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Uroanálise livro (1)

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1 
1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE 
 
1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE 
 
Antes dos grandes avanços tecnológicos verificados no século XX a urina era o 
principal fluído corpóreo utilizado por médicos no o diagnóstico e o prognóstico de 
patologias. Entretanto, importância histórica da uroscopia ou uroanálise no diagnóstico tem 
sido tratada de forma depreciativa. Apesar de a uroscopia ter sido usada, muitas vezes, na 
prática de fraudes a sua utilização adequada teve importante participação no diagnóstico 
médico, mesmo antes de ser possível a realização da análise química da urina. 
A análise de amostras de urina para fins diagnósticos já era realizada em 1000 AC 
por sacerdotes egípcios que utilizavam amostras de urina para realizar um procedimento 
que pode ser considerado como o primeiro teste diagnóstico descrito na literatura. O teste 
tinha como objetivo não apenas confirmar a gravidez, mas também identificar o sexo do 
feto e consistia em derramar urina recém emitida sobre uma mistura de sementes de cereais. 
Caso as sementes germinassem o teste era considerado positivo para gravidez, e 
dependendo do tipo de sementes que germinava seria possível prever o sexo do feto (Lines, 
1977). 
O exame de urina, da forma como é realizado atualmente parece ter sido 
desenvolvido a partir da “uroscopia”, ou observação de características físicas de amostras 
de urina conforme de do livro “Os Prognósticos”, descrito por Hipócrates (460-370 AC). A 
uroscopia desenvolvida por Hipócrates se constituía na observação de verificadas na 
composição da urina durante o curso de estados febris verificados em crianças e adultos. 
Esta análise incluía a observação de diferenças na cor, no odor e no aspecto do sedimento 
das amostras de urina. 
Para Hipócrates a análise de urina era considerada efetiva não apenas para 
demonstrar variações no equilíbrio dos quatro humores, mas também na localização de 
doenças no corpo com finalidade de realizar um prognóstico (Foster,1961). Contudo, 
Hipócrates não descreveu detalhadamente as qualidades de amostras de urina que indicam 
a ausência de doenças. Ele apenas descreveu que uma urina “boa” é aquela em que o 
“sedimento é branco, uniforme e pequeno, nem espesso ou fino e de cor apropriada”, 
conforme consta em “Hipocrates: Teory and Practice of Medicine”(Citadel Prerss,1964). 
Em estudo realizado Elknoyan (1988) verificou que nos livros “As Epidemias” 
Hipócrates descreveu que, “algumas urinas por outro lado não tem valor”. Alem disso, 
segundo Alvarez (1999) existem nestes livros, forte ênfase no registro de sinais e 
ocorrências verificadas em pacientes que morreram, com objetivo de a partir destes dados 
poderem ser realizadas previsões ou prognósticos. Em seu livro “Os Aforismos” se verifica 
que Hipócrates descreveu proposições como por exemplo: número 32, “A urina que é 
transparente na sua superfície e apresenta sedimento bilioso indica que a doença é aguda”; 
número 33, “Quando a urina sofre alterações, um violento distúrbio está ocorrendo no 
corpo”; número 34, “Bolhas flutuando na superfície da urina indicam infecções nos rins e 
que a doença será longa” e número 70, “A urina límpida e branca é um mau sinal em casos 
de loucura”. Estas proposições demonstram que a uroscopia por ele desenvolvida mais 
direcionada ao prognóstico de pacientes doentes do que ao diagnóstico de doenças. 
Tanto Hipócrates como posteriormente Aritóteles (384-322 AC) desenvolveram 
seus estudos, em parte, pelo menos, a partir da famosa teoria de que a vida é mantida pelo 
equilíbrio dos quatro humores, cada um procedente de uma determinada parte do corpo 
 2 
humano e tendo diferentes qualidades: (i) o sangue (coração), que é quente e úmido; (ii) a 
fleuma (cérebro), fria e úmida; (iii) a bílis amarela (fígado), quente e seca; e (iv) a bílis 
(baço), fria e seca. Assim, do predomínio de um destes humores na constituição do 
indivíduo, resulta um determinado tipo fisiológico ou caráter: o sanguíneo, o fleumático, o 
colérico ou o melancólico. 
No final do século VI e início do século VII Teophilus de Constantinopla escreveu 
um texto de urologia cujo objetivo foi preencher lacunas deixadas por Hipócrates e Galeno. 
Ele considerou as interpretações e os trabalhos destes e de outros inadequados, escrevendo 
è necessário procurar uma doutrina diferente e não examinar em vão as coisas como 
imaginadas por eles, e não levar em consideração opiniões e fatos que são duvidosas”. Em 
“A Urina” ele não apenas define pela primeira vez urina como um filtrado do sangue e 
como ela é formada, mas introduziu inovações instrutivas que transformaram a uroscopia 
em uma ferramenta diagnóstica de doenças. Entre as inovações introduzidas podemos 
ressaltar: a) a descrição da cor da urina baseado em espectro utilizando dez tonalidades 
cromáticas que foram divididas em duas categorias (fina e espessa); b) a dedicação de 
capítulos específicos a varias partículas sólidas divididas por aspecto e cinco 
cores,sedimento normal e aspecto turvo. Ele verificou, ainda, que as propriedades da urina 
estão relacionadas com o ar, o nível de umidade, e que a consistência ou cor pode variar 
com o tempo após a colheita. Além disso ele introduziu uma padronização na observação 
das amostras com objetivo de reduzir as variações intra-observador e entre observadores e 
descreveu que através da analise da urina é possível diagnosticar doenças escondidas em 
outros órgãos. 
Nó século XVI um pequeno grupo de cientistas liderados por Theophrastus 
Bombastus Von Hohenheim, conhecido como Paracelso (1493-1541) insistia em não 
apenas olhar para a amostra de urina, queria obter mais informações da urina e 
desenvolveram novos métodos para verificar o que ela continha. Alguns destes métodos se 
mostraram úteis, como quando adicionou vinagre a algumas amostras de urina e verificou 
a precipitação de proteínas (Pagel, 1962). Assim este grupo iniciou o que denominamos 
atualmente de exame químico da urina. 
O exame de urina sofreu evoluções ao longo da história. No século XX, entre os 
cientistas que mais contribuíram para a evolução do exame de urina esta Thomas Addis 
(1881 a 1949) e o brasileiro Sylvio Soares de Almeida com seu estudo publicado na Revista 
do Hosptital das Clínicas, em 1961, com título “Estudos sobre infecções urinárias não 
específicas”. 
Atualmente a realização do exame de urina inclui a análise macroscópica (cor, 
espuma e transparência), o exame físico (densidade), o exame químico (pH, proteínas, 
glicose, hemoglobina, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, esterase de leucócitos) e 
o exame microscópico (células, leucócitos, hemácias, cilindros, cristais, bactérias, etc.). 
Mas a padronização de sua realização, apesar de existir em diferentes países, inclusive no 
Brasil, apresenta diferenças significativas (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 
2001; ABNT NBR 15268, 2005). 
A solicitação de sua realização inclui razões como: a) auxiliar no diagnóstico de 
doenças; b) realizar triagem de populações para doenças assintomáticas, congênitas, ou 
hereditárias; c) monitorar a progressão de doenças; d) monitorar a efetividade ou 
complicação da terapia e, e) realizar a triagem de trabalhadores de indústrias para doenças 
adquiridas (NCCLS, 2001). 
 3 
O exame de urina constitui ferramenta importante no: a) diagnóstico e 
acompanhamento de infecções do trato urinário; b) diagnóstico e acompanhamento de 
doenças não infecciosas do trato urinário; c) detecção de glicosúria de grupos de pacientes 
admitidos em hospitais em condição de emergência; d) controle de pacientes diabéticos e e) 
acompanhamento de pacientes com determinadas alterações metabólicas como vômitos, 
diarréia, acidose, alcalose, cetose oulitíase renal recorrente (European Urinalysis 
Guideline, 2000; NCCLS, 2001). 
 
