão primeiro; • No UEPS, o estoque fica valorizado pelas primeiras entradas, pois as últimas sairão primeiro e • Pelo custo médio, o estoque fica valorizado pelo preço médio. Abordamos os estoques, suas classificações e avaliações. Analisamos um exemplo hipotético de compra e venda de mercadorias. Mas e os tributos incidentes na venda dos estoques? Vamos estudar também sobre esse tema? 2.5 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES SOBRE A RECEITA BRUTA A empresa realiza a venda do estoque e essa transação gera a receita bruta. Da receita bruta serão deduzidos os can- celamentos e devoluções, algum aba- timento, se houver, e os impostos inci- dentes sobre essas vendas (IUDÍCIBUS, MARTINS, GELBCKE, 2018). Mas de forma geral, os impostos inciden- tes sobre a receita bruta são: • CMS: é o principal imposto esta- dual. É cobrado sobre a circula- ção de mercadorias e serviços de Vale ressaltar, conforme nos esclarece Iudibícius e Marion (2016), que a tributação de uma empresa varia conforme o ramo da atividade principal que ela exerce e também quanto ao regime de tributação que essa empresa se enquadra (Lucro real ou lucro presumido). 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO transporte interestadual, intermunicipal e de comunicações, nas fases de pro- dução e comercialização da mercadoria, além dos serviços especificados na legislação. Quando a empresa compra uma mercadoria para revender, no ato da compra incide ICMS. No ato da venda também incidirá ICMS. Para que o tributo não seja pago em duplicidade, é feito um encontro de contas entre o que já foi pago no ato da compra com o que deverá ser pago no ato da venda. Recolhe-se então, a diferença encontrada (IUDIBÍCIUS, MARION, 2016). • PIS sobre receita bruta: O Programa de integração Social - PIS é uma contri- buição social federal incidente na indústria, comércio e serviços. As empresas comerciais estão sujeitas à contribuição para o PIS na modalidade faturamen- to, sendo o valor da contribuição obtido mediante a aplicação da alíquota de 0,65% sobre a receita bruta mensal; não gera créditos, mas há a isenção nas vendas referentesàs exportações. • COFINS sobre receita bruta: O COFINS é uma contribuição federal incidente sobre a receita bruta, nas mesmas condições do PIS, com alíquota de 3%. Inci- de sobre a atividade industrial, comercial e de serviços. • IPI e ISS: O IPI – imposto sobre produtos industrializados, como o próprio nome diz, incide apenas em indústria. E o ISS que é o imposto sobre serviços, incide apenas em empresas de prestação de serviços. 2.6 CONCLUSÃO Podemos concluir que o controle dos estoques é fundamental para uma boa gestão dos custos e consequentemente da empresa como um todo. Em muitas empresas o custo dos produtos vendidos representa grande parte do cus- to total do produto vendido e por isso é importante que o custo do estoque esteja sempre atualizado para que o preço final do produto seja o mais correto, fazendo com que a empresa não tenha prejuízo nas suas operações. Os estoques podem ser de vários tipos, como estoque de produtos acabados, esto- que de mercadorias para revenda, de produtos em elaboração, estoque de matérias primas, materiais auxiliares, almoxarifado, dentre outros. 42 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para um melhor controle dos estoques, a empresa deve realizar o inventário. O inven- tário pode ocorrer de duas maneiras: de forma permanente, contínua ou de forma periódica, ao final do exercício fazer a contagem física dos estoques. Qual dos dois tipos de controles deverá ser realizado, dependerá do tamanho e da complexidade dos estoques. Além do inventário, a empresa deve avaliar seus estoques através de 4 opções de avaliação: • Método do preço específico; • Bens adquiridos mais recentemente (PEPS ou FIFO); • LIFO ou UEPS e • Média ponderada móvel. Marion (2015) resume as opções de avaliação da seguinte forma: • No custo específico o estoque fica valorizado ao custo específico; • No PEPS, o estoque fica valorizado pelas últimas entradas, visto que as primei- ras sairão primeiro; • No UEPS, o estoque fica valorizado pelas primeiras entradas, pois as últimas sairão primeiro e • Pelo custo médio, o estoque fica valorizado pelo preço médio. O resultado dessa avaliação deve ser contemplado no período em que ela for realiza- da, e não aguardar o momento da venda do estoque para a atualização. E por fim, estudamos a respeito da tributação incidente sobre a venda de mercado- rias. A tributação varia conforme o ramo da atividade principal que a empresa exerce e também quanto ao regime de tributação que essa empresa se enquadra. Mas de forma geral os tributos incidentes sobre as vendas são: IPI, ICMS, PIS, COFINS e ISS. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 3 > Diferenciar abatimentos, descontos comerciais e descontos financeiros. 44 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, você estudará sobre os abatimentos e descontos comerciais. Tam- bém aprenderá a diferenciar descontos comerciais de descontos financeiros. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, você estudará a respeito dos descontos e abatimentos. Também aprenderá a diferenciar descontos comerciais de abatimentos e descontos comer- ciais de descontos financeiros. Bons estudos! 46 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 DESCONTOS E ABATIMENTOS 3.1 DESCONTOS COMERCIAIS SOBRE COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS Quando o cliente realiza a compra e, ao receber o produto, constata que a mercado- ria chegou em desacordo com o pedido, devido à qualidade, preço, tipo ou condi- ções físicas diferentes do acordado, ele pode (IUDICÍBUS; MARION, 2016): a. devolver, parcialmente ou integralmente, a mercadoria; b. solicitar um desconto ao vendedor. Tais ações serão registradas contabilmente pela empresa que vendeu essa merca- doria. Acompanhe alguns exemplos desse registro contábil por parte da empresa vendedora. A empresa possuía os seguintes dados contábeis: • Mercadorias: R$ 40.000,00 (estoque inicial). • Compras: R$ 192.000,00 (total de compras até o momento). • Vendas: R$ 234.000 (total de vendas até o momento). • Caixa: R$ 332.000. • Fornecedores: R$ 117.000. Considere os dados acima e suponha que a empresa realiza o inventário periódico. Fato 1: A empresa vendeu R$ 10.000,00 (receita de vendas já registrada) e o cliente solicitou a devolução, pois os produtos chegaram em desacordo com o pedido. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Como a empresa vendedora realiza o inventário periódico, a mercadoria voltará para a empresa, mas não será realizado nenhum registro relacionado ao custo da devolu- ção. Os lançamentos contábeis serão: A conta “Devolução de vendas” é uma conta de resultado e reduzirá o valor das ven- das. Já a conta “Caixa” é uma conta do ativo. Um crédito na conta “Caixa” significa que a empresa tem menos a receber de seu cliente. Fato 2: A empresa realizou a venda, registrou a receita e o cliente sinalizou que recebeu a mercadoria com pequenos defeitos. A empresa vendedora ofereceu um abatimento de R$ 5.000,00 para que o cliente não devolva a mercadoria. O cliente aceitou o aba- timento. Nesse caso, a mercadoria não voltou para a empresa vendedora. O cliente apenas pagará menos do que o acordo inicial. Os registros contábeis, nesse caso, serão: “Abatimento sobre vendas” também é uma conta de resultado que reduzirá o valor das vendas. Crédito na conta “Caixa”, como dito anteriormente, significa que a empre- sa terá menos recursos a receber de seus clientes. Fato 3: O cliente recebeu a mercadoria e parte dela está totalmente danificada. Por isso, resolve devolver apenas o material danificado à empresa vendedora. As mercadorias danificadas somam R$ 4.000,00. Débito na conta “Devolução de vendas” = (10.000,00). Crédito na conta “Caixa” = (10.000,00). Débito na conta “Abatimento sobre vendas” = (5.000,00). Crédito na conta “Caixa” = (5.000,00). 48 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O registro dessa transação para a empresa cliente será: Fato 4: O cliente recebeu a mercadoria e alegou ao fornecedor que elas estavam com leves defeitos. Para que o cliente não devolva os itens, o fornecedor concedeu um abati- mento de R$ 3.000,00 sobre as vendas. Os lançamentos contábeis na empresa cliente serão: De acordo com os quatro fatos listados, são feitos dois lançamentos adicionais para calcular o custo da mercadoria vendida (no caso da empresa vendedora) e o Resulta- do da Conta Mercadorias (RCM). Confira-os a seguir. lanÇaMento adiCional 1: As contas “Devoluções de vendas” e “Abatimentos sobre vendas” serão encerradas e seus saldos serão transferidos para a conta “Vendas”. Dessa forma, o novo saldo da conta “Vendas” será de R$ 219.000,00. Esse será o valor que representa as vendas líquidas ou receita operacional líquida. Débito na conta “Fornecedores” = (4.000,00). Crédito na conta “Devoluções de compras” = (4.000,00). Débito na conta “Fornecedores” = (3.000,00). Crédito na conta “Abatimento sobre compras” = (3.000,00). Débito na conta “Vendas” = (15.000,00). Crédito na conta “Devoluções de vendas” = (10.000,00). Crédito na conta “Abatimentosobre vendas” = (5.000,00). 