2 ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 
 
2.1 ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO E RENAL 
 
O trato urinário é constituído de dois rins e dois ureteres, da bexiga e da uretra. A 
unidade funcional do rim onde a urina é formada é denominada de néfron. Depois de 
formada, a urina segue pelos ureteres até a bexiga, onde ela é armazenada até ser eliminada 
através da uretra (Figura 1). 
 O rim de um indivíduo adulto pesa, mais ou menos, 150g, tem a forma de feijão e 
mede, aproximadamente, 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 2,5cm de espessura. Na 
parte côncava do rim se localiza o hilo por onde os nervos, vasos sangüíneos e linfáticos 
entram e saem e é por onde sai o ureter que conecta cada rim a bexiga. O rim pode, ainda 
,ser dividido em três regiões, córtex, medula e pelve. Cada rim contém, aproximadamente, 
1.200.000 néfrons. 
Cada néfron começa como uma área dilatada denominada de glomérulo, seguido do 
túbulo contornado proximal, da alça de Henle e do tubo contornado distal. 
Apesar de todos os corpúsculos renais se encontrarem na região da córtex renal 
existem dois tipos de néfrons denominados de corticais e justaglomerulares. A diferença 
entre esses dois tipos de néfrons começa pela localização. Os néfrons corticais apresentam 
o corpúsculo renal e, também, as partes posteriores localizadas na região cortical, enquanto 
os néfrons justaglomerulares tem o glomérulo, tubo contornado proximal e tubo contornado 
distal localizado nesta região, enquanto a alça de Henle se localiza na região medular. 
O glomérulo é formado quando a arteríola aferente se divide em uma rede da alças 
constituída de 4 a 8 alças capilares na forma de tufo, cujo diâmetro é de, aproximadamente 
200μ de diâmetro. O tufo capilar glomerular invagina o epitélio da cápsula de Bowman de 
modo ele tenha apenas uma camada de células epiteliais em seu redor. Assim, o glomérulo 
é constituído de capilares e uma membrana basal recoberta de células epiteliais 
especializadas denominadas de podócitos que estão separadas da cápsula remanescente por 
um espaço denominado de espaço de Bowman. A cápsula de Bowman é constituída de uma 
simples camada de células escamosas sustentadas por uma lâmina basal e uma fina camada 
de fibras reticulares. 
O túbulo contornado proximal é constituído por células epiteliais que apresentam 
invaginações e interdigitações com células vizinhas e sua superfície luminal é provida de 
microvilosidades que formam uma escova, ampliando a superfície de contato e facilitando a 
reabsorção tubular. No interior das células tubulares proximais se encontra bomba de sódio 
e potássio e grande quantidade de mitocôndrias, o que característico de células envolvidas 
em transporte ativo de solutos. 
Existem três tipos de alças de Henle, a cortical, a curta e a longa. As alças corticais 
não entram na região da medula renal e são parte dos néfrons corticais, cujos glomérulos 
 4 
que se localizam na zona externa da região da córtex. As alças curtas penetram na região 
medular renal, mas não a zona mais interna e são parte de néfrons cujos glomérulos se 
localizam na zona externa e intermediária da região da córtex. As alças longas penetram 
mais profundamente na região medular e são partes dos néfrons justaglomerulares, cujos 
glomérulos localizados na zona intermediária da região cortical. Os ramos, descendente 
fino, o ramo curvo e a ramo ascendente espesso apresentam epiteliais com características 
morfológicas distintas. As células epiteliais do ramo descendente fino são planas e não 
apresentam interdigitações, as células do ramo curvo, por sua vez são planas, mas 
apresentam novamente interdigitações, enquanto as células do ramo ascendente largo não 
são planas e apresentam membrana basolateral aumentadas pelas interdigitações celulares e 
mitocôndrias são encontradas, o que, conforme citado anteriormente, e característico de 
células que apresentam bomba de solutos. 
Os túbulos contornados distais são mais curtos que os túbulos contornados 
proximais e são constituídos de células não planas que não apresentam microvilosidades 
mas são observadas interdigitações celulares e menos mitocôndrias que as células dos 
túbulos contornados proximais. Túbulos contornados distais de vários néfrons se conectam 
a um mesmo duto coletor. Os dutos coletores desembocam nos cálices renais e estes nos 
ureteres 
O túbulo contornado proximal, a alça de Henle e o tubo contornado distal são 
envolvidos por uma rede de capilares peritubulares, por onde circulam os solutos 
reabsorvidos e secretados pelo néfron. 
 
2.2 FISIOLOGIA RENAL 
 
 Os rins através dos processos de filtração, reabsorção e secreção exercem funções 
de como: a) remoção de produtos finais do metabolismo como, por exemplo, uréia e 
creatinina; b) retenção de proteínas, água e glicose; c) manutenção do equilíbrio ácido-
básico, do equilíbrio hídrico e eletrolítico; d) síntese de eritropoetina, renina, vitamina D, 
cininas e prostaglandinas; e) excreção de substâncias exógenas e f) formação da urina. 
 
 
2.2.1 FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
 
 O sangue que chega aos rins pela artéria renal que se ramifica em artérias cada vez 
menores até que pela arteríola eferente entra nos glomérulos onde é filtrado através da 
membrana glomerular. A filtração glomerular se dá à custa de uma pressão efetiva de 
filtração que, na parte inicial, mais próximo da arteríola aferente é de aproximadamente 
15mm de Hg e vai diminuindo, se aproximando de zero ao longo do tufo capilar em 
conseqüência do aumento da pressão oncótica. A membrana glomerular, semipermeável, 
permite a passagem de todas as substâncias com peso molecular inferior a 70.000 daltons 
de modo que o filtrado formado tem basicamente a mesma constituição do plasma, exceto 
as proteínas e os lipídeos plasmáticos. Este filtrado formado, que tem osmolaridade 
próxima da verificada no plasma, de 232 a 300mOsm/L, e densidade de aproximadamente 
1.008, é o resultado da primeira etapa de formação da urina. Em um indivíduo adulto, 
normal, são formados diariamente 180 litros desse filtrado, mas, aproximadamente, 99% 
desse volume é reabsorvido para o sangue pelos túbulos renais, restando apenas de 1,5 a 2 
litros de urina por dia, em condições normais de hidratação, para serem eliminados. 
 5 
 
2.2.2 REABSORÇÃO E SECREÇÃO TUBULAR 
 
 O processo de reabsorção tubular renal ocorre tanto por transporte ativo como por 
transporte passivo. Por transporte ativo as substâncias são transportadas através das 
membranas celulares contra o gradiente de concentração e esta movimentação requer gasto 
direto de energia. O transporte passivo de substâncias ocorre por gradiente osmótico o que 
não requer consumo direto de energia. 
Nos túbulos contornados proximais são reabsorvidos, em condições normais são 
reabsorvidos 80% da água existente no filtrado. Por transporte ativo, 100% da glicose e 
95% dos aminoácidos enquanto a reabsorção do sódio ocorre ao nível de 85% por 
transporte ativo que envolve a bomba de sódio e potássio. A reabsorção tubular de glicose 
apresenta taxa máxima (Tm) de 180 m/dL, aproximadamente, isto significa que quando a 
concentração sérica ultrapassar este limite parte da glicose não será mais reabsorvida 
porque os carreadores estão lotados. Também são reabsorvidas, nos túbulos proximais, por 
transporte ativo, outras substâncias como: aminoácidos, ácido úrico, bicarbonato, cálcio, 
fosfato, magnésio e sulfato, enquanto, a reabsorção de água, ácidos fracos não ionizados e 
uréia ocorrem por transporte passivo, a favor do gradiente osmótico. A reabsorção dos 
cloretos, por sua vez, ocorre passivamente por gradienteelétrico. As proteínas, encontradas 
no filtrado, em quantidade reduzida, são reabsorvidas em quase sua totalidade por 
pinocitose. Após, reabsorvidas, as proteínas sofrem a digestão celular, sendo os seus 
aminoácidos, posteriormente reutilizados. 
No ramo descendente da alça de Henle é reabsorvida de forma passiva a água, 
enquanto no ramo ascendente ocorre a reabsorção de cloreto por transporte ativo e do sódio 
e da uréia por transporte passivo. No ramo ascendente não ocorre a reabsorção de água 
porque este segmento é impermeável à água. 
Nos túbulos contornados distais são reabsorvidos por transporte passivo água e 
uréia. O transporte passivo do sódio depende da ação da aldosterona enquanto o da água 
depende do hormônio antidiurético. A reabsorção de água nos tubos coletores também 
depende do hormônio antidiurético. 
A secreção tubular proximal de substâncias que se encontram nos capilares 
peritubulares para a luz dos túbulos se constitui em importante meio de eliminação de 
material não filtrado pelos glomérulos e manutenção do equilíbrio ácido base. É através da 
secreção tubular renal que os de íons de hidrogênio em excesso são eliminados e o pH 
normal do sangue é mantido. Outras substâncias que não são filtradas pelos glomérulos 
porque se encontram ligadas a proteínas plasmáticas se dissociam das mesmas nos capilares 
peritubulares e são transportadas para o filtrado pelas células tubulares proximais, 
principalmente. São também secretados nos túbulos contornados distais uréia, creatinina e 
ácido úrico 
 
3 CONSTITUIÇÃO DA URINA 
 
 A urina é uma mistura bastante complexa onde 96% são representados por água e 
4% por substâncias nela dissolvidas e que são provenientes da dieta e do metabolismo. 
Além disso, nós encontramos, também, na urina estruturas em suspensão que tem como 
origem o trato urinário. Portanto, as variações constitucionais da urina refletem as variações 
 6 
da dieta diária, das condições fisiológicas do indivíduo bem como as condições de trato seu 
urinário. 
Uma das funções dos rins é a manutenção do equilíbrio hídrico do organismo. A 
manutenção do equilíbrio hídrico ocorre, principalmente através da ação do hormônio 
antidiurético. Assim a fração representada pela água pode apresentar variações dependendo 
da capacidade de concentração verificada, sendo os solutos constituídos, principalmente, de 
sais como cloreto de sódio e de potássio, entretanto, muitas outras substâncias se encontram 
dissolvidas na urina. 
Algumas estruturas são encontradas em suspensão na urina em pequeno número, em 
condições normais. Estas estruturas podem ser encontradas, em suspensão, em quantidades 
aumentadas sob diferentes condições patológicas, bem como, podemos encontrar sob 
diferentes condições patológicas estruturas anormais. 
O exame de urina é solicitado, principalmente, com o objetivo de avaliar as 
condições do trato urinário. Assim, para que este exame seja realmente um reflexo das 
variações das condições do trato urinário é necessário que as amostras de urina sejam 
corretamente colhidas e processadas. 
 
3.1 AMOSTRAS DE URINA 
 
Na realização do exame de urina vários tipos de amostras poderão ser utilizados, 
mas é importante ressaltar que cada uma apresenta características próprias e que os 
resultados, a partir delas obtidos podem ser distintos. 
Contudo, independente do tipo de amostra, para que o resultado do exame de urina 
possa ser corretamente interpretado, tanto o horário de coleta da amostra quanto o horário 
de realização do exame deve ser anotado e constar do resultado emitido. 
Para a realização do exame de urina, a amostra considerada padrão ou mais 
adequada é a denominada comumente de primeira amostra da manhã. Esta amostra deve 
ser colhida imediatamente após acordar, pela manhã, em jejum e antes de realizar qualquer 
atividade. É recomendado, ainda que esta amostra seja colhida após oito horas de repouso 
e, pelo menos quatro horas após a última micção. A primeira amostra da manhã é 
considerada como amostra padrão para a realização do exame de urina porque ela é mais 
concentrada que as outras amostras e porque nesta amostra se verifica maior crescimento 
das bactérias eventualmente presentes na bexiga, assim o resultado da analise realizada 
reflete melhor as condições do paciente. Embora esta amostra seja considerada padrão, ela 
geralmente não é a utilizada nos laboratórios tendo em vista o tempo e as condições de 
transporte da mesma até o laboratório. A utilização da primeira amostra da manhã para a 
realização do exame de urina se tem mostrado mais viável apenas de pacientes 
hospitalizados. 
Outra amostra é denominada como segunda amostra da manhã. Esta amostra pode 
ser obtida com mais facilidade no laboratório que a primeira amostra da manhã. Esta 
amostra deve ser colhida de duas a quatro horas após a primeira micção do dia. É 
importante lembrar que sua composição pode ser influenciada pela ingestão de alimentos e 
líquidos no desjejum. Com o objetivo de aumentar a concentração de eventuais bactérias 
presentes na bexiga pode-se recomendar a restrição de ingestão de líquido após as 22:0 
horas. A segunda amostra da manhã é a amostra mais utilizada pelos laboratórios. 
Outra amostra bastante utilizada nos laboratórios para realização do exame de urina 
é a amostra randômica. Esta amostra é colhida a qualquer momento do dia sendo 
 7 
recomendável que o intervalo de tempo entre a última micção e a coleta da amostra seja de 
pelo menos duas horas. A composição pode é, certamente, influenciada pelos alimentos e 
líquidos ingeridos durante o dia. A utilização da amostra randômica é inevitável em 
situação de emergência e urgência, freqüentes em ambiente hospitalar. Entretanto, a 
utilização da amostra randômica realização do exame de urina deve considerar a elevada 
possibilidade de resultados falsos negativos assim como resultados falsos positivos dentre 
os constituintes avaliados na realização do exame. 
Apesar da possibilidade de resultados falsos negativos assim como alguns 
resultados falsos positivos de constituintes analisados, a amostra randômica, considerando 
a facilidade de sua obtenção é a de eleição mais freqüente no caso de pacientes atendidos 
através do serviço de emergência e de Unidade de tratamento intensivo. No caso de 
pacientes atendidos através de ambulatório a amostra mais freqüentemente utilizada é a 
segunda amostra da manhã. 
Além das amostras de urina acima descritas, outras formas de colheita podem ser 
utilizadas, dependendo das condições e da idade dos(as) pacientes a serem obtidas as 
amostras de urina, como por exemplo: inserção de cateter; aspiração suprapúbica e sacos 
coletores. 
Em crianças que ainda não apresentam controle urinário a obtenção de amostra de 
urina através da inserção de cateter de cateter estéril, especificamente, para este fim. Esta 
forma de coleta de amostra é relativamente invasiva e deve ser obtida por profissional 
específico. A coleta a partir de cateter pode ser obtida através de punção estéril de cateter 
permanente introduzido no(a) paciente. Neste caso a amostra, jamais deve ser obtida a 
partir da bolsa coletora. 
Em vista desta dificuldade, geralmente, a coleta de amostra de urina de crianças que 
ainda não apresentam controle urinário se dá através da utilização de sacos coletores 
específicos disponíveis no mercado. Para obtenção da amostra através de sacos coletores, é 
necessária a higiene prévia dos órgãos genitais para posterior aplicação do saco coletor 
específico. Após aplicar o saco coletor se deve freqüentemente, verificar se a criança 
urinou. Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se após uma hora a 
criançanão urinou. Esta amostra obtida conforme recomendado, freqüentemente, apresenta 
elevada contaminação com células epiteliais. No caso de o saco coletor permanecer por 
mais de uma hora e a amostra for colhida depois deste tempo a possibilidade de 
contaminação maior da amostra é elevada, a ponto de comprometer a confiabilidade do 
resultado do exame de urina. 
Outra possibilidade de obtenção da amostra de urina é através aspiração suprapúbica 
após punção realizada por profissional médico. Procedimentos de assepsia são 
indispensáveis para a obtenção da amostra deste modo. Para a obtenção da amostra de urina 
por punção suprapúbica a bexiga deve estar cheia e a punção ser realizada 1 centímetro 
acima do osso pubiano. Como em condições normais esta amostra é estéril, esta forma de 
coleta apresenta como grande vantagem a confiabilidade do resultado que indique a 
presença infecções do trato urinário ou de outros distúrbios do trato urinário. 
 
3.1.1 FRASCOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA 
 
 O frasco a ser utilizado para colheita de urina deve ser translúcido (Figura 2) e 
rigorosamente limpo e fornecido pelo laboratório. Para a realização do exame de urina não 
é necessário que o frasco seja estéril. Entretanto, quando a requisição inclui a realização de 
 8 
cultura de urina é imprescindível que o frasco seja estéril e de preferência que Os frascos 
devem, segundo European Urinalysis Guideline (2000), ter a capacidade de armazenar de 
50 a 100ml e abertura de no mínimo 5 cm de diâmetro a fim de facilitar a colheita de 
amostra de urina tanto para pacientes do sexo masculino como pacientes do sexo feminino. 
È recomendado também que o frasco tenha base ampla, de forma que seja difícil que o 
mesmo vire acidentalmente. Os frascos devem estar livres de contaminação com 
substâncias interferentes. A reutilização de frascos para colheita de amostras de urina eleva 
o em muito o risco de contaminação com substâncias interferentes. 
 
3.1.2 PREPARAÇÃO DO PACIENTE E COLHEITA DE AMOSTRA 
 
A preparação do paciente e a colheita da amostra de urina constituem de fato a 
primeira fase do exame de urina. O paciente deve ser, primeiramente, informado de que 
para a realização do exame solicitado, uma amostra de urina deve ser colhida. Em seguida o 
paciente deve ser orientado sobre como se procede a coleta da amostra de urina para o 
exame solicitado. Esta orientação é importante para que o resultado da análise de urina a ser 
realizada permita a interpretação confiável que reflita as reais condições do trato urinário 
do(a) paciente. As orientações ao(a) paciente devem ser fornecidas oralmente e por escrito, 
sendo estas, sempre, acompanhadas de material ilustrativo para facilitar a compreensão 
do(as) mesmo(a). 
A orientação e preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando do sexo 
feminino, não se constitui, na prática diária, em procedimento dos mais simples. Por isto, 
freqüentemente no deparamos com amostras de urina inadequadamente colhidas, que 
apresentam características de contaminação com fluxo vaginal. 
No caso do sexo feminino as pacientes devem ser orientadas a lavarem 
cuidadosamente as mãos e após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os órgãos 
genitais externos em torno da uretra com água e secar com lenços de papel ou limpar com 
lenços de higiene. Após esta higiene os lábios vaginais devem ser mantidos afastados até a 
micção e durante a mesma. A primeira parte jato da micção deve ser desprezada, após 
deve-se colher, aproximadamente, 50 mililitros e desprezar o restante. As pacientes, devem 
colher a amostra de urina imediatamente após realizar a higiene, sem se levantar do vaso 
para isto, caso contrario o procedimento de higiene deve ser repetido. O rigor necessário na 
higiene dos órgãos genitais externos torna o êxito do procedimento de coleta difícil de ser 
alcançado. 
Como alternativa para o procedimento de higiene no caso de pacientes do sexo 
feminino se pode recomendar que esta proceda a colheita da urina, após lavar bem as mãos, 
com os dedos indicado e médio afastar bem os grandes lábios vaginais e com leve pressão 
promover a retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta uma curva 
descendente de aproximadamente 45°. 
Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavarem cuidadosamente as 
mãos e após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para permitir cuidadosa lavagem 
da glande peniana, apenas com água ou então realizar a limpeza desta com lenços de 
higiene. Após esta higiene, sem permitir que o prepúcio volte a cobrir a glande peniana, 
deve ser realizada a coleta desprezando a primeira parte jato da micção, recolhendo no 
frasco fornecido pelo laboratório, aproximadamente, 50 mililitros e desprezando o restante 
da urina desta micção. 
 9 
Com relação ao volume da amostra é importante considerar que pacientes que 
apresentam distúrbios do trato urinário podem emitir diariamente apenas reduzido volume 
de urina, de modo que o volume total de uma micção seja até mesmo inferior a 10 
mililitros. Nestes casos as amostras de urina devem ser analisadas com qualquer que seja o 
volume de amostra obtido. 
Depois de colhida a amostra deve ser anotada pelo laboratório o tipo de amostra que 
foi obtida, o horário de sua obtenção que dever ser informado ao médico requisitante, 
juntamente com o resultado da análise realizada. 
Os procedimentos de orientação dos(as) pacientes como descrito acima são 
recomendáveis para primeira amostra da manhã, segunda amostra da manhã e amostra 
randômica. Para coleta da amostra de tempo determinado, além de realizar a cuidadosa 
higiene de seus órgãos genitais externos, o paciente deve anotar o horário em que esvaziou 
a bexiga e o horário em que realizou a última coleta no tempo determinado. A(s) amostras 
devem ser colhidas apenas em frasco(s) fornecido(s) pelo laboratório. É importante lembrar 
que na coleta desta amostra deve ser colhido todo o volume da(s) micção(ões) do período. 
No caso de pacientes de ambulatório, não deve ser permitida a colheita da amostra 
de urina fora das dependências do mesmo tendo em vista não se dispor de garantia da hora 
de realização da mesma. 
Se o laboratório estiver impedido de realizar o exame de urina no período uma hora 
após colheita da amostra, esta pode, excepcionalmente, ser mantida sob refrigeração entre 4 
a 8° centígrados por até 8 horas, entretanto devem ser observados os cuidados relativos às 
possíveis alterações decorrentes deste procedimento que serão abordados no exame 
químico e no exame microscópico. No caso de a amostra ser conservada sob refrigeração 
conforme, conforme descrito acima, o fato deve ser comunicado ao medico requisitante do 
exame. 
As amostras de “urina” devem ser cuidadosamente analisadas, sob todos os 
aspectos, pois diversos líquidos apresentam características físicas similares às da urina e 
também reagem com as tiras reagentes. 
A preparação e orientação do(a) paciente para a realização do exame de urina deve, 
preferencialmente incluir questões como hábitos alimentares e medicação de utilizada pelo 
paciente, pois juntamente com a orientação quanto aos procedimentos relativos à higiene 
íntima e a colheita da amostra estas informações podem ser úteis na interpretação e na 
confiabilidade dos resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
Quadro 1. Orientação para coleta de urina para pacientes do sexo feminino 
 