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO lanÇaMento adiCional 2: As contas “Devoluções de compras” e “Abatimentos sobre compras” também serão finalizadas e seus saldos serão transferidos para a conta “Compras”. Assim, o saldo que ficará na conta “Compras” será de R$ 185.000,00, que são as com- pras líquidas do período. Dando sequência à contabilização das transações com as mercadorias, teremos mais três lançamentos, que são: lanÇaMento adiCional 3: Inventariado o estoque final, e a ele atribuído o valor hipotético de R$ 25.000,00, é possível obter o custo das mercadorias vendidas da seguinte forma: lanÇaMento adiCional 4: Para obter o RCM ou, nesse caso, o lucro operacional bruto, é feito o seguinte lança- Débito na conta “Devoluções de compras” = (4.000,00). Débito na conta “Abatimento sobre compras” = (3.000,00). Crédito na conta “Compras” = (7.000,00). Débito na conta “Custo das mercadorias vendidas” = (40.000,00 + 185.000,00). Crédito na conta “Mercadorias” = (40.000,00). Crédito na conta “Compras” = (185.000,00). Débito na conta “Mercadorias” = (25.000,00). Crédito na conta “Custo das mercadorias vendidas” = (25.000,00). 50 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO mento, que dará o resultado de R$ 19.000,00: Finalizando as transações, podemos elaborar a demonstração dos resultados, confor- me segue: QUADRO 10 - DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO PERÍODO Vendas 234.000,00 (-) Devolução de vendas -10.000,00 (-) Abatimento sobre vendas -5.000,00 Vendas Líquidas(a) 219.000,00 (-) CMV Estoque Inicial 40.000,00 (+) Compras 192.000,00 (-) Devolução de Compras -4.000,00 (-) Abatimento sobre compras -3.000,00 Mercadoras Disponíveis 225.000,00 (-) Estoque Final -25.000,00 Custo das Mercadorias Vendidas (b) -200.000,00 Lucro Bruto (a-b) 19.000,00 Fonte: Elaborado pela autora, 2018. 3.2 DESCONTOS COMERCIAIS E ABATIMENTOS Débito na conta “Vendas”. Crédito na conta “Resultado com mercadorias” = (219.000,00). Débito na conta “Resultado com mercadorias”. Crédito na conta “Custo com mercadorias vendidas” = (200.000,00). Apesar de parecer ser a mesma coisa, desconto é diferente de abatimento. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO O desconto comercial, também chamado de desconto incondicional, é aquele que independe de qualquer condição futura. É concedido por mera liberalidade do ven- dedor ao comprador e incide diretamente no preço dos produtos ou serviços presta- dos. É quando, no momento da venda, o vendedor concede alguma vantagem por se tratar de um cliente antigo, de uma compra volumosa ou algo assim. É conceder determinado percentual de desconto pelo ato de comprar, representando diminui- ção no preço a ser pago pela compra (IUDÍCIBUS, 2017). Por causa disso, o desconto comercial deve ser mencionado na nota fiscal de venda, implicando em dedução dos impostos a pagar. Ele é apropriado contabilmente no custo do produto. Podemos citar como exemplo quando a empresa compra uma quantidade do produto e, por possuir uma boa relação comercial com o vendedor, recebe algumas unidades a mais. Já o abatimento acontece quando há alguma anormalidade com o item vendido, algum tipo de avaria, ou então ocorre algo para fazer com que o cliente não devolva o item. O abatimento é um desconto financeiro não computado no custo do produto. São contabilizados como receitas financeiras ou receitas não operacionais. Os abati- mentos podem ser chamados de descontos financeiros. Vamos falar um pouco sobre os descontos financeiros? 3.3 DESCONTOS FINANCEIROS Descontos financeiros são prêmios oferecidos pelo vendedor ao comprador pela an- tecipação no pagamento da compra de mercadorias. Geralmente, o vendedor indica, na nota fiscal ou no boleto, que o valor da dívida é “tal” e que será cobrada dentro de 90 dias pelo seu próprio valor; mas se for paga dentro de 60 dias, o comprador terá um desconto de 3%, e, se dentro de 30 dias, de 5%, por exemplo. Essas porcentagens variam segundo as condições, então quanto mais rápido for o pagamento, maior o desconto. Se o valor da venda for de R$ 30.000.000 para pagamento em 90 dias, com 5% de desconto, e o pagamento for feito em 60 dias e o cliente aproveitar desse prêmio, a contabilização ficará assim: 52 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Para o comprador: Débito na conta “Fornecedores” = 30.000,00. Crédito na conta “Caixa” = 28.500,00. Crédito na conta “Desconto financeiro obtido” = 1.500,00. • Para o vendedor: Débito na conta “Caixa” = 28.500,00. Débito na conta “Desconto financeiro concedido” = 1.500,00. Crédito na conta “Clientes” = 30.000,00. Observe que foram criadas contas específicas para os descontos financeiros obtidos e concedidos. Quanto ao tratamento para elas, muitos autores consideram que tais descontos devem ser deduzidos dos valores de vendas e compras, exatamente como feito com as devoluções, abatimentos e descontos comerciais. Entretanto, outros au- tores afirmam que tais descontos são fornecidos não em função direta da transação da mercadoria, como no caso dos descontos comerciais, mas sim em função do inte- resse e da possibilidade de a empresa