 
1) Lavar as mãos 
 
 
2) Abrir o frasco sem tocar a parte interna 
 
 
3) Lavar a região vaginal com água e 
depois enxaguar bem 
 
 
4) Secar a região vaginal, da frente para 
traz, com toalha de papel5) Assentar no vaso, afastar os lábios 
vaginais e mantê-los afastados 
 
 
6) Desprezar a primeira parte do jato 
urinário 
 
 
7) Colher o segundo jato até, 
aproximadamente, metade do frasco 
 
 
8) Desprezar, no vaso, o restante do jato 
da micção 
 
 
9) Colhida a amostra, fechar o frasco e 
entregar ao funcionário do Laboratório 
 
 11 
 
 
Quadro 2. Orientação para coleta de urina para pacientes do sexo masculino 
 
1) Lavar as mãos 
 
 
2) Abrir o frasco sem tocar a parte interna 
 
 
3) Retrair o prepúcio para expor a glande 
peniana e lavar com água e depois 
enxaguar bem 
 
 
4) Secar a glande com toalha de papel 
 
 
 
 
 
5) Manter o prepúcio retraído 
 
 
6) Desprezar a primeira parte do jato 
urinário 
 
 
7) Colher o segundo jato até, 
aproximadamente, metade do frasco 
 
 
8) Desprezar no vaso o restante do jato da 
micção 
 
 
9) Colhida a amostra, fechar o frasco e 
entregar ao funcionário do Laboratório 
 
 12 
 
4 EXAME FÍSICO 
 
Atualmente o exame físico da urina é considerado, atualmente, a segunda etapa do 
exame de urina e é constituído da observação de características físicas como cor, odor, 
aspecto ou transparência, depósito e densidade. Em alguns países a observação da presença 
de espuma persistente após agitação severa assim como a observação de sua coloração 
constitui parte do exame físico. No exame de urina em qualquer tipo de amostra que ele 
seja realizado não mede o volume da amostra visto que a capacidade de concentração da 
urina não constitui parte deste exame. O exame físico da urina deve ser preferencialmente 
realizado na amostra recente, até uma hora após a colheita, que esteja à temperatura 
ambiente, pois o tempo, a temperatura e a proliferação de bactérias podem resultar 
distorções nos resultados. No caso de o exame de urina de determinada amostra de urina 
não poder ser realizado neste período recomenda-se que a mesma seja mantida sob 
refrigeração entre 4 a 8° centígrados. A amostra pode ser mantida sob refrigeração por até 8 
horas. Entretanto, nas amostras refrigeradas o exame físico deve ser realizado, apenas, após 
a urina ser aquecida até 37° centígrados, pois da refrigeração pode resultar a precipitação de 
grânulos de uratos amorfos ou de grânulos de fosfatos amorfos em grande quantidade e 
conseqüentemente causar alteração no exame físico com relação ao aspecto e depósito. 
 
4.1 COR 
 
As amostras de urina dos pacientes podem apresentar as mais diferentes colorações 
que podem ser normais, ou anormais (Quadro 01). A urina, em condições normais 
apresenta cores amarelas, cuja tonalidade varia de acordo com a concentração dos 
cromógenos urocromo, uroeritrina e urobilina na amostra. O urocromo é um pigmento de 
cor amarela, encontrado em maior quantidade, normalmente, na urina. A urobilina e a 
uroeritrina são pigmentos de cor laranja e vermelha, respectivamente. Esses cromógenos, 
em condições normais, apresentam excreção aproximadamente constante no período de 24 
horas. Portanto, a variação da cor normal da urina é decorrente do estado de hidratação que 
o organismo do indivíduo apresenta durante o dia e da variação das concentrações dos 
cromógenos. Assim, se pode falar que existe uma relação inversa entre a intensidade da cor 
normal da urina e a concentração. Esta relação inversa existe também entre a coloração 
normal e a densidade e o volume de 24 horas. A coloração anormal de uma amostra de 
urina pode ser causada por patologias, alimentos, medicamentos e produtos metabólicos . 
A verificação da cor da urina deve ser realizada após homogeneização da amostra, 
com a amostra no frasco de coleta, razão pela qual se recomenda que o frasco para coleta 
seja de plástico tipo cristal, que é transparente. Na realização do exame de urina o mais 
importante não é a exata identificação do tom da coloração da urina, mas sim a distinção 
entre as colorações normais das colorações anormais. 
Como o urocromo é um pigmento de coloração amarela e se constitui no principal 
pigmento da urina. A uroeritrina e a urobilina são pigmentos vermelho e laranja, 
respectivamente, e presentes em quantidade menor que o urocromo. Assim, as colorações 
normais das amostras de urina podem ser descritas apenas como amarela (Figura 2). 
As amostras de urina podem apresentar cores anormais que variam desde o amarelo 
pálido ao âmbar podendo ainda apresentar cor verde, azul, laranja, marrom, preto e 
vermelho, sendo esta última em diferentes tons. As diferentes cores e tonalidades anormais 
 13 
são decorrentes dos diferentes pigmentos apresentados pelas substâncias presentes e pela 
concentração dos pigmentos na amostra (Figura 3). 
A cor amarela pálida é observada em amostras de urina que apresentam maior 
diluição. Amostras de urina mais diluídas são decorrentes da utilização de diuréticos, do 
consumo de álcool e em pacientes que apresentam glicosúria, hipercalcemia ou diabetes 
insípido. 
As amostras podem, ainda, apresentar cor normal quando coletadas e sofrerem 
alterações em conseqüência de sua exposição à luz e de sua alcalinização. É o que acontece, 
com a cor da urina de indivíduos que apresentam deficiência congênita de expressão da 
enzima oxidase do ácido homogentísico, que participa do catabolismo da fenilalanina e da 
tirosina, que pode escurecer, inclusive passando de amarela para preta quando alcalinizada 
e com a cor da urina de indivíduos que excretam melanina em conseqüência de 
apresentarem melanoma maligno, que por sua vez pode escurecer e também de amarela 
para preto em conseqüência da exposição à luz. 
 
QUADRO 3: As diferentes cores verificadas em amostras de urina e suas causas mais 
freqüentes. 
COR CAUSA MAIS FREQÜENTE 
Amarela Urocromo, urobilina e uroeritrina. 
Amarelo Pálido Urina muito diluída. 
Amarelo Âmbar Urina muito concentrada. 
Marrom Presença de bilirrubina ou biliverdina em grande quantidade. 
Produtos resultantes da oxidação de hemoglobina e 
mioglobina, metronidazol, porfirinas 
Laranja Excreção de urobilina em grande quantidade ou presença de 
fenazopirimidima (Pyridium), nitrofurantoína, riboflavina, 
corantes de alimentos. 
Rosa Presença de sangue, uratos, porfirinas. 
Vermelho opaco Presença de sangue (hemácias) em grande quantidade, 
porfirinas. 
Vermelho brilhante Hemoglobina livre, fenotiazina, antraquinona, fenolftaleína 
ingestão de beterraba, ingestão de amoras (betacianina). 
Vermelho escuro/marrom Mioglobina. 
Vermelho escuro/púrpura Porfirinas, corantes de alimentos, aminopirina, metildopa, 
fenotiazina. 
Verde/azul Azul de metileno, biliverdina, pseudomonas (piocianina) , 
indometacina, síndrome da infusão de porfobol. 
Preta Ácido homogentísico, melanina, mioglobina, porfirinas, 
bilirrubina, fenol, cloroquina, levodopa, metronidazol, 
metildopa, hidroquinona. 
Púrpura Sulfato de Indoxil (Klebsiella, Providencia), ingestão de 
beterraba, ingestão de amoras (betacianina). 
Branca Lipúria, leucocitúria intensa, fosfatúria. 
 
 
 
 14 
4.2 ODOR 
 
A urina pode apresentar algumas variações quanto ao seu odor. O odor 
característico, considerado normal da urina é denominado de “sui generis” e pode ser mais 
ou menos intenso, dependendo da quantidade de ácidos aromáticos presentes na amostra. 
As amostras normais mais concentradas apresentam odor mais intenso. 
A verificação do odor da urina é realizada abrindo-se o frasco que contém a amostra 
de urina, mantendo o mesmo a uma distância de aproximadamente 40 centímetros do nariz, 
em seguida deve-se fazer um leve deslocamento de ar desde o frascoem direção ao nariz. 
Odores anormais da urina podem ser fétido, amoniacal e frutado. O odor fétido é, 
geralmente, decorrente da degradação celular verificada nos processos infecciosos. 
Contudo, é importante ressaltar que nem sempre se verificarmos a ocorrência de processos 
infecciosos a urina apresentará este odor. O odor amoniacal é devido a processo de 
transformação bacteriana da uréia em amônia, decorrente, geralmente, da retenção urina por 
mais tempo na bexiga. Amostras de urina de pacientes com diabetes melito ou em jejum 
prolongado podem apresentar odor frutado que é decorrente da presença de corpos 
cetônicos na amostra. 
No Brasil o odor é sempre descrito nos resultados dos exames de urina, mas em 
outros países, como por exemplo, nos Estados Unidos da América do Norte, conforme 
recomendação National Committee for Clinical Laboratory Standarts (NCCLS) o odor de 
uma amostra de urina somente é registrado no resultado do exame de urina quando 
anormal. 
 
4.3 ASPECTO 
 
O aspecto da urina avalia o grau de transparência da amostra de urina e reflete a 
quantidade de estruturas do sedimento organizado ou não organizado (ex. células, 
hemácias, leucócitos, cristais) em suspensão (Quadro 2). Em condições normais as 
amostras de urina não apresentam alteração de sua transparência. Nas amostras de urina que 
apresentam alteração de sua transparência verificamos também alterações no depósito e, 
por conseguinte, na microscopia, ainda que estas últimas não sejam de origem patológica. 
Assim, se pode falar que existe uma relação inversa entre o aspecto da urina e o depósito e 
também em relação quantidade de estruturas observadas na microscopia. 
Assim como na verificação da coloração da urina, a verificação do aspecto deve ser 
realizada após homogeneização da amostra, com a amostra no frasco de coleta, razão pela 
qual se recomenda que o frasco para coleta seja de plástico tipo cristal, que é transparente. 
No caso de o exame de urina não ser realizado em até uma hora, após a colheita da 
amostra esta poderá ser, refrigerada por até oito horas. Contudo, a observação do aspecto da 
amostra deverá ser realizada, apenas, após a amostra ser aquecida até 37° centígrados. Se a 
turvação desaparecer ou diminuir em conseqüência deste aquecimento e o pH da amostra 
for ácido então, provavelmente ela era decorrente da precipitação de grânulos de urato. No 
entanto, se a turvação não desaparecer ou diminuir em conseqüência deste aquecimento e o 
pH da amostra for alcalino então, provavelmente ela era decorrente da precipitação de 
grânulos de fosfato. Assim, o aquecimento das amostras refrigeradas até 37° centígrados 
facilita, na maioria dos casos a realização da microscopia. 
 15 
No caso de a turvação de uma amostra alcalina, decorrente, possivelmente, da 
precipitação de grânulos de fosfato, não se recomenda a sua acidificação para dissolução 
dos mesmos, pois esta poderá resultar na destruição de estruturas importantes presentes. 
 
4.4 DEPÓSITO 
 
Como já descrito anteriormente, a quantidade de depósito obtido de uma amostra de 
urina apresenta relação com o aspecto da amostra e com a quantidade de estruturas 
observadas na microscopia, pois as estruturas que alteram o aspecto de uma amostra de 
urina são aquelas que se encontram em suspensão e estas são as que se depositam durante o 
repouso ou são depositadas em decorrência de centrifugação, e, por conseguinte observadas 
ao microscópio. 
A relação entre depósito e aspecto é extremamente estreita, devendo-se tomar 
cuidado especial na expressão dos resultados, pois, por exemplo, não existe uma amostra de 
urina límpida cujo depósito possa ser moderado. O depósito observado em uma amostra de 
urina pode ser quantificado como escasso, pequeno, moderado e intenso, e, deve guardar 
relação com o resultado do aspecto observado (Quadro 3). 
 
QUADRO 4: Os diferentes aspectos verificados em amostras de urina e suas características 
macroscópicas e microscópicas. 
 
ASPECTO CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA DE URINA 
Límpido Macroscopicamente a amostra de urina não apresenta ou 
apresenta raras estruturas em suspensão após 
homogeneização. No exame microscópico do sedimento 
urinário não se verificam alterações quantitativas nos 
elementos normais e geralmente não se observam estruturas 
anormais 
Ligeiramente turvo Macroscopicamente a amostra apresenta pequena 
quantidade de estruturas em suspensão após 
homogeneização. No exame microscópico do sedimento 
urinário se verificam pequenas alterações quantitativas nas 
estruturas normais, podendo ser observados estruturas 
anormais. 
Turvo Macroscopicamente a amostra apresenta moderada 
quantidade de elementos em suspensão após 
homogeneização. Microscopicamente se verificam grandes 
alterações quantitativas nas estruturas normais e, 
geralmente, se observam estruturas anormais de valor 
diagnóstico. 
Muito turvo Macroscopicamente a amostra apresenta grande quantidade 
de elementos em suspensão após homogeneização. No 
exame microscópico do sedimento urinário se verificam 
grandes alterações quantitativas nas estruturas normais e 
geralmente se observam estruturas anormais de valor 
diagnóstico. 
 16 
 
Na expressão do resultado do exame físico depósito quando realizada, não se 
recomenda utilizar o termo “nulo” tendo em vista que amostras de urina sempre apresentam 
no exame microscópico, algumas estruturas, ainda que em pequena quantidade, como, por 
exemplo: células epiteliais, bactérias e leucócitos. 
A verificação do depósito em uma amostra de urina pode ser realizada 
relacionando-o com o aspecto verificado com a amostra ainda no frasco de coleta, ou então 
observando o depósito no fundo do tubo cônico graduado de 10 mililitros após a 
centrifugação. A relação entre o depósito e o aspecto verificado é tão estreita que, a 
tendência é a análise do depósito deixar de constituir do exame de urina. Aliás, é 
importante ressaltar que nos Estados Unidos da América do Norte a análise do depósito já 
não constitui mais parte do exame de urina, conforme recomendado pelo NCCLS . 
No caso de o exame de urina não poder ser realizado em até uma hora após a 
colheita da amostra, esta poderá ser refrigerada por até oito horas. Contudo, a observação 
do depósito da amostra deverá ser realizada, apenas, após a amostra ser aquecida até 37° 
centígrados. Recordando a interdependência verificada entre os exames físicos “aspecto” e 
“depósito”, as considerações realizadas com relação à modificação ou não da transparência 
das amostras após aquecimento até 37° centígrados devem ser consideradas. 
 
QUADRO 5: As diferentes quantidades de depósito verificados em amostras de urina e o 
aspecto correspondente. 
DEPÓSITO ASPECTO 
Escasso Límpido 
Pequeno Ligeiramente turvo 
Moderado Turvo 
Abundante Muito turvo 
 
4.5 ESPUMA 
 
A análise da espuma formada quando uma amostra de urina é agitada por algum 
tempo constitui parte do exame de urina conforme recomendado pelo NCCLS. No Brasil 
esta análise não é realizada pela maioria dos Laboratórios de Análises Clínicas ou 
Laboratórios de Patologia Clínica, bem como não é recomendada pela NBR 15268. A 
formação abundante e persistente de espuma é formada em conseqüência da agitação 
devido à presença de albumina na amostra de urina, indicando, portanto a reação positiva a 
ser verificada no exame químico da urina, a ser realizado através da tira reativa. A 
formação de espuma abundante e persistente de coloração amarela pode indicar a presença 
de bilirrubina (Quadro 4). 
Esta análise é realizada após agitação da amostra de urina no frasco de coleta 
devendo-se observar a quantidade de espuma formada e a corda mesma (Figura 4). 
 
4.6 DENSIDADE 
 
A densidade é definida como a massa de determinado volume de uma solução 
comparada com a massa de igual volume de água, dependendo, portanto, da concentração 
osmolar. Assim, a densidade de uma amostra depende da concentração dos solutos 
 17 
presentes na amostra e do peso molecular das mesmas. A urina é, basicamente, uma 
solução aquosa onde se encontram dissolvidos uréia, creatinina, cloreto de sódio, uratos e 
outras substâncias que determinam a sua concentração. 
A determinação da densidade de uma amostra na realização do exame de urina tem 
como objetivo avaliar a capacidade renal de concentração da urina e a condição hidratação 
do organismo. 
 