efetuar o pagamento antecipadamente (IUDI- CÍBUS; MARION, 2016). Tal discussão tem fundamento se pensarmos na apropriação desse desconto. Ima- gine uma empresa que encerra suas atividades no dia 31 de dezembro de cada ano. Uma venda por ela realizada no dia 20 de dezembro será paga provavelmente ape- nas no próximo ano. Se a empresa vendedora oferecer um desconto financeiro, como ela saberá se a empresa cliente o aproveitará? E, assim, qual valor apropriar no fe- chamento do ano? Devido a isso, definiu-se que os descontos financeiros devem ser omitidos na apuração do resultado com mercadorias. A melhor alternativa para esse caso é que a apropriação de todos os descontos finan- ceiros obtidos e concedidos como receitas e despesas que alteram o resultado deve ser considerada após a apuração do resultado bruto. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO 3.4 CONCLUSÃO Quando o cliente realiza a compra e recebe a mercadoria em desacordo com o pe- dido, devido à qualidade, preço, tipo ou condições físicas diferentes do acordado, ele pode: a. devolver, parcialmente ou integralmente, a mercadoria; b. solicitar um desconto ao vendedor. Abatimento e desconto não são a mesma coisa. O desconto comercial, também chamado de desconto incondicional, é aquele que independe de qualquer condição futura. É concedido no momento da venda, por se tratar de um cliente antigo, de uma compra volumosa ou algo assim. É conceder de- terminado percentual de desconto pelo ato de comprar, representando diminuição no preço a ser pago pela compra. O desconto comercial é apropriado contabilmente no custo do produto. Já abatimento ou desconto financeiro são prêmios oferecidos pelo vendedor ao com- prador pela antecipação no pagamento da compra de mercadorias. Geralmente, o vendedor indica, na nota fiscal ou no boleto, que o valor da dívida é “tal” e que será cobrada dentro de 90 dias pelo seu próprio valor; mas se for paga dentro de 60 dias, o comprador terá um desconto de 3%, e, se dentro de 30 dias, de 5%, por exemplo. Essas porcentagens variam segundo as condições, então quanto mais rápido for o pagamento, maior o desconto. Os descontos financeirosdevem ser omitidos na apuração do resultado com merca- dorias. São apropriados como receitas e despesas. 54 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 4 > Examinar a Lei das Sociedades por Ações e suas atualizações e > Aplicar o Pronunciamento Técnico CPC nº 16, em caso de necessidade. 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nessa unidade estudaremos sobre a evolução da Lei das Sociedades por Ações e so- bre o pronunciamento técnico CPC 16, que dita as diretrizes sobre os estoques. 56 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC Nº 16 Nesta unidade, estudaremos a respeito da evolução da Lei das Sociedades por Ações, desde o seu primeiro esboço até os tempos atuais. Analisaremos também como tal evolução beneficiou o mercado brasileiro e elevou as práticas contábeis aos patama- res internacionais. Ainda veremos sobre os pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, especialmente o CPC nº 16, que traz as diretrizes de avaliação dos estoques. Bons estudos! 4.1 A LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES A primeira versão da Lei das Sociedades por Ações surgiu pelo Decreto-Lei nº 2.627, em 1940. Essa versão seguia o modelo europeu e não se preocupava muito com a transparência da informação contábil, mas sim com os donos da empresa. Esse decreto foi aprimorado pela Lei nº 6.404/76, também chamada de Lei das Socie- dades por Ações, enfatizando o mercado de capitais brasileiro (acionistas brasileiros). Foram observados, nessa revisão, muitos avanços na regulamentação contábil, dei- xando de seguir os moldes europeus e passando para os moldes norte-americanos (MARION, 2015). Por sua vez, a Lei nº 6.404/76 também foi atualizada pelas Leis nºs 11.638/07 e 11.941/09, que elevaram as práticas contábeis brasileiras a patamares internacionais. Adequar as práticas contábeis da época às práticas contábeis internacionais foi uma contribuição da classe contábil ao crescimento da economia brasileira, haja vista que viabilizou o fluxo de capitais e investimentos do exterior em empresas brasileiras. Investidores internacionais encontravam dificuldades no manuseio das demonstra- ções financeiras das empresas brasileiras, pois adotávamos padrões e procedimentos divergentes do mercado internacional; dessa forma, equipará-los era de suma impor- tância (VICECONTI, NEVES, 2017). 