QUADRO 6: A quantidade de espuma verificada em amostras de urina, sua cor e a 
indicação correspondente. 
QUANTIDADE COR INDICAÇÃO 
Pequena Branca Normal 
Abundante Branca Presença de proteínas 
Abundante Amarela Presença de proteínas e bilirrubina 
 
Para determinação, correta da concentração da urina dever-se-ia preferir a 
determinação da osmolaridade, tendo em vista que ela apresenta elevada linearidade com o 
peso especifico da urina sendo que cada 40 miliosmoles correspondem a, aproximadamente 
a uma unidade de peso específico. O resultado da determinação da osmolaridade em 
osmômetro é expresso em miliosmoles por kilograma (mOsm/Kg) de água, sendo que em 
indivíduos saudáveis com adequada hidratação seus valores variam de 500 a 850 mOsm/Kg 
de água. 
 Entretanto, considerando o elevado custo apresentado pela determinação da 
concentração através da osmolaridade, o que torna impraticável sua execução na prática 
clínica, esta sempre foi determinada por outros métodos menos específicos, utilizando o 
urinômetro, o refratômetro e as tiras reagentes (Figura 5). 
Atualmente, a determinação da densidade ou peso específico através do urinômetro 
é raramente realizada tendo em vista o grande volume de amostra e a quantidade de 
provetas necessárias. Para a determinação da densidade da urina através da utilização do 
refratômetro manual específico para determinação de densidade de urina, são necessárias 
apenas algumas gotas ou até mesmo, apenas uma, o que torna sua utilização mais fácil. Esta 
metodologia tem como fundamento que o índice de refração de uma solução apresenta 
variação diretamente proporcional ao número de partículas dissolvidas na solução. 
Contudo, é importante lembrar que apesar de os resultados de densidade obtidos pelo 
refratômetro serem correspondentes àqueles obtidos com o urinômetro, eles não são 
idênticos, não se prestando este equipamento específico para determinar a densidade ou 
peso específico de soluções de soluções salinas, soluções que contém glicose e soluções 
que contém contraste radiográfico. 
Na utilização de tiras reagentes para determinação da densidade ou peso específico 
se realiza a avaliação ou determinação da concentração iônica da urina. Esta determinação 
tem como fundamento a ionização de um polieletrólito, proporcionalmente, à quantidade de 
íons presentes na solução, liberando prótons, os quais favorecem a modificação do 
indicador de pH presente (Azul de bromotimol) que varia da cor azul a amarela, passando 
pela verde. A determinação da densidade através da utilização de tiras reagentes sofre 
interferências do pH, quando alcalino, e da presença de proteínas e de corpos cetônicos. 
Quando o pH da urina for alcalino ocorrerá interferência na leitura da reação indicadora de 
densidade de modo que, segundo os fabricantes se deve acrescentar 0,005 à leitura obtida. 
 18 
Na presença de proteínas e de corpos cetônicos se verificam densidades mais elevadas que 
as reais. Contudo, não se verificam leituras mais elevadas que as reais em urinas que 
apresentam resultados positivos para determinação semi-quantitativa de glicose. Assim, os 
resultados assim obtidos através das tiras reagentes podem ser diferentes daqueles obtidos 
através da utilização do urinômetro e do refratômetro. 
A apresentação de densidade inferior ao normal, e, principalmente, inferior a 1,007 
é denominada de hipoestenúria, enquanto a apresentação de densidade elevada, superior a 
1.030 é denominada de hiperestenúria. A hipoestenúria e a hiperestenúria podem ser de 
patológica ou podem refletir apenas o estado de hidratação do indivíduo. É denominada de 
isostenúria a verificação de densidade constante em diferentes amostras, decorrente da 
incapacidade renal patológica de concentrar e diluir a urina. 
A densidade da urina pode variar de 1.003 a 1.030. Entretanto, geralmente as 
amostras randômicas de urina apresentam densidade entre 1.010 e 1.020 em indivíduos 
adultos saudáveis cuja ingestão quantitativa de água é normal. Quando se colhe a primeira 
amostra da manhã a densidade da urina é, em indivíduos saudáveis, maior que 1.020. 
Amostras que apresentam densidade menor que 1.010 indicam relativa hidratação 
enquanto valores de densidade maiores que 1.020 indicam relativa desidratação (Kavouras, 
2002). 
 Densidade urinária diminuída está relacionada a utilização de diuréticos, diabetes 
insípida, insuficiência adrenal, aldosteronismo e insuficiência da função renal, enquanto 
densidade (Kavouras, 2002). Entretanto, são extremamente raros os casos em que pacientes 
eliminam volumes muito grandes (> 5 litros) de urina em 24 horas cuja densidade é muito 
baixa (<1003). 
Níveis falsamente elevados de densidade podem ser verificados no caso da 
determinação através do refratômetro e do urinômetro, quando se encontram presentes na 
amostra substâncias como glicose, contraste radiográfico e certos antibióticos. Na 
determinação da densidade, através de tiras reagentes, por sua vez, estas substâncias não 
interferem, mas se verificam aumentadas em 0.005 em pacientes com proteinúria, tendo em 
vista a interferência do ânion protéico. A presença de cetonas na amostra de urina, também, 
resulta em aumento da densidade quando esta é determinada através de tiras reagentes. 
A verificação de níveis falsamente diminuídos de densidade, em 0.005, podem ser 
observados em urinas que apresentam pH igual ou superior a 6.5 quando se utilizam tiras 
reagentes na sua determinação. A utilização de tiras reagentes para verificação da 
densidade urinária também apresenta variação de 0.005 em relação àquela obtida através do 
refratômetro e do urinômetro e, geralmente, a menor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
FIGURA 1. Frasco apropriado e frascos 
não apropriados para colheita de urina. 
 
 
Figura 03. Amostras de urina de cor anormal 
 
Figura 02. Amostras de urina de cor normal, 
amarela 
 
 
Figura 4. Amostras de urina apresentando 
espuma abundante de cor amarela e de cor 
branca. 
 
 
Figura 5. Urinômetros, refratômetro e tira 
reagente 
 
 20 
5. EXAME QUÍMICO 
 
O exame químico da urina é a terceira etapa do exame de urina sendo, atualmente, 
realizado através de tiras reagentes que são tiras plásticas nas quais se encontram fixadas 
diferentes áreas reagentes. As tiras reagentes mais freqüentemente utilizadas nos 
laboratórios são que disponibilizam dez áreas reagentes as quais permitem a realização da 
determinação semi-quantitativa de bilirrubina, de corpos cetônicos, da densidade, de 
glicose, de hemoglobina, de leucócitos, de nitrito, de pH, de proteínas e urobilinogênio. 
A realização do exame químico através das tiras reagentes pode oferecer 
informações sobre a função hepática, função renal, metabolismo de carboidratos, infecções 
do trato urinário e até mesmo sobre o equilíbrio ácido-básico. É importante ressaltar que 
estas avaliações são de certomodo apenas superficiais, necessitando exames 
complementares serem realizados a fim de permitir avaliação mais precisa e mais sensível. 
No caso de ela haver sido submetida à refrigeração, entre 4 a 8° centígrados por até 8 horas, 
o exame químico deve ser realizado, apenas, após a urina estar à temperatura ambiente 
visto que parte dos exames químicos realizados através das tiras reagentes dependerem de 
enzimas as quais são termo dependentes. 
O exame químico da urina deve, ainda, ser realizado, em amostra recente, até uma 
hora após a colheita, que esteja à temperatura ambiente, pois a exposição à luz, a 
temperatura e a proliferação de bactérias pode resultar distorções nos resultados, não 
refletindo as condições do paciente. 
Como já descrito sobre a colheita do material, a amostra ideal para realização do 
exame de urina é a amostra que constitui o jato médio da primeira amostra da manhã. Mas, 
considerando que para a realização deste exame se trabalha com amostras randômicas, 
devemos realizar a colheita no mínimo duas horas após a última micção, visto que quando 
este tempo não é respeitado corremos elevados riscos de emitirmos resultado falso 
negativos da pesquisa de nitritos, conforme veremos mais adiante. 
Para a realização do exame químico da urina a amostra de urina, colhida a menos de 
uma hora, não centrifugada, à temperatura ambiente deve ser homogeneizada. Em seguida, 
se imerge, rapidamente, na amostra de urina uma tira reagente recém retirada do frasco 
(Figura 06). Ao retirar a tira, se deve deslizar a mesma lateralmente na borda do frasco a 
fim de eliminar o excesso de urina (Figura 07). 
Ainda, a fim de evitar a contaminação das áreas reagentes se recomenda que o 
excesso, ainda remanescente, seja retirado, encostando a tira reagente, lateralmente, em 
papel absorvente, conforme podemos verificar na figura 08. Em seguida, nos tempos 
especificados pelo fabricante a leitura visual deve ser realizada comparando as áreas 
reagentes da tira com escala correspondente que acompanha o rótulo do frasco. Para obter 
leitura mais precisa, por comparação, a tira reagente deve ser mantida a mais próxima 
possível da escala de cores. A leitura automatizada é realizada colocando a tira reagente, 
após, retirado o excesso de urina, no equipamento correspondente, seguindo as instruções 
do fabricante. 
O frasco de tiras reagentes deve ser mantido, sempre fechado, abrindo-o apenas, 
brevemente para a retirada da tira reagente. Quando o número de exames de urina realizado 
pelo laboratório é pequeno se recomenda que a sílica que acompanha as tiras reagentes seja 
trocada por outra que se encontra seca, periodicamente, principalmente nas regiões onde a 
umidade relativa do ar é elevada. O umedecimento das áreas reagentes pode desencadear a 
 21 
mistura dos reativos nelas contidos de modo que a reação decorrente do contado destes com 
a substância a qual ela se propõe identificar não mais ocorra. 
No caso de o material utilizado para retirar a umidade se encontrar embutido na 
tampa do frasco se pode adicionar um saquinho suplementar de sílica e substituí-lo como 
descrito anteriormente. 
 
 
Figura 06. Forma adequada de mergulhar 
rapidamente a tira reagente. 
 
Figura 07. Forma adequada de retirar a tira 
reagente.
 
 
 Figura 08. Eliminação do excesso de urina. 
 
 
5.1 pH 
O pH de uma solução é o resultado da quantificação de seus íons de hidrogênio. 
Dentre as funções dos rins é juntamente com os pulmões promover a manutenção do 
equilíbrio ácido-básico do organismo. Para manter o pH do sangue em, aproximadamente, 
7,4 (7,35 a 7,45), os rins, responsáveis pela excreção dos ácidos fixos produzidos pelo 
metabolismo os rins excretam e reabsorvem maiores ou menores quantidades de H
+ 
e sódio, 
respectivamente, a nível tubular renal. A excreção de H
+
 ocorre na forma de íons de fosfato 
de hidrogênio (H2PO4
-
) (Figura 9) e amônio (NH4
+
) (Figura 10) e menos em decorrência da 
excreção de ácidos orgânicos com ácido cítrico, ácido lático e ácido pirúvico. O pH da 
urina de indivíduos saudáveis é, geralmente, ligeiramente ácido variando de 5 (cinco) a 6 
(seis), entretanto, pode variar de 4,0 (quatro) a 8,0 (oito), dependendo de fatores como dieta 
e horário de coleta. 
 22 
 
Filtrado Glomerular e 
Reabsorção Tubular 
Células Tubulares Renais Plasma 
 
Na
+
 HPO4
--
 Na
+
 
 
 
 
Na
+ 
 
 
HPO4
-- 
+ H
+
 
 
 
 H2PO4
--
 
 
 
 
 
 
 
 
Na
+ 
H2PO4
- 
 
 
 
 
 
 Na
+
 
 
 H
+
 OH
-
 H2O 
 
 H
+
 HCO3
-
 
 
 
 H2CO3 
 
 
 Anidrase carbônica 
 
 
 H2O + CO2 
 
 
 
 
 
 
 Na
+ 
 
 
 
 HCO3
- 
 
 
 
 
 
 
 
 
H2CO3 
 HCO3
 - 
 Na
+
 
 
 Figura 09. Representação esquemática da excreção de fosfato de hidrogênio 
 
O pH da urina pode sofrer interferências, tornando-se mais ácido, em decorrência de 
processos patológicos que resultam em acidose metabólica ou acidose respiratória, como, 
por exemplo, diabetes melito descompensado e pneumonia, respectivamente, bem como em 
decorrência da utilização de medicamentos à base de cloreto de amônia e de dieta que 
inclui a ingestão de grande quantidade de carne (dieta cetogênica). Processos patológicos 
que resultem em alcalose metabólica, alcalose respiratória, ou ainda a acidose tubular renal, 
a elevada produção de ácido clorídrico no trato gastrintestinal no período pós prandial, a 
dieta vegetariana ou dieta essencialmente baseada na ingestão de leite ou de medicação a 
base de antiácidos e a presença de bactérias produtoras de urease em conseqüência de 
infecção do trato urinário ou contaminação da amostra, resultam, freqüentemente, em 
urinas de pH alcalino. 
A área reagente para a determinação do pH, geralmente, contém combinações de 
como: o azul de bromo timol, a fenolftaleína e o vermelho de metila (Combur 10® e 
ChoiceLine 10®); azul de bromo timol, o vermelho de cresol e o vermelho de metila 
(Rapignost®); ou ainda apenas azul de bromo timol e o vermelho de metila (Multistix®). 
Essas combinações reagentes se destinam à detecção de íons de hidrogênio, sendo o valor 
do pH o logaritmo negativo da concentração de íons de hidrogênio. Todas as tiras 
reagentes, independentemente do fabricante da tira reagente, as áreas respectivas permitem 
a diferenciação de pH entre 5 (cinco) e 9 (nove). 
A realização da determinação do pH desrespeitado o tempo recomendado entre este 
e a colheita da amostra pode resultar na alcalinização da amostra em decorrência da 
proliferação de bactérias redutoras de uréia a amônia e portanto não refletir as condições do 
indivíduo. A confiabilidade da terminação do pH pelas tiras reagentes disponíveis é de 
aproximadamente 95%. 
 
 
 Núcleo 
 23 
 
Filtrado Glomerular e 
Reabsorção Tubular 
Células Tubulares Renais Plasma 
 
Cl
-Na
+ 
 
 
 
Na
+ 
 
 
 H
+
 
 
 
 
 
 
 
 H
+
 NH3 
 
 
Cl
-
 
 NH4
+ 
 
 
 
 
 
 Na
+
 
 
 
 H
+
 HCO3 
 
 
 
 
 
 
 GLUTAMINA 
 
 
 
 
 
 
 
 Na
+ 
 
 
 
HCO3
- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HCO3
- 
 
Na
+ 
 
 Figura 10. Representação esquemática da excreção de amônia. 
 
 É importante eliminar o excesso de urina que fica em contato com a tira 
reagente, seguindo corretamente a orientação descrita anteriormente, pois tiras reagentes de 
diferentes fabricantes apresentam a área reagente para proteínas após a do pH. Assim, 
ocorrendo o escorrimento do excesso de uma área para outra é possível ocorrer a 
verificação de falso resultado de proteínas. Este erro pode ocorrer no sentido de uma sub 
quantificação das proteínas presentes em uma amostra muito ácida, bem como pode ocorrer 
a verificação de reação falsa positiva em amostras alcalinas cujo pH é próximo de 8,0 (oito) 
ou superior. 
 
5.2 PROTEÍNAS 
 
As proteínas são em sua maioria substâncias de peso molecular elevado que não são 
filtradas através do glomérulo porque a estrutura da membrana glomerular impede sua 
passagem. A albumina é a proteína, que entre as principais proteínas séricas, apresenta o 
menor peso molecular (69.000 daltons). As proteínas de peso molecular inferior a 60.000 
daltons passam pelo glomérulo e são reabsorvidas pelos túbulos renais e não se encontram 
presentes, normalmente na urina. Parte da albumina passa pelo glomérulo, sendo, contudo, 
a maior parte é reabsorvida pelos túbulos contornados renais proximais. 
Amostras de urina de indivíduos saudáveis apresentam eliminação de proteínas 
através da urina inferior a 10mg/dl ou 150mg/24 horas, exceto se submetidos a exercícios 
intensos ou frio intenso. Esta quantidade de proteínas, geralmente, não é detectada através 
dos métodos disponíveis através de tiras reagentes que apresentam reação positiva quando a 
concentração é ≥200mg/l (Kutter, 2000) . Das proteínas normalmente encontradas na urina, 
aproximadamente 33% é albumina, cuja origem é sérica, sendo o restante constituído de 
 
 
 Núcleo 
 24 
globulinas de menor peso molecular. Dentre as globulinas, quase metade é constituída de 
proteína de Tamm-Horsfall que é secretada por células tubulares renais. 
A presença de proteínas em quantidade aumentada na urina se constitui o mais 
sensível marcador de avaliação da função renal em decorrência de apresentarem taxa de 
reabsorção tubular muito baixa e de sua filtração e ou secreção aumentadas rapidamente 
satura os mecanismos de reabsorção. Nos casos de doença renal a albumina pode 
representar até 90% das proteínas presentes. Quantidade aumentada de proteínas na urina 
pode ser verificada em indivíduos aparentemente saudáveis em conseqüência de condições 
fisiológicas e funcionais como ocorrência de febre, com desidratação exposição ao frio e o 
desenvolvimento atividade física intensa. Quando a proteinúria é de origem patológica a 
sua intensidade depende do tipo de patologia e da severidade da patologia verificada. 
Níveis aumentados de proteínas na urina são, também verificados em pacientes com 
mieloma múltiplo. Entretanto, neste caso a proteína encontrada na urina é uma globulina de 
baixo peso molecular conhecida como proteína de Bence Jones que não é detectada pelas 
tiras reagentes. A determinação da proteína de Bence Jones deve ser realizada por 
metodologia específica. 
A área reagente para a determinação semi-quantitativa de proteínas, geralmente, 
contém tetraclorofenoltetrabromosulfoftaleína ou azul de bromo timol. A determinação de 
proteínas através de tiras reagentes tem como base o erro protéico deste indicador de pH e é 
especialmente sensível a albumina (Quadro 5). Poucas substâncias interferem, 
reconhecidamente na determinação semi-quantitativa de proteínas através de tiras 
reagentes. Resultados falsos positivos são verificados na análise de urinas alcalinas e em 
conseqüência da contaminação da amostra com desinfetantes a base de amônia quaternária 
(ROCHE, 2007). Em tiras reagentes que apresentam a área reagente de proteínas 
imediatamente após a área reagente de pH é possível se verificar resultado falso positivo 
em urinas alcalinas em conseqüência do escorrimento do excesso de urina, o que é 
denominado de turn over por alguns fabricantes de tiras. Contudo, se recomenda verificar 
atentamente a bula do fabricante da tira reagente utilizada. 
Considerando que a pesquisa de proteínas através de tiras reagentes apresenta 
especial sensibilidade para albumina se recomenda a realização de pesquisa confirmatória 
utilizando solução de ácido sulfossalicílico. No Hospital Universitário da Universidade 
Federal de Santa Catarina nos utilizamos a solução de ácido sulfossalicílico 20% 
(peso/volume), na relação de uma gota por mililitro de urina, realizando a leitura após dez 
minutos. Para evitar falsa interpretação se recomenda dividir o sobrenadante (nove 
mililitros) em partes iguais em dois tubos, utilizando um deles como de testemunha, pois 
ele pode apresentar turvação antes de realizar a prova confirmatória ou modificar de cor em 
conseqüência da adição do ácido sulfossalicílico. 
 
Quadro 5: Representação esquemática do fundamento da determinação semi-quantitativa de 
proteínas utilizando tiras reagentes. 
 