57 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Em resumo, como nos traz Viceconti e Neves (2017), as alterações à Lei das Socieda- des por Ações foram: • Lei nº 9.457, de 5 de maio de 1997. • Lei nº 10.303, de 31 de outubro de 2001. • Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. • Lei nº 11.941, de 2009 (conversão da MP nº 449, de 2009), que alterou a Lei nº 11.638/07 e disciplinou sobre seus aspectos tributários. As alterações realizadas visaram à adequação das práticas contábeis brasileiras às Normas e Padrões Internacionais de Contabilidade. Vamos estudar as principais mudanças implantadas à Lei nº 6.404.76? a. Fair Value (Valor Justo): é o conjunto de normas internacionais das práticas con- tábeis, também conhecido por IFRS (Internacional Financial Reporting Stan- dards). É a avaliação do ativo ou passivo pelo seu valor de mercado (valor por que o ativo ou passivo seriam comprados ou vendidos em uma transação cor- rente). A prática contábil prega que a avaliação deve, na sua maioria das vezes, acontecer pelo preço de custo. Mas, em algumas situações, o preço de custo não reflete a realidade da melhor forma. Exemplo disso é a venda de uma empresa. O custo dela é um, mas o valor de mercado pode ser muito maior ou menor. E, portanto, não faz sentido considerar apenas o preço de custo. Como afirma Marion (2018), em situações como essa ou em casos onde a transação depende de algum instrumento financeiro, como aplicação de taxa de juros, cotação internacional de moeda, preço de commodity, ou algo do gênero, a Lei nº 11.638/07, em seu artigo 183, determina que a avaliação deve ocorrer pelo valor justo ou tam- bém chamado de valor de mercado. Os ativos intangíveis, que são marcas, carteira de clientes, ponto comercial, conces- sões, dentre outros, também são avaliados pelo valor de mercado. O valor justo reflete de imediato as decisões da diretoria das empresas, e por isso é considerado um instrumento de transparência. 58 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO b. Redução ao Valor Recuperável de Ativos: faz parte do conceito de valor justo. É um teste de recuperabilidade, reavaliação do bem, tangível ou intangível, para determinar o valor justo. A empresa deve efetuar, periodicamente, essa revisão em seus bens do ativo permanente (de longa duração) para que eles não fiquem registrados na contabilidade com um valor superior ao seu valor recuperável. c. Ajustes a Valor Presente: determina que os elementos do ativo decorrentes de operação a longo prazo serão ajustados a valor presente. Considere como exem- plo ilustrativo uma venda relevante a prazo. A contabilização da operação será à vista, e os juros considerados como receitas financeiras serão ajustados a valor presente pelo regime de competência. Nesse caso, será considerada uma taxa de juros de mercado ou alguma que melhor se encaixe à operação. Os pronunciamentos internacionais são publicados pelo International Accounting Standards Boards (IASB) em língua inglesa. As normas contábeis internacionais são compostas pelos seguintes pronunciamentos técnicos (VICECONTI; NEVES, 2017): • Framework: não é um pronunciamento técnico oficial. • IAS: são os primeiros pronunciamentos emitidos pelo International Accoun- ting Standards Committee (IASC). O equivalente ao IASC no Brasil é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O IASC foi criado em 1973 pelos orga- nismos profissionais de contabilidade de 10 países (Alemanha, Austrália, Ca- nadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido). • SIC: são interpretações emitidas pelo Standing Interpretations Committee (SIC). • IFRS: são interpretações mais recentes emitidas pelo International Accounting Standards Boards (IASB). • IFRIC: também são interpretações mais recentes, emitidas pelo International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado em 2005 pela Resolução CFC nº 1.055, e posteriormente alterado pelas Resoluções CFC nºs 1.075, de 2006, e 1.339, de 2011. 59 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO O CPC tem por objetivos: estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos sobre os procedimentos de contabilidade e divulgar informações nessa natureza, a fim de que a entidade reguladora brasileira possa emitir normas que traduzam as práticas contábeis brasileiras aos padrões contábeis internacionais (VICECONTI; NEVES, 2017). • O Conselho Federal de Contabilidade fornece ao CPC toda a estrutura neces- sária para que eles realizem seu trabalho. • Os membros do CPC não recebem remuneração. • Os produtos do CPC são pronunciamentos técnicos, orientações e interpreta- ções. O CPC é composto por 2 membros das entidades a seguir: • ABRASCA: Associação Brasileira das Companhias Abertas.• APIMEC Nacional: Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais. • BOVESPA: Bolsa de Valores de São Paulo. • CFC: Conselho Federal de Contabilidade. • IBRACON: Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes do Brasil. • FIPECAFI: Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Além dessas, são convidadas a participar do CPC: • BACEN: Banco Central do Brasil. • SFRB: Secretaria da Receita Federal do Brasil. • SUSEP: Superintendência de Seguros Provados. • CVM: Comissão de Valores Mobiliários. Hoje, temos 51 pronunciamentos emitidos pelo CPC. Veja a Figura 1 com a listagem dos mesmos. 60 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO QUADRO 11 - PRONUNCIAMENTOS EMITIDOS PELO CPC Fonte: COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Pronunciamentos. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documen- tos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 13 jun. 2018. Os Pronunciamentos Técnicos nºs 01 a 14 foram aplicados em 2018 por força da Lei nº 11.638/07. Os demais foram aplicados posteriormente. 61 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO Hoje estudaremos com mais detalhes o Pronunciamento nº 16, que trata dos es- toques. 4.2 PRONUNCIAMENTO TÉCNICO – CPC Nº 16 Os estoques são muito importantes na realidade econômica das empresas, e sua ava- liação foi o tema do Pronunciamento nº 16 do CPC. O objetivo desse pronunciamento é determinar a forma de avaliação dos estoques de revenda, de consumo ou utilização industrial ou na prestação de serviços, de proces- samento e de manutenção de produtos acabados prontos para revenda (OLIVEIRA; SANTOS, 2013). Os estoques fazem parte do grupo de ativos da empresa e podem ser mantidos para revenda, para serem utilizados ou transformados no processo produtivo ou também podem ser estoques de produtos em elaboração. O CPC nº 16 traz alguns termos precisam ser bem entendidos. Seguem alguns: • Valor realizável líquido: é a estimativa do preço de venda, deduzido dos custos e demais gastos envolvidos no processo de venda. • Valor justo: é o valor por que um ativo possa ser comprado ou um passivo liqui- dado, sem influências externas que alterem o preço. • Estoques: são bens adquiridos para revenda ou produtos acabados e em pro- cesso de produção, como matérias-primas, embalagens e material de consumo. Conforme pronunciamento, a mensuração dos estoques deve ocorrer pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido. Dos dois, o menor. Os valores dos estoques devem ser compostos por todos os custos de aquisição, se- jam eles o valor da compra, os impostos e outros tributos incidentes sobre a compra, custos de transporte, seguro e manuseio. É preciso também retirar do preço do esto- que os descontos comerciais e abatimentos que por ventura tenham sido obtidos na compra (OLIVEIRA; SANTOS, 2013). Além dos custos de aquisição, o Pronunciamento CPC nº 16 também cita os cus- tos de transformação. Esses custos são aqueles diretamente relacionados com as unidades em processo produtivo. E abrangem também os custos indiretos de produção, fixos e variáveis incidentes na transformação de matérias-primas em produtos acabados. 62 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Vale citar que custos fixos são aqueles que não se alteram com variações de volume de produção, tais como depreciação e manutenção de máquinas e equipamentos ou custos administrativos da fábrica. Já os custos variáveis são aqueles que variam conforme o volume de produção, tais como insumos aplicados na produção. Quanto maior a produção, maior o volume de insumos utilizados. O CPC 16 traz 4 tipos de custos que não devem ser contemplados nos estoques. São eles: • Desperdício anormal de materiais, mão de obra ou outros insumos utilizados na produção. • Gastos com armazenamento, a não ser que sejam imprescindíveis ao processo produtivo. • Despesas administrativas que não têm envolvimento com os estoques. • Despesas comerciais, incluindo venda e entrega dos bens e serviços. Quando é realizada uma compra de produtos para estoque a prazo, a diferença entre o preço normal e o preço pago a maior, por ser a prazo, deve ser contabilizada como despesas com juros. Outo ponto que o CPC 16 nos traz é: deve-se utilizar os métodos PEPS (primeiro a en- trar, primeiro a sair) ou custo médio ponderado como critérios de custo dos estoques. Para finalizar o estudo do Pronunciamento CPC nº 16, vale citar que alguns fatores, como estoques danificados, itens obsoletos, redução no preço de venda e outros, po- dem fazer com que o custo do estoque não seja 100% recuperável. Nesse caso, é pre- ciso reavaliar os estoques e reduzi-los ao valor realizável líquido, que será o custo de venda diminuído dos custos e gastos aplicados na venda (OLIVEIRA; SANTOS, 2013). Para saber mais, leia o “Sumário do Pronunciamento Técni- co CPC 16”, disponível na internet. Ele apresenta a identifi- cação dos principais pontos tratados no pronunciamento, possibilitando uma visão geral do assunto. 