Indicador (Azul de bromo timol) + Proteínas → Indicador modificado(Alteração de cor) 
 
Entretanto, é importante ressaltar que outros recomendam a utilização deste ácido 
em concentração de 7% e 3%, mas nestes casos o volume de ácido sulfossalicílico utilizado 
é expressivamente maior. Em caso de positivo, qualquer seja a concentração de ácido 
 25 
sulfossalicílico utilizada ocorrerá turvação proporcional à quantidade de proteínas 
dissolvidas que se encontra presente na amostra. O resultado é expresso da mesma forma 
como quando se utiliza a tira reagente. Existem ainda outras provas que podem ser 
utilizadas para a pesquisa confirmatória de proteínas, mas que por serem mais complexas 
no que diz respeito à preparação e ou realização do teste. 
No exame de urina, o resultado da determinação semi-quantitativa de proteínas é, 
geralmente, expresso como negativo, traços, positivo +, positivo ++, positivo +++ e 
positivo ++++. No caso da utilização da tira reagente se deve comparar a cor obtida no 
tempo determinado pelo fabricante, com a tabela por ele fornecida. Na determinação semi-
quantitativa de proteínas pelo ácido sulfossalicílico o resultado é expresso da seguinte 
forma: 
Negativo = quando não se verifica aumento da turvação da amostra. 
Traços = quando ocorre um fraco aumento na turvação da amostra. 
Positivo 1+ = quando se verifica pequeno aumento da turvação. 
Positivo 2+ = quando se verifica moderado aumento da turvação. 
Positivo 3+ = quando se verifica forte aumento da turvação. 
Positivo 4+ = quando se verifica turvação com precipitação. 
 
Com relação à determinação semi-quantitativa de proteínas através de tiras 
reagentes é, contudo importante lembrar que as tiras reagentes dos diferentes fabricantes 
apresentam variações, principalmente no que diz respeito à sensibilidade. É importante 
lembrar sempre que a sensibilidade descrita na bula das tiras reagentes nem sempre écompatível com a realidade, devendo o laboratório dispor de controle de qualidade próprio 
a fim obter maior confiabilidade nos resultados obtidos. 
A avaliação mais precisa do nível de excreção de proteínas deve ser realizada 
através da determinação da concentração de proteínas em amostra de urina de 24 horas e 
ser acompanhada da realização de outras provas de função renal, do exame de urina e de 
realização de cultura de urina (Schumann, In Henry, 1991). 
 
5.3 GLICOSE 
 
Em amostras de urina de indivíduos saudáveis se verifica glicosúria que varia de 1 a 
15mg/dl que não é detectável. A presença destes baixos níveis de glicose é decorrente do 
limiar renal de reabsorção tubular proximal que se encontra consideravelmente acima dos 
níveis séricos normais. Assim, apenas quando os níveis séricos de glicose excedem à 
aproximadamente 180mg/dl começa, geralmente, a ser detectada. A detecção de níveis 
elevados de glicose na urina é denominada de glicosúria. 
A glicosúria é verificada em pacientes com diabetes melito nos quais se verifica 
hiperglicemia em decorrência da produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou ainda 
em devido inibição da ação deste hormônio. A glicosúria é, ainda, verificada com 
freqüência em gestantes em conseqüência da diminuição do limiar renal de reabsorção 
proximal. A diminuição do limiar de reabsorção tubular é, também verificado em pacientes 
acometidos de síndrome de Fanconi e de intoxicação de metais pesados. 
A determinação semi-quantitativa de glicose na urina é realizada, geralmente, 
através da utilização de tiras reativas e se baseia em reação específica catalisada pela 
glicose oxidase e pela peroxidase. Na reação se utiliza a glicose oxidase para catalisar a 
formação de ácido glicônico e peróxido de hidrogênio a partir da oxidação da glicose. A 
 26 
peroxidase, por sua vez catalisa a reação do peróxido de hidrogênio com o cromógeno 
utilizado pelo fabricante e que não é sempre o mesmo. A variação da coloração da área 
reagente para verde ou marrom depende do cromógeno utilizado. Os indicadores mais 
freqüentemente utilizados nas áreas reagentes são a tetrametilbenzidina reduzida que tem 
cor amarela e que ao se oxidar tem cor que varia do verde para o azul (ROCHE, 2007) e 
iodeto de potássio que ao se oxidar desenvolve cor marrom (BAYER; 2007) (Quadro 6). 
A reação de determinação semi-quantitativa de glicose na urina por esta 
metodologia é específica visto que outros açúcares como lactose, frutose, galactose e 
pentoses não se constituem em substratos para a glicose oxidase. A reação é independente 
de pH e densidade e não sofre a interferência de corpos cetônicos. Como a reação que como 
conseqüência a alteração de cor é uma reação de oxidação, a presença de grandes 
quantidades de ácido ascórbico na urina, decorrente da ingestão ou administração de 
elevadas quantidades doses pode diminuir a sensibilidade do teste (ROCHE, 2007). 
Reações falso-positivas são verificadas em decorrência da contaminação com agentes de 
limpeza formulados à base de produtos oxidantes. 
 
Quadro 6: Representação esquemática do fundamento da determinação semi-quantitativa de 
glicose utilizando tiras reagentes. 
 
Glicose + O2 + Glicose Oxidase→ Ácido Glicônico + H2O2 
 
H2O2 + Peroxidase → H2O +O2
-
 
 
O2
-
 + Indicador reduzido → Indicador oxidado (modificação da cor) 
 
No exame de urina, o resultado da determinação semi-quantitativa de glicose é, 
geralmente, expresso como negativo, traços, positivo +, positivo ++, positivo +++ e 
positivo ++++. No caso da utilização da tira reagente se deve comparar a cor obtida no 
tempo determinado pelo fabricante, com a tabela por ele fornecida. 
 
5.3 CETONAS 
 
Amostras de urina de indivíduos saudáveis não apresentam, em condições normais, 
presença de cetonas na urina. O que denominamos aqui como cetonas pode, também ser 
denominado de “corpos cetônicos“ e inclui três compostos: ácido acetoacético, o ácido 
beta-hidroxibutírico e acetona. Estes compostos constituem produtos intermediários do 
catabolismo normal das gorduras, sendo integralmente convertidas em energia, dióxido de 
carbono e água, não sendo, portanto encontrados normalmente na urina. Entretanto, grandes 
quantidades destes compostos, não podem ser convertidas em energia, assim quando 
grandes quantidades de gordura são metabolizadas em conseqüência de o organismo se 
encontrar impossibilitado de utilizar carboidratos como a fonte principal de energia, estes 
compostos são encontrados na urina. 
A presença de cetonas na urina confere a esta, odor frutado ou cetônico e é 
denominado de cetonúria. As cetonas são constituídas de ácido acetoacético (20%), ácido 
beta-hidroxibutírico (78%) e acetona (2%). A cetonúria é verificada em distúrbios que 
 27 
incluem diabetes melito, diabetes gestacional, bulimia, gastroenterite e ingestão insuficiente 
de carboidratos. 
 A ingestão insuficiente de carboidratos pode ocorrer por carência alimentar ou 
regime alimentar para perda de peso. Os regimes alimentares em que se verifica cetonúria 
são conhecidos como dieta cetogênica e é constituída de essencialmente de lipídeos (80 a 
90%) (Tomé, 2003). A dieta cetogênica é empregada com relativo sucesso no tratamento de 
casos de epilepsia refratária à medicação (Vasconcelos, 2004). 
Dos três compostos acima citados, o primeiro a ser formado é o ácido acetoacético 
que é convertido á ácido beta-hidroxibutírico e este à acetona. A determinação semi-
quantitativa de cetonas na urina é realizada, geralmente, através da utilização de tiras 
reativas e se fundamenta na reação ácido acetoacético com o nitroprussiato de sódio em 
meio alcalino e no desenvolvimento de cor violeta na área reagente, proporcional a 
quantidade presente na amostra (Quadro 7). Esta reação é, também conhecida como prova 
de Legal. A acetona e o ácido beta-hidroxibutírico não reagem com o nitroprussiato de 
sódio e, portanto, não resultam no desenvolvimento de cor na área reagente. 
A verificação de reação positiva para cetonas se constitui em forte indicativo de 
acidose metabólica tendo em vista que o ácido acetoacético e o ácido beta-hidroxibutírico 
são duas importantes fontes que contribuem para o aumento de íons de hidrogênio no 
sangue a serem eliminados através da urina. A cetonúria é verificada em indivíduos que: 
são portadores de diabetes melito, fazem uso de dietas com restrição de carboidratos, 
sofrem de anorexia e aqueles que apresentam caquexia, distúrbios gastrintestinais e 
episódios cíclicos de vômito. 
Em gestantes a verificação de cetonúria pode ser decorrente da hiperemese (vômitos 
constantes) verificada, mas pode, também ser indicativo de cetoacidose que em gestantes 
constitui um fator que contribui significativamente para a ocorrência de morte intra-uterina 
do feto. 
A presença de corpos cetônicos na urina de pacientes diabéticos tratados indica um 
desajuste no tratamento que pode resultar em cetoacidose e acidose sistêmica, podendo, 
ocasionalmente, levar o paciente à morte. 
 
Quadro 7: Representação esquemática do fundamento da determinação semi-quantitativa de 
cetonas utilizando tiras reagentes. 
 
Ácido acetoacético + Nitroprussiato de sódio + meio alcalino → Cor púrpura 
 
 Interferências são observadas em decorrência da presença de fenilcetonas e 
derivados da ftaleína que produzem cor vermelha na área reagente. Contudo, é importante 
lembrar que esta cor é diferente da cor violeta verificada pela reação do ácido acetoacético. 
A presença de Captopril
®
 e de outras substâncias que contém grupos sulfidrila na amostra, 
pode resultar no desenvolvimento de cor violeta na área reagente, e, portanto, resultar em 
resultados positivos

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