63 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO CONCLUSÃO O primeiro esboço da Lei das Sociedades por Ações surgiu em 1940, através do Decreto-Lei nº 2.627. Esse decreto não se importava com a confiabilidade e transpa- rência da informação contábil, mas sim com os donos das empresas. Por esse motivo, a legislação sofreu várias mudanças ao longo do tempo, como podemos citar: • Surgimento da Lei nº 6.404/76, também chamada de Lei das Sociedades por Ações: foco nos acionistas brasileiros. Observou-se, nessa lei, um grande avan- ço na regulamentação contábil. • Leis nºs 11.638/07 e 11.941/09, que reformularam a Lei nº 6.404/76: elevaram as práticas contábeis brasileiras a patamares internacionais. Para captar investidores internacionais as práticas contábeis brasileiras precisaram se adequar às práticas contábeis internacionais. Dentre tantas mudanças para atingir esse fim, tais atualizações legislativas afirmaram a importância e o papel do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), criado em 2005, pela Resolução CFC nº 1.055, e posteriormente alterado pelas Resoluções CFC nºs 1.075, de 2006, e 1.339, de 2011. O CPC tem por objetivos: estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos sobre os procedimentos de contabilidade e divulgar informações nessa natureza a fim de que a entidade reguladora brasileira possa emitir normas que traduzam as práticas contábeis brasileiras aos padrões contábeis internacionais. Hoje o CPC tem 51 pronunciamentos emitidos. E um deles dá as diretrizes a respei- to dos estoques, o CPC nº 16. Os estoques impactam diretamente no patrimônio e resultados da maioria das empresas brasileiras; isso posto, o CPC nº 16 fornece parâ- metros para cálculo dos custos dos estoques e o reconhece na formação do resultado operacional. O CPC nº 16, aliás, estabeleceu diretrizes para aspectos de avaliação dos estoques para revenda, estoques de consumo e de utilização no processo fabril, estoques em processamento e também os estoques de produtos acabados. 64 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 5 > Definir o Plano de Contas > Descrever as formas de escrituração. > Identificar erros de escrituração contábil > Explicar como corrigir erros de escrituração contábil 65 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nessa unidade estudaremos sobre o plano de contas e sua importância para a padro- nização dos lançamentos contábeis. Ainda discorreremos sobre a escrituração con- tábil, suas particularidades, livros contábeis obrigatórios, assim como suas aplicações e utilidades. Veremos também como corrigir possíveis erros de escrituração contábil. Bom estudo! 66 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Certamente você á ouviu sobre Plano de Contas. Mas afinal, o que vem a ser um plano de contas? E em que ele é útil? É a partir do plano de contas que as entidades reali- zam seus lançamentos contábeis de forma padronizada e sistematizada. Mas daí sur- gem novos questionamentos: Onde são feitos esses lançamentos contábeis? E como são feitos? Os lançamentos contábeis são registrados pela escrituração contábil, em livros específicos. Mas, e se por ventura, for realizado um lançamento errado nesses livros? Como corrigi-los? Esses são os pontos de estudo dessa unidade. Vamos juntos analisar cada uma dessas situações? Vamos começar! 67 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO 5 PLANO DE CONTAS E ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 5.1 PLANO DE CONTAS Cada empresa possui características específicas nas suas operações, e é papel da Contabilidade gerar e fornecer informações que possam ser entendidas e manusea- das universalmente. Para isso o primeiro passo é criar um plano de contas (HOSS, CASAGRANDE, VESCO, METZNER, 2012). Plano de Contas é um agrupamento de contas indispensáveis para os registros con- tábeis da organização (MARION, 2015). Conforme Marion (2015) um plano de contas deve conter contas que realmente se- rão utilizadas pela empresa, seja no presente ou no futuro. Não há justificativas para uma empresa manter um plano de contas extenso, visto que ela não usará diversas dessas contas. É comum que algumas empresas copiem o plano de contas de outra empresa, ao invés de criar seu próprio plano. Apesar de parecer mais fácil, essa não é uma boa prática, pois por mais que as empresas operem no mesmo ramo e sejam de tama- nhos próximos, cada organização tem suas particularidades e por isso o ideal é que o plano de contas seja elaborado, desde o começo, para cada empresa, respeitando as necessidades de cada empresa. O plano de contas é importante para a padronização dos registros contábeis, evitan- do que lançamentos da mesma natureza sejam lançados de forma desigual. Pode- mos citar como exemplo a cobrança mensal referente ao refeitório de uma empre- sa. O refeitório é terceirizado e mensalmente apresenta uma medição dos serviços prestados. No mês de janeiro, quem lançou essa medição do contrato foi o analista X, e lançou como alimentação. Em fevereiro quem lançou a medição foi o analista Y e lançou como refeição, em março o analista Z foi quem lançou, e registrou como almoço. Observe que para cada lançamento de um mesmo tipo de gasto existem 68 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO várias nomenclaturas possíveis. E assim, para padronizar e facilitar a identificação dos gastos, utilizamos as contas contábeis, previamente estabelecidas pelo plano de con- tas (MARION, 2015). Na elaboração do plano de contas, é preciso considerar os interesses dos usuários, o tamanho da empresa e o ramo em que ela opera. Os usuários podem ser: gerentes, proprietários, acionistas, governo, bancos, etc. O plano de contas é numerado ou codificado. Assim facilita a contabilização por pro- cessos mecânicos ou eletrônicos. Vale ressaltar que, nos dias atuais, são muito raras as empresas que ainda fazem a contabilidade manualmente. As empresas, geralmente, realizam a contabilidade com o uso de sistema de informática. O plano de contas geralmente é codificado da seguinte forma: número “1” para con- tas do ativo; “2” para contas do passivo; “3” para contas de resultado, “4” para contas de receitas e deduções de receitas e “5” para contas redutoras de resultado (custos, despesas, participações, etc). Após os números 1; 2; 3; 4 ou 5, adiciona-se um segun- do número que representará o grupo de contas, conforme exemplo a seguir: 1. Ativo 1.1. Ativo Circulante 1.1.1. Ativo Circulante – Caixa 1.1.2. Ativo Circulante – Banco conta Movimento Na próxima unidade estudaremos a respeito das demonstrações contábeis e fala- remos com mais detalhes sobre o Balanço Patrimonial. Mas cabe adiantar que o Balanço é composto por ativo, passivo e patrimônio líquido. E dentro de cada um desses três grupos existe uma gama de contas contábeis (HOSS, CASAGRANDE, VES- CO, METZNER, 2012). As contas serão dispostas no Balanço Patrimonial de acordo com sua natureza (ativa ou passiva), além de representar grupos que podem ser circulante e não circulante (HOSS, CASAGRANDE, VESCO, METZNER, 2012). O Pronunciamento Técnico CPC 26 dita que existem diferentes formas de classificar os ativos e passivos. Tal pronunciamento não dita como deve ser o formato da apre- sentação das contas no Balanço Patrimonial, no entanto, no Brasil, a ordem legal é 69 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade apliCada SUMÁRIO que o Balanço será dividido entre: • Circulante e Não Circulante: Destacam-se os ativos e passivos que tem expec- tativa de execução dentro do ciclo operacional corrente. • Separação por ordem de liquidez: para algumas empresas, como é o exemplo de organizações financeiras, é mais interessante fazer as demonstrações se- gregando por ordem de liquidez do que por ser circulante ou não circulante. • Além das duas formas citadas, ainda existe a classificação mista. Nela a entida- de pode apresentar parte de suas contas seguindo a divisão entre circulante e não circulante. E parte seguindo a separação por ordem de liquidez, desde que nesse caso, seja mais confiável e relevante mostrar dessa forma. Mas de forma geral, o que o CPC 26 dita é que no ativo as contas com maior grau de liquidez devem aparecer no topo do Balanço. Assim como no passivo, as exigibi- lidades também serão apresentadas por ordem de liquidez (HOSS, CASAGRANDE, VESCO, METZNER, 2012). Deverá ser reconhecido no balanço todo e qualquer item que: > Possa trazer algum benefício econômico e que tenha sido recebido ou entre- gue pela entidade e > E que tal item tenha custo ou valor que possa ser medido em bases confiá- veis (uma nota fiscal, por exemplo). Vamos falar um pouco sobre os grupos do Balaço Patrimonial? 5.1.1 ATIVO Ativo é um recurso adquirido e controlado pela entidade como resultado de ações passadas e do qual se espera que resulte em futuros benefícios econômicos para a entidade. São bens e direitos de uma organização. Os ativos podem ser classificados em “Circulante” e “Não Circulante”. Ativo circulante são todos os valores da empresa de alta liquidez, como, por exemplo, Caixa e bancos, bens e direitos de rápida transformação em dinheiro em um prazo de até́ um ano (curto prazo), como duplicatas a receber e estoques. 70 Contabilidade apliCada FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para classificar os ativos em circulantes, deve-se considerar o ciclo operacional da organização. O ciclo operacional é o tempo entre a aquisição de ativos para proces- samento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não é identificável, pressupõe-se que sua duração seja de 12 meses (HOSS, CASAGRANDE, VESCO, METZNER, 2012). O ativo
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